O último capítulo primou pela tensão extrema e pelas grandes atuações do elenco, que desde o início foi um dos muitos pontos altos dessa produção. Entre as muitas cenas fortes e bem interpretadas (incluindo o momento que Isabel é internada após apontar uma arma para Jaime e o choro de Carolina ao lembrar de Leandro), sem dúvida a mais impressionante foi protagonizada por Isis Valverde e Murilo Benício.
E foi justamente a sequência que surpreendeu o telespectador com um desfecho totalmente inesperado. Antônia confronta o pai e conta que está grávida de Leandro, o homem que ele assassinou. Jaime fica atordoado, acaba se desequilibrando e cai de um precipício. A filha se desespera, desce até o local onde
está o pai, mas só tem tempo de vê-lo agonizar e morrer. Foi uma cena arrepiante e magnificamente interpretada pelos atores. Impactante e digna de aplausos de pé.
Esse final acabou causando um choque porque, ao contrário do que foi feito em "O Canto da Sereia", George Moura optou por mudar o desfecho da obra original. Na história de Carneiro Vilela (ambientada no tempo dos coronéis, por volta de 1800), o pai, ao saber da gravidez da filha, resolve emparedá-la viva para se livrar da vergonha. Sem dúvida um fim trágico e muito forte. Aliás, vale lembrar que na maravilhosa série "A Cura", de João Emanuel Carneiro, o grande vilão (Carmo Dalla Vecchia) emparedava seus inimigos vivos e as cenas impressionavam.
Apesar de ter mudado esse final, George manteve o destino de Leandro (Cauã Reymond): o rapaz realmente foi assassinado por Jaime Favais. E a última cena, protagonizada por Isis Valverde e Patrícia Pillar, foi muito emocionante. Antônia levava seu filho Leandro e dava um forte abraço em sua mãe, Isabel, que já havia deixado o manicômio. Um raro momento de ternura e aparente alegria em meio a situações que refletiam desgraça desde o primeiro capítulo.
A minissérie foi muito bem desenvolvida em dez dias. A primeira semana foi praticamente voltada para um clima de sensualidade e erotismo, maquiando uma tensão que estava prestes a explodir. E foi o que aconteceu na segunda semana, quando no sexto capítulo Leandro foi assassinado, surpreendendo o telespectador que imaginava sua morte apenas no final da história. Com o crime, a produção chegou ao clímax e virou um thriller dos bons. Sem dúvida, as duas semanas foram suficientes para contar a trama, desenvolver os personagens, equilibrar drama com suspense, e ainda deixar um gostinho de 'quero mais'.
Claro que nem tudo foi perfeito. O áudio deixou muito a desejar, já que várias vezes era difícil entender o que alguns personagens falavam. Foi um erro deixar Carolina (Cássia Kiss) sem saber que seu filho morreu, assim como não deu para perdoar o 'esquecimento' da existência de João (Irandhir Santos). O obscuro e doentio personagem, vivido brilhantemente pelo ator, não teve um desfecho e o telespectador não soube o que aconteceu com ele depois de ter assassinado Bigode de Arame (Cesar Ferrario), seu comparsa. Um produção com poucos personagens não pode se dar ao luxo de ignorar o final de um deles, ainda mais tendo a importância que tinha. E outro ponto negativo foi a ausência de uma cena mostrando o que foi feito, afinal, com Leandro, após a queda do carro. Jaime mandou seu capanga se livrar do problema, mas a ação nunca foi exibida. Falhas não compatíveis com a qualidade da produção.
Entretanto, esses furos do último capítulo ficaram pequenos diante da grandiosidade da minissérie. George Moura soube adaptar uma instigante trama, José Luiz Villamarim mais uma vez mostrou competência como diretor, Walter Carvalho foi o responsável por uma admirável fotografia, a trilha sonora esbanjou bom gosto e o elenco deu um show de interpretação ----- Murilo Benício, Cássia Kiss, Patrícia Pillar, Irandhir Santos, Isis Valverde, Dira Paes, Magdall Alves, Cesar Ferrario, Osmar Prado, Germano Haiut, Walter Breda, Cláudio Jaborandy e Jesuíta Barbosa (grata revelação) impecáveis.
"Amores Roubados" marcou pelo capricho, entrou para a lista das grandiosas produções da Rede Globo e o sucesso que fez (obtendo uma média geral de 28 pontos) foi mais do que merecido. Além de mostrar um lado do sertão nordestino pouco explorado na ficção ---- a riqueza e a industrialização do lugar ----, a minissérie de George Moura conseguiu prender o público com uma atraente e bem construída história, que transbordou tristeza, tragédia e sexualidade. Um bom começo de 2014 para quem gosta de teledramaturgia.
33 comentários:
Sergio,
Perdi somente 1 capitulo, gostei muito. Raramente assisti um seriado com tomadas tão finas, uma qualidade fotografica apurada, alem das musicas bem escolhidas.
Quanto a historia, realmente foi envolvente. Boa trama.
Bjs
Oi Sérgio. Gostei bastante da minissérie. Amores Roubados foi muito bem feita. Gostei da surpresa da morte do Caua antes do último capítulo. Realmente, o final de João não foi apresengado. Pena. Porque o Irandhir arasou. Amores Roubados, na minha opinião, não foi superior ao Canto da Sereia. Acho que a anterior trazia novidade, mesmo assim Amores Roubados foi muito boa. Aguardando O Rebu.
Minissérie incrível. Na minha opinião a melhor cena foi a da internação da Isabel, acho também que a morte do Jaime poderia ter sido mais abordada, de resto tudo PERFEITO!
Olá, Sérgio
sim, foi uma minissérie fantástica impecável e com um final surpreendente e bem diferente do livro e destaco, também, as belas atuações de Cássia Kiss, Osmar Prado e Murilo Benício e a cena entre Isis e Murilo.Ah sim, houve alguns "furos", não soubemos como terminaram alguns personagens , mas faz parte!
obrigado, bela semana, abraços!
Concordo com sua análise, Sérgio. A minissérie fez merecido sucesso de público e crítica. Dou minha mão a palmatória, porque Ísis Valverde se superou no último capítulo. Também achei que Carolina deveria saber do trágico desfecho do filho, e deveria ter sido dado um destino ao personagem João. Gostei de Amores Roubados da mesma forma que gostei de O Canto da Sereia. E espero que o remake de O Rebu, com os mesmos realizadores, tenha idêntica qualidade.
Sérgio, concordo com todos os seus elogios e a qualidade desta produção é incontestável. Porém, achei o final frustrante. Queria que o final fosse igual ao do livro e creio que o autor se acovardou. Jaime caiu do penhasco e morreu mas não vimos a reação da Isabel com o falecimento.
Achei lastimável ignorar o João e deixá-lo sem destino. Nem havia reparado nisso que você citou da cena do carro e é verdade, o que foi feito com o Leandro? Não vimos.
Achei O Canto da Sereia muito superior apesar de todos os pontos positivos de Amores Roubados. Um beijo.
Concordo, Sérgio, a minissérie está perfeita... a Globo foi feliz na história e escolha de atores. beijinhos e feliz feriado.
Oi, Sérgio. Confesso que fiquei decepcionada porque achei de fato que o Leandro estava vivo... mas é porque eu sou uma romântica incurável, mesmo, hahaha. Um abraço!
Não assisti à minissérie devido o fato de não ter me interessado logo no inicio, embora os 5 últimos capítulos parecerem mais interessantes.. Mas aí não dava mais!
Mas Sergio... Desculpe a mudança brusca no assunto, mas qual sua visão dessas primeiras chamadas de Em Família? Eu vi e apesar de tudo gostei, com muita historia do passado a ser resolvida no presente, lembrando a melhor novela dele: Mulheres Apaixonadas.
A minissérie foi maravilhosa, elenco, texto, direção, tudo impecável, e essas falhas acabaram passando despercebidas pelo grande publico. Sobre o elenco todos foram ótimos, mas fico impressionado o quanto que a Isis Valverde cresce a cada trabalho, e as atuações de Murilo e Patricia foram MARAVILHOSAS que atores, também gostei do Jesuita é uma ótima revelação, e o Irandhir foi tão elogiado que vai fazer o protagonista da próxima novela das 6.
Agora eu espero por O Rebu, que eu tenho certeza que vai ser tão maravilhosa quando OCDS e AR, se depender do autor e do elenco que ele reservou tem tudo para ser um grande sucesso, assim como Gabriela e O Astro
Amores Roubados é uma prova de que coisa de qualidade, bem-feita, bem-produzida, tem sim audiência, retorno e reconhecimento do público. Não à toa fez um legítimo sucesso.
De fato, a ausência do final do João foi algo de se estranhar, assim como a confirmação em cena da morte do Leandro. Porém, nesse caso, dá pra relevar, porque tivemos uma obra de fato impactante e com uma história instigante a cada capítulo.
Mas o mais engraçado mesmo foi que, olha só: encontrei um grupinho de fãs da Grazi que dizia que "não iria assistir a série em repúdio à ~traição~"... Oras, Grazi deve tar dando risada dessas...
Ísis Valverde foi maravilhosa e se entregou por inteiro (de novo) à personagem. O crescimento que ela mostrou desde a Marcela de TiTiTi e mais ainda com a Suellen e a Sereia é impressionante. Ela e Patrícia Pillar (as duas Anas do Véu, rs) mostraram sintonia perfeita de mãe e filha e a química dela com o Cauã foi bem intensa. Não à toa integra meu grupo de atrizes jovens preferidas e se tornou, em tão pouco tempo, uma das maiores estrelas da geração jovem atual.
Murilo Benício ganhou um grande personagem e afastou logo qualquer risco de repetição mesmo vivendo mais uma vez um marido traído, já que Tufão era um homem ingênuo e de bem com a vida, que amava a família; enquanto Jaime Favais é o típico machista, controlador e intolerante que faz a sua justiça, com as próprias mãos.
Dira Paes aliou o lado sensual, agora bem mais exacerbado (só havia sido explorado mais em filmes como Amarelo Manga), com o talento dramático cada vez mais em evidência. Ela merecia o presente depois da bomba que foi sua personagem em Salve Jorge.
Osmar Prado é um dos atores que mais faço questão de aplaudir. Ele representa uma das mais verdadeiras definições do que é atuar e encarnou perfeitamente o Cavalcanti, outro típico coronel arrogante. Uma das cenas que eu mais gostei dele foi a vingança dele, obrigando Celeste a ler em voz alta a carta erótica dela pro Leandro.
Cauã Reymond, no final das contas, não comprometeu. Embora não convencesse em algumas cenas onde era mais exigido e o sotaque atrapalhasse, sua intensa química com as três atrizes acabou compensando o resultado final e, felizmente, não o achei tão ruim quanto em seus 3 últimos personagens.
Cássia Kiss: essa mulher faz miséria toda vez que aparece em cena. Foi fantástica demais e protagonizou cenas excelentes junto com o elenco.
Novos nomes: Irandhir Santos já havia me chamado a atenção em Tropa de Elite 2, vivendo Diogo Fraga (o típico mala esquerdista dos ~direitos humanos~) e agora repetiu o excelente desempenho vivendo o capanga de Jaime. Jesuíta Barbosa merece ser lembrado nas próximas produções de TV e/ou cinema. Vai longe. Germano Haiut e César Ferrario (César que viveu um namorado da Socorro em Cheias de Charme) tbm merecem o aplauso.
Walter Breda e Cláudio Jaborandy chegaram na segunda semana e vieram com tudo em ótimos coadjuvantes.
Mas se existe alguém a quem concedo maior destaque, é Patrícia Pillar. O que essa mulher fez foi épico. Extraordinário. Digno de todas as premiações. Entrega e versatilidade sem limites. Uma atuação simplesmente espetacular, grandiosa, um show legítimo em todos os sentidos.
Gostei da sacada de mudar o final, corajosamente, deixando a brecha para o público pensar como tudo aconteceu.
Fotografia impecável de Walter Carvalho, trilha sonora valorizando a boa música do meu Nordeste (com perdão ao The XX, que se encaixou mto bem), direção privilegiando a pura ação e todo um elenco afiado em uma grandiosa história. Não sei como comparar com O Canto da Sereia porque: achei O Canto melhor que a primeira semana de Amores, mas ligeiramente inferior à segunda. Então, acho que fica um equilíbrio.
(continua) George Moura e toda a equipe estão de parabéns pela imensa qualidade apresentada. Um trabalho impactante e eletrizante de fato, bem superior às duas últimas novelas do horário nobre. Só pela coragem do autor em mudar o final, ele está mais do que credenciado pra lidar com o quebra-cabeça linear que é O Rebu. Sem medo de exagerar, a nova trama tem tudo pra chegar perto da qualidade de O Astro. Amores Roubados vai deixar saudades, ainda mais que Serra Pelada não me atrai em nada. Resta guardar a expectativa para A Teia. Abçs!
Ah, outra coisa que eu adorei foi abordarem o sertão nordestino fugindo do clichê da seca etc e mostrarem que o sertão também é próspero, ao ambientar na região a vinícola de Jaime.
Linda minissérie mas PÉSSIMO final!!!!! Um balde de água fria em todos que estavam esperando um desfecho inesquecível. Só a cena do Jaime caindo valeu a pena.
Estou gostando muito do rumo em que as coisas tomaram para esses personagens. Mas não podemos esquecer das maldades de Felix, e foram muitas rs...
Sérgio
eu assisti quase toda, mas perdi justamente o último capítulo.
No começo não estava gostando mto do clima sensual demais, nem do sotaque forçado. Mas aos pucos fui curtindo e qdo Leandro foi assassinado, a trama chegou ao ápice.
Vi reclamações nas redes sociais pq o autor mudou o final. Mas seria mto chocante ver uma grávida ser emparedada viva pelo próprio pai. Aff... ainda bem que ele mudou isso.
Um beijão!
A produção foi maravilhosa, Sissym! Ótima mesmo! bj
Pedro, eu tb achei um erro deixarem de lado o João. Ele merecia um final. Mas paciência. A série foi maravilhosa, entretanto, eu tb não considero melhor que O Canto da Sereia. Mas só um pouquinho abaixo. Abçs
A internação da Isabel foi uma grande cena, anônimo. O Jaime chorando e relembrando os bons momentos que viveu com a mulher foi bonito. abç
Pois é, Felis. É praticamente impossível vermos uma produção perfeita. Aliás, perfeição não existe. Porém, erros todas terão, mas alguns podem ser relevados em virtude do belo conjunto. Abçs
Obrigado, Elvira! A Isis deu um show! E a minissérie foi maravilhosa. Qualidade do início ao fim. Eu aposto que O Rebu será a melhor nov ela de 2014. Posso queimar a língua, mas é a única produção desse ano que me empolga. Bjs
Melina, realmente o final despertou várias críticas. Porém, eu achei excelente pq a queda do Jaime foi impactante e foi mt bom ser surpreendido. Porém, sobre o não-final do Leandro e a não-cena do destino do Leandro foram falhas mesmo.
Eu tb achei O Canto da Sereia superior, mas só um pouquinho acima dessa, que tb foi excelente. bj
Boa semana, Barbie. bj
Mas Bia, depois do que Leandro fez vc queria vê-lo feliz com Antônia? Eu achei mt bom ele ter morrido. rs bj
Maxxi, achei interessante as chamadas de Em Família. Mas não me lembrou mt Mulheres Apaixonadas e sim Páginas da Vida. Vamos aguardar. abçs
Athyne, foi uma grande produção. Deu gosto de prestigiar e deixou saudades. Isis e Murilo foram incríveis mesmo.
Eu tb acho que O Rebu tem tudo para repetir o sucesso de O Astro e Gabriela. Tem potencial de sobra e se a equipe repetir o bom trabalho conseguirá fácil. bjsss
O elenco, Thallys, foi grandioso e a produção teve uma qualidade impressionante. Apesar do áudio ruim e de alguns erros, foi um produto incrível.
A trilha, a fotografia, a trama, enfim tudo funcionou mt bem. O telespectador foi conquistado e os dez capítulos foram suficientes. O Canto da Sereia e Dercy de Verdade deveriam ter tido dez capítulos tb. abç
Respeito sua opinião, anônimo.
Bell, creio que esse seu comentário é sobre o texto do casal Niko e Félix. rs bj
Paty, tente ver o último capítulo. Se vc viu tudo não pode ficar sem o desfecho. Sim, mta gente criticou o final mas eu achei criativa a queda do penhasco e impactante. No caso do "emparedamento" nem seria algo novo pq já vimos em A Cura. bjssss
Sergio, não assisti, mas ouvi tantos elogios que aguardava sua postagem sobre o final da minissérie. Gostei do que li. Os atores são excelentes e, pelo que escreveu, o sucesso da trama é merecido. Bjs.
Marilene, foi merecido mesmo. Pena que não pôde acompanhar. bjs
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