A reprise de "Paraíso Tropical" no Viva tem reforçado todas as qualidades da novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, dirigida por Dennis Carvalho. A trama teve muitos acertos e impressiona rever como o rodízio dos núcleos eram bem realizados, proporcionando um destaque de todos. Mas o folhetim não ficou na memória do grande público. A história sofreu uma rejeição inicial em 2007 e os autores só conseguiram reverter a situação com algumas mudanças no enredo, entre elas o maior destaque para o casal Bebel e Olavo.
Os vilões acabaram tomando o lugar dos mocinhos, que fracassaram logo no início por conta da construção equivocada e muito apressada do romance. Fábio Assunção e Alessandra Negrini tiveram um ótimo desempenho e a culpa do fiasco do amor de Daniel e Paula não foi deles. Mas os intérpretes foram inevitavelmente ofuscados por Camila Pitanga e Wagner Moura. Até porque Gilberto e Ricardo foram muito mais hábeis no envolvimento do grande vilão da história com a garota de programa que sempre sonhou com uma vida de luxo.
Olavo foi inicialmente apresentado como um típico malvado maniqueísta. Não havia um contexto para a personalidade egocêntrica e arrogante do sujeito que sempre quis destruir Daniel na empresa de Antenor Cavalcante (Tony Ramos). O empresário nutria inveja pelo rival, principalmente por conta da relação de carinho que Antenor e Ana Luísa (Renée de Vielmond) tinham com o 'filho do caseiro'. É verdade que ficava subentendido sua infância difícil em virtude do egoísmo da mãe, Marion (Vera Holtz). Mas o personagem não tinha qualquer traço de humanidade. Até pelo irmão, Ivan (Bruno Gagliasso), sentia um ódio incomensurável ---- aliás, que resulta na melhor cena do último capítulo da novela.A desbocada prostituta se mostra a responsável pela apresentação de um lado que o público desconhecia do vilão. Olavo se apaixona e o sentimento o torna mais humano para o telespectador. Ao menos enquanto está com ela. Inicialmente, o ricaço a trata como um mero objeto sexual. Mas aos poucos vai sendo conquistado pelo jeito espontâneo da 171 que se encanta com a vida de riqueza do cliente. O sujeito que é agressivo e arrogante com todo mundo vira uma pessoa até gentil quando está na companhia de Bebel.
O casal dá tão certo que surge até o clichê típico de um par de mocinhos: a armação para separá-los. Isso porque Jáder (Chico Diaz), o cafetão de Bebel e o capanga de Olavo, furta um laptop do patrão para fingir que a garota de programa foi a autora. O plano até dá certo, mas pouco tempo depois Olavo descobre tudo e volta para sua amada. Bebel também consegue se dar bem quando finge para o vilão que será 'fixa' de um cliente e irá para a Alemanha. Ele acaba caindo na armação e a transforma em sua 'prostitua exclusiva', com direito a um apartamento bem melhor. Não deixa de ser um namoro camuflado.
A química entre Camila Pitanga e Wagner Moura é um dos maiores êxitos da trama. Não por acaso, os dois viveram o melhor momento de suas respectivas carreiras na televisão. A atriz nunca mais ganhou um tipo tão marcante quanto Bebel, que tinha sido escrita para Mariana Ximenes inicialmente. Já o ator tinha feito poucos trabalhos na TV e logo depois passou a se dedicar exclusivamente ao cinema. Mas o vilão virou seu grande papel na teledramaturgia. Os dois brilhavam juntos ou separados. Cada um engrandecia qualquer núcleo. Bastava aparecer. Tanto que muitos telespectadores mal lembravam do título "Paraíso Tropical" porque o folhetim acabou virando "a novela de Bebel e Olavo" ---- o que não deixa de ser uma injustiça porque se trata de uma excelente produção. E a reprise no Viva tem sido uma ótima opção para o público rever os êxitos da obra de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, incluindo a parceria inesquecível de um casal de vilões que entrou para a memória da televisão brasileira.
15 comentários:
Foi mesmo e pra mim é a melhor reprise atual do Viva.
Muito legal,Sergio! Desejo ótimo fim de semana e tuuuuuuuuuuuuuudo de bom! abração,chica
Passando para desejar um excelente fim de semana
Abraços
Novela muito boa, Camila Pitanga é maravilhosa!!!
Bom fim de semana, Sérgio!
Abraço.
Categoria é o adjetivo que melhor descreve "Paraíso Tropical" (2007), com destaques merecidos para vários personagens, em especial Bebel (Camila Pitanga) e Olavo (Wagner Moura), casal cuja construção o tornou mais carismático que o formado por Paula (Alessandra Negrini) e Daniel (Fábio Assunção). Bebel, sem dúvida, foi um dos melhores momentos de Camila na televisão, interpretando com maestria uma personagem cheia de "catiguria", conhecendo homens com "cueca manera" e sendo instruída a dizer: "Que boa ideia este casamento primaveril em pleno outono!", risos.
Guilherme
awesome...
well written review...
Have a wonderful weekend
Gostei de saber!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Olá, tudo bem? Confesso que Paraíso Tropical não é das minhas novelas preferidas. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Pra mim tb, anonimo.
Pra vc tb, Chica.
Pra vc tb, Maria.
Ela é, Fatima.
Cena memorável, Guilherme, e que foi reprisada um dia antes da morte do Gilberto Braga.
Que bom, Teresa.
Eu amava, Fabio.
Postar um comentário