Isabel Teixeira domina a cena como Helena em "Elas por Elas"

 O elenco principal de "Elas por Elas" tem sete protagonistas, o que é um desafio para qualquer autor. É uma missão difícil desenvolver bem o enredo de todas, ainda mais em um folhetim das seis, onde a duração dos capítulos é menor que de uma produção das nove. Cassiano Gabus Mendes não conseguiu explorar todas as suas personagens em 1982, assim como Alessandro Marson e Theresa Falcão não conseguiram no remake. Mas os autores souberam valorizar a força cênica de Helena. 

Interpretada com destreza por Isabel Teixeira, a personagem teve uma importância infinitamente maior na releitura de 2024. Helena foi interpretada pela saudosa Aracy Balabanian há 42 anos e teve um tom mais sóbrio. A novela original utilizava o exagero apenas na figura do Mário Fofoca (Luis Gustavo) e focava em uma narrativa mais naturalista no conjunto. Agora tudo foi diferente, o que provocou até uma rejeição do público, ainda mais por se tratar de uma obra das seis e não das sete. Mas o excesso nunca prejudicou o desenvolvimento de Helena. 

O comportamento de uma vilã de novela mexicana proporcionou para a atriz um trabalho totalmente diferente do realizado em "Amor de Mãe" e "Pantanal". Apesar da longa carreira no teatro, a veterana ainda é considerada uma 'novata' em novelas.

São apenas três, mas Isabel já garantiu em várias entrevistas que se apaixonou pelo gênero e pretende seguir na televisão em muitos outros folhetins. Sorte a telespectador. Afinal, a intérprete virou um dos maiores destaques de "Elas por Elas" e é o grande trunfo da reta final da história, que está em suas últimas semanas. 

Helena passou a ser o fio condutor da história uma vez que todos os grandes dramas estão direcionados a ela. Por mais que as outras seis protagonistas tenham conflitos pontuais, todos se mostram bem menos atrativos que os vividos pela vilã. E as maiores viradas do remake se deram no núcleo da família da empresária, que agora está em sua fase mais desequilibrada diante de sucessivas pancadas emocionais que já levou até aqui. Basta lembrar que a filha de Sérgio (Marcos Caruso) precisou engolir o namoro do filho com a garota que virou quase uma inimiga à primeira vista, o divórcio exigido pelo marido, a descoberta que Giovanni (Filipe Bragança) não é seu herdeiro biológico e que seu verdadeiro filho está vivo e é um canalha. Para culminar, ainda há a maior revelação do enredo que ficou guardada para os momentos derradeiros: Helena e Ísis (Rayssa Bratillieri) são irmãs. 

Isabel Teixeira domina todas as cenas e aproveita o destaque cada vez maior que os autores deram para a vilã, a ponto de ter brilhado até nas cansativas cenas envolvendo o sequestro de Jonas (Mateus Solano), que se estenderam além do aceitável. Isso porque a atriz conseguiu imprimir um traço de humanidade naquela mulher em meio ao festival de loucuras praticado por ela. Chegou a dar pena de Helena diante dos momentos em que o ex-marido fingiu amá-la para tentar escapar do cativeiro. A intérprete convenceu com aquele olhar perdido e lacrimejado de uma mulher que sempre transbordou insegurança e infelicidade, ao mesmo tempo que utiliza a arrogância e o elitismo para humilhar qualquer um que atravesse seu caminho. É um perfil que desperta interesse, tanto pela construção quanto atuação. 

"Elas por Elas" está perto de seu fim e entre tantas turbulências pelo caminho é justo afirmar que a grandiosidade de Isabel Teixeira como Helena foi um dos êxitos do remake.