sexta-feira, 20 de abril de 2018

Eliane Giardini é um dos ótimos nomes de "O Outro Lado do Paraíso"

A panelinha dos autores, como já foi dito aqui inúmeras vezes, é algo natural. Todo escritor tem predileção por certos nomes e evidencia sempre em seus folhetins. Eliane Giardini entrou no ''time" de Walcyr Carrasco em 2013, na primeira novela das nove dele: "Amor à Vida". Porém, não foi uma experiência muito feliz. Ordália era mãe de Bruno (Malvino Salvador), mocinho do enredo, e acabou aparecendo bem menos do que deveria. Foi uma figurante de luxo. Um desperdício de talento.


Ou seja, parecia que o autor não a chamaria tão cedo. Felizmente, um lego engano. Em 2016, Walcyr a escalou para "Êta Mundo Bom!" e conseguiu se redimir com louvor. Deu para a atriz um dos melhores e mais importantes perfis do enredo: a milionária Anastácia, mãe de Candinho (Sérgio Guizé), o protagonista do sucesso das 18h. Eliane protagonizou grandes cenas ao longo da novela e emocionou no momento mais aguardado e sensível da trama, quando a ricaça reencontrou seu filho perdido, após tanto procurá-lo.

Agora, em "O Outro Lado do Paraíso", o autor novamente presenteou a intérprete com um excelente papel. Nádia é uma vilã cômica deliciosa, provocando ódio pelos absurdos preconceituosos que profere, ao mesmo tempo divertindo com sua total falta de noção e histeria. A personagem sempre foi um dos destaques da trama das nove, dirigida por Mauro Mendonça Filho, protagonizando um núcleo que tem o racismo e o machismo como foco.
Ela, inclusive, foi a primeira a sofrer um grande revés no enredo, quando Raquel (Érika Januza) voltou como juíza, dez anos depois de ter sido escorraçada pela perua com ataques racistas --- época em que trabalhava como empregada na casa da víbora, se envolvendo com Bruno (Caio Paduan).

E, ao contrário do que se imaginava, Nádia não perdeu o destaque depois do retorno de Raquel por cima. Afinal, a grande expectativa desse conflito era justamente a volta da empregada doméstica como uma importante juíza, fazendo a inimiga engolir seu preconceito. A virada aconteceu bem antes da metade da trama. Mas a vilã continuou em evidência, protagonizando embates com a ex-nora e armando para separá-la do filho. Também passou a formar uma divertida parceria com Luis Melo, principalmente quando o casal realizava fantasias sexuais vergonhosas ou na hora em que comemoravam a propina recebida por Gustavo.

A atriz foi responsável por outras cenas ótimas, caindo na armadilha de Clara (Bianca Bin) e flagrando o marido com Leandra (Mayana Neiva) no bordel. A traição e a reação da personagem tiveram toques cômicos, condizentes com o perfil da perua, e Eliane novamente brilhou ao lado do parceiro Luis. Aliás, o papel não é bom apenas porque tem importância e função no roteiro. A maior qualidade é navegar pelo drama e pela comédia, valorizando as várias facetas da intérprete. Por sinal, a mãe de Bruno protagonizou recentemente uma cena sensível, quando finalmente pediu perdão a Raquel por todos os absurdos que disse sobre sua cor. Após ter se encantado por seu neto negro, a personagem se deu conta do horror que é o racismo e caiu em si. Um solução interessante do autor, mostrando que a intolerância muitas vezes se dilui quando o então preconceituoso tem um "representante" de uma minoria em casa. Eliane e Érika Januza emocionaram com o abraço das até então inimigas.

Nádia, porém, continua arrogante e soltando ironias, inclusive negando que era racista, fingindo que o acerto de contas com Raquel nem aconteceu. Uma boa sacada de Walcyr para mostrar que a mudança não foi total e nem "do nada". Eliane tem conseguido alternar bem momentos cômicos com  dramáticos. Ela, aliás, foi merecidamente homenageada no quadro "Meu Vídeo é um Show", do "Vídeo Show", onde relembrou fases marcantes de sua brilhante carreira, vide a época de Nazira em "O Clone" (2001), Dona Caetana em "A Casa das Sete Mulheres" (2002), Viúva Neuta em "América" (2005), Muricy em "Avenida Brasil" (2012) e Zana em "Dois Irmãos" (2017).

Eliane Giardini é uma atriz completa e seu destaque em "O Outro Lado do Paraíso" é apenas um justo reconhecimento ao seu talento. É um dos ótimos nomes do bem escalado elenco. A Nádia já entrou para a galeria de ótimas personagens da querida intérprete.

20 comentários:

Nina disse...

O autor já ta totalmente redimido com ela depois da Anastácia e da Nádia. Eliane encantou com a primeira e tem divertido e despertado ódio com a segunda.

Anônimo disse...

Sérgio, eu não concordo com o que você diz de O Outro Lado do Paraíso e acho que a audiência não é prova de qualidade, pois se fosse assim, as novelas mexicanas seriam ótimas. Pra mim e pra muita gente, o roteiro dessa novela é ruim e inverossímil (a vilã Sophia, o núcleo do Diego, enfim tem tanta coisa que simplesmente não faz sentido). Além disso, o mais grave que essa novela faz é reforçar preconceitos e estereótipos: homossexualidade, nanismo, violência contra a mulher, racismo e agora assédio, tudo foi tão mal abordado. Respeito sua opinião, claro. Contudo, pra mim, a novela é tão ruim que até alguns atores que gostava estou começando a achar péssimos. Bella Piero e Eliane Giardini foram umas das poucas que conseguiram se destacar positivamente no folhetim, no meu ponto de vista. No caso da Bella, o texto dela é bom e foi o único tema que o Walcyr abordou bem na novela, a pedofilia. Já no caso da Eliane, o texto é ruim e ela consegue se salvar só pelo talento, apenas uma atriz maravilhosa conseguiria fazer isso, por isso concordo com todos seus elogios a ela.

Gisela disse...

Eliane me fez chorar com Anastácia e com Zana e agora me fez odiar Nádia. Amo.

Felisberto T. Nagata disse...

sim, verdade Sérgio, é muito comum, ‘sempre ou geralmente’ existir a figura da predileção, sempre tem aqueles/as que são geralmente mais lembrados e evidenciados. Ao menos,no caso da Eliane Giardini , q realmente é uma atriz completa, apenas um justo reconhecimento ao seu talento; abraços e belo final de semana!

Dean Winchester disse...

Ela tá ótima msm, a personagem e boa e tem um grande destaque na trama.Mas acho essa novela bem ruim e uma das mais fracas do Walcyr ao lado de A Padroeira e Sete Pecados, mas é inegável o sucesso da novela.

Lulu on the sky disse...

Ela é ótima atriz e faz qualquer personagem.
Bom final de semana para você!
big beijos
Lulu
www.luluonthesky.com

Paula Müller disse...

Eliane é uma atriz incrível e completa, um dos maiores destaques dessa novela, com certeza. E faz uma ótima parceria com Luís Melo também.

Elisabete disse...

Lembro-me dessa atriz.
Bom domingo.

Sérgio Santos disse...

É verdade, Nina!

Sérgio Santos disse...

Respeito plenamente sua opinião, anonimo. Mas nunca disse que audiência é sinonimo de qualidade, tanto que já escrevi textos dizendo como isso não procede. Porém, no caso dessa trama eu acho muito justo por tudo o que o autor tem feito, exibindo cenas que já ficarram marcadas pra sempre e várias reviravoltas. Acho uma bobagem isso de reforçar preconceitos porque esse é o mesmo argumento de quem não gosta de beijo gay em novela porque o filho vai virar "viado". Ninguém vira algo por causa de novela. E achei o racismo muito bem explorado, assim como Pedofilia e outros temas. A questão do Diego é ridícula mesmo e nem deveria ter existido, mas a da Sophia tem total sentido. Enfim... abçs

Sérgio Santos disse...

A mim tb, Gisela.

Sérgio Santos disse...

É isso, Felis. abçs

Sérgio Santos disse...

Respeito sua opinião, Dean.

Sérgio Santos disse...

Concordo, Lulu. bj

Sérgio Santos disse...

Sem duvida, Paula!

Sérgio Santos disse...

Ela é ótima, Elisabete.

Debora disse...

Olá Sérgio tudo bem???


A atriz é ótima e está muito bem nesse papel!!! Faz grandes contribuições para a trama... Um presente!!!



Beijinhos;
Débora.
https://derbymotta.blogspot.pt/

Eduardo disse...

A Nádia para mim foi uma grata surpresa. Eu a odiava no início, mas aos poucos fui achando graça justamente pela hipocrisia e cara de pau da personagem. Ela e a Adinéia são as personagens que mostram a ignorância de uma parcela da população. Eu estava achando que as duas teriam a personalidade mudada, mas até que elas continuam com os seus preconceitos. Ambas estão tentando melhorar. O respeito já é um começo pelo menos.
A Nádia é a única "vilã" com veia cômica da trama. Acho que até por isso que ela se deu bem. Claro que o público detesta o racismo da personagem, mas em comparação com os demais vilões ela é fichinha. Os outros são odiados, ela nem tanto. Numa época em que normalmente acontece o contrário, Walcyr conseguiu o improvável. O público torce por Clara, Patrick, Beth, Raquel e rejeita os antagonistas.

Sérgio Santos disse...

Ela é ótima, Débora!!

Sérgio Santos disse...

Excelente comentário, Eduardo!!!