Jade Picon e Arthur Aguiar são mais parecidos do que imaginam no "BBB 22"

 O "BBB 22" vem decepcionando em vários aspectos e um deles é a falta de visão de jogo de grande parte do elenco. Há um temor tão grande pelo 'cancelamento', fruto do que aconteceu com Karol Conká, Lumena, Nego Di e companhia no ano passado, que muitos se negam a fazer qualquer tipo de jogo que exija o mínimo de estratégia. No entanto, há duas exceções que são ironicamente do grupo 'camarote': Jade Picon e Arthur Aguiar. 

Os dois gostam de falar de jogo e elaborar estratégias desde que entraram no reality. Arthur até tentou uma aliança com Jade, já que ambos entraram depois junto com Linn da Quebrada porque contraíram covid-19 uma semana antes da estreia. No entanto, Jade recusou a oferta e ainda não gostou quando, assim que ganhou sua primeira liderança, ouviu do colega que ele estaria 'ferrado' no jogo já que ela tinha lhe prometido a imunidade caso ganhasse o Anjo. Achou Arthur interesseiro. E seu pensamento ainda foi fomentado pelas suas então maiores aliadas, Bárbara e Laís, que nunca suportaram Arthur. 

A desconfiança de Jade resultou na indicação de Arthur Aguiar para o paredão. A partir daquele momento o seu possível aliado virou rival. E nunca é bom ter um rival que gosta e sabe jogar. Ela tem sentido isso na pele.

A influencer ainda teve a sorte de ser líder pela segunda vez consecutiva, mesmo que tenha ganhado a prova por mérito, mas desperdiçou o bom momento mandando Arthur pela segunda vez. Jade queria respostas com sua indicação e teve com a primeira volta do 'inimigo', recebendo a ênfase do apresentador Tadeu Schmidt sobre a baixa porcentagem do ator na votação. Mas a jogadora insistiu em ir nele para não ter outra indisposição na casa. Uma estratégia que teve uma coerência e até funcionou (Lucas não a indicou quando virou líder justamente porque não foi votado por ela), mas o risco de fortificar Arthur era alto. E de fato aconteceu. 

Agora o jogo está virando a cada semana. Se antes, Arthur estava isolado e sem muito o que fazer porque ninguém dava ouvidos para suas estratégias, no atual momento do jogo o ator tem conseguido se estruturar mais, enquanto Jade perde um aliado por semana. Isso porque Arthur tem sido inteligente. O ator não está mirando na rival e, sim, em todas as pessoas que a cercam. Ele sabe que ela tem uma força aqui fora, mesmo estando em péssima fase na disputa. E, de quebra, consegue medir o grau de popularidade de Jade aqui fora à medida que vê as amigas sendo eliminadas. Quando Arthur foi indicado durante o segundo reinado aproveitou a oportunidade de puxar Bárbara no contragolpe e acertou na mosca. Tirou o braço direito de Jade da casa. Sua intenção era mandar Laís também, mas sua aliança temporária com Gustavo, que se envolveu com a médica e passou a protegê-la, implicou em uma inevitável trégua. 

Arthur, vale ressaltar, é o que melhor argumenta no reality. Impressiona como sua memória é boa a ponto de lembrar de cada detalhe do que aconteceu no jogo durante qualquer conversa. É difícil debater com ele e sair por cima. Hábil na arte do convencimento (ou manipulação, dependendo da opinião de quem assiste), o jogador sabe o ponto fraco de cada um e aponta durante qualquer acerto de contas. Sempre com um tom de voz ameno. Graças ao seu poder de fala, conseguiu Lucas como aliado porque percebeu que o colega estava inseguro no grupo de Jessi, Natalia e Lina, que nunca chegam a um acordo de combinação de votos. De quebra, ainda deixou Eslovênia, aliada e namorada de Lucas, segura para comentar por alto algumas jogadas do quarto Lollipop. Com isso, pega várias informações úteis. Também se aproveita da língua solta de Eliezer para saber com antecedência o que o grupo liderado por Jade vai fazer. O jogador só peca no excesso de vitimização. Ele força uma narrativa de perseguido que nem existe. Ele foi indicado duas vezes pela líder e depois caiu no terceiro paredão porque teve o azar de ser a primeira dupla eliminada na prova do líder, cuja consequência era essa. Mas o povo da casa mesmo não vai nele. As opções são sempre Douglas, Natalia e Jessi. No entanto, não deixa de ser uma estratégia dele para ser visto como o injustiçado. Ainda assim, Jade percebe todas as manobras de Arthur e alerta o pessoal de seu quarto. 

E Jade não recua. Mesmo sabendo que pode estar no grupo odiado pelo público, a participante segue fiel aos seus e tentando combinar votos para proteção. A última tentativa resultou na eliminação de Larissa, mais uma aliada, porque Vinicius e Eliezer traíram o grupo e não votaram em Douglas, como o combinado. Os dois foram em Jessi. Jade não escondeu a indignação e a raiva pela burrice dos aliados. Aliás, irritação é algum comum para Arthur. Ele também se irrita muito com a posição dos aliados que não são muito aliados. Scooby, Douglas e Paulo André muitas vezes discordam das jogadas do ator e nunca compactuam com suas tentativas de combinação de votos. Isso o tira do sério. Já protagonizou várias discussões com DG e Scooby. Durante os desentendimentos, Arthur acaba expondo seu ponto fraco que é não saber lidar bem com discordâncias. Algo similar ao seu rival inicial no jogo, o eliminado Rodrigo. Afinal, Rodrigo falava de jogo o tempo todo e não aceitava quem discordava dele. Arthur, que criticava o jogo do 'inimigo' na época, ironicamente, vem se comportando da mesma maneira. E em alguns momentos é inevitável não observar um tom soberbo no participante. Até por estar acertando bastante suas observações sobre o jogo e ter voltado de três paredões, há uma segurança em sua fala. É complicado lidar com o ego em um reality como esse. Mas Jade não fica atrás. Embora esteja em uma situação bem mais difícil, a jogadora tem um ar de superioridade que não consegue evitar. Age como se todos os aliados fossem seus empregados, ainda que não perceba. Para sua sorte, seu comportamento de 'patricinha mimada' rende momentos engraçados algumas vezes. 

Ou seja, analisando friamente e deixando qualquer torcida de lado, é visível que Jade Picon e Arthur Aguiar são mais parecidos do que imaginam. Por isso mesmo não conseguiram se aliar. "Dois bicudos não se beijam", diria o conhecido ditado. E a melhor coisa que poderia ter acontecido pro "BBB 22" é a rivalidade entre eles. Porque acaba funcionando como um ponto de equilíbrio na disputa com duas pessoas que querem jogar sem se importar com as consequências. Até porque nenhum precisa do prêmio. Ela é de uma família rica e ele tem uma ótima condição financeira, ainda casado com a influenciadora e ex-BBB Maíra Cardi, que tem uma vida de luxos. O risco que Boninho corre em colocar gente com boas condições na casa é esse: ser um Tiago Abravanel da vida, que por ser rico e não precisar da grana resolveu tirar férias, ou ser como Jade e Arthur, que, por não precisarem, se entregam bem mais ao jogo frio e calculista sem medo de uma possível 'vilãnização'. O fato é que os dois têm protagonizado boa parte da edição merecem ficar bastante tempo na disputa. Goste deles ou não.