Interpretada por Lidi Lisboa ---- atualmente também no ar na minissérie "Se Eu Fechar os Olhos Agora", na Globo, na pele da madre Maria Rosa ----, Jezabel é um tipo bem controverso apresentado no Livro dos Reis (um dos livros históricos do Antigo Testamento da Bíblia) como uma sacerdotisa dominadora, potencialmente religiosa e que se denominava porta-voz de Deus. Isso a categorizava como profetisa. Filha do rei dos Sidónios Etbaal, se casou com Acabe para fortalecer as relações entre Israel e Fenícia. Não demorou para sua forte personalidade apagar por completo o marido, promíscuo e fraco.
A história da nova trama da Record, curiosamente chamada pela emissora de macrossérie e não novela ---- resta aguardar a duração do formato para constatar se acertaram ou não na classificação ----, vai abordar todas as camadas dessa rica personagem. Afinal, aparentemente parece uma grande vilã, mas a autora Cristianne Fridman deixou bem claro logo na estreia que o intuito do enredo será humanizá-la.
Tanto que uma cena de flashback mostrou Jezabel defendendo a mãe da violência do pai. Esse é um pesadelo frequente da poderosa mulher, o que ajuda a explicar seu total desprezo pelos homens e a sua conduta muitas vezes arrogante diante deles.
A ambição pelo poder também foi rapidamente exposta no enredo através do plano de Jezabel para matar o rei de Israel (Arthur Kohl) com o intuito de ver o herdeiro do trono, Acabe (André Bankoff), assumindo seu lugar. O todo poderoso acabou envenenado por Getúlia (Hylka Maria), que ainda conseguiu incriminar o rapaz que descobriu a intenção da mulher e tentou alertar o rei, sem sucesso. Dias depois, a protagonista logo chega em Israel com seus vários seguidores e inicia um flerte com Acabe para se tornar rainha do lugar. O capítulo teve quase uma hora de duração e apresentou bem a premissa do enredo.
A rainha tem como aliado Hannibal (Rafael Sardão), seu amante e principal guerreiro; Thanit (Mônica Carvalho), ambiciosa melhor amiga que a influencia com suas armações; e Baltazar (Alexandre Slavieiro), ex-profeta que trata a esposa Temima (Juliana Schalch) com crueldade. É a primeira vez que a Record coloca uma vilã como personagem principal e não deixa de ser uma atitude ousada. No entanto, uma figura bem parecida com a de uma ''mocinha" foi apresentada já na estreia para não fugir do folhetim tradicional: a pobre Aisha (Adriana Birolli) provocou um encantamento em Acabe e o rei a chamou para trabalhar no palácio. Ela se torna a primeira esposa dele e fará de tudo para alertá-lo das manipulações de Jezabel.
Outros personagens têm chances de crescimento na trama ao longo dos meses, como o intrometido Isaac, vivido por Leonardo Miggiorin. Com boas tiradas, o perfil tem tudo para destacar o talento do ator e sua rixa com Jezabel é um ponto a seu favor na produção. Obadias (Juan Alba) --- administrador do palácio que trabalha como espião em favor da luta dos profetas contra a rainha maquiavélica --- também é um tipo promissor, pois ainda vive conflitos com as filhas: Joana (Camila Mayrink) e Samira (Laís Pinho). O maior inimigo da rainha, todavia, é Elias (Iano Salomão), profeta que tenta desmascará-la a todo custo juntamente com seus aliados. Mais um perfil com potencial.
O único porém é a repetição de todo o conjunto. Por mais que seja uma nova história, é quase impossível para o telespectador não sentir que está vendo a mesma produção há pelo menos uns 5 anos. Os figurinos são sempre os mesmos, os cenários pouco variam e muitos atores já participaram de inúmeras produções bíblicas da emissora, como Henrique Pagnoncelli (Emanuel), Igor Cosso (Miguel), Flávio Galvão (Nabote), Brenda Haddad (Anaid), entre outros. O intuito da emissora é claramente manter seu nicho, assim como faz o SBT com os folhetins infantis, mas dificilmente atrairá uma nova parcela do público. O fenômeno "Os Dez Mandamentos" (2015) se comprovou como mera exceção.
"Jezabel" apresentou um bom começo e Lidi Lisboa promete segurar o protagonismo com bastante segurança. Seu desempenho na pele da personagem-título é merecedor de elogios e a atriz estava merecendo uma oportunidade como essa há um tempo. Tem tudo para ser um divisor de águas na sua carreira.
10 comentários:
É tudo igual parece a mesma novela de sempre.
Eu vi ontem e já desisti. Sempre parece que to vendo aquela dos Mandamentos...
A Lidi Lisboa é talentosa, mas achei a história mais do mesmo.
ontem fizeram escárnio sobre os deuses de outros povos. em tempos de tanta intolerância chega a ser violento. claro, é novela bíblica q fala de deus único. mas debochar de outras fés é monstruoso. a trama tb está focada em muito beijo na boca e romancezinho no estilo romântico que surgiu muito depois. ta muito malhacao. principalmente a traminha da stephany brito. no segundo capítulo já tava enrolando. concordo, parecia q os autores copiaram e colaram textos das anteriores. os q justificam o deus único, e único salvador são igualzinhos. eu gosto muito da atuação da lidi lisboa e está ótima mesmo. ela tb foi insuportável em rainha mãe. está sendo realizada em paulínia mas a produtora tinha outro nome. beijos, pedrita
Pena que a Globo deixou a Laís Pinho escapar. Apesar da vilã que ela fez em Apocalipse ter sido ótima, não teve repercussão pela novela ser um desastre. Espero que a Christiane Friddman a coloque em Topissima. PS: Você gosta da Laís, Sérgio?
Isso é, anonimo...
Entendo, Yasmin.
Concordo, Nina.
Concordo, Pedrita.
Gosto sim, Rafa!
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