Com texto de David França Mendes e direção de João Daniel Tikhomiroff, o seriado teve um processo lento até conseguir finalmente estrear. A produção começou em 2014, incluindo as seleções para a escalação do elenco, se estendendo até o início de 2015. As gravações foram iniciadas em agosto do mesmo ano e a estreia estava prevista para um ou dois meses depois. Porém, os atrasos foram inevitáveis (incluindo demora na liberação do orçamento) e adiaram para março de 2016. Depois mudaram para abril, até o lançamento ser marcado para julho, com direito a uma coletiva de imprensa.
O primeiro capítulo apresentou a história de forma bem didática, como se o telespectador fosse uma criança. Talvez seja o costume dos profissionais da emissora (ainda que trabalhando em parceria), já acostumados na segmentação da audiência, em virtude dos anos dedicados exclusivamente a produções voltadas para o público infantil.
O maior incômodo deste início foi ver a mocinha e a vilã falando com a câmera, como se estivessem desenhando o roteiro, ainda que todas as cenas deixassem o contexto bastante óbvio, evitando a necessidade de qualquer explicação. Para piorar, a situação não se restringiu à estreia, e segue ao longo dos episódios.
A protagonista é vivida pela Christiana Ubach e a atriz está segura no papel, sendo o destaque positivo de um elenco enxuto e com poucos talentos. Joana é uma motoqueira trabalhadora que passa a vida fugindo da obsessão de uma mulher perigosa, cujo intuito é matá-la juntamente com seu filho, herdeiro de uma fortuna. Isso porque a mocinha teve um caso com o marido da vilã e engravidou anos atrás. O telespectador pôde ver o flashback da rápida relação, uma vez que o homem não quis assumir o filho e ainda morreu envenenado pouco tempo depois (claramente assassinado pela esposa).
Daniela Escobar vive Bernarda, a milionária psicopata que caça a motogirl. A atriz é ótima e adotou um tom bastante caricato para a psicopata, parecendo as vilãs das novelas mexicanas que o SBT reprisa à tarde. Até mesmo a sua caracterização, incluindo um forte batom vermelho, ajuda a deixar o conjunto mexicanizado. Vale citar, aliás, o próprio roteiro, que está mais para uma novela do que uma série de suspense: a rica malvada que quer matar a mocinha pobre e seu 'herdeiro bastardo' (Nico -Enzo Barone) para não perder parte de sua fortuna.
Joana trabalha na Motópolis, empresa de moto-entrega, e seus colegas viraram amigos. Ela, além de se manter escondida da sua algoz na medida do possível, enfrenta vários problemas diários em suas entregas e também no trânsito, assim como todos os motoboys do país. Fica claro, aliás, que a protagonista é tratada como uma super-heroína. Logo no início da trama, a personagem já conseguiu se desvencilhar de um policial que tentou matá-la e derrubou sozinha três homens que tentaram roubar sua moto. Vale, inclusive, fazer uma menção aos momentos de luta, que são muito mal dirigidos, deixando o resultado artificial demais. Além do contexto absurdo, uma vez que ela não procura a polícia depois que descobre que um policial é aliado da vilã ---- embora haja milhares de delegacias na cidade.
O enredo central, apesar de um tanto irreal e exagerado em várias situações, consegue despertar a atenção em alguns momentos. Entretanto, as histórias paralelas são descartáveis e muito bobas. O pai de Joana (Reinaldo, interpretado por Murilo Grossi) tem um boteco onde todos fazem suas refeições e protagoniza um triângulo amoroso com Pam (Matha Nowill), sua namorada e cozinheira do 'Botecão', e Val (Fernanda Viacava), sua amante, que é gerente da Motópolis. Há ainda Túlio (Thiago Freitas) e Marley (Felipe Montanari), motoqueiros apaixonados por Joana, além do canalha Dinho (Sacha Balli), entre outros.
"A Garota da Moto" está longe de ser um seriado ótimo. A estreia foi mediana e os demais episódios, até agora, vêm mantendo esse nível de regular para baixo. É um produto com claros defeitos de roteiro, direção que deixa a desejar e elenco irregular. Porém, apesar do conjunto ficar devendo bastante, o enredo central da série consegue apresentar alguns bons ganchos, despertando um certo interesse. E Christiana Ubach foi uma boa escolha para a protagonista. Ou seja, um trecho de "Assim Caminha a Humanidade", de Lulu Santos, acaba se aplicando bem ao formato: 'não vou dizer que foi ruim... Também não foi tão bom assim." E mesmo com os problemas evidentes, é preciso valorizar a iniciativa do SBT em entrar no mercado das séries, podendo se aperfeiçoar com o tempo, assim como foi feito nas produções infantis.
25 comentários:
A série é horrível, mas tomara que o SBT não desista porque fica como sendo opção pra faixa da novela das nove.
Série péssima.Vergonha alheia!
e é bom lembrar,Sérgio,que o SBT,em 2014 fez uma série com o elenco de´´Carrossel´´que foi a ´´Patrulha Salvadora´´
Sim, a iniciativa é válida, mas a série é horrível como vc bem detalhou no texto!
Não achei péssima, é até interessante embora o enredo seja de fato surreal e bem mexicano.
Apesar de didático, o seriado não é de todo ruim.Temos que relevar,pois é algo feito pelo SBT.
O Elenco é bem irregular,porém não se pode esperar muito,até porque os bons atores não vão querer trabalhar na emissora do Silvio.
Portanto,diante da história e da iniciativa,minha nota é 6,5.
A Garota da Moto é razoável, tem uma boa história, mas uma direção fraca e um elenco bem "morno",com destaque apenas para a protagonista.
O SBT não consegue reunir uma quantidade boa de atores bons em cena.Em meio a uns 50 atores 2 ou 3 são bons e olhe lá.
Gostaria de fazer uma observação sobre os produtos mais recentes produzidos pelo SBT.
Especializado a um bom tempo em produções infantis,a emissora de Silvio Santos bem que tenta,mas em suas novelas o elenco é bem mediano/ruim.
Carrossel: Digamos que aqui a produção era menos caprichada, mas o elenco era bom até com destaque para Rosanne Muholand e Noemi Gerbeli no elenco adulto e Larissa Manuela e Lucas Santos no infantil. (Mediano)
Chiquititas: Um pouco mais caprichada e com um elenco melhor que Carrossel.Giovanna grigio, Rayssa Chaddad,Gabriel Santana e Júlia Gomes foram muito bem. (Bom/mediano).
Cúmplices: Melhor capricho nos cenários, mas com um elenco péssimo que constrange os Dez Mandamentos. Larissa Manoela e Tânia Bondezan são uma das ressalvas. (Ruim)
AGDM: Capricho no cenário, direção um pouco melhor e um elenco bem fraco, mas muito superior a novela infantil que está no Ar. Cristina Ubach é o destaque. (Mediano).
Apesar de sua enrolação toda,acho Chiquititas a melhor novela entre as três produzidas pelo SBT e a Garota da Moto é razoável,mas mostra um avanço do SBT.
Te confesso que ainda não vi "A Garota da Moto" mas parece que a história é boa.
Beijos <3
Olá, Sérgio...esto es cierto, ao menos temos que valorizar a iniciativa do SBT em entrar no mercado das séries, mas, realmente,foi muito estranho , olharem para a câmera e explicar a história, os sentimentos e até desnecessários comentários. No mais, o roteiro , realmente fraco, com o velho maniqueísmo protagonista x antagonista e personagens/núcleos paralelos fracos, para o contexto geral...destaque para a fotografia e Christiana Ubach,não a conhecia! Belos dias, abraços!
“A Garota da Moto” mostrou boa trama e atuações razoáveis, mas precisa corrigir os erros para seguir sendo uma aposta acertada para a emissora de Silvio Santos. Torço por seu sucesso para que novos produtos do gênero sejam realizados.
Concordo, Pedro.
Não é grandes coisas msm, anonimo.
Mas essa era infantil, Matheus.
Pois é, Yasmin.
Tá longe de ser boa, anonimo, mas não é péssima.
Concordo com o comentário, anonimo.
Isso é, anonimo...
Anonimo, achei excelentes todas essas suas curtas observações sobre cada produção. Concordo com vc, inclusive.
Não é grandes coisas, Pâmela. bjsssss
Felis, essa parte de falar com a câmera é constrangedora e sem o menor propósito. abçssss
Tb torço, anonimo.
Eu adorei a série e a iniciativa! Da de dez a zero naquela novelazinha horrível da globo.
Menos, Jéssica. ;)
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