Protagonizada por Sereno (Roberto Bomtempo) ----- um conselheiro tutelar experiente, íntegro e dedicado, que precisa lidar com as puxadas jornadas de trabalho e suas funções de pai (um clichê) ---- e César (Paulo Vilela) ---- conselheiro recém-eleito que passa a formar uma dupla com Sereno ----, a série gira em torno da luta que estes dois enfrentam diariamente para salvar crianças que precisam de ajuda e ainda driblar os empecilhos que a justiça coloca em seus caminhos, através das figuras de um juiz (Brito - Paulo Gorgulho) e de um promotor (André - Petrônio Gontijo).
Os dois protagonistas trabalham em um escritório improvisado, de estrutura precária, e ainda têm como colegas de trabalho a solícita psicóloga Esther (Andrea Neves) e a preguiçosa assistente social Lidia (Gaby Haviaras). A intenção da história é claramente tratar os conselheiros como verdadeiros heróis (pecando pelo exagero), defensores dos fracos e oprimidos, enquanto o judiciário é colocado como o 'inimigo'.
E a intenção do seriado, ao menos na primeira temporada, é tratar as crianças como vítimas, ou seja, casos como os de menores infratores foram praticamente ignorados.
O primeiro episódio despertou atenção ao exibir a história de uma bem-sucedida médica, vivida brilhantemente por Lucinha Lins, que maltrata e agride violentamente a filha que adotou. A empregada da esnobe mulher a denuncia ao Conselho Tutelar e é a partir daí que Sereno e César entram em ação. A Dra. Vera, coincidentemente, é médica do juiz Brito, que acaba se vendo mergulhado em uma situação delicada ao receber a denúncia da dupla de conselheiros. A trama foi bem interessante e honrou a boa premissa da série.
Uma mulher que percebe que na casa de uma conhecida há uma criança vivendo amarrada embaixo da cama e uma mãe desesperada em livrar a filha, menor de idade e grávida, da cracolândia são outros temas fortes explorados pela produção escrita por Marcos Borges e Carlos de Andrade, dirigida por Rudi Lagemann. O segundo e o terceiro episódios mantiveram as qualidades vistas na estreia e a trama de César ---- que começa a investigar um sujeito que o molestou quando criança após flagrá-lo na rua ----- funciona bem junto com o conflito de Sereno ---- que não aceita a separação da ex-mulher, encontra dificuldades para ficar com o filho e ainda é obrigado a ver a ex (Flávia - Cássia Linhares) se envolvendo com o promotor André, seu desafeto. Os protagonistas, aliás, formam uma boa dupla.
No terceiro episódio, inclusive, os protagonistas se unem mais para resolver dois casos importantes: um professor de educação física que expõe o seu filho a treinamentos pesados, e ainda retira sua medicação para um problema cardíaco com o intuito de 'não atrapalhar' o desempenho nos treinos, e um pai que agride a filha recém nascida ---- vale destacar a cena onde o rapaz liga um ventilador e o usa como arma para ferir a filha.
É perceptível a preocupação da Record com este produto e o bom resultado é visível. É de se lamentar o horário ingrato (depois das 23h30, após "A Fazenda") e o fato de exibirem os cinco episódios da série em uma semana. Como há poucos capítulos (cada um com cerca de 50 minutos de duração), o ideal era exibi-los semanalmente, em um horário mais atrativo, e não diariamente. O mesmo erro cometido em "Plano Alto" foi repetido agora. A diferença é que a produção atual conseguiu o dobro do Ibope da anterior ---- e provavelmente conseguiria ainda mais se entrasse às 22h30, por exemplo.
"Conselho Tutelar" foi uma boa surpresa e fez por merecer uma segunda temporada. A temática da série é vasta e proporciona inúmeras situações interessantes. A produção conseguiu uma boa audiência, apesar de ter ido ao ar quase meia noite. Só resta torcer para que os protagonistas sejam mais humanizados e menos esteriotipados na próxima leva de episódios e que a emissora escolha um horário melhor para exibir a produção.
25 comentários:
Sergio, abordam um tema que desperta interesse. Fico ciente do conteúdo de programas aos quais não assisto, através de seus completos e bem fundamentados relatos. Foi o que ocorreu com essa postagem, eis que não dá tempo para ver tudo (rss). Bjs.
É mt ruim, parece uma novela e não uma série.
Vi o primeiro episódio com a Lucinha Lins que estava impecável.Lembrou aquele caso real da procuradora loura que maltratava a filha adotiva ou filho não lembro. Mas o segundo eu já não gostei e o terceiro achei pior ainda. Ou seja, não me animei a ver o quarto.
A série é boazinha mas bem inferior a Plano Alto.
Confesso que estava meio com pé atrás mas olha concordo com vc acertaram.
Os seguidores do Café entre amigos elegeram os melhores blogs de 2014, parabéns o seu está entre os vencedores. Convido com muito carinho para vi conferir o post e receber o selo especialmente criado para os eleitos.
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Oi Sérgio, boa tarde,
O horário da série 'Conselho Tutelar' é mesmo ingrato.
Se houver uma próxima temporada num horário razoável,
é bem provável que eu assista .
Meu pai viu e gostou dos episódios.
Bjs!
P.S.:Parabéns pelo prêmio 'Xícara de Ouro'!Fiquei feliz por vc ter ganho novamente.
Ouvi dizer que teve ótimo ibope(pros padrões da record), e também logo após a fazenda que também esta ótima. Alias incrível como a cada temporada a fazenda só melhora, ao contrario do bbb.
Olá Sérgio!
Foi a melhor surpresa da Record esse ano. Apesar de achar a trama de Plano Alto mais elaborada que CT achei essa última mais legal! Achei um roteiro seguro (apesar dos clichês que nunca me incomodam, na verdade, desde que a história seja bem contada). A direção é bacana e os atores são bons. Adorei a psicóloga. E a dupla protagonista mandou bem. Acho que valeu a pena acompanhar os 5 episódios. O último aliás foi muito bacana e deixou um bom gancho para a segunda temporada. Se a Record for esperta e analisar friamente os erros (dela e não da série) exibirá a segunda temporada com mais capítulos e antes da oitava temporada de A Fazenda. Aguardando bem ansioso pois adorei a primeira!
Hum, voltando porque acho que vale a pena comentar que a iniciativa é muito bacana e que os depoimentos ao final do capítulo são muito bacanas, além de incentivar as pessoas a denunciares abusos contra menores. Disque 100!
Se retratasse a realidade teria tudo pra ser uma série excelente... Não é desse jeito que as coisas funcionam dentro de um conselho tutelar, e eu nem estou falando da super valorização do conselheiro diante de todos os outros profissionais... mas tendo por base essa "super valorização", os procedimentos adotados para tal não são nem competência desses profissionais.... e eu ainda vejo um comentário de uma pessoa falando que está adorando e agora ela se certificou que o que ela quer mesmo da vida é cursar serviço social. Primeiro: o profissional de serviço social é o assistente social, segundo: assistente social e conselheiro não é a mesma coisa, terceiro: não é função do assistente social organizar filas e nem ficar preenchendo papel. Eles valorizam tanto um profissional e desvalorizam outros.
Olá Sérgio,
O foco da série é bem interessante. Na Record, somente tenho assistido aos telejornais.
Suas considerações a respeito foram muito bem colocadas e gostei muito de lê-las e de me inteirar do teor dessa programação.
Beijo.
Também gostei da série, achei o tema interessante. Só não gostei do horário, e também achei que os atores pecaram pelo exagero, mas quem sabe na segunda temporada melhora.
Fui correr atrás dessa série após ua brilhante abordagem aqui no blog... E estava ela lá completa no Youtube... E fiquei completamente encantado pela série, tanto que assisti a dois episódios seguidos. A série da Record preza pelo realismo, mesmo cercada de alguns clichês... A cena em que César (Paulo Vilela) bate no computador na expectativa de que ele funcione "no tranco" revela bem o tipo de ambiente que os funcionários públicos são obrigados a trabalhar.
Assisti aos dois episódios no Youtube e fiquei mega viúvo quando descobri que os 6 episódios integrais foram bloqueados pela Record com base nos Direitos Autorais. Uma lástima! E acho que chega de hipocrisia das pessoas aqui. Eu também trabalho em CRAS/Conselhos Tutelares/ CREAS e a realidade é bem parecida sim! Infelizmente, perdidas na burocracia, de mãos e pés atados, dependentes de um poder público inerte, nossas assistentes sociais se dedicam boa parte do dia a preencher papéis. Não é culpa delas, mas o sistema não ajuda mesmo!
Ah, creio que o horário ingrato seja culpa somente do realismo que os temas são abordados. São temas espinhosos, fortes, com alta carga dramática, jamais o Ministério Público permitiria que fosse mais cedo!
Obrigado, Marilene! =) bjs
Não achei espetacular, anônimo, mas gostei do que vi.
Wallace, tb achei o primeiro mt bom e a Lucinha deu um show. O segundo e o terceiro foram inferiores. Mas a série foi bacana.
Tb preferi Plano Alto, anônimo.
Patricia, mt obrigado. É o terceiro ano consecutivo que ganho. Mt feliz. bjs
Clau, o horário foi mt tarde, mas a série foi boa. E obrigado pelos parabéns. bjs
A audiência foi boa, anônimo, ao contrário de Plano Alto, que fracassou.
Pedro, preferi Plano Alto, mas essa tb foi um acerto. E vc fez bem em lembrar dos depoimentos finais falando do dique 100. Eram importantes e fecharam bem os episódios. Abçs
Entendo sua reclamação, anônimo e acho pertinente. Realmente houve uma sucessão de exageros na série, a começar pela exibição quase exclusiva das crianças sendo vítimas. Faltou mostrar, por exemplo, os adolescentes que matam, assaltam e traficam, ou seja, eles como "vilões". Mas é preciso levar em conta tb que se trata de uma ficção. Mas ainda assim entendo seu protesto.
Mt obrigado, Vera. bjs
Veremos, Juliana... Bjão
Maxxi, obrigado pelo brilhante. Fico feliz que tenha gostado. E essa prática, infelizmente, agora é comum. As emissores proíbem o Youtube de armazenar os conteúdos. É uma bobagem pq é uma publicidade para as emissoras, mas enfim...
Olha, tb acho que a série não poderia ir ao ar mt cedo e sou a favor, inclusive, de haver bons produtos em horários tardios para o público da faixa. Mas ainda assim, 22h30 seria um horário ideal. E não teria problema de classificação. abçs
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