Sucesso de público e crítica, assistido por mais de 50 mil pessoas em casas de teatro desde 2022, a peça "A Lista" ganhou uma adaptação para as telas, exibida nesta segunda-feira, dia 17, na faixa da "Tela Quente" da TV Globo. O filme faz parte de um grande projeto da emissora, em parceria com o Globoplay, na produção de vários longas por ano.
Estrelada por Lilia Cabral e sua filha, Giulia Bertolli, a comédia conta a história de Laurita, uma professora aposentada, moradora de Copacabana, que se vê obrigada a estabelecer uma relação com uma vizinha décadas mais nova, a cantora lírica Amanda, personagem de Giulia. O encontro das duas desencadeia um turbilhão de sentimentos, lembranças e descobertas que marcam suas vidas para sempre. Gustavo Pinheiro, autor da peça, também assina o roteiro do filme, com colaboração de Giulia Bertolli e supervisão de texto de Marcelo Saback. A direção é de José Alvarenga Jr.
A primeira versão da história das duas personagens ganhou vida em 2020, ainda na pandemia, quando Lilia e Giulia encenaram pela primeira vez o texto de Gustavo Pinheiro em um teatro vazio, com apenas três câmeras que transmitiam a peça online para pessoas de todo o mundo. O tempo passou, a pandemia terminou e a possibilidade de encenar "A Lista" em um teatro com público tornou-se viável. E foi após assistir ao espetáculo pessoalmente que o diretor José Alvarenga Jr. pensou que a história renderia um filme.
Na adaptação audiovisual, lugares, rostos e novos enredos tomam forma e incrementam a trama. Com isso, somam-se ao elenco, que no teatro era formado apenas por mãe e filha, Tony Ramos como Antenor, colega de ensino clássico de Laurita; Leticia Colin como Carolina, filha de Laurita; Cláudio Gabriel como Afonso, pai de Amanda; e Vitor Britto como Auricélio Jr., vizinho de Amanda e Laurita. A produção também conta com as participações de grandes veteranos da dramaturgia, como Zezeh Barbosa, Guida Vianna, Bia Montez, Rosamaria Murtinho, Betty Faria, Tony Tornado, Reginaldo Faria, Anselmo Vasconcellos e Eber Inácio. E meio ao etarismo escancarado na teledramaturgia da Globo, vê-los em cena é um alento.
O que também passa a ser concreto na produção é o bairro de Copacabana que, mais do que um cenário, é um personagem e um grande homenageado da trama. Laurita não esconde sua paixão pelo lugar em que mora e são várias as cenas em que a personagem menospreza os bairros vizinhos, como Jardim Botânico e Botafogo, além de outros mais distantes, como Recreio e Barra da Tijuca. Tudo de uma maneira hilária e com um texto delicioso. Tanto que os momentos mais engraçados da trama são as conversas da protagonista com suas amigas de infância. Guida Vianna, Bia Montez e Zezeh Barbosa foram escalações certeiras. Que time impagável.
O filme também consegue emocionar sem parecer piegas ou forçado. São instantes de pura delicadeza em que a fragilidade de Laurita é exposta, principalmente por conta da difícil relação que tem com sua filha. Aliás, que dupla boa é formada por Lilia Cabral e Letícia Colin. Ambas vêm brilhando em "Garota do Momento" na pele de duas vilãs que se odeiam: Maristela e Zélia, respectivamente. E no longa se destacam em cenas que tocam o público por conta da frieza do tratamento da filha para com a mãe, uma mulher também nada fácil de lidar. Por outro lado, é uma delícia acompanhar todo o processo de aproximação entre Laurita e Amanda, que enfrentam muitos percalços, com direito a feridas provocadas durante o percurso, até virarem amigas e confidentes. É tudo muito bem trabalhado e nem dá para sentir o tempo passar.
Diante de tantas qualidades, fica difícil entender o planejamento de Amauri Soares, atual responsável pelos Estúdios Globo e também pelo setor de teledramaturgia da Globo, de lançar o filme na "Tela Quente" e não nos cinemas. É o típico longa que arrebata o público, ainda mais em um momento de consagração do audiovisual brasileiro por conta do sucesso nacional e internacional de "Ainda Estou Aqui", produção em parceria com o Globoplay que vem ganhando inúmeros prêmios internacionais, com direito a um Globo de Ouro como Melhor Atriz para Fernanda Torres e três indicações ao Oscar. Claro que repetir o feito da produção de Walter Salles era impossível, mas a chance de ser um êxito de bilheteria era muito alta. E com certeza o boca a boca faria diferença porque a peça que originou o filme é um sucesso até hoje. Qual o sentido de estreá-lo depois o "Big Brother Brasil", indo ao ar quase à meia noite e acabando à uma e meia da manhã? Muitas pessoas que precisam trabalhar cedo no dia seguinte não assistiram, o que é uma pena.
"A Lista" é o quarto longa produzido pelo Núcleo de Filmes dos Estúdios Globo. Escrito por Gustavo Pinheiro, com colaboração de Giulia Bertolli e supervisão de texto de Marcelo Saback, o filme tem direção artística de José Alvarenga Jr. Luciana Monteiro e Raphael Cavaco assinam a produção e a supervisão artística é de José Luiz Villamarim. É uma história que diverte e emociona com a mesma intensidade. Quem não viu por conta do horário ingrato precisa ver no Globoplay. Vale a pena.
6 comentários:
Que lindo artigo amigo, com certeza vou ver na Globoplay porque o horário para assistir é muito ingrato. Adorei a sua narrativa, parece ótimo, deu um aconchego no coração ler!!
Beijos e uma ótima semana!!
Fiquei interessadíssima nesse trabalho e vou dar um jeito de assisti-lo. Lendo o teu texto fui percebendo que os temas abordados na obra são do meu interesse. Há muito tempo venho refletindo em coisas como conflitos de gerações, dificuldades associadas às relações entre mães e filhas (os), etarismo, etc.
Beijão
Bela dica e ótima análise!
Um abraço!
Oi!
Bela dica e realmente não foi uma boa escolha fazerem estreá-lo no Tela Quente.
https://deiumjeito.blogspot.com/
Achei tocante, em especial por retratar as possibilidades que a vida tem a oferecer e por ser tão multifacetada.
Abaixo da média. Diferente do que ocorreu no teatro, o filme ficou tedioso e chato!! TINHA SIM POTENCIAL INFELIZMENTE achei o roteiro fraco, confuso e a personagem bem chatonilda, escandalosa e irritante.
Postar um comentário