sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Marcada por duas mortes e alguns problemas visíveis, "Velho Chico" foi uma bela e controversa novela

Uma avalanche de imprevistos. Assim pode ser classificada "Velho Chico", novela que marcou o retorno de Benedito Ruy Barbosa ao horário nobre da Globo, após 14 anos escrevendo remakes às 18h. A novela ---- supervisionada pelo autor e escrita pelo neto Bruno Luperi, dirigida por Luiz Fernando Carvalho ---- chegou ao fim nesta sexta (30/09), depois de ter ficado praticamente sete meses no ar. Foram altos e baixos ao longo de sua exibição, tendo ainda duas tragédias durante o percurso: o falecimento do grandioso Umberto Magnani (vítima de um Acidente Vascular Encefálico) e a morte chocante do protagonista Domingos Montagner, afogado no Rio São Francisco, mesclando duramente ficção e realidade.


Primeiramente, o folhetim não estava previsto para o horário das nove e sim para o das seis. Mas, em virtude do imenso fracasso de "Babilônia" e do medo da emissora em apostar na realidade nua e crua ---- após "A Regra do Jogo" ter enfrentado dificuldades iniciais em ser aceita pelo telespectador ----, a obra idealizada por Benedito foi remanejada. O sucesso da reprise de "O Rei do Gado" (um dos maiores acertos do autor) no "Vale a Pena Ver de Novo" também foi primordial para essa mudança brusca comandada por Silvio de Abreu, responsável pela organização de toda a dramaturgia do canal. Com isso, a estreia de "A Lei do Amor" foi adiada e uma trama rural começou a ser exibida com o intuito de reconquistar a audiência.

A história reuniu absolutamente tudo o que Benedito já contou várias vezes em seus folhetins anteriores: o amor proibido dos herdeiros de famílias rivais, um padre apaziguador, um bar onde todos se reúnem, o coronelismo típico das cidades interioranas e o debate sobre terras.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Cenas emocionantes e poéticas marcam reta final de "Velho Chico"

"Velho Chico" está em sua última semana e a novela de Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi foi bastante problemática. Entretanto, o folhetim vem apresentando uma reta final repleta de cenas emocionantes, algumas em função da trágica morte de Domingos Montagner, lamentavelmente. Os capítulos que começaram a ir ao ar sem a presença do querido ator são justamente os que marcam os vários fechamentos de ciclos do enredo. E todo o elenco tem protagonizado momentos belíssimos.


A estratégia de Luiz Fernando Carvalho para driblar a ausência do saudoso ator nas cenas finais foi arriscada, mas funcionou plenamente e ainda serviu para homenagear Domingos. Ao transformar uma câmera subjetiva na figura do Santo, o diretor fez com que a visão do personagem se fundisse com a do público. O que a lente (operada com maestria por Leandro Pagliaro) mostrava era exatamente o que o patriarca da família Dos Anjos via. E todos os atores passaram a olhar para a câmera, contracenando com um objeto inanimado que representava toda a força cênica daquele intérprete tão talentoso.

As cenas ficaram com uma sensibilidade rara, expondo o talento do elenco e a força que todos precisaram ter durante aqueles instantes, onde a dor da ausência ficava ainda mais cruel. A preparação do casamento de Olívia (Giullia Buscacio) e Miguel (Gabriel Leone), iniciada logo depois da notícia da gravidez da menina, foi repleta de delicadeza, fazendo dos olhares os verdadeiros protagonistas.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

"A Lei do Amor": o que esperar da próxima novela das nove?

A próxima novela das nove contará com dois estreantes no horário nobre. Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari escrevem pela primeira vez um folhetim para a faixa mais cobiçada da Globo. Ela, por sinal, não tem nada de novata. Afinal, já produziu primorosas minisséries ---- "A Muralha", "A Casa das Sete Mulheres", "JK", entre outras ---- e escreveu ótimas novelas ---- os remakes de "Anjo Mau" e "Ti ti ti", além de "Sangue Bom" (quase sempre tendo seu colega como colaborador, inclusive). Entretanto, agora, os dois têm o desafio de encarar uma missão que se tornou cada vez mais complicada: emplacar um folhetim às 21h.

Desde o retumbante fracasso de "Babilônia", o horário nobre vem enfrentando dificuldades de se reerguer. "A Regra do Jogo", pelo menos, elevou a média geral em quatro pontos, o que foi um belo feito. A atual "Velho Chico" conseguiu aumentar os números, mas bem timidamente, sendo necessário citar as constantes derrotas para novelas das seis e das sete da Globo. Portanto, está claro que "A Lei do Amor" enfrentará dificuldades. Porém, deixando a questão 'numérica' de lado, o que importa mesmo é que seja uma boa novela. E, por tudo o que tem sido visto nas chamadas --- e no clipe que pode ser visto aqui ---, a nova produção tem boas chances de funcionar.

Isso porque se trata de uma história clássica. Basicamente a essência do folhetim está presente. O enredo principal é o amor entre uma menina humilde e um rapaz milionário. Ou seja, o retrato do clichê mais conhecido na teledramaturgia ----- que sempre costuma agradar quando bem desenvolvido.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Domingos Montagner e Antônio Fagundes protagonizaram uma das melhores cenas de "Velho Chico"

A morte de Domingos Montagner foi uma das maiores tragédias do mundo das artes e uma imensurável perda para a classe artística. O sentimento de inconformismo em torno desse triste e irônico final que a vida lhe impôs (afogado no Rio São Francisco) persistirá por muito tempo ---- inclusive agora, durante os momentos em que o elenco olha para a câmera como se ela fosse o Santo, em uma bela homenagem. Mas, ao menos, o ator deixou algumas cenas gravadas de "Velho Chico", que comprovaram mais uma vez o quão grandioso ele era. Tanto que o intérprete protagonizou na penúltima semana de novela uma das suas melhores sequências ao lado de Antônio Fagundes.


O acerto de contas de Santo e Afrânio demorou mais de 50 anos e quase duas fases inteiras para acontecer, mas a espera valeu a pena. A atitude partiu do genro do poderoso coronel Saruê, que resolveu acenar com a bandeira da paz após tantas tragédias e sofrimento nas duas famílias. No momento em que o protagonista da novela se aproximava da fazenda do eterno rival, houve uma apropriada inserção de flashbacks, através de memórias (ou pesadelos) do namorado de Tereza (Camila Pitanga).

As cenas da primeira fase ---- com Rodrigo Santoro na pele de Afrânio e Renato Góes vivendo o Santo, cujo encontro na época provocou a morte de Belarmino (Chico Diaz) com um tiro no peito ---- deixaram o clima do reencontro ainda mais forte, funcionando como uma espécie de preparativo para a derradeira conversa.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Narrativa ousada, elenco de peso e tramas fortes marcaram o sucesso de "Justiça"

"Toda justiça termina em castigo? Quem busca justiça aceita o perdão? Justiça a qualquer preço é justiça?" A minissérie escrita por uma inspirada Manuela Dias e dirigida por um brilhante José Luiz Villamarim respondeu essas perguntas na última semana, e ao longo da trama --- ambientada em Recife, fugindo do eixo RJ/SP ---, que já é uma das melhores produções do ano. Foram 20 episódios, exibidos durante cinco semanas, que apresentaram histórias extremamente fortes, prendendo o telespectador através de situações cruelmente reais e com personagens muito bem construídos pela autora.


A ousadia da narrativa foi a principal característica da minissérie, que apresentava um protagonista por dia e interligava os dramas de forma eficiente, exigindo uma maior atenção do público. A personagem principal da segunda era coadjuvante na terça e quase figurante na quinta e na sexta, por exemplo. Todos os perfis acabavam sendo vistos sempre, mas em diferentes posições e ângulos. A mesma cena era assistida várias vezes ao longo da semana, dependendo da mudança de foco do enredo. A 'novidade' bastante arriscada se mostrou um dos pontos altos de "Justiça", destacando o trabalho minucioso do diretor e sua equipe.

José Luiz Villamarim (que novamente teve o grande Walter Carvalho como parceiro, após as primorosas "O Canto da Sereia", "Amores Roubados" e "O Rebu") se preocupou em cada detalhe, valorizando a atuação do elenco, expondo a complexidade, a solidez e a controvérsia de todos aqueles personagens. O grau de dificuldade em gravar várias sequências de ângulos distintos era alto, mas o resultado foi o melhor possível.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

"Supermax" inova ao apostar no terror e reúne elementos para agradar fãs do gênero

A Globo preparou várias estreias para o período pós-olímpico e a primeira delas foi a elogiada e excelente minissérie "Justiça". As chamadas já prometiam um grande produto e a trama honrou as expectativas. Mas outras produções despertaram tanto interesse quanto a citada, prometendo também instigantes roteiros. E "Supermax" está entre elas. A nova série, que estreou nesta terça (20/09) e teve uma ampla divulgação, é uma ousadia grande da emissora em muitos aspectos.


Primeiramente porque tem o terror como foco, gênero nunca explorado pela teledramaturgia televisiva nacional ---- deixando de lado o trash, obviamente. A história tem o thriller como principal DNA, mesclando ainda drama, suspense e ação. O enredo foi criado por José Alvarenga Jr. (que também dirige), Marçal Aquino e Fernando Bonassi, que trouxeram inovação através de uma trama cujo ambiente principal é um presídio desativado no coração da Floresta Amazônica. Os roteiristas inteligentemente ainda souberam unir reality e ficção, trazendo até mesmo o icônico Pedro Bial para o mundo da fantasia.

O apresentador do "Big Brother Brasil" terá o "Supermax" como seu último reality show na tv, afinal, ele largou o "BBB" para começar sua atração que estreia ano que vem no lugar do "Programa do Jô". Na série, sete homens e cinco mulheres são selecionados para viver a experiência um tanto quanto estranha: três meses de confinamento em um presídio isolado de tudo.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Selma Egrei pôde mostrar a grande atriz que é em "Velho Chico"

O elenco da primeira fase de "Velho Chico" ---- escrita por Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi, dirigida por Luiz Fernando Carvalho ---- foi muito enxuto. Eram poucos os personagens e a história era voltada apenas para o enredo central, que retratava a tradicional guerra de famílias por poder. Rodrigo Santoro foi o grande protagonista e defendeu com maestria o controverso Afrânio. Porém, um outro grande destaque do início do folhetim foi justamente um nome que estava precisando há tempos de um bom papel nas novelas: Selma Egrei. E, para o privilégio do público, a sua personagem foi uma das poucas que permaneceram na segunda fase, através de um minucioso processo de caracterização.


A atriz esbanja talento e é uma das melhores profissionais do meio, embora não tenha tido tantos papéis significativos na televisão --- o que é de se lamentar bastante, inclusive. Ela ganhou de Luiz Fernando Carvalho (que fez questão de escalá-la) uma personagem interessantíssima, representante da maior licença poética do folhetim. Encarnação era uma autoritária e amargurada mulher, que nunca se conformou com a morte de seu primogênito, afogado no Rio São Francisco. Viúva do influente Coronel Jacinto (Tarcísio Meira), a matriarca da poderosa família fez questão de dominar seu outro filho, Afrânio (Rodrigo Santoro), que assumiu a posição do pai na região.

Ela era a figura clássica da Rainha má e louca dos contos de fadas, mas também podia ser uma representação de Lady Macbeth, figura clássica de William Shakespeare. E a licença poética estava justamente no figurino da personagem que não condizia com o ambiente retratado na trama ---- sertão nordestino, na fictícia Grotas de São Francisco ---- e muito menos com a época.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Débora Bloch deu um show em "Justiça"

As quatro tramas de "Justiça" são muito pesadas e a seleção precisa do elenco foi fundamental para que toda a força das histórias fosse passada para o público com êxito. Infelizmente, a produção já está em sua última semana, encaminhando os desfechos de cada enredo. E a escalação de Débora Bloch para viver a instável Elisa está entre os acertos da minissérie escrita por Manuela Dias e dirigida por José Luiz Villamarim.


O drama de Elisa é, lamentavelmente, muito comum: a mãe que perde um filho. No caso, a filha Isabela (Marina Ruy Barbosa) foi assassinada com vários tiros pelo noivo Vicente (Jesuíta Barbosa), que flagrou a namorada transando com o ex no chuveiro. Um crime bárbaro, presenciado pela mãe da garota. A história da personagem é a de segunda-feira, ou seja, teve a missão de estrear a minissérie, fazendo a primeira apresentação da estrutura narrativa para o telespectador.

O enredo forte logo causou impacto, prendendo e envolvendo o público. Claro que a atuação da atriz ajudou bastante nisso. Débora Bloch se mostrou segura no papel assim que surgiu em cena, protagonizando a primeira sequência difícil da trama: quando Elisa terminou com o namorado Heitor (Cássio Gabus Mendes) e chorou desesperadamente, confessando que iria matar Vicente assim que ele saísse da cadeia, pois sete anos preso não era uma pena justa.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Elenco bem escalado é um dos muitos êxitos de "Justiça"

"Justiça" tem se mostrado uma produção de altíssima qualidade, fazendo jus ao conjunto que vinha sendo apresentado nas caprichadas chamadas. A minissérie de Manuela Dias, dirigida com extremo brilhantismo por José Luiz Villamarim, é uma das melhores produções de 2016, honrando cada elogio recebido ao longo das quatro semanas de exibição. E o elenco estelar é uma das razões para o êxito dessa trama tão real e arrebatadora.


O cuidado na escalação ficou perceptível e não há equívocos, pois os atores foram muito bem selecionados e a distribuição dos papéis se mostrou acertada. Todos têm oportunidade de destaque e até mesmo os perfis 'menos importantes' são densos, valorizando o conjunto. Os protagonistas têm uma carga dramática intensa, expondo o talento dos intérpretes, que dominaram a cena logo no início. Até mesmo as curtas participações especiais deixaram uma marca forte na minissérie.

Débora Bloch (Elisa), Jesuíta Barbosa (Vicente), Adriana Esteves (Fátima), Leandra Leal (Kellen), Vladimir Brichta (Celso), Enrique Diaz (Douglas), Jéssica Ellen (Rose), Luisa Arraes (Débora) e Cauã Reymond (Maurício) são os principais da trama, honrando a posição que se encontram.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Morte de Domingos Montagner causa perplexidade e mostra que a realidade é bem mais cruel que a ficção

O dia 15 de setembro de 2016 ficará marcado por uma tragédia: a morte de Domingos Montagner, aos 54 anos. O ator estava gravando as cenas finais de "Velho Chico" e foi nadar no Rio São Francisco com a colega Camila Pitanga, em um dos intervalos, mas acabou levado pela correnteza e só foi achado mais de quatro horas depois, a 30 metros de profundidade, perto da Usina de Xingó (SE). A notícia deixou o Brasil em choque e ainda expôs a coincidência macabra, pois Santo chegou a desaparecer nas águas do rio, sendo achado dias depois. A realidade, porém, foi bem mais cruel que a ficção.


A perda de Domingos é um baque imenso para o mundo das artes cênicas. Profissional completo, o ator começou a carreira no teatro e no circo. Em 1997, criou o grupo La Mínima com o colega Fernando Sampaio, e em 2003 fundou o circo Zanni, do qual foi diretor artístico. Trapezista, palhaço, cuspidor de fogo, enfim, ele era tudo e mais um pouco na arte circense. Vivia para levar alegria a todos. Sua estreia na televisão foi considerada tardia, afinal, seu primeiro trabalho foi no seriado "Mothern", no GNT, em 2006.

Em 2008, ganhou o Prêmio Shell de Melhor Ator pelo espetáculo "A noite dos palhaços mudos". E entre 2010 e 2011 participou de algumas séries muito bem-sucedidas na Globo: "Força-Tarefa", "A Cura" e "Divã", onde fez par com Lília Cabral. Foi a partir de então que a sua carreira televisiva decolou de vez.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Viva e Globo acertaram em cheio com as reprises de "Laços de Família", "Mulheres de Areia" e "Anjo Mau"

A Globo desfrutou de excelentes índices de audiência com "Êta Mundo Bom!" e "Totalmente Demais". A dobradinha das produções deixou a sua grade com médias que não eram vistas há um bom tempo. E os números, no caso, correspondiam ao que era apresentado ao público. Eram ótimas novelas. Com o término do fenômeno das seis e das sete, a Globo vem enfrentando um período não muito bom com suas tramas: "Sol Nascente", "Haja Coração" e "Velho Chico" deixam muito a desejar no saldo geral, apesar do Ibope não estar ruim. Assim, portanto, as obras que passaram a despontar como as melhores no ar são justamente reprises. A líder e um de seus canais pagos (o Viva) estão reexibindo três folhetins repletos de qualidades: "Laços de Família", "Mulheres de Areia" e "Anjo Mau".


As três novelas foram grandes sucessos quando exibidas pela primeira vez e todas já haviam sido reprisadas. "Laços de Família" foi exibida no horário nobre, entre junho de 2000 e fevereiro de 2001, e reprisada em 2005 no "Vale a Pena Ver de Novo". O remake de "Mulheres de Areia" estreou em 1993 na faixa das seis e foi reprisada duas vezes pela Globo (entre 1996 e 1997 e entre 2011 e 2012). Já "Anjo Mau" ficou no ar entre setembro de 1997 e março de 1998, sendo reexibida em 2003 no mesmo "Vale a Pena Ver de Novo". Ou seja, todas as produções de sucesso são velhas conhecidas do público, tando pela imensa repercussão que tiveram na época quanto pelas várias reprises, que também alcançaram bons índices de audiência, deixando clara a atemporalidade das tramas.

Agora, portanto, não é diferente. A única 'novidade' é a reexibição das três no mesmo período (uma na Globo e duas no Viva). "Laços de Família" começou a ser exibida pelo Canal Viva em janeiro, às 23h45, e desde então vem fazendo um imenso sucesso. O canal pago iniciou a reprise de "Mulheres de Areia" em fevereiro, conseguindo também um excelente resultado, criando uma boa dupla, pois uma entra no ar logo depois da outra.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Ótima em "Justiça", Leandra Leal merecia uma Kellen há tempos

Não há nada pior para um ator do que ser estigmatizado, ou seja, ficar limitado aos mesmos personagens durante a carreira. Tem ator que é o eterno galã e atriz que só interpreta mocinhas puras, entre outras situações bem semelhantes. Leandra Leal, por exemplo, sempre foi caracterizada pelas típicas 'heroínas' politicamente corretas. Ela estreou em 1990, em "Pantanal", ainda criança e cresceu diante do público. Ao longo de pouco mais de 20 anos de carreira foram poucos os perfis diferentes das mocinhas bondosas na televisão. Mas, finalmente, isso mudou em "Justiça".


A periguete Kellen é um perfil que Leandra estava merecendo há tempos. A personagem foi a responsável pela desgraça na vida de Fátima (Adriana Esteves), protagonista da melhor trama da minissérie de Manuela Dias, dirigida por José Luiz Villamarim. Se aproveitando da fragilidade do namorado Douglas (Enrique Diaz), traumatizado com o assassinato de seu cachorro, a mulher mandou ele plantar drogas no terreno para incriminar a vizinha. A armação rendeu sete anos de cadeia para Fátima, que viu ainda o filho virar trombadinha e a filha prostituta.

Ou seja, Leandra Leal ganhou uma vilã muito bem escrita pela autora. E a periguete é um dos perfis secundários de maior destaque do enredo, tendo também um toque cômico delicioso. Kellen é dona de inúmeras pérolas e seu sarcasmo faz do papel um dos melhores da história.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Melhor casal da trama, Shirlei e Felipe esbanjam química e se sobressaem em "Haja Coração"

"Haja Coração" teve um ótimo início, mas foi perdendo o rumo ao longo das semanas, lamentavelmente. Essa queda de qualidade, inclusive, pôde ser observada através do desenvolvimento de vários casais da história ---- muitos deles começaram promissores e tiveram o enredo estagnado. Já o par protagonista, composto por Tancinha (Mariana Ximenes) e Apolo (Malvino Salvador), cansa pela repetição desde o começo do folhetim. Porém, em contraponto a tudo o que foi mencionado, Daniel Ortiz criou um casal que caiu nas graças do público assim que surgiu e, desde então, vem tendo um bom desenvolvimento: Shirlei e Felipe.


Os personagens interpretados com competência por Sabrina Petraglia e Marcos Pitombo protagonizam um dos enredos mais clássicos dos contos de fadas: o da gata borralheira em busca do seu príncipe encantado. É uma situação que transborda clichê, mas sempre funciona quando bem construída. E foi o caso da novela. Aliás, embora seja um remake de "Sassaricando" (1987), Shirlei não pertencia ao folhetim das sete de Silvio de Abreu. Mas fazia parte de outra novela do autor, do horário das nove: "Torre de Babel" (1998). A menina ingênua que tinha um problema na perna foi vivida na época por Karina Barum, fazendo um grande sucesso ---- a música "Corazón Patío", de Alejandro Sanz (tema da personagem), estourou, inclusive.

Ao inserir Shirlei no contexto de "Haja Coração", o autor acabou se vendo obrigado a criar uma trama para ela e não simplesmente seguir com a obra original. E isso foi algo bem positivo, ainda mais levando em consideração os erros que Daniel Ortiz vem cometendo com vários perfis e enredos da sua história, muitas vezes tentando repetir situações de 1987 que não funcionaram agora ---- vide o sumiço de Teodora (Grace Gianoukas) e toda a trajetória de Aparício (Alexandre Borges), por exemplo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Maior revelação do ano, Lucy Alves é uma grata surpresa de "Velho Chico"

Um dos defeitos de "Velho Chico" (e foram muitos observados ao longo de sua exibição) definitivamente não é o elenco. O time da novela das nove de Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, é muito bem escalado e há vários intérpretes talentosos, vide Christiane Torloni, Selma Egrei, Domingos Montagner, Irandhir Santos, Zezita Matos e Dira Paes, por exemplo. Mas entre os ótimos nomes do time, há uma revelação surpreendente e que tem se sobressaído cada vez mais na trama: Lucy Alves.


Ela se revelou para os telespectadores na segunda edição do "The Voice Brasil", onde mostrou seu imenso talento para o canto. A linda voz de Lucy encantou a todos e foi uma das favoritas da competição musical, conseguindo merecidamente chegar à final (Sam Alves foi o vencedor em 2013). Suas apresentações, acompanhada do seu inseparável acordeon, foram inesquecíveis e desde então não saiu mais da mídia. Seus shows triplicaram e sua carreira como cantora deslanchou de vez.

Porém, Lucy ainda não tinha apresentado todas as suas facetas para o grande público. Além de cantar lindamente, ser compositora e multi-instrumentista, ela também tem vocação para as artes cênicas. A finalista do "The Voice" estreou no teatro com o musical "Nuvem de Lágrimas" e angariou elogios pela sua atuação.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Apesar dos resquícios da temporada anterior, "Malhação - Pro Dia Nascer Feliz" apresenta um bom começo

Após um hiato de pouco mais de duas semanas, em virtude da cobertura das Olimpíadas, estreou no dia 22, uma segunda-feira, "Malhação - Pro Dia Nascer Feliz". Escrita por Emanuel Jacobina e dirigida por Leonardo Nogueira, que também foram responsáveis pela fraquíssima "Malhação - seu lugar no mundo" (terminada no início de agosto), a nova temporada começou ambientada no Ceará, mais especificamente em Morro Branco, com direito a imagens paradisíacas do lugar e merchandising de um parque aquático, servindo de pano de fundo para a apresentação de alguns personagens que se divertiam no local.


Era o parque, aliás, o ambiente de trabalho de Joana (Aline Dias), a primeira mocinha negra em 21 anos de "Malhação". A situação também serviu para provocar o primeiro embate entre ela e a vilã Bárbara (Bárbara França), namorada do chato mocinho Gabriel (inexpressivo Felipe Roque). Faxineira do local, a protagonista, orientada pelo chefe, foi pedir para o casal não se beijar 'com entusiasmo' na piscina porque uma criança viu e falou com a mãe. O pedido irritou a hóspede que logo fez questão de humilhar a funcionária, sendo repreendida pelo namorado. A atrizes se saíram bem nesse início de rivalidade e prometem ser bons nomes do elenco.

Vale citar, inclusive, que Aline já trabalhou em duas produções da Globo: a novela "Sangue Bom" (2013), onde viveu uma das filhas adotivas da perua Bárbara Ellen (Giulia Gam), e a série "Sexo e as Negas" (2014). A intérprete, ao que tudo indica, fará jus ao protagonismo do seriado adolescente e já se destacou nas cenas em que Joana é ameaçada pelo padrasto, Agenor, interpretado pelo ótimo Jackson Antunes, novamente vivendo um tipo canalha.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Entrevista de Faustão entra para os melhores momentos da história do "Programa do Jô"

O "Programa do Jô", lamentavelmente, está em seu último ano na Globo. E, para fechar esse vitorioso ciclo, o apresentador tem procurado trazer várias pessoas ilustres que já passaram pelo seu sofá ao longo de 28 anos de entrevistas, incluindo a sua época no SBT, quando comandava o "Jô Soares onze e meia". Portanto, fazendo jus ao que foi proposto no início desse ano, o apresentador tem conversado com muitas figuras interessantes. Mas, sem dúvida, o bate papo com Faustão já pode ser considerado um dos melhores momentos da atração.


Exibida na última sexta-feira (02/09), a conversa foi uma das mais deliciosas do Jô e mais parecia uma confraternização de amigos. Até porque é exatamente isso que eles são. Todos sabem que Faustão é um profissional que raramente dá entrevistas e o público está acostumado a vê-lo somente aos domingos, pois não há aparições suas em nenhum outro programa (nem da Globo e muito menos das concorrentes). É verdade que ele já apareceu em algumas atrações ----- como no "Mais Você" em 1999 e no "Estrelas" em 2014 (aliás, recentemente até conversou com Otávio Mesquita no "Okay Pessoal") ----, mas é bem raro.

A característica mais reservada do apresentador serviu para aumentar ainda mais a expectativa por esse momento de 'encontro de gigantes' (nos dois sentidos, inclusive). E o bate papo fez jus a essa longa espera. Os dois brincaram, relembraram o passado deles na televisão, comentaram sobre futebol, e ainda falaram da cirurgia bariátrica do Fausto ---- também houve tempo de relembrar a sua trajetória no rádio. Foram dois blocos de bate papo descontraído e nem deu para sentir o tempo passar.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Interpretando a personagem mais dramática de "Justiça", Adriana Esteves tem atuação irretocável

"Justiça" é uma produção recheada de histórias fortes e isso ficou perceptível nas primeiras chamadas, se confirmando na semana de estreia. São muitos temas pesados, cujos desdobramentos provocam várias reflexões em quem assiste. E um dos dramas mais dilacerantes da minissérie, escrita por Manuela Dias e dirigida por José Luiz Villamarim, é o de Fátima. A sofrida mulher enfrenta uma sucessão de desgraças e Adriana Esteves vive um grande momento, protagonizando uma cena mais difícil que a outra.


A personagem é a mais pobre da trama e a mais íntegra também. Logo no primeiro episódio, o público viu a empregada doméstica trabalhando na casa de luxo de Elisa (Débora Bloch) e se preocupando com a greve na empresa de ônibus onde o marido trabalhava. No segundo capítulo, ela saiu da condição de figurante e virou protagonista. Foi a partir de então que o telespectador pôde acompanhar o verdadeiro calvário daquela mulher trabalhadora.

Apesar da vida humilde, Fátima vivia uma vida feliz com seu marido, Waldir (Ângelo Antônio), e os filhos Mayara (Letícia Braga) e Jesus (Bernardo Berruezo). Porém, a família passa a viver um inferno com a chegada dos novos vizinho, o policial Douglas (Enrique Diaz) e a periguete Kellen (Leandra Leal).

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Com formatos parecidos, "Programa do Porchat" se mostra melhor que "Adnight"

Após o fim das Olimpíadas, várias estreias foram ao ar na semana passada. A principal foi a primorosa minissérie "Justiça", na Globo. Entretanto, deixando o ramo da teledramaturgia de lado, os canais apostaram no conhecido 'late-night talk show', gênero amplamente conhecido e que faz sucesso em vários países, incluindo o Brasil. A líder apresentou ao público o "Adnight", formato comandado por Marcelo Adnet, exibido na quinta-feira (25/08). Já a Record estreou o "Programa do Porchat" um dia antes, na quarta-feira (24/08), depois de uma extensa divulgação ao longo da programação da emissora. Como as estreias foram na mesma semana, e os formatos são parecidíssimos, foi impossível não comparar.


O pioneiro em comandar uma atração do tipo foi Jô Soares, que está em sua última temporada com o "Programa do Jô" na Globo, lamentavelmente. A produção é importada da televisão americana, que já apresentou várias 'versões', entre elas a apresentada pela ótima Oprah Winfrey. Danilo Gentili foi o primeiro humorista a se lançar no gênero depois do icônico Jô, conseguindo uma boa repercussão com o "Agora É Tarde", na Band, entre 2011 e 2013. E a prova de que o êxito do produto era justamente o conjunto de acertos composto pelo apresentador foi o aumento da audiência assim que ele e sua trupe se 'mudaram' para o SBT, alterando o nome para "The Noite", em 2014. Desde então, é um dos maiores sucessos das madrugadas do canal de Silvio Santos.

Porchat e Adnet quiseram dividir o bolo, não se importando com o possível excesso de produtos semelhantes. Até porque além dos citados, existem outros, como o "Luciana By Night", na Rede TV!, por exemplo. Essa situação, inclusive, lembra o que ocorreu depois do imenso sucesso do "MasterChef" na Band: houve uma verdadeira proliferação de realities culinários em todas as emissoras e nenhum conseguiu chegar perto do êxito da atração liderada por Paola Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça.