segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Não foi uma boa noite para o Brasil no Emmy Internacional de 2017

O 45º Emmy Internacional foi promovido nesta segunda-feira (20/11), no hotel Hilton, em Nova York, Estados Unidos. A importante e prestigiada premiação teve nove indicações nacionais em oito categorias, sendo elas: melhor série dramática, com "Justiça"; melhor novela, com "Velho Chico" e "Totalmente Demais"; melhor comédia, com "Tá no Ar: a TV na TV"; melhor filme/minissérie, com "Alemão" ---- série derivada do filme homônimo ----; Júlio Andrade como melhor ator pelo desempenho na série da FOX "1 Contra Todos"; melhor programa artístico, com "Portátil" ---- criado pelo Porta dos Fundos e exibido no Comedy Central ----; melhor série de formato curto, com "Crime Time" --- produzida pelo Stúdio+ ---- e Adriana Esteves como melhor atriz pela sua interpretação na pele da Fátima em "Justiça". Infelizmente, ninguém ganhou.


Apesar das derrotas, todas as indicações foram merecidas, com destaque especial para o desempenho irretocável de Adriana Esteves em "Justiça", que também se mostrou uma grandiosa produção de Manuela Dias. A atriz viveu seu auge com a vilã Carminha, no fenômeno "Avenida Brasil", e não teve sorte na fracassada "Babilônia", interpretando um papel que se perdeu totalmente no enredo. Com a sofrida Fátima, a intérprete apagou qualquer vestígio da inesquecível vilã de João Emanuel Carneiro e emocionou o público dando vida a uma mulher que primava pela ética e transbordava integridade, mesmo diante das inúmeras desgraças que ocorriam em sua vida. Foi uma atuação realmente digna de Emmy.

Vale lembrar, inclusive, que é a segunda indicação de Adriana ao prestigiado prêmio. Ela também foi indicada pelo seu grande trabalho na minissérie "Dalva e Herivelto - uma canção de Amor", escrita por Maria Adelaide Amaral e exibida em 2010, onde deu um show na pele da passional Dalva de Oliveira. É uma atriz cada vez mais respeitada no mercado merecidamente. E em "Justiça" ganhou uma das melhores personagens da série, aproveitando a chance para novamente expor seu imenso talento.
Manuela Dias, por sinal, estava inspirada na sua primeira produção como escritora solo. A autora criou quatro tramas densas que se interligavam ao longo da semana, dedicando cada dia para um enredo, evidenciando todos os dramas de forma hábil. Alguns equívocos na continuidade foram observados, é verdade, e nem todos os perfis tiveram o destaque merecido, mas os pequenos problemas não afetaram a qualidade da obra. Entrou para a galeria de excelentes produtos da teledramaturgia. Infelizmente, não levou a estatueta.



"Velho Chico" era uma indicação esperada em virtude do apelo estético da novela de Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi, dirigida por Luiz Fernando Carvalho. O folhetim teve vários problemas e ainda teve uma tragédia com a morte do querido Domingos Montagner, que brilhava como Santo ---- além de outra perda muito triste: a de Umberto Magnani ainda no começo da segunda fase ---- , mas teve méritos para ser selecionada. Apesar do enredo monótono e arrastado, o elenco se entregou por completo e as cenas finais primaram pela poesia e emoção ---- muito por causa do falecimento do protagonista. A trama teve como grandes destaques o saudoso Domingos, Camila Pitanga, Gabriel Leone, Antônio Fagundes, Lucy Alves, Christiane Torloni, Giullia Buscacio, Marcos Palmeira, Rodrigo Santoro, Carol Castro, Selma Egrei, Irandhir Santos, Umberto Magnani, entre tantos outros. 



A surpresa mesmo foi a indicação de "Totalmente Demais". Não pela falta de qualidade, mas, sim, por não ser uma produção com características valorizadas pela premiação, como a já citada estética, focando em fotografias belíssimas e figurinos diferenciados. No entanto, a seleção foi muita justa. A trama de Rosane Svartman e Paulo Halm, dirigida por Luiz Henrique Rios, foi um sucesso de crítica, audiência e repercussão, arrebatando o público com uma  história despretensiosa e baseada nos contos de fada modernos, além de ter usado várias situações de filmes e peças clássicas, como "Pigmalião" (1913), "My Fair Lady" (1964), "Luzes da Cidade" (1931), entre outros. Marina Ruy Barbosa, Felipe Simas, Fábio Assunção, Juliana Paes, Juliana Paiva, Glória Menezes, Reginaldo Faria, Malu Galli, Vivianne Pasmanter, Humberto Martins, Ju Trevisol, Olívia Torres, Giovanna Rispoli, Samantha Schmutz, Pablo Sanábio, entre outros, se destacaram. 



Outro indicado, o "Tá no Ar: a TV na TV" estreou em 2014 e desde então é o melhor humorístico do país com louvor. Repleto de ironias, críticas ferinas e muito bom humor, debochando de todas as emissoras, incluindo a Globo, o programa idealizado por Marcelo Adnet, Marcius Melhem e Maurício Farias é um exemplo de comédia de qualidade. Não por acaso já irá para a quinta temporada em 2018 e com fôlego para muitas outras, pois não falta assunto. Além do trio citado, é preciso também mencionar outros ótimos nomes do elenco, como Welder Rodrigues, Danton Mello, Carol Portes, Márcio Vito, Verônica Debom, Renata Gaspar, Maurício Rizzo, Luana Martau e Georgiana Góes. 



E Júlio Andrade é um ator que sempre merece aplausos. Seu desempenho protagonizando "1 Contra Todos" expõe sua capacidade dramática e é bem provável que no Emmy de 2018 ele seja indicado como melhor ator pela série "Sob Pressão". Resta torcer para que ganhe ano que vem, pois merece muito. Lamentavelmente, essa derrota do intérprete refletiu em todos os concorrentes nacionais. Pela primeira vez não houve um vencedor brasileiro sequer. É uma tristeza e também injustiça. Com todo respeito aos produtos de outros países, o Brasil produz a melhor telenovela do mundo e "Totalmente Demais" e "Velho Chico" perderem para um folhetim turco é absurdo. Adriana Esteves foi visceral em "Justiça" e é até covardia com as concorrentes. As derrotas nas demais categorias, embora também tenham decepcionado, até são mais compreensíveis em virtude das outras produções. Porém, definitivamente, não foi um bom ano para o país 







Indicados: 


Melhor Telenovela
“30 Vies – Isabelle Cousineau” (Canadá)
“Kara Sevda” (Turquia) - Vencedora
“Totalmente Demais” (Brasil)
“Velho Chico” (Brasil)
Melhor Ator
Julio Andrade em “Um Contra Todos” (Brasil)
Kenneth Branagh em “Wallander” (Reino Unido) - Vencedor
Zanjoe Marudo em “Maalaala Mo Kaya” (Filipinas)
Kad Merad em “Baron Noir” (França)
Melhor Atriz
Adriana Esteves em “Justiça” (Brasil)
Anna Friel em “Marcella” (Reino Unido) - Vencedora
Sonja Gerhardt em “Ku’damm 56” (Alemanha)
Thuso Mbedu em “Is’thunzi” (África do Sul)
Melhor Série Dramática
“Justiça” (Brasil)
“Mammon II” (Noruega) - Vencedora
“Moribito: Guardian of the Spirit” (Japão)
“Wanted” (Austrália)
Melhor Série de Curta Duração
“Ahi Afuera” (Argentina)
“The Amazing Gayl Pile” (Canadá)
“Crime Time” (Brasil)
“Familie Braun” (Alemanha) - Vencedora
Melhor Filme/Minissérie para TV
“Alemão” (Brasil)
“Ne m’abandonne pas” (França) - Vencedora
“Reg” (Reino Unido)
“Tokyo Trial” (Japão)
Melhor Comédia
“Alan Partridge’s Scissored Isle” (Reino Unido) - Vencedor
“Callboys” (Bélgica)
“Rakugo The Movie” (Japão)
“Tá No Ar: a TV na TV” (Brasil)

Melhor Programa Artístico
“Hip-Hop Evolution – The Foundation” (Canadá) - Vencedor
“Never-Ending Man: Hayao Miyazaki” (Japão)
“Portátil (Porta dos Fundos)” (Brasil)
“Robin de Puy – Ik ben het allemaal zelf” (Holanda)

14 comentários:

Anônimo disse...

Adriana Esteves, Justiça e Totalmente Demais perderam foi um ABSURDO!!!!!!!!!

Gabriella disse...

Achei uma sacanagem a Adriana perder!

Joana Limaverde disse...

Totalmente Demais, Justiça, Adriana Esteves, Julio Andrade e o Tá no Ar eram muito merecedores. 2017 não está fácil mesmo!

Luli Ap. disse...

Olá Sérgio
Sou suspeita pra falar porque eu amoooooooooo o Julio Andrade e a Adriana Esteves, estou simplesmente cho-ca-da que eles não ganharam :(
Por mais que eu seja fair play, e eu sou, mas perder para uma novela turca é um pouco demais :/
Por favor, não me intreprete mal, em nenhum momento quero desmerecer nenhuma obra, até porque não acompanhai a vencedora e não poderia opinar, mas as novelas para o Brasil são como os filmes para Hollywood!
Velho Chico teve muitos defeitos e muitos problemas, mas foi uma linda história de amor siiiiiim e contada de maneira diferenciada com as cores quentes de uma fotografia belíssima.
E Totalmente Demais, foi um conto de fadas moderno reinventado e bastante envolvente, impossível era anão torcer.
Agora Justiça não levar, foi uma tremenda injustiça :(
Uma obra que beirou os requintes do visceral misturado com a delicadeza e a sensibilidade da poetice!
Como sempre ler um texto seu é ser transportada para um momento mágico de pés nas nuvens!
Perfeito!
Excelente semana pra ti
Bjs Luli
https://Café com Leitura na Rede

chica disse...

Pena, mas nunca a justiça é realmente bem feita! abraços, chica

Debora disse...

Olá Sérgio tudo bem???


Realmente uma pena a Adriana não ter ganho, ela merecia muito!!!



Beijinhos;
Débora.
https://derbymotta.blogspot.pt/

Malu disse...

É aquela coisa, né, não dá pra comentar 100% sem acompanhar as vencedoras mas Adriana Esteves e Justiça foram SENSACIONAIS!!! Mereciam muito ganhar sim, e eu até esperava que ganhassem, fiquei surpresa com os resultados. Me surpreendeu tbm a derrota na categoria novela, estava certíssima de que Velho Chico iria ganhar, embora torcesse para TD+.

Agora, Sérgio, acho que vale um post tbm sobre as indicações do "Melhores do Ano", antes mesmo da premiação, porque já tem uns absurdos fortes rolando. Vitória Strada indicada já esse ano, em detrimento de uma das meninas de Viva a Diferença é um absurdo. Fora a indicação de Karla Karenina, que foi ótima sim, mas pelo que sei já é veterana. O mijo da globo na Força do Querer já está forçadíssimo. Estou quase certa de que a Isis Valverde vai ser indicada no lugar da Letícia Colin, por exemplo. Ou que, por incrível que pareça, Caio Castro (!!!) e Vladimir Brichta serão injustiçados, pra indicarem um nome com menos destaque de AFDQ, como Pigossi e Lombardi (que, repito, são ótimos e fizeram um bom trabalho mas Emílio Dantas é o único que merece a indicação de melhor ator numa premiação com somente 3 vagas). Amei grande a novela da perigosa, mas não existiu só ela. Cadê Novo Mundo e Rock Story? Dois Irmãos? Aliás, mesmo só com AFDQ a coisa já está duvidosa, como assim Maria Fernanda Cândido ficou de fora, por exemplo? Enfim, desculpe pelo assunto que sei que não tinha nada a ver mas eu queria falar isso.

Sérgio Santos disse...

Tb torci pelo trio, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Idem, Gabriella!

Sérgio Santos disse...

2017 péssimo, Joana...

Sérgio Santos disse...

Obrigado pelo carinho, Luli. E seus comentários sempre maravilhosos! Bjão!!!!

Sérgio Santos disse...

Verdade, Chica... bj

Sérgio Santos disse...

Pena, Débora.. bjs

Sérgio Santos disse...

Malu, minha indignação é a mesma. E pode ter certeza que escreverei sobre essa injustiça do Melhores do Ano. Escrevo sobre o prêmio todos os anos. Só que eu prefiro esperar os vencedores também pra poder fazer um balanço geral. E hoje foram indicados mirins e coadjuvantes. Lembraram milagrosamente do Guilherme Piva, mas a Vivianne Pasmanter foi ignorada... Absurdo. Vladimir e Caio mereciam mesmo! Falarei de tudo isso!Aguarde. bjssss