quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Brilhantemente defendida por Sophie Charlotte, Maíra é uma ótima mocinha de "Todas as Flores"

 Nada pior para uma novela do que uma mocinha idiota. O excesso de ingenuidade de uma protagonista funcionava há mais de 30 anos, mas tem muito tempo que a fórmula da burrice utilizada para o roteiro andar não é mais aceita pelo público. E João Emanuel Carneiro soube construir Maíra com várias nuances que deixam clara a esperteza da personagem brilhantemente vivida por Sophie Charlotte em "Todas as Flores". 

Vale lembrar que os dois maiores fracassos do autor se deram com folhetins onde as mocinhas eram exageradamente burras. Em "A Regra do Jogo" e "Segundo Sol" era impossível o telespectador sentir qualquer empatia por Toia (Vanessa Giácomo) e Luzia (Giovanna Antonelli), respectivamente. Claro que as tramas foram um fiasco pelo conjunto da obra e não por culpa exclusivamente das protagonistas, mas não deixa de ser uma observação relevante. Até porque João também criou protagonistas que eram inteligentes e davam a volta por cima, como Preta ("Da Cor do Pecado"), Donatela ("A Favorita") e Nina ("Avenida Brasil") ---- ok, a questão do pendrive foi um acidente de percurso. 

Maíra reúne as melhores características das mocinhas mais queridas do autor. A perfumista deficiente visual nunca foi boboca. E a esperteza da protagonista sempre foi mostrada de forma sutil. Mesmo sem declarar abertamente, ficava claro que a personagem nunca acreditava 100% em Zoé (Regia Casé) e principalmente Vanessa (Letícia Colin).

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

"Escola Base - Um repórter enfrenta o passado" é um documentário corajoso

 O Globoplay estreou no dia 10 de novembro um novo documentário: "Escola Base - Um repórter enfrenta o passado". Ao contrário do que costuma acontecer em produções da plataforma de streaming da Globo, a produção não foi dividida em episódios. São quase duas horas (uma hora e 46 minutos) com depoimentos sobre o caso que ficou conhecido como um dos maiores erros da imprensa brasileira. 


Brasil. Ano de 1994. Uma denúncia de assédio a crianças de quatro anos dentro da própria escola. A comoção popular provocada pela cobertura na imprensa fez a vida dos denunciados virar do avesso antes mesmo de o inquérito policial ser encerrado. Apesar das acusações dos pais dos alunos e do primeiro delegado responsável pela investigação, o aprofundamento da apuração mostrou que os denunciados eram inocentes e o caso virou um escândalo nacional. Com uma reportagem no Jornal Nacional, Valmir Salaro foi o primeiro repórter a noticiar a acusação. Vinte e oito anos depois, ele procura as vítimas da injustiça e fica frente a frente com elas, seus descendentes e outros personagens dessa história revisitada no documentário, dirigido por Eliane Scardovelli e Caio Cavechini.

 “Vou voltar para uma história que há 27 anos me atormenta”, declara o jornalista no documentário, um projeto do próprio Valmir Salaro e do jornalista Alan Graça Ferreira, seu amigo e colega em pautas no ‘Fantástico’. “Desde que eu soube que aquelas pessoas eram realmente inocentes, eu passei a falar sobre o caso e era uma voz solitária. Sempre sou convidado para falar sobre o assunto em faculdades de jornalismo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Passagem de tempo prejudica narrativa de "Todas as Flores"

 A novela exclusiva do Globoplay está no capítulo 30. "Todas as Flores" tem se mostrado um novelão e é muito melhor do que as três tramas inéditas da grade da Globo. João Emanuel Carneiro está inspirado. No entanto, na última leva de capítulos (do 25 ao 30, disponibilizados semana passada) houve uma passagem de tempo que prejudicou a linha narrativa da história. 


 No capítulo 28 houve uma passagem de tempo de alguns meses. Isso porque Maíra (Sophie Charlotte) descobriu que estava grávida de Rafael (Humberto Carrão) algumas semanas depois que Vanessa (Letícia Colin) percebeu que estava grávida de Pablo (Caio Castro) e usou o fato para dar um golpe da barriga em Rafael. O intuito do avanço no tempo foi exibir o nascimento do filho de Vanessa e assim iniciar o conflito envolvendo a vilã e o mocinho, já que os dois passaram a morar juntos em uma cobertura no Leblon. 

Porém, a saída do autor deixou toda a linha narrativa sem rumo. A barriga de Maíra não cresceu com o passar dos meses. Nem a de Jéssica (Duda Batsow), que foi inseminada na fundação que trafica pessoas e virou colega de quarto da mocinha. Ou seja, a passagem de tempo só aconteceu para Vanessa. A impressão se concretiza quando as situações envolvendo os núcleos paralelos seguem exatamente iguais ao período antes do avanço dos meses.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Mauritânia rouba a cena e destaca Thalita Carauta em "Todas As Flores"

 A novela exclusiva do Globoplay vem apresentando um enredo central dos mais atraentes. João Emanuel Carneiro tem proporcionado para o público conflitos dignos de um bom dramalhão em "Todas as Flores". Porém, há uma personagem que vem roubando a cena desde a sua primeira aparição: Mauritânia, vivida pela sempre ótima Thalita Carauta. A personagem é de um núcleo secundário, mas já entrou para o principal e desde então só cresce em cena. 


A saga de Mauritânia é claramente inspirada no clássico "Uma Linda Mulher", filme de 1990, protagonizado por Richard Gere e Julia Roberts. Atriz de filmes pornôs e ex-prostituta, a personagem começou a novela enfrentando dificuldades em arrumar novos trabalhos por conta da idade. Os diretores queriam atrizes mais novinhas para os longas adultos. Para culminar, ainda vivia uma relação tóxica com o malandro Joca (Mumuzinho). Mas tudo mudou quando conheceu Raulzito (Nilton Bicudo) no velório de um ex em comum. O ricaço propôs um relacionamento e ela topou, mesmo desconfiada. 

Na verdade, o irmão de Guiomar (Ana Beatriz Nogueira) queria se vingar da esposa, Patsy (Suzy Rêgo), porque ouviu uma conversa da mulher o ridicularizando e torcendo para morrer logo. Isso porque Raulzito estava com uma doença terminal. Então, iniciou um namoro com Mauritânia e deixou todos os seus bens para a personagem.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Casal formado por Brisa e Oto é o maior acerto de "Travessia"

 A atual novela das nove vem tendo um início conturbado. "Travessia" tem enfrentado várias críticas a respeito da fragilidade de seu roteiro, dos conflitos pouco interessantes e dos vários furos que a história apresenta. A audiência também não anda correspondendo. Mas entre tantos erros presentes na trama que estreou há pouco mais de um mês, há algum acerto? A resposta é sim. O casal formado por Brisa (Lucy Alves) e Oto (Romulo Estrela) é o maior êxito do folhetim até então. 


 O curioso é que Glória Perez acertou em algo que costuma ser uma das maiores dificuldades das novelas: os mocinhos. Não é incomum os protagonistas acabarem ofuscados pelos enredos paralelos e romances secundários. É complicado criar um par central que caia no gosto do público. A própria autora já enfrentou muitos problemas em folhetins anteriores. O sucesso de Jade (Giovanna Antonelli) e Lucas (Murilo Benício), em "O Clone" (2001), foi quase uma exceção. Basta lembrar o fracasso do romance de Sol (Deborah Secco) e Tião (Murilo Benício) em "América" (2005) ou o de Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia), em "Caminho das Índias" (2009), além dos péssimos mocinhos que eram Morena (Nanda Costa) e Theo (Rodrigo Lombardi) em "Salve Jorge" (2013). 

 Agora, em "Travessia", Gloria teve uma preocupação para desenvolver a relação dos personagens. Não houve uma construção rasa e apressada. O famigerado amor à primeira vista, que funcionava há muitos anos, mas que passou a ser a ruína de qualquer casal na teledramaturgia, não aconteceu. Brisa e Oto vivenciaram um clichê que raramente falha na ficção: o ranço à primeira vista.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

"Encantado`s" é um encanto de série

 O Globoplay estreou nesta sexta, dia 18, mais uma série exclusiva: "Encantado`s". Uma coletiva presencial com o elenco, as autoras e a equipe foi realizada na última quarta-feira, dia 16, no Kinoplex Globoplay no Leblon, Rio de Janeiro, e fui um dos convidados. O clima era de alegria diante da realização de uma produção escrita por duas mulheres pretas com um elenco majoritariamente preto, sem o estereótipo da violência como sustentação do roteiro. As gravações ainda foram feitas na época da pandemia do novo coronavírus e todos conseguiram produzir sem problemas a primeira temporada de onze episódios, sendo que o primeiro e o segundo foram exibidos no evento. O público presente se divertiu genuinamente.


A série conta a história de dois irmãos, Olímpia (Vilma Melo) e Eraldo (Luis Miranda), que aos 50 anos precisam lidar com a morte do pai e assumir a gerência de um local que funciona como supermercado durante o dia e, à noite, vira a escola de samba Joia do Encantado. Cabe a Olímpia, proprietária e gerente-geral do "Encantado`s", a gestão sustentável do comércio. E a Eraldo, presidente da Joia do Encantado, a missão de realizar o próximo desfile do grêmio recreativo. Conectados pelos laços sanguíneos e pelo amor que os une, os dois vivem encontros e desencontros na tentativa de conciliar suas distintas maneiras de seguir os sonhos. 

Criada pelas roteiristas Renata Andrade e Thais Pontes, que assinam a obra em parceria com Chico Mattoso e Antônio Prata, responsáveis pela redação final, a série é fruto da oficina de humor para roteiristas negros realizada pela Globo em 2018. Renata classifica a trama como uma comédia de sonhos e a descrição se mostra perfeita.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Clarice voltou e "Cara e Coragem" continua ruim

A atual novela das sete da Globo chegou ao capítulo cem no dia 22 de setembro. Após muitas tentativas da emissora para emplacar a trama de Claudia Souto, dirigida por Natalia Grimberg, a realidade que impera é que a produção se tornou um caso perdido. "Cara e Coragem" até apresentou um ponto a mais de audiência que a sua antecessora em seus meses iniciais, mas já está empatada com a deliciosa "Quanto Mais Vida, Melhor!" e sem um terço da repercussão. Praticamente ninguém comenta nas redes, ninguém se importa com o enredo e as cenas apresentadas não ajudam. 


O único mote da história é o mistério do assassinato de Clarice (Taís Araújo) e não há mais nada de relevante a se contar. Para culminar, nem mesmo o conjunto de mistérios envolvendo o crime desperta interesse. Aliás, houve claramente uma intervenção da Globo para tentar erguer a produção: a antecipação da grande revelação sobre a falsa morte da personagem. Isso porque Clarice não morreu e estava em coma. Anita (Taís Araújo) é apenas uma 'sósia' mesmo e não a empresária fingindo ser outra pessoa. A escritora certamente não tinha planejado soltar o 'spoiler' tão cedo. Até porque a produção fica no ar até janeiro de 2023. A falta da intenção em revelar o enigma fica clara pela narrativa. A notícia não impactou em nada o roteiro. 

São raros os acontecimentos relevantes. Se o telespectador abandonar a novela por duas semanas e voltar depois, verá que não perdeu nada e tudo segue na mesma. Quem mais perde com isso são os atores. A novela é recheada de cenas burocráticas. Ou seja, são sequências que não despertam emoção, raiva, riso, nada. Porque não há situações que provoquem algo em quem assiste. É impossível se sentir envolvido pela história que está sendo contada.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

O show de Kelzy Ecard em "Todas as Flores"

 A novela exclusiva do Globoplay vem apresentando capítulos que prendem o telespectador. João Emanuel Carneiro anda bastante inspirado em "Todas as Flores". E entre os vários acertos do folhetim está o elenco bem escalado. São vários talentos, tanto na trama central quanto nas secundárias e terciárias. Kelzy Ecard é uma das que arrebataram o público logo de cara. Isso porque sua personagem vive uma sucessão de desgraças (o texto tem spoiler). 

Dona Dequinha é a mãe do rapaz que mais sofre na história: Diego, interpretado pelo ótimo Nicolas Prattes. Também é mãe de Jéssica (Duda Batsow) e Biel (Rodrigo Vidal). A família teve sua humilde casa demolida pela prefeitura no primeiro capítulo e ainda perdeu o pouco que tinha de dinheiro em um furto. Foram todos morar a rua, mas Diego foi parar na cadeia depois que aceitou a proposta de um ricaço para assumir um crime que não cometeu. Acabou enganado e a mãe precisou lidar com um filho na prisão e dois passando fome junto com ela. 

Para culminar, Dequinha sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e ficou internada em um hospital público. Enquanto estava impossibilitada, os dois filhos acabaram caindo nas garras de Galo (Jackson Antunes), um morador de rua envolvido com o esquema de tráfico humano promovido por Zoé (Regina Casé), a grande vilã do enredo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Ana Beatriz Nogueira foi uma ótima surpresa em "Todas as Flores"

 Todo ator tenta evitar ficar marcado como intérprete de um tipo só. E a armadilha costuma acontecer quando o profissional vai muito bem na pele de um determinado perfil de personagem. Aí todo autor o escolhe para viver perfis parecidos. O telespectador sabe de vários casos assim. Não é algo raro na teledramaturgia. Por isso é tão bom ver Ana Beatriz Nogueira como Guiomar em "Todas as Flores", novela original Globoplay, escrita por João Emanuel Carneiro e dirigida por Carlos Araújo (o texto tem spoiler). 


 A atriz é uma das mais talentosas do país e engrandece qualquer elenco. Sempre bom vê-la em cena. Mas Ana já estava virando quase uma expert em mães narcisistas, controladoras e interesseiras. Vinha de uma sequência em seus últimos trabalhos. A mais lembrada é Eva, de "A Vida da Gente", exibida em 2011 e reprisada ano passado por conta da pandemia. Foi seu melhor papel na carreira. A autora Lícia Manzo repetiu a bem-sucedida parceria com a amiga em "Um lugar ao Sol", encerrada no início do ano, e a 171 Elenice era um dos trunfos da novela das 21h. Entre outras mães controversas que a intérprete defendeu tão bem estão a Ilana, de "Caminho das Índias" (2009); a Emília, de "Além do Tempo" (2015); e a Néia, de "Rock Story" (2016). 

 Guiomar chegou para quebrar a sequência. João Emanuel deu a oportunidade para a atriz viver uma mãe amorosa, íntegra, compreensiva e doce. Um perfil que muita gente não imaginava ver sendo interpretado por Ana Beatriz Nogueira. Não por falta de talento, mas por falta de oportunidade dada pelos demais escritores. E como o papel foi bem defendido.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

"Ilha de Ferro" deveria ter parado na primeira temporada

 A primeira temporada de "Ilha de Ferro" foi disponibilizada no Globoplay no dia 14 de novembro de 2018. A série teve repercussão e muitas críticas. A trama protagonizada por Cauã Reymond teve altos e baixos, mas foi uma produção caprichada. O elenco foi bem escalado e os episódios finais tiveram uma boa dose de adrenalina. Foi ótimo também ver um roteiro ambientado em uma plataforma de petróleo. A Globo exibiu a série, com nove capítulos, em sua grade em agosto de 2021. Já a segunda temporada estreou no serviço de streaming da emissora no segundo semestre de 2019 e na TV aberta no dia 25 de agosto deste ano (o último episódio é nesta quinta-feira, dia 10).


Criada por Max Mallman e Adriana Lunardi ---- com supervisão de Mauro Wilson e direção de Guga Sander e Roberta Richard e direção geral e artística de Afonso Poyard ----, a segunda temporada de "Ilha de Ferro" começa depois de uma passagem de tempo de três anos. Agora Dante (Cauã Reymond) é pai. Na verdade, pai solo. Depois que Bruno (Klebber Toledo), seu irmão, foi preso, ele assumiu a paternidade de Maria (Alice Palmar), mas a vida mudou mesmo após Leona (Sophie Charlotte) os abandonar. Com a filha, mas sem as presenças do irmão e da mulher, o petroleiro é um cara cada vez mais solitário.

Júlia (Maria Casadevall) foi embora, Buda (Taumaturgo Ferreira) morreu, e o amor de Dante é cada vez mais a PLT 137. Sua obstinação aumentou a produtividade da plataforma, ainda que às custas do bem-estar da equipe.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

"O Rei do Gado" sempre vale a pena ver de novo

 Um dos maiores sucessos de Benedito Ruy Barbosa começa a ser reexibido no "Vale a Pena Ver de Novo" nesta segunda-feira (07/11). "O Rei do Gado" é um dos grandes clássicos da teledramaturgia e um dos trabalhos mais elogiados do autor. Mas não é a primeira reprise. A Globo já reprisou a produção em duas ocasiões: em 1999 e em 2015 na comemoração dos 50 anos de emissora. A novela também foi transmitida pelo Canal Viva em 2011. Ou seja, é a quarta vez que a história é contada para o público. Agora a decisão foi tomada em virtude do recente sucesso do remake de "Pantanal", escrito pelo mesmo Benedito.


 A tradicional história do ódio entre duas famílias, cujo conflito é aumentado com o amor nascido entre seus herdeiros, foi abordada pelo autor e conquistou o público. A rivalidade entre os Mezenga e os Berdinazi era o eixo central da primeira fase da trama (passada em 1943), que durou sete capítulos e foi impecável. Antônio Fagundes e Tarcísio Meira protagonizaram ótimos embates e os fazendeiros que se odiavam foram brilhantemente interpretados por eles.

 Antônio Mezenga e Giuseppe Berdinazi eram homens poderosos, determinados e extremamente passionais. Defendiam seus interesses com unhas e dentes e a principal razão da grande rivalidade entre eles era a faixa de terra que ficava na divisa das duas fazendas ----- cada um era dono de um cafezal. Mas os eternos rivais não contavam que seus filhos se apaixonassem.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Reprise de "O Beijo do Vampiro" no Viva matou a saudade da última boa novela de Antônio Calmon

 A ousadia de Antônio Calmon lhe rendeu um estrondoso sucesso, em 1991, com a novela "Vamp". A trama que falava de vampiros e tinha um clima totalmente 'thrash' marcou a teledramaturgia e até hoje é lembrada pelo público saudosista. Em 2002, onze anos depois, o autor resolveu reviver a temática e escreveu "O Beijo do Vampiro", que fez uma legião de fãs, conquistados com a 'nova geração' vampiresca integrante da última boa novela de Calmon. A produção sempre foi uma das mais pedidas na internet para ser reprisada, mas como não foi um sucesso de audiência o desejo nunca foi realizado pela Globo. No entanto, o canal Viva, após ter lançado uma nova faixa de reprises, finalmente colocou a novela no ar.


 A reexibição, que está em sua última semana, reforçou todas as qualidades da história muito bem estruturada por Calmon. Muitos tinham até o receio da chamada memória afetiva ser a responsável pela saudade da produção e se decepcionar com a reprise. Mas a produção envelheceu muito bem. A trama, dirigida pelo saudoso Marcos Paulo, virou uma febre e teve até álbum de figurinhas. As crianças e os adolescentes foram os principais fãs do folhetim, que teve um grandioso elenco, personagens cativantes e uma enredo bem construído, repleto de efeitos especiais considerados ousados para a época. Um enredo de amor, entremeado por elementos sobrenaturais, drama, humor e a clássica luta do bem contra o mal foram as principais marcas do folhetim.

 A trama começa no século XII, com o vampiro Bóris Vladesco (Tarcísio Meira) se apaixonando perdidamente pela princesa Cecília (Flávia Alessandra), que vive um romance com o conde Rogério (Thiago Lacerda). No dia do casamento da princesa com o conde, o vampiro mata o noivo de seu grande amor em um duelo, assim como toda sua família.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

"Cine Holliúdy" manteve o bom humor e a leveza na segunda temporada

Baseada no filme homônimo de sucesso, exibido em 2013 ---- escrito e dirigido por Halder Gomes e coproduzido pela Globofilmes ----, "Cine Holliúdy" estreou sua primeira temporada em 30 de abril de 2019 na Globo. A série escrita por Marcio Wilson e Claudio Paiva teve um ótimo retorno da audiência e agradou. O resultado foi a garantia de mais duas temporadas. A segunda estreou no dia 23 de agosto, quase três anos depois, por conta do atraso das gravações em virtude da pandemia do novo coronavírus. 


Com direção artística de Patricia Pedrosa, a série segue explorando acontecimentos, símbolos e referências da cultura nordestina, brasileira e do pop mundial da década de 70, usando como pano de fundo uma narrativa divertida com a disputa entre cinema e TV. A fórmula não apresentou desgaste e a produção se mantém cativante. Ainda na primeira temporada, Francisgleydisson (Edmilson Filho) tinha o cinema como única atração cultural de Pitombas. Mas o protagonista não contava com a chegada da televisão, sua grande adversária. Por isso, decidiu fazer filmes em 'cearensês', com apoio de Marylin (Letícia Colin) e a despeito do prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele). 

Agora, o ano é 1974. Com a TV já establecida, o cinema de Francisgleydisson está cada vez mais vazio e decadente. Filmes, novelas, Copa do Mundo, festas regionais, discoteca, musicais e parque de diversões: tudo ao alcance do público. A cidade de Pitombas preseencia o auge da cultura dos anos 70, mesmo passando a impressão de ter parado no tempo.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

"Travessia" tem início confuso e pouco crível

 A nova novela das nove está há menos de um mês no ar. E já era esperado uma certa dificuldade na audiência inicial de "Travessia". Após uma novela de sucesso, como o remake de "Pantanal", há um natural luto do público, ainda mais diante de um folhetim que apresenta temáticas totalmente opostas da produção recém-terminada. A história de Glória Perez fala de tecnologia e metaverso, enquanto a anterior parecia um enredo de época diante de tantos personagens avessos até ao uso de celular. Mas é preciso pontuar: não é somente por conta de saudades da trama passada que a atual enfrenta certa resistência do público. 


Gloria Perez resolveu iniciar seu enredo de forma confusa. O primeiro capítulo teve um amontoado de acontecimentos que poderiam ter sido divididos em três ou quatro capítulos sem deixar o ritmo arrastado. Houve uma correria desnecessária a ponto da protagonista mal aparecer. Brisa apareceu brevemente na infância ao lado de Ari e logo houve uma passagem de tempo, mas utilizando a vida da Chiara (Jade Picon) como 'medidor' dos anos. Chiara parecia a protagonista. Tanto que Grazi Massafera dominou a estreia e Débora morreu em um trágico acidente de carro pouco depois de parir a filha. 

A impressão não mudou com o passar dos capítulos. O foco continua sendo Chiara e agora o deslumbramento de Ari (Chay Suede) com uma vida de luxos. Nada contra os personagens, até porque é cedo demais para maiores análises, mas o envolvimento do casal não desperta interesse até porque o rapaz está se mostrando um oportunista sem caráter. E ela é uma patricinha fútil e e com comentários xenofóbicos. As cenas estão ficando repetitivas.