sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Fracasso de remake expôs que "Renascer" nunca foi uma obra prima

 A Globo anunciou com pompa e circunstância o remake de "Renascer". Em todas as chamadas, a novela era classificada como 'a obra prima de Benedito Ruy Barbosa'. Tamanha pretensão tinha um objetivo: chamar atenção para repetir o sucesso do remake de "Pantanal", copiado a colado por Bruno Luperi em 2022 e que caiu na boca do povo. Mas a adaptação da trama de 1993 diminuiu em um ponto a média geral de "Terra e Paixão", que tinha elevado em três pontos a média do fiasco "Travessia". Só se falou em outra coisa enquanto a trama estava no ar. Ou seja, a emissora queria um novo êxito e conseguiu um novo fracasso. 


As razões são muitas para explicar a baixa audiência da produção e a repercussão praticamente nula. "Renascer" apresentou diversos problemas quando foi exibida e nenhum deles foi corrigido pelo neto do autor na nova leitura. A ausência de carisma de vários personagens, a falta de enredo para 213 capítulos, o ritmo modorrento, a total falta de acontecimentos relevantes ao longo dos meses e os raros e pouco atrativos conflitos já eram percebidos em 1993. Mas, como o folhetim foi um fenômeno há 31 anos, apenas os acertos foram aclamados, enquanto os erros acabaram convenientemente ignorados.

A história original está longe de ser muito significativa na teledramaturgia em comparação a outros sucessos de Benedito, como a já citada "Pantanal", além de "O Rei do Gado" e "Terra Nostra". A própria concepção dela se mostra controversa porque a criação se deu a um pedido da Globo, após o fenômeno de "Pantanal" na extinta Rede Manchete. A emissora queria uma "Pantanal" para chamar de sua e pediu ao autor para criá-la. A trama marcou o retorno de Benedito à líder, após o êxito na concorrência.

Talvez isso ajude a explicar a falta de criatividade do escritor ao longo dos meses e até no desenvolvimento de determinados personagens, como Teodoro (Herson Capri) e Iolanda (Eliane Giardini), que eram cópias menos atrativas de Tenório (Antônio Petrin) e Maria Bruaca (Ângela Leal). Entre as poucas cenas emblemáticas da produção, estão o suicídio de Tião Galinha (Osmar Prado) e a morte de Zé Inocêncio (Antônio Fagundes) diante de João Pedro (Marcos Palmeira). O resto sempre foi pouco lembrado, com exceção da carismática Buba (Maria Luiza Mendonça), que protagonizou a então inédita abordagem a respeito de sua condição (era hermafrodita, hoje classificada como intersexo) e da polêmica em torno da saga de Mariana, cuja rejeição de público e crítica provocou depressão em Adriana Esteves.  

Ou seja, diante de uma obra com tantos problemas perceptíveis, valeria a pena um remake? Ainda mais um remake de uma história rural logo após "Terra e Paixão" e menos de dois anos depois do remake de "Pantanal"? A resposta é não. Mas a Globo enfrenta a sua pior gestão em teledramaturgia, onde a criatividade anda cada vez mais em falta e a maioria das apostas está em cima de releituras ou até continuação de novelas. Crise semelhante enfrenta o audiovisual mundial, vide a quantidade de filmes baseados também em remakes e continuações, além de muito 'live action' (versão atuada de desenhos animados clássicos). 


A primeira fase de "Renascer" arrebatou o público em 1993 e teve apenas três capítulos. Boni, então todo poderoso da emissora, teve medo que o telespectador se apegasse demais ao elenco jovem e fez a recomendação a Benedito Ruy Barbosa. Já no remake houve uma mudança porque Bruno Luperi decidiu transformar os três capítulos em treze e ainda criou dois novos personagens interpretados por Maria Fernanda Cândido (que apareceu apenas na estreia) e Enrique Diaz. Foi o melhor decisão do neto do autor e o maior acerto da nova versão. No entanto, o pai de Boninho tinha razão na época. A audiência em 2024 se apegou demais aos perfis e aos atores da primeira fase, mas com razão. Humberto Carrão brilhou como Zé Inocêncio; Duda Santos emocionou como Maria Santa; Enrique Diaz deu um show como Firmino; Fábio Lago e Belize Pombal foram viscerais como Venâncio e Quitéria; Juliana Paes fez de sua Jacutinga um sucesso; Evaldo Macarrão divertiu na pele de Jupará; e Antônio Calloni roubou a cena como Belarmino e sua obsessão com 'sua carroça e dois burrinhos da melhor qualidade'. Além dos citados, Uiliana Lima (Morena), Quitéria Quelly (Helena), Adanilo (Deocleciano), Julia Lemos (Flor) e Flavia Barros (Juliette) também se destacaram. 


O grande apego aos personagens e intérpretes da primeira fase fez jus ao conjunto da obra. Foram cenas de intensa carga dramática, conflitos densos e muitos embates empolgantes com dois vilões de alto nível que tiveram desfechos catárticos. Aquele caso raro em que a adaptação se mostrou melhor que a original. Mas parou ali. O início da segunda fase provocou uma queda de ritmo abrupta e os novos personagens passaram longe do carisma visto anteriormente. E foi algo que aconteceu em 1993. Houve um estranhamento do público, até porque a história muda quase que por completo. Mas, há 31 anos, a audiência seguiu alta, enquanto agora os números foram caindo gradativamente e a repercussão foi minguando ao longo dos meses. A nova saga ---- de um Inocêncio (Marcos Palmeira) amargurado e que não se dá bem com seus filhos ---- não apresenta dramas atrativos e dá para contar nos dedos quantos são os acontecimentos relevantes na segunda fase. Para culminar, os novos personagens também não têm conflitos convidativos e o enredo se arrasta. A missão de Luperi era apenas criar novas situações para movimentar a história. Ainda que o autor tenha promovido pequenas mudanças em relação ao trabalho preguiçoso que fez na adaptação de "Pantanal", nada do que foi alterado provocou algo significativo na narrativa a ponto de despertar atenção. Tanto que a novela nunca chegou aos famigerados 30 pontos e patinou em torno dos 25 pontos, chegando a 28 quando a trama apresentava alguma rara tensão, vide a morte de Venâncio (Rodrigo Simas). 


Até os trunfos da versão original fracassaram no remake, como a figura de Zé Inocêncio. Antônio Fagundes emprestou seu carisma ao protagonista e fez muito sucesso, mas o mesmo não aconteceu com Marcos Palmeira. O ator teve um bom desempenho, é importante ressaltar, e protagonizou boas cenas, mas a sua escalação foi um grave erro. Zé Leôncio, do remake de "Pantanal", tem inúmeras similaridades com o Inocêncio e a trama está fresca na memória do público. A escalação do mesmo ator em um espaço tão curto de tempo afetou a recepção da audiência. Parecia uma reprise. Leonardo Vieira é até hoje lembrado pela sua atuação como Inocêncio na primeira fase em 1993. Era a melhor opção possível e desperdiçaram a chance. Outro êxito da original que não deu certo no remake foi a trajetória de Buba (Gabriela Medeiros). A personagem necessitava de melhores conflitos porque a obsessão em ser mãe, a ponto de abrigar uma moradora de rua em casa para ficar com o bebê que a menina estava esperando, não é lá uma história que desperta torcida de quem assiste. Mas, na época, a vivacidade de Buba encantou. Maria Luisa Mendonça adotou um tom intempestivo para aquela mulher, a ponto de enfiar os pés pelas mãos diante de sua avalanche de emoções. Gabriela optou pelo oposto. A atriz ficou contida em cena, o que deixou a personagem sem vida, apática, conformada e até sonsa. Sua falta de química com Rodrigo Simas também ficou visível e era impossível não ficar do lado de Eliana (Sophie Charlotte) em vários momentos, já que foi traída pelo marido e ainda ouvia da amante que ela não era amante. A rapidez com que Buba se envolveu com Zé Augusto (Renan Monteiro), após a morte do então marido, também não contribuiu para uma melhor aceitação e havia tempo para Luperi construir o novo amor, já que não acontecia quase nada na novela. Também foi um tiro no pé a extinção da abordagem da intersexualidade. A única trama que abordou o tema até hoje foi "Renascer" e era a chance do remake aprofundar a questão, mas houve a decisão de colocá-la como uma mulher trans. O único acerto do autor no núcleo foi a inserção dos pais de Buba e de um amigo de infância, que não existiam em 1993. Interpretados por Guilherme Fontes, Malu Galli e Miguel Rômulo, os personagens engrandeceram a trama com boas cenas e mereciam mais destaque. Vale citar que Buba ficou avulsa durante toda a reta final e mal apareceu no último capítulo. 


O núcleo de Tião Galinha (Irandhir Santos) e Joaninha (Alice Carvalho) foi mais um caso de um enredo que fez sucesso na versão original, mas não funcionou no remake. Os atores foram viscerais em cena e brilharam do início ao fim. São aqueles profissionais que engrandecem qualquer cena. No entanto, o casal que tinha uma vida miserável sofreu uma sucessão de desgraças ao longo de toda a história, sem um minuto sequer de respiro. Na teledramaturgia, todos sabem que felicidade não provoca interesse e a base é sempre o conflito, mas é necessário saber dosar. Para piorar, os personagens tiveram pouco destaque em boa parte do tempo e ficaram avulsos. Toda a fase em que Tião estava obcecado em chocar um diabinho, graças ao deboche de Inocêncio, era sempre a mesma cena que ia ao ar, com quase o mesmo texto, apenas em cenários diferentes. Era maçante. Mas mesmo depois que deixou sua fixação de lado, o pobre homem seguiu passando por inúmeras dores. Luperi ao menos decidiu mudar o final, já que na versão de 1993 o sem terra se suicida na prisão em uma sequência brilhante de Osmar Prado. Foi a forma que o autor encontrou para se redimir. 


Outros problemas visíveis na trama merecem citação. A novela foi ambientada na Bahia, mas poderia ter sido em qualquer outro lugar. Não fez diferença. Não havia praticamente nenhuma externa e tudo era gravado dentro dos Estúdios Globo. O público não viu nada do lugar. A história de Teca (Lícia Silva) nunca chegou a engrenar e a personagem passou quase a produção inteira grávida e avulsa na fazenda. Para culminar, depois que teve seu bebê perdeu a pouca função que tinha e praticamente sumiu da novela. Nem mesmo o fato da criança ser intersexo (em uma tentativa de inserir o tema na história) provocou uma abordagem digna. Cada vez que explicavam o significado de intersexualidade parecia uma aula do extinto Tele-curso 2000. A súbita aproximação de Teca com Zé Inocêncio, a ponto de chamá-lo de 'voinho', também ficou difícil de engolir, mesmo com a explicação posterior sobre a origem da menina: era sobrinha neta de Maria Santa, uma revelação que em nada impactou no roteiro. Nem o casal formado com Pitoco (Juan Queiroz) despertou torcida. É preciso mencionar também o equívoco em torno de Iolanda. Luperi errou quando transformou Dona Patroa em uma crente fanática. A personagem tinha uma pureza na versão original que foi perdida e Camila Morgado, que é uma excelente atriz, exagerou no tom. A mulher ficou histriônica e viveu algumas situações tratadas como cômicas que na verdade eram constrangedoras. O fato de ser uma religiosa não serviu nem para a comicidade e muito menos como uma crítica aos que se deixam cegar pela religião. E vale destacar ainda o pouco destaque dado aos grandes Jackson Antunes e Ana Cecília Costa, que brilharam como Deocleciano e Morena, mas ficaram boa parte da história servindo apenas como 'orelha' para o desabafo dos demais personagens ---- nem com um lugar para morar o casal ficou no último capítulo, já que perdeu a fazenda para Mariana. Mais um tipo que ficou deslocado foi Breno da Matta porque autor desistiu de juntar Lívio com Joana e foi compreensível, já que quando mudou a condição do personagem, de padre (em 1993) para pastor, tirou qualquer futuro conflito do possível romance. O pastor acabou ficando com a professora Lu no final, outra personagem que nunca teve conflitos e desperdiçou o talento de Eli Ferreira. Mais um para o time dos avulsos foi Pedro Neschiling, que passou boa parte da história sumido ou fazendo propaganda de um carro elétrico. Ao longo dos meses, ganhou a companhia de Juliane Araújo, que foi perdendo a relevância com sua Kika, até desaparecer. No entanto, no caso dos dois atores, Bruno se redimiu na reta final e os trouxe de volta, algo que não aconteceu na versão original, e juntou o rapaz com Ritinha (Mell Muzillo), que há 31 anos terminava com Zé Bento (Marcelo Mello Jr), e reatou a relação da advogada com seu ex. Já a participação de Malu Mader como Aurora se mostrou irrelevante e muito aquém do talento da atriz, que estava longe das novelas há 8 anos. 


E o que falar sobre a saga de Mariana? Público e crítica rejeitaram a personagem em 1993, que era colocada como uma 'ninfeta' (termo machista que nem é mais usado), o que causou depressão em Adriana Esteves. O mínimo era um cuidado maior no desenvolvimento no remake. Mas Luperi praticamente copiou e colou tudo o que aconteceu em 1993, até o controverso termo 'painho', usado por ela para chamar carinhosamente Zé Inocêncio. O amor entre Mariana e o protagonista não teve qualquer construção e muito menos a paixão que João Pedro criou por ela. A força do triângulo amoroso com pai e filho disputando a mesma mulher nunca existiu. Pelo contrário, era rasa demais qualquer situação vivida pelos três. A personagem veio para vingar a morte do avô, Belarmino (Antônio Calloni), mas desistiu no segundo capítulo da segunda fase e contou tudo para Inocêncio. Depois, se casaram na semana seguinte e a história acabou. Mariana ficou sem espaço e foi perdendo o destaque ao longo dos meses. Isso aconteceu na época por conta da rejeição e não tinha motivo para manter algo assim. Era a chance de colocá-la como uma mulher vingativa, o que renderia um leque de novos conflitos que movimentariam o enredo, mas Luperi desperdiçou. O autor só resolveu mexer no antepenúltimo capítulo, quando a colocou como autora do tiro dado em Egídio (Vladimir Brichta) e responsável pelo assassinato do vilão em uma sequência irretocável em que Mariana seduziu o fazendeiro e o levou para um enforcamento realizado por Damião (Xamã) ---- ela também foi a assassina de Teodoro em 1993, mas foi algo que ficou no ar. Custava tê-la mostrado assim ao longo da história? O enredo teria um novo gás e Theresa Fonseca ganharia ótimas cenas. A impressão é que Luperi tentou se desculpar com a atriz no último momento, já que não conseguiu destacá-la nos meses anteriores. 


Porém, o remake teve êxitos que precisam ser mencionados. A direção de Gustavo Fernandez se mostrou o grande trunfo da produção. Em meio a tantas direções que deixam a desejar atualmente na Globo, foi um presente para o telespectador o trabalho do diretor, que extraiu o melhor das poucas cenas de ação da história e promoveu filmagens belíssimas em momentos importantes, como o assassinato de Venâncio, a morte de Marçal (Osvaldo Mil) ---- queimado vivo ----, o desfecho trágico de Egídio e as visões aterrorizantes do boi bumbá. A fotografia de Walter Carvalho, que também trabalhava na direção de várias cenas, foi merecedora de todos os elogios. Já Luperi foi feliz na mudança em cima da religiosidade de Inácia, que deixou de ser católica (como era em 1993) e virou candomblecista. Todas as cenas da personagem falando de sua religião e explicando o significado de todos os orixás eram emocionantes e protagonizadas lindamente por Edvana Carvalho. Aliás, o elenco teve nomes que se destacaram, como Juan Paiva, que mais uma vez emocionou como João Pedro, mais um papel sofredor em sua carreira. Sua química com Giullia Buscacio foi visível e os dois formaram um bonito casal, apesar da condução equivocada do autor, a ponto da menina ter sua personalidade alterada na reta final. A atriz fez de Sandra um dos raros atrativos do folhetim e tem tudo para viver a Maria de Fátima no remake de "Vale Tudo", com mérito de sobra. Vale citar ainda Sophie Charlotte, que fez de Eliana uma safada carismática e apaixonante. As gratas surpresas ficaram nas mãos de Mell Muzillo como Ritinha, Alice Carvalho como Joana, Xamã como Damião e Samantha Jones como Zinha, que protagonizou momentos cômicos deliciosos e formou um bonito casal com Lucy Alves (Lilith) na reta final. Vladimir Britcha é mais um ator que convenceu em cena e fez de Egídio um vilão repugnante, enquanto Almir Sater mostrou uma nova faceta na pele do libanês Rachid ---- estava irreconhecível. Já Matheus Nachtergaele foi roubando a cena aos poucos, através do carisma que emprestou ao simpático Norberto, e sua ideia de 'quebrar a quarta parede' (quando o personagem fala com o telespectador olhando para a câmera), sugerida e acatada pelo autor logo no início, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para o dono do bar. Deixou uma marca. 


A última semana da novela seguiu com audiência baixa e sem qualquer repercussão em virtude da quase ausência de desfechos relevantes. A melhor cena da reta final foi a já mencionada morte de Egídio e a sequência em que Mariana revelou a Zé Inocêncio que foi a responsável pelo atentado e depois pela morte de Egídio. Já os demais finais deixaram muito a desejar, pois o autor optou pelo recurso preguiçoso de colocar uma pessoa narrando tudo o que aconteceu. Tudo bem que Norberto sempre falou com o público, mas não justificou a exibição de momentos com cerca de dez segundos dos demais personagens, como Eliana e Damião vivendo na fazenda com o filho. A queda de Zé Inocêncio da cadeira de rodas, que impactou em 1993, se mostrou falha nos dias de hoje. Afinal, como pode um sujeito milionário e conhecido como o rei do cacau não ter uma cadeira automática? Ele caiu e não tinha um celular para pedir ajuda? Não tinha um carro adaptado? É um contexto que não existia na versão original e por isso mesmo deveria ter sido melhor solucionado. 


O último capítulo foi prejudicado pelo horário antecipado por conta do jogo da seleção brasileira, mas nem tinha muito mais o que mostrar e seguiu sem ver a cor dos 30 pontos de audiência. A novela nunca marcou o almejado índice da Globo durante toda a sua exibição. Os únicos folhetins pós-pandemia que ultrapassaram os 30 pontos foram o remake de "Pantanal" e "Terra e Paixão".  Mas, voltando aos desfechos, a cena da despedida de Zé Inocêncio, que fez as pazes com o filho rejeitado, foi brilhantemente interpretada por Juan Paiva, que demonstrou toda a dor de João Pedro, e Marcos Palmeira, que também brilhou. Todavia, não foi melhor que a sequência original. É inevitável a comparação. O impacto foi bem menor. Já o desfecho inédito de Mariana foi o mais divertido. A neta de Belarmino ganhou de João Pedro e Sandra a fazenda que era de seu avô e ainda foi para lá com uma carroça e dois burrinhos da melhor qualidade, fazendo jus ao bordão do vilão. Ponto para Luperi, que também foi feliz na encerramento do mistério da identidade do assassino de Belarmino. Ao contrário da versão de 1993, não foi Inocêncio o responsável e, sim, Venâncio (Fábio Lago), que se vingou do coronel que violentou sua filha. Porém, Marianinha jamais saberia que o pai tinha matado Belarmino porque já estava longe de casa há anos quando o crime aconteceu (um furo perceptível). O outro senão ficou por conta da emoção de Teca e Mariana sabendo a verdade através da carta que Marianinha deixou. Tudo bem que se descobriram primas, mas viram que o elo parental delas era um estuprador. Uma cena bem fora do tom. Já a felicidade de Tião Galinha e Joana com seus filhos diante de uma terrinha que tanto sonharam foi bonito, enquanto o último momento primou pela delicadeza com imagens de Inocêncio e Maria Santa sendo felizes diante de uma paisagem deslumbrante. A imagem final foi a manta de Santinha (que o protagonista tanto usou sentado em sua cadeira) pendurada em um varal, mas sem o famigerado 'fim'.


O fracasso do remake de "Renascer" desnudou as falhas da original e expôs que a novela de Benedito Ruy Barbosa nunca foi uma obra prima. É verdade que audiência e qualidade muitas vezes não andam juntas. Há folhetins de imenso sucesso que foram péssimos e outros que fracassaram, mas eram primorosos. No entanto, no caso da releitura de Bruno Luperi, os baixos números e a repercussão ínfima foram condizentes com a história arrastada e sem maiores atrativos, exibida no horário nobre da Globo desde o dia 22 de janeiro e encerrada nesta sexta-feira, dia 6 de setembro, após maçantes 197 capítulos. Finalmente acabou.  

14 comentários:

Ana disse...

Foi o que eu falei com as minhas amigas, Renascer foi ruim em 1993 e foi péssima em 2024.
Agora, para a pessoa que teve a ideia de fazer um remake dessa bomba e dos executivos que aceitaram, merecem um belo prêmio Joselito pela cagança que foi, mas enfim acabou o sofrimento. Que venham novelas boas daqui pra frente e chega de remake por um tempo!

Anônimo disse...

Diante da ausência de novelas com tramas convidativas e bem alinhavadas neste ano de 2024, também espero ler análises francas sobre "Família É Tudo" e "No Rancho Fundo", Sérgio. Poucos folhetins vindouros terão a chance de fugir da mesmice e vingar em meio a uma crise na teledramaturgia já constatada em décadas não tão longínquas.

Guilherme

Anônimo disse...

Crítica de renascer perfeita , nada a acrescentar.No rancho fundo é péssima Andreia Beltrão está apática e Nero também, parecem lesados, sem reação alguma, a tentativa de melhorar trazendo personagens da outra novela falhou e ficou mais sem graça

Leitora disse...

Olá, Sérgio!
Logo no início com as chamadas eu notei que Renascer tinha muito a cara de Pantanal.
Enredo Rural ✅
Tá certo que uma era no centro oeste e outra no nordeste, mas o ruralismo estava presente. Nada contra novelas rurais, mas tivemos praticamente 3 novelas rurais em sequência porque dificilmente alguém se lembra de Travessia aí no meio.
Realismo Mágico ✅
Pantanal com a onça e Renascer com o boi e o diabinho na garrafa que também aparece em Paraíso e até no Próprio Pantanal com o caramulhão
Você de novo ✅
Fazendeiro Rico com filhos homens aqui 4 e lá 3 e que perdeu a sua primeira esposa. Em Pantanal primeiro foi a separação, mas depois teve a morte da personagem em relação aos filhos em ambas as histórias os filhos são desconexos do pai ou vice versa. E até os nomes se parecem Zé Leôncio e Zé Inocêncio.
Você de novo 2✅ Egídio, Patroa e Sandra são Tenório, Bruaca e Guta e de novo a filha do vilão se envolve com o filho do "mocinho"
A Casa da Mãe Joana ✅ Em Pantanal geral ia de mala e cuia pra Fazenda em Renascer também e há mais semelhanças se for procurar bem
Resumo Benedito se auto plagiou?
Parece que sim e o público não é idiota. Isso era o que mais me incomodava essa sensação de copia e cola. Claro, larguei a novela naquele início da Mariana indo casar com o Inocêncio, aqui em casa teve gente que assistiu. Sempre reclamando de tudo? Sempre mas tava lá

Leitora disse...

Existe uma coisa que nem todo mundo conhece, mas se chama Suspensão da Descrença. Que é a vontade de um leitor/espectador aceitar como verdade uma ficção. Então sim nós compramos a história da mulher que vira onça e ninguém fica ahh impossível isso não existe e não sei mais o que. Agora sabe o que o público não compra? Um homem que viveu enlutado por anos pela mulher amada se "apaixonar" do nada por outra e se casar em uma semana. E sabe por que isso não se compra? Por causa da descaracterização. Pela lógica esse homem enlutado estaria fechado para um relacionamento, logo teria que haver um arco onde ele iria se abrindo aos poucos para uma nova paixão. Da forma que foi feito não há como convencer as pessoas de que aquilo é verdade. Quando assistimos ou lemos uma ficção nós sabemos que é ficção, mas desligamos esse botão e mergulhamos na história, todavia se acontece algo assim a gente não consegue mergulhar por inteiro, logo nunca nos conectamos com aquela trama e isso foi só um exemplo, mas com base no texto e até na própria trama podemos citar outros.
Acho que esse é um dos problemas das tramas atuais se eu pegar a novela das seis como assim vocês enriqueceram e não mudaram de vida? Por mais humilde que uma pessoa seja ao ter dinheiro alguma coisa irá mudar. Das 7 também não acompanho, mas sei que lá também acontece esse tipo de coisa.
Some isso aos seguintes fatores:
1: Personagens burros para conveniência do enredo. Ser enganado umas duas vezes acontece, mas ser trouxa do início ao fim apenas pq é conveniente não dá.
2: Ausência de carisma eu não sei o que tá acontecendo, mas muitos personagens não possuem carisma nenhum e muitos atores também andam sem carisma isso quando são de fato atores.
3: Remake pra lá, Remake pra cá. Continuação de não sei o que. Não sou contra remakes, mas não parece um desânimo e uma falta de vontade de se criar? E não tô falando de tentar algo diferentão como Alem do Horizonte eu falo do esforço de fazer o arroz e feijão bem feito. Parece que os autores hoje em dia não se esforçam tanto assim o que é mais fácil? Mais fácil um instalove e um casamento relâmpago do que a construção da relação? Então bora. Mais fácil a mocinha cair na mesma armadilha 2x do que ela usar os neurônios ou eu criar uma armadilha nova e convincente? Então bora.
E isso foram apenas 3 pontos eu juro que posso citar 10 sendo humilde se eu for presunçosa é muito mais.

chica disse...

Ando totalmente fora de novelas, por isso, só posso deixar um abração e desejar tudo de bomQ Ótimo fds! chica

Roseli disse...

Para mim, os principais problemas foram a falta de enredo para 213 capítulos e o ritmo modorrento. O remake deveria ter sido mais curto, com bem menos capítulos.
A história central até que era interessante, mas foi contada de forma tão lenta que ficou entediante. Havia capítulos em que não acontecia nada de novo... Então, o erro da Globo foi ter insistido em fazer uma novela tão longa. Poderia ter cortado o número de capítulos para metade, reduzindo e concentrando mais o enredo.
E concordo que a escalação do Marcos Palmeira para fazer o papel de Zé Inocêncio foi um erro. 'Pantanal' foi exibida há 2 anos apenas, as pessoas ainda se lembram muito do Zé Leôncio. Deveriam ter escalado outro ator (gostei da sugestão de escalar o Leonardo Vieira. Acho que ele teria sido um ótimo Zé Inocêncio).
Enfim, uma pena. Com mais planejamento, o remake poderia ter sido um sucesso (veja o interesse do público pela primeira fase). Mas ficou a impressão de que a Globo não planejou as coisas direito - tanto que exibiu três novelas rurais quase em sequência.... Desperdiçaram a oportunidade de fazer um trabalho melhor.

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Publicarei hoje no meu blog o balanço final com os pontos positivos e negativos do remake de Renascer. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

Marly disse...

Particularmente acho uma pena que este trabalho tenha resultado em fracasso. São muitos os recursos usados, muito o esforço dos atores... desperdiçados.

Beijo, boa noite e bom domingo (e que as coisas fiquem muito bem pra você!)

Lili disse...

Como pode Sérgio ? Você considerar uma novela um grandíssimo sucesso,e outra que deu apenas um ponto a menos um retumbante fracasso.
Há algo errado aí não ?
Ou considere ambas fracassos ou ambas sucesso.

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Sergio!!!
Confesso que tento assistir
esses remaks/regravações
mas não me agrado e vou onde tem
mesmo a reprise original.
Nesse momento estou assistindo
o original de Guerra dos Sexos.
Linda sua matéria que está completa.
Bjins de boa nova
semana.
CatiahoAlc.

Bea disse...

Eu tinha apenas 1 ano quando a primeira versão foi sonar, então não tenho o que falar, só sobre o que "ouvi dizer", mas confesso que gostei da novela, até então inédita pra mim.
Mas, de fato, tinha muita cena cansativa, repetitiva.
Alguns personagens passaram meses com a mesma narrativa, que foi o caso do Tião Galinha e da própria Eliana (falando sobre as terras e blá blá blá).
João Pedro ali no começo do amor dele por Mariana também foi um grande saco. Agora o que me encantou, além de alguns enredos e personagens que foram impactantes como Inácia, por exemplo, foi a fotografia da novela. Tinha muita cena bem elaborada, gravadas numa perspectiva que nos deixava dentro mesmo da história .
Muito plano bonito, a cena da morte dos 3 vilões (Firmino, Belarmino e Egídio) foram de uma beleza nunca vista antes, na minha humilde opinião. As aparições de santinha... Enfim.
Eu gostei. Pra mim foi 8/10
8 apenas por causa de alguns enredos cansativos, no mais, tudo maravilhoso.
Inclusive, saudade já KKK

Maria Rodrigues disse...

Como sempre uma excelente análise.
Abraços

Jovem Jornalista disse...

Não acompanhei, mas adorei sua resenha sobre.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia