O remake de "Vale Tudo" é a maior aposta da Globo em 2025, o que foi refletido na intensa campanha de divulgação, tanto nas redes sociais quanto nos programas do canal, além de ações coordenadas promovidas pela emissora que completa 60 anos no dia 26 de abril. E não por acaso será neste dia que Odete Roitman (Debora Bloch) entrará na história, adaptada por Manuela Dias, dirigida por Paulo Silvestrini e baseada na obra de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Brassères.
A coragem de refazer a produção que é considerada a novela das novelas e uma obra prima da teledramaturgia tem o seu preço e um deles é a inevitável comparação. Tanto que a emissora vem sofrendo uma avalanche de críticas nas redes sociais desde que anunciou o remake. A escalação do elenco foi o principal alvo dos ataques, além de possíveis mudanças no texto primoroso do folhetim. Porém, o antídoto para esse veneno é um trabalho bem feito e que ao menos não desrespeite o conjunto tão harmonioso, visto em 1988, e até hoje tão aclamado.
Ao menos por enquanto, a produção não tem feito por merecer críticas. É verdade que está apenas há uma semana no ar e muita água vai rolar até o final do enredo, mas até o momento a novela vem despertando atenção e curiosidade a respeito dos próximos acontecimentos.
O roteiro primoroso da versão original vem sendo seguido quase que à risca, o que seria uma falha em um folhetim com defeitos, mas se torna qualidade em um produto que precisa de alterações apenas nos anacronismos que hoje saltariam aos olhos.A primeira semana resultou em um ritmo dinâmico e com vários conflitos dignos de um bom dramalhão, com destaque para o principal que envolve o duelo entre a honestidade de uma mãe e o mau-caratismo de uma filha. No primeiro capítulo, Maria de Fátima (Bella Campos), uma jovem de 23 anos, estava completamente insatisfeita com sua vida em Foz do Iguaçu. Durante sua festa de aniversário, ela demonstrou desinteresse e frustração pela vida simples que levava com sua mãe, Raquel (Taís Araújo), na pacata cidade paranaense, para onde se mudou depois da separação dos pais.
Com a ideia fixa de se tornar uma influenciadora digital, Maria de Fátima começou a cavar oportunidades para ascender socialmente. Numa dessas empreitadas, ela conheceu César (Cauã Reymond), um modelo que estava na cidade para uma sessão de fotos, e conseguiu, com a ajuda dele, a sua primeira participação num ensaio profissional como figurante. Em troca, ela tentou ajudá-lo a passar alguns equipamentos pela alfândega, pedindo ao avô, Salvador (Antonio Pitanga em uma luxuosa participação especial), fiscal da Receita Federal, que fizesse vista grossa. Mas o homem íntegro recusou a proposta, o que gerou um conflito com a neta.
Pouco tempo depois, o avô morreu e deixou a casa onde moravam no nome de Maria de Fátima, que tentou convencer Raquel a vender para se mudarem para o Rio de Janeiro e arrumarem maridos ricos. Mas a mãe, batalhadora e honesta, recusou. Disposta a mudar de vida a qualquer custo, a filha vendeu a casa sem o conhecimento da mãe e fugiu para a cidade carioca, deixando Raquel desolada e sem ter onde morar.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Ivan (Renato Góes), um executivo que trabalha em São Paulo, está em busca de um emprego para ficar mais próximo do seu filho, Bruno (Miguel Moro), e do restante da família. Foi contratado em uma grande empresa de turismo, mas foi demitido quando chegou para seu primeiro dia de trabalho porque a empresa foi encampada pelo Grupo Almeida Roitman e quase todos os funcionários acabaram mandados embora. E, mesmo com tantos acontecimentos, a estreia não foi corrida e as cenas fluíram bem.
Ao longo da semana, os demais personagens foram apresentados, incluindo Heleninha (Paola Oliveira), Afonso (Humberto Carrão), tia Celina (Malu Galli), Solange Duprat (Alice Wegmann), mordomo Eugênio (Luis Salém), Aldeíde (Karine Teles), Marco Aurélio (Alexandre Nero), enfim, praticamente todo mundo. Até agora o elenco não está fazendo feio, embora alguns ainda estejam procurando o tom mais adequado. Mas o maior acerto na escalação foi Taís Araújo. A Raquel tinha que ser dela. A atriz dominou a protagonista logo no começo, o que é uma tarefa muito complicada. E optou por uma composição bem distinta da Regina Duarte na primeira versão. A personagem era histriônica e o exagero era uma constante. Agora, Raquel tem um tom mais sóbrio. Também é perceptível a mudança na Maria de Fátima. Glória Pires fez da icônica vilã uma menina sonsa e fingida, o que deixava crível a sua facilidade em conquistar as pessoas que a interessavam. Bella Campos optou por algo mais explícito. A malvada agora é cínica, debochada e arrogante. Qualquer um a identificaria como uma interesseira. Embora prejudique a verossimilhança nas conquistas da garota, é uma alteração inteligente para atenuar, pelo menos um pouco, as comparações com o perfil de 1988.
Vale destacar também Paolla Oliveira como Heleninha. Não é fácil interpretar um papel que marcou tanto a carreira da grande Renata Sorrah, mas a atriz está segura em cena e até está com alguns trejeitos da colega, sendo intencional ou não. Sua parceria com Malu Galli, outro nome que preenche a tela, é promissora. Já Eugênio perdeu sua força sem a paixão pelos filmes. Claro que ainda é cedo para maiores avaliações, mas o mordomo começou apagado e suas aparições são burocráticas. Ao menos é um prazer ver Luiz Salém de volta aos folhetins. É preciso citar ainda Belize Pombal, perfeita como Consuelo, e Alice Wegmann, bem à vontade como Solange.
"Vale Tudo" apresentou um ótimo começo e os capítulos exibidos até agora são merecedores de muitos elogios. Aliás, a abertura é um primor, faz uma linda homenagem a Gal Costa e conseguiu superar a original. Mas a novela tem uma dura missão pela frente. Além de angariar a simpatia dos fãs saudosos da versão original e conquistar um novo público, precisa reerguer os índices do horário nobre da Globo, após o fiasco de "Mania de Você", o maior fracasso da história da faixa das nove. Não é uma tarefa fácil e precisa de tempo. Caso mantenha a qualidade vista na primeira semana, é provável que consiga. Resta aguardar.
11 comentários:
Até agora o elenco não está fazendo feio, embora alguns ainda estejam procurando o tom mais adequado. Quais atores da história estão procurando o seu tom ainda?
O que está achando da química da Alice Wegmann com o Humberto Carrão e da Tais Araújo com o Renato Góis?
Não assisto, mas venho de vez em quando agradecer teu carinho lá e deixar abração! chica
Só vi o 1º capítulo, mas está nítido que desta vez temos algo de qualidade no ar. Creio que tenham aprendido a lição e desta vez vão deixar a novela seguir seu fluxo, sem a palhaçada de cortar cenas ou acelerar a edição. Penso que a missão de "Vale Tudo" é recuperar o público que fugiu da faixa por causa de "Mania de Você". Eu acho que consegue uns 25 de média no final, o que já vai ser uma vitória e tanto. Se recuperar os 26 de "Renascer", a Globo já deveria soltar fogos. Agora, 28, duvideodó! ^_^
Parece genial
Até o momento, as cenas veiculadas do remake de "Vale Tudo" superam as das duas antecessoras diretas na faixa das 21h15min, "Renascer" (2024) e "Mania De Você" (2024). Quanto à audiência, creio que as reprises e novelas inéditas previstas têm chances de impulsionar os números do atual folhetim do horário nobre da Globo.
Guilherme
Não vou acompanhar, já vi a original e sei que vai fazer merda com essa "atualização". Tem clássicos que deveriam ficar intocados.
Mas parece que a Globo vive um surto de falta de criatividade, com novelas que são mais palanques para pautas políticas do que para novela. Aí acontece o que está acontecendo, quedas grandes de audiência.
A Globo precisa voltar a fazer novela como antigamente - aquelas que paravam o Brasil, mesmo sabendo que é difícil ser sempre brilhante.
A primeira semana trouxe sim uma sensação de dever cumprido. Foi tudo muito bem planejado e é nítido que eles priorizaram a atualização de perfis, do que a fidelidade a risca.
Porém algumas coisas perdem a força no remake...
Primeiramente que Vale tudo buscava mostrar a a realidade do Brasil, então muitas incoerências deveriam evitadas. O brasil mudou.
Ngm precisa mais viajar pro Rio pra realizar algum sonho, muito menos pra ser influencer.
Outra coisa, quem em 2025 abriria a porta da sua asa pra ajudar uma estranha de outra cidade? em 1988 sim! O rio era outro. Agora não mais.
Débora Bloch vai cagar a novela.
Olha Sérgio vou ser bem sincera do que já tenho visto a bela campos está fraquinha sem sal, não sei não sinto vivacidade na actuação dela, naquela cena do alarme de fogo ela grita socorro com uma falta de fôlego misericórdia, sem falar que parece estar com a mesma expressão en todos os momentos.
Ja a tais araujo estar bem não é nenhuma surpresa ela é uma veterana ja tá nesse negócio a muitos anos tem mais é que fazer um bom trabalho mesmo.
Estou gostando bastante da novela. Manuela Dias tem talento e tanto para fazer o remake.
Boa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Eu ainda não acostumei com as diferenças na Maria de Fátima, realmente preferia mais sonsa do que debochada. Estão dando um tom até engraçado, que não me agrada.E nem estou criticando a atriz e sim a mudança na personagem mesmo
A mudança de personalidade da Maria de Fátima não me convenceu. Essa linha de atuação mais debochada ao invés de sonsa tem sido um tiro no pé. Só que as pessoas tem culpado a Bella Campos, mas essa mudança não partiu apenas dela. Imagino que foi uma decisão conjunta com a autora juntamente com a direção da novela. No entanto, a responsabilidade tem caído em cima da Bella. Eu tenho achado ela bem no papel, apesar de não ser mesmo uma performance incrível. Inclusive, eu queria saber o que você está achando do desempenho da Bella até aqui?
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