A estreia de Lícia Manzo no horário nobre, após as primorosas "A Vida da Gente" e "Sete Vidas", vem sendo o melhor dos presentes. "Um Lugar ao Sol" está no ar há menos de um mês, mas a autora já conseguiu apresentar sua história central com bastante habilidade e, aos poucos, os núcleos paralelos vão surgindo e, também, com vários conflitos bem construídos. Não há cena desnecessária. Tudo tem um sentido ou uma razão para estar ali.
Impressiona como Lícia vem desenvolvendo seu roteiro sem enrolação ou pontas soltas. Todos os núcleos têm uma ligação e as peças acabam se encaixando mais cedo ou mais tarde. A autora está conseguindo contar sua história com dinamismo, apresentando capítulos repletos de acontecimentos e encerrados sempre com ganchos de tirar o fôlego. Como a produção terá apenas 107 capítulos, há uma maior facilidade para evitar a chamada barriga (período de enrolação). Mas, ao mesmo tempo, havia o risco de uma pressa que atrapalharia o entendimento e a densidade do enredo, o que não tem acontecido.
A escritora está mostrando um novo lado até então desconhecido do público que acompanhou suas duas novelas anteriores. Isso porque as já citadas "A Vida da Gente" e "Sete Vidas" não eram folhetins de grandes viradas ou ganchos impactantes. Eram folhetins que retratavam o cotidiano de uma forma delicada e envolvente.