Apenas cinco capítulos restam para o fim de "Beleza Fatal", a primeira novela produzida pela Max, escrita por Raphael Montes e dirigida por Maria de Médicis. O autor provou que sabe fazer um bom folhetim, juntou todos os clichês amplamente vistos no gênero e escalou três atrizes de talento para protagonizá-lo: Camila Pitanga, Giovanna Antonelli e Camila Queiroz.
Os nomes são muito conhecidos e queridos do grande público. Raphael tinha a responsabilidade de presenteá-las com excelentes personagens. A missão foi devidamente cumprida e agora o telespectador vem se deleitando com a performance de um trio que faz jus ao protagonismo da história. Inicialmente, houve uma impressão equivocada a respeito da importância da personagem de Giovanna no enredo, uma vez que as outras duas dominavam bem mais a narrativa. Porém, isso foi diluído ao longo dos capítulos e o equilíbrio de forças aconteceu.
O início da produção é praticamente todo voltado para a figura de Lola (Camila Pitanga), que começa como uma secretária oportunista, vira cúmplice de um crime e logo depois comete um assassinato. Toda a sua volta por cima é dada com a desgraça de sua prima, mãe de Sofia (Camila Queiroz), que é convencida a ficar no lugar de Lola na cadeia. E Camila Pitanga aproveita todo o arco da sua vilã com uma maestria de dar gosto.
A mulher desbocada e grosseirona se transforma em uma perua caricata e repleta de deboche, que esconde suas fragilidades atrás de uma fantasia de vida perfeita. É aquela personagem que produz frases de efeito e cai nas graças do público, principalmente porque passa a integrar um meio repleto de tipos ainda mais canalhas e que ficam em suas mãos por conta de suas armações a chantagens. Um tipo rico financeiramente e dramaticamente. Isso porque Lola inicia "Beleza Fatal" sendo extremamente cruel com a prima e a quase sobrinha, mas ao longo dos capítulos tem suas fraquezas emocionais expostas, o que desperta a empatia de quem assiste. Quando diz que é uma 'sobrevivente' não está necessariamente mentindo. E como Camila fazia falta nas novelas. Sua última trama foi "Velho Chico", em 2016, na Globo, e agora volta com um papel que já é um dos melhores de sua carreira.Após o domínio de Lola na narrativa, a saga da vingança de Sofia é iniciada e se encaminha aos poucos, o que é vital para o telespectador poder comprar todas as suas armações, até porque algumas delas exigem aquela clássica licença poética. E Raphael Montes foi criativo, diante de tantos clichês típicos de produções que exploram o mote da revanche, como o fenômeno da Globo "Avenida Brasil" e a série americana "Revenge". O ator foi transformando Sofia no objeto de sua obsessão, a ponto de criar cenas em que a dita mocinha sente uma perceptível inveja da vilã. Lola inicia cruel e suas fragilidades emocionais a deixam mais humana, mas com Sofia acontece o contrário: as suas fragilidades de caráter a deixam egoísta e até perversa. E Camila Queiroz aproveita o arco dramático de sua personagem com brilhantismo. Os olhares, os sorrisos, a frieza, enfim, tudo vai expondo a mudança daquela mulher que vai matando a sua alma de menina doce, a ponto de passar por cima até de quem diz amar para atingir seus objetivos. Porém, são esses mesmos objetivos que também se alteram. A vingança vai cedendo lugar para uma admiração e até um sentimento maior por sua algoz. Há até uma cena que transborda química entre as atrizes, o que promove uma situação parecida com a que aconteceu no final de "Verdades Secretas 2", no Globoplay. A atriz protagoniza grandes cenas com Camila Pitanga e as duas se complementam em muitos momentos. Outra ótima parceira da intérprete de Sofia é Giovanna Antonelli.
Aliás, Elvira cumpre duas funções novela: o do entrelaçamento com o drama da mocinha, já que também é uma vítima de Lola e da família Argento, e o da comicidade. Giovanna cumpre o objetivo com louvor. Suas cenas dramáticas são tão maravilhosas quanto as engraçadas. É importante lembrar que a atriz não tem muitos perfis cômicos na carreira e o mais recente até então era a deliciosa Paula Terrare, em "Quanto Mais Vida Melhor!", na Globo. Com Elvira, a intérprete pinta e borda ao lado de Augusto Madeira, um parceiro com quem teve química desde a primeira cena. O sofrimento pela perda trágica da filha é transmitido com muita verdade, ao mesmo tempo que diverte sem fazer esforço nas situações impagáveis na pele da falsa vidente, que passou a interpretar para ajudar no plano de vingança da filha. Faz parte de um núcleo que aparenta estar deslocado no começo, mas se integra perfeitamente ao central em uma situação inspirada no filme "Parasita".
"Beleza Fatal" vem provocando uma repercussão bastante positiva e um dos êxitos da obra de Raphael Montes é o trio principal. Camila Pitanga, Giovanna Antonelli e Camila Queiroz honram o protagonismo e conquistam o público.
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