Nesta segunda-feira (31/03), enquanto as atenções da Globo estavam todas voltadas para a estreia do remake de "Vale Tudo", incluindo uma intensa campanha de divulgação, a novela das sete apresentou seu melhor capítulo, com direito a muita ação, catarse e uma virada em praticamente todos os núcleos. "Volta por Cima" apresentou uma sucessão de boas cenas e nem deu para o telespectador se distrair por algum momento.
A novela estava mais tranquila nas últimas semanas e a inevitável barriga (período em que nada de relevante acontece), presente em praticamente todos os folhetins, estava visível. No entanto, Claudia Souto conseguiu disfarçá-la com habilidade e colocou pequenos acontecimentos em cada capítulo. Também evitou que a história começasse a andar em círculos, o que costuma prejudicar qualquer produto que fica muitos meses no ar.
A autora preparou o início da guerra dos contraventores pelos territórios através do racha na família Barros, desde que foi exposto em uma reunião que Gigi (Rodrigo Fagundes) e Marco (Guilherme Weber) eram filhos de Rodolfo (José de Abreu) e que Gerson (Enrique Diaz) não era mais o único herdeiro do poderoso bicheiro.
Foi tudo sendo bem trabalhado até a ação começar e a espera valeu a pena. A direção da equipe de André Câmara proporcionou um conjunto de sequências muito bem realizadas de tomada de território da gangue de Marco, com o apoio do time de Violeta (Isabel Teixeira), o que aterrorizou a Vila Cambucá. Uma qualidade que provocou alívio em um telespectador desanimado diante do cenário atual na Globo, onde cenas de ação quase não são mais realizadas fora do Projac, o que limita a veracidade de muitas cenas. Tanto que foram feitas nas vielas das cidades cenográficas nos Estúdios e ainda assim impressionaram pelo realismo, ao contrário do que ocorria em "Família é Tudo" (produção das sete anterior).O capítulo estava tão inspirado que teve espaço até para a comicidade durante os momentos de tensão, vide o desespero de Osmar (Milhem Cortaz) durante a guerra, que nem sabia manusear uma arma e se borrou de medo assim que atirou acidentalmente. Também foi divertido quando o tio de Madalena (Jéssica Ellen) foi socorrer a sobrinha e acabou esculachado por ela, que tinha acabado de sobreviver a uma explosão ao lado do noivo, Jão (Fabrício Boliveira).
Mas o capítulo ainda teve espaço para outros acontecimentos aguardados e importantes para o roteiro. Violeta finalmente descobriu que sofreu um golpe de Osmar. O atual marido da contraventora agora é o responsável por toda a fortuna da família Castilho e graças a isso conseguiu devolver os cinco milhões para Doralice (Tereza Seiblitz). A vilã surtou de ódio e teve que ouvir que estava apenas recebendo o troco, após ter se apossado do dinheiro da loteria que Osmar tinha furtado da irmã. A cena foi defendida com brilhantismo por Isabel Teixeira e Milhem Cortaz, dois atores viscerais e que sempre mergulham de cabeça em qualquer situação. Aquele embate ainda tinha uma simbologia porque Violeta era dominada pelo filho, Renato (Rodrigo Garcia), e tinha conquistado sua liberdade com a morte do único herdeiro. Agora se vê presa novamente a outro homem, ao mesmo tempo que é vítima de seus próprios atos.
Vale destacar ainda outro grande momento quando Ruth ameaçou matar Rodolfo em um ato de desespero, mas acabou desarmada pelo filho. A cena foi curta, mas destacou o talento de José de Abreu, Guilherme Weber e Lucinha Lins, que entrou recentemente na trama e sempre rouba a cena quando aparece. Que falta a atriz nas novelas e na Globo. Merece ser logo escalada para outra trama e presente do início ao fim. Também é preciso citar o último ato do capítulo, após uma passagem de tempo que mostrou Madá e Jão construindo uma casa que será a morada dos mocinhos depois do casamento. O início do parto de Carla (Pri Helena), que promoverá uma guerra pela posse da criança, diante da obsessão de Violeta pelo neto.
"Volta por Cima" entrou em sua reta final e Claudia Souto soube anunciar a mudança de fase da novela da melhor forma possível. Um capítulo digno de nota dez.
7 comentários:
achei ótima ideia entregar no dia da estreia de vale tudo um grande capítulo de volta por cima. gosto muito dessa novela. e sim, q capítulo, mereceu mesmo uma postagem especial. já estou com saudades. gosto muito q hj em dia as cenas de ação são bem mais realistas. a record q começou a subir o nível há tanto tempo atrás e passou a ser copiada. sim, foi a semana q o casal improvável engatou romance, a mãe da madá e o funcionário da empresa de ônibus. mas teve tb o chá revelação do pai do bebê. foi impactante e recente esse capítulo icônico. ladrão q rouba ladrão... violeta sentiu na pele o golpe q fez no marido anteriormente. a novela fala com maestria sobre masculinidade, machismo. boa parte dos homens são responsáveis afetivamente com suas parceiras. beijos, pedrita
Ótimas considerações, principalmente sobre o talento de Lucinha Lins que estava esquecida e agora pode mostrar o quanto faz falta.
Linda semana Sérgio!
Quando essa novela começou eu me interessei por ela por causa de entrevista dada pela autora, a uma publicação semanal. Infelizmente eu não pude acompanhar todos os capítulos, mas o que eu vi já valeram.
Beijão
Genial. Te mando un beso.
Amei essa novela desde o 1° dia! Ótimo texto.
Parece que foi um capítulo formidável de ser assistido.
Boa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
É uma novela gostosa e sempre com bons ganchos, mas de fato é muito lenta e tem um ritmo bem vagaroso. Só em alguns momentos esporádicos conseguiu uma perfeita movimentação e guinada. Acho que a trama dos anabolizantes se estendeu por tempo demasiado. Desde o começo esse plot foi inserido e só na reta final está sendo desdobrado. Também não gostei da falsa virada em relação a Tati depois do capítulo 100. A autora mudou o visual da personagem e deu a entender que daria início à uma nova fase fria e vilanesca da adolescente. Mas não passou de uma propaganda enganosa em torno da irmã da Madá. A história dela só tem andando em círculos e a personagem tem pagado de sonsa. Já Madalena é uma mocinha excepcional. Exala muita personalidade e não baixa a guarda para ninguém. Mantém a ética, mas não faz uso de discursos moralistas. Acho que supera a Sol de Vai na Fé e muitas outras mocinhas. Apesar de ser uma novela tão gostosa e com muita representatividade, não sinto aquela louca afeição. É infinitamente melhor do que Pega Pega e Cara e Coragem, mas me causa uma certa indiferença assim como as outras novelas de Cláudia Souto.
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