"Além do Horizonte" precisa melhorar muito para encontrar a felicidade

A situação não é nada boa na nova novela das sete. A trama dos estreantes Carlos Gregório e Marcos Bernstein estreou com preocupantes 24 pontos e os números foram diminuindo ao longos dos capítulos ---- tem variado entre 18 e 20 pontos, índices críticos, mesmo levando em consideração o temido horário de verão. E por tudo o que tem sido visto, uma coisa é clara: se "Além do Horizonte" continuar do jeito que está, dificilmente conseguirá conquistar o telespectador e, consequentemente, alavancar o ibope.

O mistério que envolve a trama central era o único real atrativo da novela, que apresenta, em sua grande maioria, personagens desinteressantes e histórias soltas. Porém, o suspense que cerca o núcleo principal --- em cima das pessoas que 'desapareceram' e da suposta besta que vive na floresta --- não consegue se sustentar por muito tempo e acaba cansando quem assiste. O tal caminho em busca da felicidade tem proporcionado momentos entediantes e os 'perigos' vivenciados por Paulinha (Christiana Ubach) e Marlon (Rodrigo Simas, bem no papel) lembram as matérias sobre Amazônia do "Globo Repórter".

Os núcleos paralelos parecem que foram criados com o único objetivo de enrolar o telespectador, enquanto os enigmas que envolvem os protagonistas não são desvendados. Tapiré, cidadezinha perto do local onde a temida besta costuma matar quem invade seu território, apresenta alguns personagens pretensamente
cômicos e outros dramáticos, entretanto, quase nada ali funciona. Não demorou muito para tipos como Ana Selma (Luciana Paes), José João (Tiago Homci), João José (Diego Homci) e Celina (Mariana Rios) cansarem. Já Kléber (Marcello Novaes), Ana Rita (Mariana Xavier) e Klaus (Isaac Bardavid) são perfis mais interessantes, porém, as situações que os envolvem não atraem. A grata surpresa fica por conta do menino JP Rufino, que interpreta o assustado Nilson com muita naturalidade.

Alexandre Borges (Thomaz), Flávia Alessandra (Heloísa) e Caco Ciocler (André) não fazem feio, no entanto, seus personagens escondem tantas características que fica praticamente impossível se interessar por eles. Uma boa dose de mistério é sempre bem-vinda para gerar enigmas, mas não se pode abusar desse recurso, principalmente em cima perfis que são vitais para o desenvolvimento da história; caso contrário, o público perde a paciência e desiste. Para culminar, até agora não houve nenhum tipo de conflito ou drama na vida deles, o que dificulta ainda mais a composição dos atores. E também é importante citar o quão é decepcionante ver a grande Maria Luísa Mendonça novamente interpretando uma mulher descompensada e ciumenta.

Fica claro que a temática central da novela seria muito melhor desenvolvida em uma série. Afinal, não haveria a necessidade da criação de núcleos inúteis e todo o foco seria em cima da busca pela tal felicidade e do desaparecimento dos familiares dos protagonistas. Também é difícil de imaginar como os autores conseguirão manter o suspense e a trama por tantos meses, uma vez que o contexto já começou a cansar com apenas duas semanas de história. Aliás, a falta de ritmo é outro problema. Nada de relevante aconteceu até agora e a novela se arrasta. Difícil fidelizar o público assim.

E o elenco fraco ajuda a piorar esse conjunto desanimador. Além de ter poucos nomes de peso no time, Thiago Rodrigues (William), Vinícius Tardio (Rafa) e Christiana Ubach  jamais deveriam ter sido escalados para protagonistas e a cada capítulo exibido o erro das escolhas vai ficando mais evidente. O trio não transmite emoção e nem consegue mudar as expressões faciais. Outro ator que peca pela inexperiência é Igor Angelkorte (Marcelo), que vive o noivo da mocinha.

Mas entre tantos problemas que precisam ser solucionados com urgência, há um acerto: Lili. A mocinha é voluntariosa, engraçada, ativa, não tem medo de cara feia e Juliana Paiva está a interpretando muito bem. Sua desenvoltura e seu carisma engrandeceram ainda mais a personagem, que é muito bem escrita e construída. Porém, apesar de ótima no papel, ela não consegue sustentar sozinha a trama e nem é capaz de prender o interesse do telespectador.

É muito válido quando a teledramaturgia tenta sair da mesmice e ousa; entretanto, é preciso ter bom senso e contar uma boa história. Não adianta fugir do óbvio e dos clichês se não houver uma estrutura atraente para sustentar as inovações, incluindo ótimos personagens. "Além do Horizonte" arriscou demais e não conseguiu criar um conjunto que despertasse a atenção do telespectador. O resultado é a forte rejeição sofrida, o baixo ibope e uma história infestada de problemas. A nova novela das sete precisará mudar muito para melhorar e consertar o que não está funcionando, caso contrário, o tão citado caminho para felicidade nunca será descoberto.