quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Com mais um vilão em seu currículo, José de Abreu brilha em "Joia Rara"

Após o sucesso estrondoso em "Avenida Brasil" (2012), onde viveu o sarcástico Nilo, José de Abreu ganhou um outro vilão em "Joia Rara". E interpretar dois vilões seguidamente é um risco para qualquer profissional, que fica muito mais suscetível a repetições e ainda pode ficar estigmatizado como intérprete de um tipo só. Entretanto, o ator conseguiu driblar todas as armadilhas e vem se destacando na pele do poderoso Ernest Hauser.


É bem verdade que esse vilão é bem diferente do Nilo. O antigo personagem era um homem sofrido, que virou catador de lixo e passou a explorar crianças após sofrer inúmeras decepções na vida. O ex de Lucinda (Vera Holtz) ainda tinha uma gargalhada clássica, era covarde e abusava do sarcasmo para debochar dos outros. Já o dono da Fundição e da joalheria Hauser é um rico empresário, tem forte influência, não tolera comunistas, abusa do preconceito e faz o que for necessário para atingir seus objetivos.

Porém, mesmo sendo perfis tão diferentes, José de Abreu corria o risco de não conseguir se livrar (em tão pouco tempo) de alguns trejeitos do marcante Nilo e prejudicar a composição do seu atual personagem.
Mas, com o talento que tem, o ator convenceu assim que surgiu em cena, no primeiro capítulo da novela, e mostrou que Ernest seria muito bem defendido por ele ao longo da história.

O grande vilão de "Joia Rara" já armou para a esposa do filho (Franz - Bruno Gagliasso) ir para a cadeia ---- onde ficou presa injustamente por 10 anos ----, tentou obrigar a filha (Hilda - Luiza Valdetaro) a se casar com um rapaz com sérios desvios de caráter e que ela não amava, não tolera o gosto do seu outro filho (Viktor - Rafael Cardoso) por pintura, chantageou Iolanda (Carolina Dieckmann) para que se casasse com ele, e ainda foi o responsável pela injusta condenação do pai de Silvia (Nathalia Dill), que acabou pagando por um crime que foi ----- ao que tudo indica ----- de autoria de Ernest. Também tentou prejudicar a campanha eleitoral de Mundo (Domingos Montagner), entre tantas outras atitudes desprezíveis.

Entretanto, o personagem tem uma ambiguidade. O seu lado humano floresce quando está com Pérola (Mel Maia). Ernest realmente ama muito a neta e esse forte sentimento fica evidente em todos os momentos. E o amor ficou mais evidenciado na forte cena onde a garotinha dá uma verdadeira lição de moral no avô, deixando claro que não toleraria mais brigas entre ele e sua mãe (Amélia - Bianca Bin). O vilão caiu no choro e entrou em desespero quando viu a menina ir embora magoada. O telespectador viu as posições se inverterem, onde a criança era a adulta e o adulto a criança.

Outro fator que explora a humanização de Ernest é o carinho que sente por Franz. Ele ama o filho, da sua maneira torta, mas ama. Ao contrário do que demonstra sentir por Viktor e Hilda (além de Mandred, o filho bastardo), que nunca recebem um gesto de carinho ou atenção do pai. O que não acontecia com o protagonista. 'Acontecia' porque Franz descobriu que seu pai não vale nada, rompeu relações e ainda testemunhou contra ele, o acusando de ter sido o responsável pela tentativa de caluniar Mundo. E a atitude feriu o vilão, que não escondeu a mágoa, transparecendo novamente seu sentimento por Franz.

Já a cena em que Ernest humilha Manfred e o proíbe de contar toda a verdade sobre sua origem, expôs a crueldade de Ernest para com o filho rejeitado, ao mesmo tempo que evidenciou o medo que ele sente de ser odiado ainda mais pelo marido de Amélia e perder de vez o pouco do respeito que o mocinho tem por ele.

E toda a dubiedade do papel está sendo magnificamente vivida pelo ator. José de Abreu deixa todas as suas cenas grandiosas e protagoniza ótimas sequências com Bruno Gagliasso, Carolina Dieckmann, Ana Lucia Torre, Carmo Dalla Vechia, Bianca Bin, Leopoldo Pacheco, Luiza Valdetaro, Nathalia Dill,  Rafael Cardoso, Mel Maia e Domingos Montanger. É também importante ressaltar que, apesar de ter uma certa ambiguidade, o personagem é um clássico vilão de novela e lembra um pouco o Barão de Araruna, interpretado magistralmente por Osmar Prado no remake de "Sinhá Moça".

Ernest Hauser, como não poderia deixar de ser, é um dos melhores personagens de "Joia Rara" e as autoras --- Duca Rachid e Thelma Guedes --- foram felizes na escalação de José de Abreu, apesar dos riscos que correram. O resultado é mais um grande desempenho do ator, que brilhou no horário nobre em 2012 e agora está fazendo bonito no horário das seis.

33 comentários:

Kaká disse...

Olá, Sérgio. Parabéns pelo seu artigo. Mais uma vez você disse tudo. O personagem Ernest Hauser é um dos mais interessantes de Joia Rara - que aliás, está numa ótima fase -, pois apresenta diversas facetas, além de ter se envolvido em praticamente todas as demais tramas da novela. E José de Abreu realmente está sensacional, convencendo em todas as sequências, desde as mais cruéis - as em que humilha o Manfred, por exemplo, quanto às mais sensíveis - como na conversa com a neta. Realmente, foi o papel certo para o ator certo. Abraços.

Zilani Célia disse...

OI SÉRGIO!
JOSÉ DE ABREU SÓ PROVA O GRANDE ATOR QUE É, TENDO FEITO SUCESSO EM 2012, EMPLACA AGORA, NO ANO SEGUINTE, COM OUTRO.
MUITO BOM DE SE LER TEU POST.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Filha do Rei disse...

Sérgio, realmente, tua análise é brilhante. José de Abreu mostrou que sabe o que faz, pois eu não consigo ver no atual personagem o anterior.Ele poderia ter trazido algo do Nilo,mas ele soube reconhecer a essência de Ernest.
Sérgio, dias brilhantes para ti.Bjs

MARILENE disse...

Suas considerações são ótimas. Ele é um grande ator e está dando vida à novela. Ao mesmo tempo em que é tão carinhoso com a neta, mostra-se terrível com o filho bastardo.
Sergio, desejo-lhe um excelente Natal, ao lado dos que lhe são queridos. Bjs.

Thallys Bruno Almeida disse...

Só um super ator como José de Abreu pra dar credibilidade a dois vilões distintos em menos de 1 ano entre cada novela.

Ernest é o típico sujeito desprezível. Canalhocrata, nazista, ambicioso, arrogante, frio, cruel, mas que ainda assim consegue sentir amor sincero pela neta e preocupação com o filho, ainda que queira tentar impedir sua felicidade ao lado de Amélia. Mesmo uma dessas maldades lembrando algo parecido com Chocolate Com Pimenta (Conde Klaus ganhando a aposta e casando com Celina -> Ernest ganhando aposta e casando com Iolanda), cada armação que Ernest apronta é bem construída pelas autoras e ganha uma vida impressionante na mão do Zé. E a facilidade com que ele consegue isso é um símbolo da grandiosidade dele.

Mas, mesmo no artigo dedicado ao Zé de Abreu, me sinto à vontade pra falar sobre outros aspectos de Joia Rara. A entrada da Ana Cecília Costa deu um novo fôlego à trama, que na verdade já vinha apresentando uma certa melhora há algumas semanas atrás. A caracterização do retorno de Gaia impressiona pela magreza e o visual masculinizado que retratam o quanto ela sofreu. E ela e a Luiza Valdetaro protagonizaram uma sequência tão emocionante que dava pra ao mesmo tempo sentir pena e torcer pelas duas, ficar dividido, sem conseguir escolher uma por quem torcer.

E tem uma coisa que eu vi, quando vc respondeu que "não vê nada demais na Iolanda". Respeito tua visão, mas é algo que não consigo entender. Vejo a Iolanda muito além de uma mocinha sofredora triste. Ela sempre mostrou que não se dobraria ao Ernest. Sempre dava um jeito de fugir daquela vida e encontrar a felicidade ao lado do Toni. Sempre enfrentou a empáfia da Gertrude. Isso sem contar que considero a atuação da Carolina Dieckmann uma das melhores da carreira dela. Pra mim, talvez seja sua melhor mocinha. Uma personagem, pra mim, mais interessante do que Amélia (e isso porque eu enfim tô gostando de uma personagem e atuação da Bianca Bin). Esta transparece não sofrer tanto, mas tem mostrado menos atitude. Acho uma personagem maravilhosa e, pra mim, a melhor protagonista da novela.

Outra coisa: tenho visto que vc não fala muito sobre a repetição de personagens da Tânia Khalil (caso que pra mim é bem parecido com o da Fernanda Vasconcellos - lá vou eu falar dela de novo...). Da forma como vc falava na época de SB, fica parecendo que o caso da Fernanda é sempre mais grave do que qualquer outra atriz que sofra disso (e sim, eu sei que vc tem simpatia por ela e elogiou os dois trabalhos, mas não deixa de ser uma impressão). Pra mim, isso é o chamado dois pesos e duas medidas que vc costuma criticar quando falam de Amor à Vida. Mesmo a Flávia Alessandra que tem mais papeis diferentes vem sofrendo do mesmo mal (duas mulheres sofridas seguidas, ou três se considerar a Naomi humana de M&A).

Por fim, respeito sua predileção por Amor à Vida, mas Joia Rara tem me dado muito mais motivos para ser considerada a melhor novela global no ar atualmente. Simplesmente porque as autoras têm carinho pelos seus personagens, mantém suas essências e só fazem alterações quando é estritamente necessário, ao contrário do que vem acontecendo, por exemplo, com essa fase atual de vendedor de hot-dog do Félix na qual não vejo a mínima graça e que não tem nada a ver com o Félix que eu conheci (o que roubou a Paulinha, o que roubou o hospital, o que planejou o sequestro da menina com o Ninho, etc). Abç!

Thallys Bruno Almeida disse...

*dois trabalhos = recentes trabalhos em AVDG e SB

Sérgio Santos disse...

Muito obrigado, Kaká! O José está fantástico mesmo e o papel caiu feio uma luva pra ele. Abraços!

Sérgio Santos disse...

Muito obrigado, Zilani! Concordo com vc! Bjão!

Sérgio Santos disse...

É verdade, Marilene. O personagem é ótimo e o ator idem! Não vou te desejar bom Natal pq ainda nos falaremos antes disso. rs bjsssss

~ Starseed ~ disse...

Só esperamos que ele não seja atacado na rua, quando ouvi dizer que tem gente que leva novelas tão à sério que os atores vilões correm até risco achei engraçado.

Ele trabalha muito bem!

Beijos, tenha um ótimo fim de semana!

Sérgio Santos disse...

Bem, Thallys, vc não consegue entender, paciência. Eu realmente não vejo nada demais na Iolanda, o que não significa que eu não esteja achando a Carolina excelente no papel. Eu sei diferenciar as coisas. E é uma das melhores interpretações dela, independente do meu gosto por ela.

Desculpa, mas talvez vc não tenha lido, mas eu falei várias vezes sobre a repetição da Tãnia Kalill. Aliás, vc chegou a dizer que não considerava mais repetição pq ela "foi pra um lado vilanesco". E é bom citar isso tb, ela sempre foi uma mulher íntegra e correta e acabou fazendo aquilo com o Mundo. Poderia usar esse argumento cansativo de "mudança de personalidade e mimimi". Mas não vi nada demais nisso e continuo achando a personagem repetitiva, mas não falo isso 500 vezes pra não parecer um disco quebrado. Sobre a Fernanda não vou falar, pq não aguento mais esse assunto. E na época eu tb não repetia isso toda hora no Twitter. Aqui sim eu repetia pq me faziam repetir, é diferente.

E desculpa, mas eu não tenho dois pesos e duas medidas. Não faço o que critico nos outros. A Flavia vem sofrendo disso da repetição mesmo, mas o que tem a ver Salve Jorge e Além do Horizonte com isso? E eu falei disso tb, mas não preciso falar toda hora.

E vc pode gostar de JR à vontade, sem problemas, eu tb gosto. Mas isso de que o Félix mudou não cola, perdão. Tudo está sendo muito bem conduzido, inclusive na cena de hoje quando na conversa com a Glauce ele mostrou que continua tendo sérios desvios. Se tivesse virado um santo, iria contar tudo pro Bruno. E vc não acha graça, ok, eu acho e muita gente tb. Gosto é gosto.

Hj não vi o capítulo de JR, mas vi algumas cenas no site mais tarde, inclusive a cena do Décio com um xale de mulher passando vergonha na rua. Isso é uma típica situação do Walcyr e eu não estou criticando, mas imagino que todos que odeiam nas novelas do autor devem ter achado ótimo na delas. Isso é dois pesos e duas medidas.

Sobre a Ana Cecilia, eu concordo integralmente, mas a chegada dela só movimentou a trama da Hilda, que estava estagnada. Em relação ao contexto geral, nada interferiu. abçs.

Sérgio Santos disse...

Cléu, obrigado. Realmente ele não trouxe nada do Ernest e isso é talento. Dias ótimos pra vc também. Bjsssss

Sérgio Santos disse...

Vega, hoje em dia isso é mais difícil, embora ainda tenha gente que transmite o ódio do personagem para o ator, principalmente nas redes sociais. E o José está mt bem mesmo. Bjs e boa sexta.

Thallys Bruno Almeida disse...

Eu tava sim gostando da faceta vilã que deram pra Dália se aliando ao Ernest e falei isso sim. Só que eu tô vendo que durou mto pouco.

eder ribeiro disse...

Sérgio, isso demonstra a qualidade de José de Abreu como ator. Abçs.

Fabrício disse...

Ele é um grande ator e o Ernest é um grande personagem. Mas eu penso como você, não vejo nada demais nessa novela. É um amontoado de clichês e a história não empolga.

Felisberto T. Nagata disse...
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Felisberto T. Nagata disse...

Olá!Bom dia,Sérgio!
sim, parabéns pela sua análise, vc bem disse a verdade, é dificil a compreensão , quando um ator interpreta,de forma simultânea, dois personagens "parecidos"... passa até a ser estigmatizado, uma marca que sempre inferioriza ou exclui. Porém, num cenário marcado pelo culto à juventude e à beleza, quem tem talento,sobressai...é o caso do ótimo José Abreu...
Agradeço, obrigado,belo final de semana,abraços!

Anônimo disse...

Sérgio, concordo sobre o Zé de Abreu! E seu comentário sobre a Tânia Khalill é correto. A coitada ganhou mais uma personagem igual e até o homem que a rejeita é o mesmo. Cadê a criatividade dessa gente? E eu concordo com você também sobre o Félix. Esses cricríticos de Amor à Vida já perderam a credibilidade há muuuuuuuuuuuito tempo!!!!!!



Carla M.

Unknown disse...

Sérgio, também acho excelente a interpretação do José de Abreu. Ernest é um vilão que a seu modo ama Pérola e Franz e muitas vezes se torna refém deste amor.
Gostei muito da volta da Gaia e da formação do triângulo amoroso entre ela, Toni e Hilda. As atuações de Ana Cecilia Costa , Thiago Lacerda e Luiza Valdetaro são dignas de todos os elogios.

Flávia disse...

Ele é um grande ator, Sérgio! Mas a novela tem me decepcionado. Ontem li que a Silvia vai morrer por causa do fracasso do triângulo amoroso que as autoras criaram e porque elas adiantaram a história devido ao fracasso no IBOPE. O núcleo do Franz tá parecido com Cordel Encantado e a Aurora nem aparece mais no Cabaré. Beijo.

Anônimo disse...

Essa é a sua opinião!

Chris Ferreira disse...

OI Sérgio, a novela Jóia Rar é muito boa na minha opinião, apesar de eu conseguir ver poucos capítulos devido ao horário. O José de Abreu é um excelente ator e está ótimo na pele desse vilão.
Adorei o seu post.

beijos
Chris
Inventando com a Mamãe

Uma Interessante Vida disse...

Eu não estou vendo esta novela, Sérgio, mas suas impressões ficaram ótimas. beijinhos

Sérgio Santos disse...

Verdade, Eder. abç

Sérgio Santos disse...

Obrigado pelo comentário, Fabrício. abçs

Sérgio Santos disse...

Felis, apesar de serem tipos distintos, o ator coria riscos porque era outro vilão. Mas ele está ótimo. abç

Sérgio Santos disse...

Oi Carla, obrigado. Tânia Khalill não tem tido sorte em seus papeis. Realmente falta criatividade dos autores. E muitas das críticas a AAV são facilmente rebatidas. A novela não tem feito por merecer pedradas. Bjs

Sérgio Santos disse...

O ator está ótimo, Elvira. E o Ernest é um grande personagem. Tb gostei da volta da Gaia, principalmente pela Ana Cecília, que só é valorizada pelas autoras.Bjs

Sérgio Santos disse...

Flávia, concordo com vc sobre o núcleo central lembrar o de Cordel Encantado e sobre a perda da importância do Cabaré, mas essa nota da Silvia não procede. Ela não vai morrer e voltará depois. Bjs

Sérgio Santos disse...

Ah vá, anônimo, jura que o texto que eu escrevi tem a minha opinião????

Sérgio Santos disse...

Obrigado pelo cometário, Chris. Bjssss

Sérgio Santos disse...

Barbie, boa semana. bjs