terça-feira, 27 de agosto de 2013

Ao confrontar aborto com religião, Walcyr Carrasco novamente ousa em "Amor à Vida"

Ainda no início de "Amor à Vida", ocorreu um certo descontentamento em relação ao assunto 'aborto'. A cena em que César (Antônio Fagundes) condenou a prática e levantou a bandeira do 'direito à vida', quando uma paciente disse que queria abortar, foi criticada por alguns setores da imprensa. Alegaram que o debate sobre esse polêmico assunto foi enfraquecido porque não apresentaram o outro lado para o público. Entretanto, na última semana, Walcyr Carrasco exibiu uma cena ousada e que foi extremamente benéfica para a discussão.


Pérsio (Mouhamed Harfouch) se recusou a atender uma paciente quando soube que ela estava sendo internada porque tinha provocado um aborto. Rebeca (Paula Braun) e a equipe tiveram que socorrê-la sem ele, mas a mulher acabou não resistindo. Após a morte, houve um diálogo entre a médica e Lutero (Ary Fontoura) sobre o controverso assunto: "Ela fez um aborto ilegal e muito mal feito. É uma tristeza isso. Essa é uma das principais causas da morte de mulheres nesse país." "Mulheres mais pobres, né? Porque as ricas procuram clínicas ilegais caríssimas e ninguém fica sabendo. Como se existissem duas leis: uma pra rica e uma pra pobre." "Infelizmente o aborto ilegal virou caso de saúde pública." 

O texto foi didático, mas muito necessário para esclarecer algumas dúvidas que ainda permanecem na mente de várias pessoas. Como já foi dito aqui, novela não é para ser educativa, porém, pode ter essa função caso beneficie o contexto da história. E foi exatamente essa a questão. Como se não bastasse a temática levantada, o autor ainda inseriu o fanatismo religioso na situação. Pérsio é muçulmano e não tolera
essa prática. O personagem tentou se explicar usando argumentos muito semelhantes aos utilizados por católicos e evangélicos que são contra o aborto: "Eu me recuso a atender uma paciente, uma mulher, que atentou contra a vida do próprio bebê. Isso é contra as leis divinas. Me recuso a atender uma pecadora." 

Além de inserir o delicado assunto em relação aos que são 'contra ou a favor' à descriminalização do aborto, Walcyr ainda expôs a questão da religiosidade, que por sua vez é o grande empecilho para Pérsio e Rebeca (uma judia) se relacionarem. Muçulmanos e judeus têm um histórico de rivalidade, o que acaba causando esse 'estranhamento' no quase casal. 

Mouhamed Harfouch e Paula Braun aproveitaram a pequena oportunidade e se destacaram positivamente. Os dois conseguiram expor os conflitos e as divergências que seus personagens estavam tendo com competência. Já Ary Fontoura, como de costume, foi magistral. A cena em questão foi curta, mas acabou sendo útil tanto na ficção quanto na 'realidade'. 

É bom também ressaltar que na época em que César condenou o aborto, o telespectador ainda não sabia que o personagem não era um poço de virtudes. Com o tempo, sua infidelidade, seu passado obscuro e sua homofobia foram ficando cada vez mais sublinhados. Ou seja, será que o autor quis mostrar a hipocrisia que reina em algumas pessoas que condenam certas 'práticas', enquanto cometem atos nada íntegros? Talvez sim, talvez não, difícil saber o que se passa na cabeça de uma pessoa, porém, fica a dúvida. E é importante lembrar que todos têm o direito de defender seus pontos de vista, inclusive o escritor de uma obra, sendo pró ou contra a uma determinada questão.

A verdade é que "Amor à Vida" segue presenteando o público com excelentes cenas, ótimas atuações e grandes desdobramentos. A rápida sequência protagonizada por dois pequenos personagens serviu para tocar o dedo em uma ferida que ainda está longe de ser cicatrizada, além de enriquecer a trama de Pérsio e Rebeca. Walcyr Carrasco mais uma vez merece o reconhecimento pela ousadia de sua novela. 

42 comentários:

MARILENE disse...

Você abordou um aspecto relevante da novela. Gostei muito da curta participação do Dr. Lutero nas cenas. Os atores passaram verdade em suas falas e existe, de fato, essa dificuldade de entendimento entre os que professam crenças distintas. Ainda se vai discutir bastante essa questão do aborto (não na novela), mas sabemos que os posicionamentos não são fundados em verdades absolutas e, em alguns casos, visam benefícios pessoais (políticos). Bjs.

chica disse...

Cenas fortes, momentos de tensão e bem abordados na trama! Gostei! abraços,chica

A Viajante disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
A Viajante disse...

Poucas são as cenas em que a questão da saúde pública aparecem na novela, que, diga-se de passagem, se passa, quase que totalmente dentro de salas de reunião, elevadores e lanchonete do hospital.
Me desculpe, Sérgio, mas não acredito que esta cena, em mil, que há um diálogo didático e esclarecedor sobre o aborto seja suficiente para dar conta de chamar a atenção dos telespectadores sobre os problemas na saúde pública no Brasil.
Talvez a novela não devesse abarcar mais uma temática, já que resolveu discutir tantos outros: Lupus, Autismo, Gestão Hospitalar, paternidade, câncer... nossa, é muito!
Penso que as questões de saúde não estão sendo trabalhadas com ética, nesta novela.
Tem um seriado americano que o hospital é o pano de fundo para as relações, mas as relações são tratadas à parte, quando os integrantes da equipe não estão de plantão... enfim, o autor deveria repensar o formato, sob pena de causar mais polêmicas no horário nobre.
De forma distanciada vejo que a medicina e a postura dos médicos da novela não condizem [oremos] com a realidade nos hospitais. Beijo, querido!

Letícia disse...

Bom dia Sérgio,

o tema em questão é bastante polêmico e levanta muitas discussões. Apesar da questão ser discutida rapidamente, mas algo que leve a pensar. Pessoalmente acho a questão do aborto muito complexa, temos que pensar em nível de saúde pública, e neste aspecto sou a favor que exista clínicas de aborto, mesmo achando lamentável que exista. Sei que parece contraditório, mas posso me explicar. O número de mulheres que se submetem a ele é muito grande e uma parte significativa, infelizmente, pode ter sequelas, em alguns casos levando à óbito, principalmente para quem se submete aos carniceiros que existem por aí.

Acredito Sérgio, que o grande problema é que ainda vivemos em uma sociedade bastante hipócrita e que ainda insiste em viver em um mundo cor de rosa, onde tudo parece perfeito. Esquecem que nada é perfeito e que uma gravidez é responsabilidade tanto das mulheres quando dos homens. Saber se cuidar e cuidar do outro é fundamental, saber que o sexo requer responsabilidade. O ideal seria viver em um mundo em que não houvesse a ideia do aborto, mas a realidade é outra infelizmente. E no Brasil é um caso de saúde pública, o Estado faz campanhas para o uso de métodos anticonceptivos, mas poderia ser mais efetivo, mas, também, é preciso a conscientização da população, tanto as mulheres quando os homens precisam ser conscientes que precisam ser cuidar, é o básico, e não é uma questão apenas de gravidez indesejável, mas de DST também.

Infelizmente, muitas mulheres acabam vítimas disso. E fingir que o problema não existe, ou pior julgar quem acaba optando por fazer um aborto, não sabendo principalmente o que leva aquela mulher a isso, ou pior ainda se achar melhor que o outro por ser gritar aos quatros cantos que é contra. Ninguém acorda pela manhã, feliz da vida e opta por isso, ao contrário é algo que traz muita dor, que é muito triste.

O Walcyr fez bem em abordar o tema, mesmo não se aprofundando no assunto, afinal de contas foi uma passagem rápida, na novela, mas mostrou um pouco da realidade que adoramos fingir que não existe.

Desculpa, mil desculpas Sérgio por usar seu espaço para mostrar meu ponto de vista, sei que muitos não irão concordar e respeito isso, sei que pode até ocorrer alguma polêmica, mas peço perdão por isso. Apenas é minha visão das coisas.

Um abraço Sérgio.

Unknown disse...

Também gostei da cena do não-atendimento da paciente pelo dr. Pérsio e das consequências. E, ontem, com a exigência da mãe dele, a Priscila, para o seu retorno à equipe médica, assistimos a outras boas sequências. Palmas para Harfouch, Paula, Ary e Cristina.
Na cena do início da trama, citada por você, Sérgio, acredito que o autor quis mostrar a hipocrisia do dr. César, ou, então, criticar o posicionamento de alguns setores da sociedade sobre o polêmico tema do aborto.

Thallys Bruno Almeida disse...

Bem, Sérgio, é bastante louvável a iniciativa do Walcyr de quebrar todos esses paradigmas e abordar a dualidade entre ética médica x dogmas religiosos, sendo que dou um destaque especial a Mohamed e à Paula pelo destaque que obtiveram (até porque de Ary Fontoura a gente nem precisa falar muito).

Só espero que essa trama tenha o desenvolvimento que merece e não seja só mais uma deixada pelo caminho como o autismo da Linda (Bruna Linzmeyer), sobre o qual o Fantástico inclusive antecipou o quadro do Drauzio Varella; e o câncer da Nicole (Marina Ruy Barbosa) que virou uma trama espiritualista incompatível com a temática realista de AAV.

São tantas tramas de impacto que prometem bastante, mas que poderiam render ainda mais caso não perdessem tempo com Michel/Patrícia/Guto/Perséfone (e sejamos francos, nem a volta do Márcio Garcia animou aquilo). Mas confio no Walcyr e torço para que a trama de Pérsio-Rebeca seja abordada com o espaço merecido, já que só vai acabar em Janeiro. Abçs!

Uma correção: não houve esticamento nenhum em AAV. A Kogut errou. A trama do Maneco, desde o início, sempre foi cogitada pro dia 20/Jan.

Anônimo disse...

Também acho muito bom o autor tocar nesses assuntos, acho que ele está conduzindo tudo muito bem, com calma, até mesmo pelo fato de se tratar de uma obra que a princípio é voltada para um público leigo. Concordo que novelas basicamente servem para entreter, mas quando é conveniente, alguns debates valem a pena. Principalmente quando há o propósito de esclarecer o telespectador.

Bjs Sérgio e boa semana.

Milene Lima disse...

Eu não tinha assistido a cena em que ele se recusou a atender, daí ontem fiquei voando. Agora compreendi tudinho.

Sou uma pessoa temporariamente sem PC.

Beijo, Sergio.

Equipe Carlos Hamilton disse...

Não acompanho novelas ha algum tempo. Mas passei para deixar-lhe um abraço e agradecer a sua presença sempre lá na minha sala.

Abraços

Uma Interessante Vida disse...

Poxa, Sérgio, apesar de eu acompanhar esta novela, perdi este capítulo, mas gostei da forma como você tratou do assunto... beijinhos

Vera Lúcia disse...


Olá Sérgio,

A questão do aborto é muito polêmica e não há espaço na novela para abrir-se leque para este tipo de discussão. A menção foi oportuna, principalmente por trazer à baila o fanatismo religioso, que é uma questão que merece ser trabalhada e repensada pelas crenças que o abraçam. Um médico jamais poderia deixar de atender um paciente por qualquer motivo, já que sua missão é salvar vidas. A cena mencionada também foi útil por mostrar o perigo de um aborto, notadamente quando praticado sem escrúpulos e cuidados adequados.

Continuo apreciando a novela, embora alguns núcleos estejam ficando mais apagados, à exemplo da trama que envolveu a Nicole.

Ótimas considerações, Sérgio.

Abraço.

BLOGZOOM disse...

Eu não sabia, Sergio, qual foi o motivo do afastamento do personagem Pérsio da trama e depois a sua volta. Alias, tambem não sabia que anteriormente se falou de aborto.
Tem vezes que perco capitulos.

Bjs

Anônimo disse...

Fora os problemas de falta de realidade na novela (sequestro, digo), a morte patética e sem explicação da Nicole que tinha um câncer extremamente curável e outras pontas soltas, até que gosto dela. Mas só do núcleo principal.

WC ousou? Legal. Mas ele fez isso em uma cena, em um diálogo minúsculo e eu não acho que vala um texto falando de como ele é ''''''''''''''revolucionário''''''''''''
Sinceramente? Acho que tu tá dando crédito demais pra pouca mudança. Amor a Vida não consegue ser uma crítica social realmente eficiente, mas tem bons barracos e os diálogos são ótimos, mesmo que esteja uma droga esse clichê dos últimos caps.

Aliás, vou aproveitar e falar sobre aquele teu post de Revenge rapidinho...cara. NÃO é possível que a Globo tenha exibido a 2° temporada de uma série fracassada pelo respeito ao telespectador. Não é. Isso foge do bom senso de qualquer emissora.

Anonie meio revoltadinha, perdoe.

Unknown disse...

Eu gostei muito dessa cena e da temática abordada, bom pra refletir.
BjoBjo querido;)
Celina Alves
Luxos e Luxos

eder ribeiro disse...

Sérgio, o seu texto está ótimo e vc o encerrou com chave de ouro. Abçs.

Unknown disse...

Muito difícil opinar sobre um assunto tão complexo e polêmico. Em contrapartida eu gostei da cena, levantou não só a questão do aborto, mas tb esse fundamentalismo religioso tão presente nas religiões, esse fanatismo que acaba transformando as religiões em vilãs, que ao invés de unirem as pessoas, as separam. Como se possuíssemos o poder de julgar quem vale mais e quem vale menos. Somos todos iguais, todos erramos, somos falhos, um erro não isenta o outro, o que existe são erros aceitáveis perante a sociedade e outros não, mas ninguém se torna melhor por errar menos, estamos todos a percorrer caminhos diferentes, e devemos respeitar isso.
Achei interessante o autor ter abortado esses dois temas em uma única cena, o aborto e o preconceito religioso.
Não sou a favor do aborto, não julgo quem o pratica, pois cada um se torna responsável pelos seus atos, então acho que isso não me diz respeito, mas se uma mulher me dissesse que quer abortar, eu tentaria fazer com que ela desistisse dessa ideia. Mas por outro lado, o fato é que muitas mulheres praticam, ignorando os preceitos religiosos, de qualquer maneira, pondo sua vida em risco e muitas vezes chegando a óbito, e com certeza isso se tornou um problema de saúde pública, a qual as pessoas deveriam dar mais atenção, diante de tudo isso, o que fazer, dar as costas a essas mulheres? Uma boa conversa e apoio ajudam mais do que um julgamento intrínseco e seco!
Belo post Sérgio!
Beijos e boa semana!

Luma Rosa disse...

Oi, Sérgio!
Acho importante que nas novelas discutam assuntos de cunho social, até mesmo para retirar delas o seu estigma. Gosto das novelas da Gloria Perez também por que ela levanta campanhas que levam o público a discutir certos assuntos que antes jamais entrariam nas casas. Falar em aborto no Brasil interiorano e católico é bastante complicado! Que bom que a novela esteja adentrando as casas com temas pertinentes.
O autor faz bem em colocar assuntos reais em pauta, já que anda também viajando na maionese.
Beijus,

Unknown disse...

Boa tarde voltando para meus queridos(a)
gosto dessa novela , e ver certos assuntos abordados é muito bom, ver como é e como se desenrola, mas ainda existe o preconceito, vi a cena e mesmo no mundo de hj vemos certas atitudes que não concordamos
gostei

Bjuss com carinho....

└──●► ¸.·*´¨) ¸.·*Rita!!

Anônimo disse...

Oi Sergio

Não vi a cena da qual você fala, mas pela sua descrição, são duas situações ao meu ver inaceitáveis, uma mãe que mata seu filho e um médico que deixa uma pessoa morrer por que em seus preceitos religiosos a considera criminosa. Para mim ambos agiram com o mesmo desrespeito á vida que é dom de todos, não só dos que julgamos "corretos" ou dos que podemos ver o rosto.

Na minha opinião, a questão do aborto ser um problema de saúde pública,e é, não dá o direito a nenhuma instituição matar uma criança para "resolver o problema". Problema que é ampliado a cada dia por causa do não cumprimento de suas próprias funções, pela pouca atenção à formação das crianças e jovens que dão,pelo descaso com que tratam a educação e a saúde. Negligenciam totalmente as suas obrigações e querem consertar o estrago que provocaram, fazendo abortos? Que solução!

Para mim matar um bebê saudável ou matar uma mulher adulta é a mesma coisa, é assassinato em ambos os casos. Queria saber dos que são a favor do aborto para poupar a vida de muitas mulheres que morrem ao faze-lo em más condições, porque acham que é diferente? Porque acham que a vida dentro dela vale menos do que a vida dela?

Penso que o país recorrer ao aborto para resolver questões que são omitidas e negligenciadas a todo instante pelas suas próprias instituições, é uma completa omissão de responsabilidades.

Se a questão do aborto é uma questão de saúde pública, cuidem da saúde pública, cuidem da educação para dar às mulheres ferramentas para se protegerem. Um povo educado sabe se defender de si mesmo, os ignorantes não.

Penso que se o aborto fosse legalizado em um país com um nível de educação como o nosso, aí sim que as mulheres, principalmente adolescentes, engravidariam sem dó, depois é só ir ali em um posto de saúde e marcar o aborto. Surreal essa ideia!

Desculpe o testamento, mas este assunto me inflama, principalmente quando escuto a famosa frase "A mulher é dona de seu corpo e ninguém pode decidir por ela o que fazer com ele". Quer mutilar seu corpo, corte um membro estes sim são seus, mas a vida que seu corpo abriga, não é seu corpo, é o corpo de outra pessoa, negar isto é negar a própria condição de ser mulher.

Beijos

Sérgio Santos disse...

Marilene, obrigado. É verdade, os políticos se aproveitam desse assunto para ganhar votos. Deprimente isso. bj

Sérgio Santos disse...

Também gostei, chica. bjs

Sérgio Santos disse...

Sem dúvida essa cena não será capaz disso, Ju. No entanto, a ousadia foi válida. E novela não tem que ficar fazendo 'campanha de graça' sem interferir no contexto da trama, por isso achei toda a situação proposta oportuna.

Eu brinco no Twitter que vários médicos não trabalham na novela, porém, sejamos francos, em que acrescenta vermos personagem X atendendo um figurante? Em nada, essa trama tem apenas o hospital como um dos cenários. Mas respeito sua opinião. bjão!

Sérgio Santos disse...

Letícia, não se desculpe por se estender, o espaço tá aqui pra isso. Sempre.

Olha, o assunto é polêmico, mas para mim não é tão complexo assim. Talvez porque eu não seja mulher (ou não), mas sempre fui a favor da descriminalização. Aliás, ninguém é "a favor" do aborto, e sim a favor de não ser um crime.

Li em uma coluna (não lembro mais o autor) que resumia bem o assunto e fazia refletir. "Como saber se vc é a favor ou não à descriminalização do aborto: Vc é a favor do aborto? Não. Vc faria um aborto? Não. Vc quer que quem faça aborto seja preso? Não. Portanto, vc é a favor da descriminalização do aborto." É simples mas faz pensar.

Se a proibição do aborto impedisse a realização do ato, ok, poderíamos pensar mais. Porém, não impede. Quem é pobre faz com um cretino qualquer e quem é rico faz em clínicas caras e seguras.

E sinceramente, eu não acho que a descriminalização vai fazer com que todos transem sem camisinha à vontade porque temos todas as doenças (e AIDS não tem cura) e querendo ou não, é uma cirurgia e sim, deve causar um peso na consciência.

E, novamente, adorei seu comentário. Beijão!

Sérgio Santos disse...

Oi Elvira, também gostei muito do retorno da Priscila, que ameaçou Lutero. Foram ótimas cenas. Eu também acho que o Walcyr quis retratar isso e pena que alguns jornalistas preferiram criticar imediatamente ao invés de refletir na situação. Bjsss

Sérgio Santos disse...

Também acho que a trama da Linda faz falta e acho lamentável esse sumiço. Li hoje que ela terá mais espaço e3 passará a pintar. Espero que seja verdade.

Me cansei da trama do Michel/Patrícia, mas continuo gostando da Perséfone, principalmente agora que ela e Daniel começarão a se envolver.

A trama da Nicole era sensacional e tinha tudo pra render, no entanto, essa trama espiritualista soa forçada mesmo. Porém, sabemos a razão desse rumo. Aliás, depois de várias notícias divulgadas e de vários veículos, tá bem claro o motivo do Walcyr ter feito isso.

Sim, vc já havia falado isso no Twitter pra mim. Ainda assim fico feliz que só terminará no final de janeiro. O sucesso da trama é merecido. abçs

Sérgio Santos disse...

Danizita, obrigado. É verdade. E a história tá sendo contada com 'calma', mas em um ritmo muito ágil. Ou seja, sem correria mas sem barriga também. Bjsss

Sérgio Santos disse...

Tá vendo, Milene, te ajudei sem querer. Tá sem pc, é? Triste isso... :( bjssss

Sérgio Santos disse...

Eu que agradeço, Carlos. abçs

Sérgio Santos disse...

Foi uma ótima cena, Barbie. bjsss

Sérgio Santos disse...

Exato, Vera. Não há espaço na novela pra abordar esse assunto, então, foi bacana ao menos essa sucinta e ousada abordagem. Ao mesmo tempo evidenciou o perigo que as mulheres sofrem, a influência da religião em um assunto de saúde pública e tocou na ferida.

O núcleo da Nicole deu uma sumida mesmo, mas a entrada de uma novela personagem, creio, vai movimentar de novo. Bjsss

Sérgio Santos disse...

Sem problemas, Sissym. bjssss ;)

Sérgio Santos disse...

Anônimo, realmente foi uma cena pequena. Porém, a cena em que César era contra o aborto também foi pequena e no entanto, vários veículos repercutiram para criticar. Portanto, como sabia que ninguém iria se retratar, achei importante escrever isso e mostrar o quão importante foi essa ousadia.

A morte da Nicole aconteceu por causa da polêmica e isso já tá bem claro, não era o destino do núcleo.

Eu sou fã da novela e acho o sucesso dela muito merecido. Não achei o sequestro absurdo, até porque Alejandra sempre foi mau-caráter e Ninho sempre se mostrou esse idiota incoerente que é. Aliás, tô adorando os desdobramentos.

Sobre Revenge, não há outra explicação a não ser respeito pelo público. té porque não acho que a Globo goste de ficar em terceiro lugar, né... Essa desculpa de "não tem nada pra botar no lugar" não cola porque bastaria a emissora cancelar a série e antecipar o Domingo Maior como sempre fez com as produções fracassadas do horário (vide Batendo Ponto, Norma e afins).

Não entendi essa parte do "anonie", mas não se desculpe, vc só colocou sua opinião. Abraços.

Sérgio Santos disse...

Eu também, Celina. bjs

Sérgio Santos disse...

Muito obrigado, Eder. abçs

Sérgio Santos disse...

Thairys, que excelente comentário vc fez. Concordo com tudo. Acho que ninguém é favorável ao aborto, mas sou a favor da descriminalização até o terceiro mês de gravidez. Porém, assino embaixo da sua concepção. bjssss

Sérgio Santos disse...

Oi Luma, também acho importante, mas desde que não seja gratuito. Não sou fã das novelas da Glória, mas não pela campanha social e sim pelo desenvolvimento das tramas mesmo. Bjsss

Sérgio Santos disse...

Obrigado pelo comentário, Rita. bjssss

Sérgio Santos disse...

Van, não precisa se desculpar, exponha o que pensa aqui sempre que quiser. Como vc já deve ter percebido, eu sou a favor da descriminalização. E não considero matar uma criança se o aborto for feito antes do feto ser formado. Depois do terceiro mês de gravidez, sim, eu considero criminoso. Mas antes não.

Nosso país é podre em inúmeros fatores, infelizmente, porém, condenar o aborto não impede ninguém de fazê-lo. E acho que há muitas campanhas para o uso de camisinha e pilulas, hoje em dia, há muito mais informação. Porém, é mais comum do que se imagina ouvir explicações cretinas como "tenho alergia ao látex da camisinha" ou "não me dou bem com pilula".

E eu acho que o governo só não aprova a descriminalização por causa dos religiosos e os pastores que estão na política, que são importante fonte de votos.

Mas mesmo discordando, eu respeito sua concepção e entendo também. Beijão.

Sérgio Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Oi Sergio

Eu não sabia que você é a favor da descriminalização, também não pensei que fosse contra, simplesmente não pensei em qual seria sua posição, fico tão afoita quando tenho oportunidade de falar o que penso sobre isto, por pensar que será um erro imenso aprovar o aborto legal, mas sei que isto será apenas uma questão de tempo. E, este assunto é tão polêmico que até voltei para ler outros comentários e as suas respostas.

Assim que postei meu comentário acima, tive a sensação que deveria ter deixado algo claro que me pareceu ter dado impressão contrária por ter sido taxativa.

Na verdade, mesmo sendo extremamente convicta da minha posição contra a descriminalização, isto não inclui recriminar quem o praticou ou o defende, não cabe a mim, cada um sabe de si. O que a minha convicção me leva a fazer é nunca praticar e não colaborar para que o façam.

Outra coisa importante, é que não acho que o aborto sendo crime diminua o índice de abortos, sou contra não por motivos estatísticos ou puramente religiosos, mas por concepção do que é a vida, e de rumos que eu desejaria para a humanidade. Mas, sei que estes rumos não serão alcançados, outros interesses insuspeitos manipulam estas questões para conduzi-las até aquilo que precisam para atingirem suas metas.

O mecanismo social é movido por uma máquina poderosa e invisível para a imensa maioria, que pensa que decide algo com a exposição de suas ideias, sem saber que suas próprias ideias já foram conduzidas muito antes que ele pensasse em tê-las.

Quando as feministas foram às ruas queimar seus sutiãs e exigir igualdade de direito com os homens, o capitalismo já havia previsto, fomentado e as conduzido a isto, pois eram mulheres demais em casa sem produzir renda e sem estarem inseridas na máquina ávida pelo trabalho e produção alheias. Será que alguma delas sabia que seu desejo legítimo e justíssimo de não serem oprimidas pelo machismo estava sendo usado e manipulado por outro tipo de opressão ainda mais poderosa? Creio que não! Eles sabem ser sutis e sabem como fazer as pessoas pensarem que as ideias e os desejos são seus e não do interesse oculto.

Estamos vivendo nova situação semelhante àquela da liberação feminina, a quebra de valores sociais tem sido insistentemente buscada, Uma sociedade quando perde seus valores, sejam eles de família, de infância, de sexualidade, de relacionamento pessoal, etc., perde também o rumo e a força, fica vulnerável, o mundo governado nessas condições pode ser conduzido para aonde quiserem, não há a interposição de valores. Será que alguém já pensou nisso, creio que não, creio que pensam que estão decidindo como querem viver, enquanto muito antes disso alguém já decidiu por eles como querem que sejam.

Ah, pensei agora que até vou fazer um post com isto, falar com você concatenou minhas ideias.


Obrigada por disponibilizar seu espaço para a exposição dos meus pensamentos e convicções, com tanta delicadeza e gentileza até mesmo para quem pensa contrariamente. Não esperaria outra atitude sua, sendo você educadíssimo e super sensato como é!

Beijos

Sérgio Santos disse...

Jura que eu disfarcei tão bem assim no texto, Van? Que bom. rs

Acho que a descriminalização do aborto não vai mudar nada do que já acontece. A diferença vai ser no tratamento adequado que as pacientes irão ter, além de acabar com esses carniceiros que nem médicos são. Não acho que os abortos vão diminuir e nem aumentar. E, como mencionei, nos três meses iniciais não considero formação de vida, até porque o sistema nervoso nao tá formado e quando uma pessoa tem morte cerebral é considerada 'morta'.

Considerar tudo 'vida', pode-se considerar que todos os espermatozoides retidos na camisinhas estão sendo assassinados. Mas como eu disse, respeito e entendo sua posição.

Mas não tem mesmo do que agradecer e sempre exponha o que quiser aqui. E que bom que eu te inspirei. Viu, já serviu pra alguma coisa! Obrigado pelo carinho! ;) Beijos!