"Nos Tempos do Imperador": o que esperar da nova novela das seis?

"Novo Mundo" estreou em 2017 e fez um grande sucesso. Alessandro Marson e Thereza Falcão estrearam como autores principais em grande estilo e apresentaram para o público uma trama repleta de ação, drama, humor e elementos da história do Brasil através das figuras de Dom Pedro I, Leopoldina, Domitila, entre outros perfis que realmente existiram. Um folhetim clássico, ambientado em 1817, com elementos históricos. Agora, quatro anos depois, após um adiamento por conta da pandemia do coronavírus, os escritores emplacam um novo projeto na Globo com uma premissa ousada: apresentar uma continuação da primeira trama deles. Com o título de "Nos Tempos do Imperador", a produção tem Dom Pedro II como figura central.

A nova trama é ambientada no Rio de Janeiro, em 1856, um pouco mais de 30 anos após a Independência do Brasil, e explora conquistas, batalhas, vitórias e derrotas. É sobre escolhas e sacrifícios. "Nos Tempos do Imperador" se desenvolve em um Brasil jovem, que ainda busca sua identidade. A novela acompanha momentos importantes da vida de Pilar  (Gabriela Medvedovski), Jorge/Samuel (Michel Gomes), o imperador Dom Pedro II (Selton Mello), a imperatriz Teresa Cristina (Letícia Sabatella) e Luísa, a condessa de Barral (Mariana Ximenes), ao longo dos anos, e traz uma história de amor e esperança, com elementos históricos, que remetem aos dias atuais.

O conjunto é bem parecido com o de "Novo Mundo", que era protagonizada por um quarteto, no caso o casal de mocinhos ---- Anna (Isabelle Drummond) e Joaquim (Chay Suede) ---- e os personagens históricos Dom Pedro I (Caio Castro) e Leopoldina (Letícia Colin). Quem está na posição de Anna agora na trama é Pilar.
Se a heroína anterior era uma professora de letras, fiel companheira da princesa, a atual protagonista enfrenta, desde pequena, o peso de ser uma mulher do século XIX, e tenta convencer o pai Eudoro (José Dumont), fazendeiro e coronel da Bahia, a deixá-la estudar. No entanto, Eudoro promete casar a filha com o grande vilão Tonico (Alexandre Nero), futuro candidato a deputado pela Bahia.

A possibilidade de um casamento arranjado faz com que Pilar decida fugir, pois seu maior sonho é ser médica. Para trás, ela deixa sua irmã, a religiosa Dolores (Julia Freitas/Daphne Bozaski). Em paralelo, o escravo Jorge/Samuel, um homem corajoso e honesto, que acredita na integração entre negros e brancos, luta para se tornar livre como a maioria dos negros que vivem na mesma situação. Diante da escravidão, a única saída é fugir também, mas antes que planeje algo, o destino lhe obriga a fugir sem qualquer planejamento. Durante a fuga, Pilar cruza seu caminho. Um encontro que muda a vida deles para sempre. O clássico amor à primeira vista. O casal vai lutar pelos seus sonhos e fazer diferença na vida das pessoas. Ela acredita que vai se formar em medicina e ele crê que pode mudar a sociedade. Um detalhe: Anna e Joaquim também se apaixonaram em uma fuga.

O outro núcleo central é composto por personagens históricos. Na Corte, Dom Pedro II, viajante imperador, querido pelo povo, trabalha pelo progresso do país e para ampliar os horizontes da população através da educação. Tem ao seu lado a imperatriz Teresa Cristina, com quem tem as filhas Isabel (Any Maia/Giullia Gayoso) e Leopoldina (Melissa Nóbrega/Bruna Griphao), fruto de um casamento político. E em uma de suas viagens com a esposa,  sente o país ameaçado após um encontro inesperado com o general Solano Lopez (Roberto Birindelli), comandante das tropas do Paraguai. Além disso, precisa preparar as princesas para suas responsabilidades como membros da família real. Para isso, convida Luísa, a condessa de Barral, para ser a preceptora das meninas. Ela é uma mulher moderna, educada na Europa, domina vários assuntos e sabe aonde quer chegar. Dom Pedro fica fascinado por sua beleza e seu casamento fica abalado. A mesma Luísa é a responsável por apresentar Pilar e Jorge/Samuel ao imperador. A partir do encontro os núcleos principais se unem. Pedro II vai ajudá-los na realização de seus sonhos e igualmente lutar pelo Brasil, defendendo a integralidade do país.

As referências ao trabalho anterior dos autores é bem exposta através de Licurgo e Germana, vividos brilhantemente por Guilherme Piva e Vivianne Pasmanter. Os dois roubaram a cena em "Novo Mundo" e agora aparecem bem envelhecidos, fruto de uma caracterização bem realizada. Afinal, mais de 30 anos se passaram. A dupla tem tudo para repetir o sucesso. Quinzinho, filho de criação de Joaquim e Elvira Matamouros (Ingrid Guimarães), também está presente, agora adulto e vivido por Augusto Madeira. A criança que vivia sendo infernizada pelos interesseiros cresceu ajudando a cuidar da Taberna dos Porcos e o personagem agora é casado com Clemência (Dani Barros). Ele também ajuda com as propriedades de Vitória, sua irmã de consideração. Ela, vale lembrar, é mais um elo com o outro folhetim. Filha de Anna e Joaquim, agora interpretada por Maria Clara Gueiros.

Dirigida por Vinícius Coimbra ---- com direção geral de João Paulo Jabur e direção de Guto Arruda Botelho, Alexandre Macedo, Pablo Muller, Joana Antonaccio e Caio Campos ---- e tendo como colaboradores Julio Fisher, Duba Elia, Wendell Bendelack e Lalo Homrich, "Nos Tempos do Imperador" tem todas as chances de repetir o êxito de "Novo Mundo" com a fórmula que deu certo através de um clássico folhetim recheado de ação, romance, humor e situações que marcaram a história do Brasil.