quarta-feira, 11 de agosto de 2021

"Nos Tempos do Imperador" tem início luxuoso e promissor

 A nova novela de Alessandro Marson e Thereza Falcão, dirigida por Vinícius Coimbra, estrearia em abril de 2020. Substituiria o primoroso remake de "Éramos Seis". A coletiva de imprensa estava marcada e tudo parecia certo. Mas a pandemia do novo coronavírus tinha recém-iniciado no Brasil. Não demorou para a Globo cancelar a festa da novela e interromper as gravações do setor de teledramaturgia. Em consequência de todo o caos que se instaurava, "Nos Tempos do Imperador" foi adiada. E só estreou nesta segunda-feira (09/08), um ano e cinco meses depois. 

É a primeira novela totalmente inédita que a Globo inicia ainda em plena pandemia. E a trama marca o começo de uma nova modalidade na emissora: o folhetim que é exibido já quase totalmente gravado (os trabalhos serão encerrados em outubro), sem qualquer possibilidade de alterações no roteiro diante da aprovação ou rejeição do público. O mesmo está sendo realizado em "Um Lugar ao Sol", próxima das 21h, de Lícia Manzo, e "Quanto Mais Vida Melhor", próxima das 19h, do estreante Mauro Wilson. 

Mas, especificamente no caso dos autores da nova produção das seis, os riscos de uma possível rejeição do telespectador é baixa. Afinal, o grande público está ávido por uma história inédita após tantas reprises e o enredo é conhecido de muita gente, ainda que de forma superficial: a saga de Dom Pedro II (Selton Mello), iniciada no folhetim em 1856.

E é a primeira novela da Globo que se apresenta como a continuação de outra, no caso "Novo Mundo" (2017) ---- reprisada ano passado já com o intuito de preparar a audiência ----, dos mesmos escritores. 

Cerca de 35 anos se passaram entre o final de "Novo Mundo" e o início de "Nos Tempos do Imperador". O primeiro capítulo esbanjou capricho e imagens cinematográficas. A primeira imagem do folhetim foi de Pedro II envelhecido e exilado em Paris, lamentando o seu triste destino. Provavelmente será a última cena da história. Depois houve uma volta no tempo, para aí sim iniciar a obra. As primeiras cenas da trama foram gravadas antes da pandemia, o que fica perceptível por conta das aglomerações observadas durante a fuga dos escravos, liderada pelo mocinho Jorge (Michel Gomes), o encontro nada amistoso entre Dom Pedro II (Selton Mello) e o coronel Francisco Solano Lopéz (Roberto Birindelli) ---- herdeiro da presidência do Paraguai ----, e pelo velório do pai da Condessa de Barral (Mariana Ximenes). Aliás, toda a sequência de ação impressionou. A imagem dos escravos incendiando a plantação e lutando contra os capatazes encheu os olhos. Vale destacar também o cuidado em colocar vários deles falando em árabe, com direito a legendas. 

Outra cena que primou pela beleza foi a da Chapada Diamantina (BA), onde Dom Pedro II e sua esposa, a imperatriz Tereza Cristina (Letícia Sabatella), estavam de visita. Inicialmente, o casal nem parece ser protagonista. Mas ocorreu o mesmo em "Novo Mundo": Dom Pedro I (Caio Castro) e Leopoldina (Letícia Colin) não apareciam tanto nas primeiras semanas de novela. Os mocinhos Anna (Isabelle Drummond) e Joaquim (Chay Suede) eram os responsáveis pela movimentação do enredo. O que também se repete na nova trama. Pilar (Gabriela Medvedovski), a mocinha, já fugiu do casamento arranjado por seu pai, Eudoro (José Dumont), no primeiro capítulo e encontrou Jorge, o mocinho, ferido. A estudante de medicina conseguiu socorrê-lo e os dois se encantaram um pelo outro, situação também semelhante ao roteiro anterior. Já o grande vilão Tonico Bastos (Alexandre Nero) exerce a função que era de Thomaz (Gabriela Braga Nunes: tem uma obsessão por Pilar, ao mesmo tempo que interfere e faz tudo para atrapalhar a administração de Pedro II. 

Mas a questão das similaridades não é um demérito. Tanto que foi um acerto a cena do nascimento de Pedro II, gravada por Caio Castro e Letícia Colin em 2017, que não foi exibida na época. Expõe um competente planejamento da continuação do enredo. Estava tudo bem pensado. E vale elogiar a boa ideia de manter alguns personagens da obra passada, como os impagáveis Germana (Vivianne Pasmanter) e Licurgo (Guilherme Piva), agora envelhecidos e muito mais horríveis. Os atores prometem roubar a cena mais uma vez. Além deles, outros perfis continuam, mas com outros atores. Lurdes, a fiel escudeira de Leopoldina, agora é interpretada pela grande Lu Grimaldi. Vitória, a filha de Anna e Joaquim, é vivida por Maria Clara Gueiros, enquanto Quinzinho ganhou a atuação de Augusto Madeira. E, ao que tudo indica, haverá uma surpresa ao longo da trama ----- provavelmente a volta de Elvira Matamouros (Ingrid Guimarães). 

A abertura, ao som de Cais, cantada por Milton Nascimento, e com a utilização de várias pinturas a óleo de tela ----- há imagens de figuras emblemáticas, como Machado de Assis ---- é um primor, o que combina com o capricho da produção. A qualidade também está na trilha sonora com Ney Matogrosso, Clementina de Jesus, Clara Nunes e Elis Regina. Já o elenco promete ser um show à parte. É um prazer ver Selton Mello de volta às novelas, após 21 anos (a última que contou com sua presença foi "Força de um Desejo", em 2000). Mariana Ximenes tem tudo para se destacar cada vez mais na pele de uma condessa idealista e justa. Letícia Sabatella promete cair nas graças do público com sua determinada Tereza Cristina. Alexandre Nero e José Dumont são outros nomes de peso e com vilões odiáveis. 

"Nos Tempos do Imperador", dirigida por Vinícius Coimbra, apresenta um luxuoso começo e tem chance de repetir o sucesso de "Novo Mundo". Alessandro Marson e Thereza Falcão já mostraram que são bons em fisgar o público com o tradicional folhetim mesclado a momentos históricos do Brasil.

13 comentários:

Pedrita disse...

estou gostando muito. belíssima! e que elenco. beijos, pedrita

Jovem Jornalista disse...

Parece ser um trabalho promoroso!

Boa semana!

O blog está em Hiatus de Inverno entre 02 de agosto e 02 de setembro, mas comentaremos nos blogs amigos nesse período.

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

Unknown disse...

A novela está primorosa

Chaconerrilla disse...

Oi. Zamenzito, estou assistindo a umas aulas de história e não se usa mais o termo "escravo" e sim pessoa escravizada. Confere aí! A novela está muito atraente. Estou amando!

Anônimo disse...

"Nos Tempos Do Imperador", e em breve "Um Lugar Ao Sol" e "Quanto Mais Vida, Melhor" mostram que o público estará bem servido de enredos inéditos desde "Amor De Mãe" (2019) e "Salve-Se Quem Puder" (2020). A estreia de anteontem foi de fato promissora e certamente renderá muitos bons frutos nos próximos seis meses.

Guilherme

Unknown disse...

A novela tá ótima!!!

Unknown disse...

Tô adorando a novela mas o áudio está ruim

Sérgio Santos disse...

Bjs, Pedrita.

Sérgio Santos disse...

Parece, Jornalista.

Sérgio Santos disse...

Ok, chaconerrilla.

Sérgio Santos disse...

Está mesmo, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Algumas pessoas reclamam msm, anonimo.

Sérgio Santos disse...

To gostando tb, anonimo.