Uma trama que parecia promissora e agradou nas primeiras semanas acabou se perdendo ao longo do tempo. Miguel Falabella criou ótimos personagens, mas não deu a eles a quantidade de conflitos necessários para movimentar uma novela. Podemos selecionar nos dedos de uma só mão os acontecimentos realmente interessantes que ocorreram. A trama acabou andando em círculos e se o telespectador passasse umas quatro semanas sem assisti-la, não perderia nada de relevante. Todos os núcleos, sem exceção, sofriam com o marasmo.
Os vilões, que normalmente são os responsáveis pela movimentação de
qualquer novela, pouco fizeram. Maruscka, apesar da excelente interpretação de Marília Pêra, nem pôde ser considerada uma vilã de verdade. Não praticou grandes maldades e no final ainda se redimiu, virando uma boa pessoa. O ponto alto da personagem era a ironia com que tratava seus funcionários e desafetos. Sua parceria com Jaqueline Laurence (Mirta, mãe da perua) rendeu ótimos momentos, apesar de não ter sido tão explorada o quanto deveria. Olga (Maria Zilda) e Estelinha (Cynthia Falabella) tinham como 'missão' dopar Otília (Patricia Bueno) com um veneno que agiria aos poucos em seu corpo, para não despertar suspeitas da polícia; e maltratar as crianças do Lar da Mão Aberta. A situação não rendeu como deveria e tudo ficou repetitivo demais. Leilah Moreno foi um erro de escalação. A personagem (Grace Kelly) era uma vilã interessante, mas não foi bem defendida pela atriz que abusou das caras e bocas. É uma grande cantora, mas não tem a mesma competência atuando. E a passividade de Deusa (Zeze Barbosa) acabou minando qualquer tipo de reviravolta interessante, embora a entrada de Elisa Lucinda (Diva) na reta final tenha ajudado a movimentar um pouco esse núcleo.
Claudia e Vicente formaram um belo casal protagonista. Giovanna Antonelli e Ricardo Pereira também tiveram boas atuações, porém, demoraram muito até engatar um romance e os supostos empecílhos eram frágeis demais. Rubinho e Lucena, seus respectivos pares, tinham como objetivo atrapalhar o amor deles, mas, Vitor Pecoraro teve uma interpreção fraquíssima e nunca convenceu, o que atrapalhou a composição do personagem. Grazi Massafera se saiu bem, mas Lucena era uma mera figurante e pouco agia.
Apesar de todos esses problemas, Miguel Falabella acertou em cheio na criação dos melhores personagens da novela: Felizardo e Locanda. Diogo Vilela e Stella Miranda roubaram a cena e foram os grandes destaques. A reta final apenas comprovou esse fato, uma vez que a única expectativa gerada era a respeito da derrocada de Toinha (uma ótima Bia Nunnes), que fingiu ser irmã do paraíbano. O autor também criou um desfecho interessante com o assassinato de Felizardo. Ao ser morto pela falsa irmã, ele acabou pagando um preço caro por ter duvidado das suspeitas que sua família sempre teve sobre a impostora e a história fugiu do clichê. Bia e Diogo deram um show. O único equívoco desse núcleo foi a escalação de Fiuk. É um ator que só interpreta a si mesmo e mereceu todas as críticas que recebeu. Já Lana Gueleiro, de elenco de apoio, acabou se destacando cada vez mais como a pilantra Raimundinha.
Claudia Jimenez não pôde fazer milagres como a vidente Iara. A atriz acabou contracenando quase que exclusivamente com Bruno Garcia (um forçado Joselito) e modelos sarados que tomavam os 'banhos' da picareta. Apesar de parecer uma trama avulsa, Miguel acertou na reta final com a morte da vidente, a transformando em um espírito que arrumou várias situações divertidas.
Partindo para outros núcleos, Elizângela merece elogios pela entrega que fez à egoísta Íntima. Bruna Marquezine (Belezinha) e Sandro Christopher) também não fizeram feio. O drama da Miss, que se viu renegada pela mãe quando engravidou, foi muito bem defendida pelas atrizes. Porém, mais uma vez, foi uma situação que se arrastou demais e não rendeu o que deveria. A Van Premiere --- um veículo que levaria vários personagens ao teatro --- de Olavo (Ernani Moraes) não funcionou e acabou sumindo. Mas o ator teve bons momentos ao lado de Renata Celidônio (Marieta), Priscilla Marinho (Taluda) e Thelma Reston (Violante): a família dos gordinhos. Uma pena que a sogra bandida tenha saído da novela antes do tempo. A atrizes portuguesas Marina Mota e Maria Vieira formaram uma dupla perfeita e se mostraram talentosas tanto na comédia quanto no drama. Amália e Brittes divertiram e emocionaram.
Luis Salém conseguiu dar vida a um travesti sem ser caricato. Ana Girafa agradou e teve o destaque merecido quando descobriu-se que ele era filho da Maruscka. Já Herson Capri e Nivea Maria não deram sorte. Após um grande papel em "Insensato Coração" (o corrupto Cortez), o ator viveu o sem graça Alberto. Já Nivea teve pouquíssimas cenas importantes. Uma pena.
"Aquele Beijo" tinha tudo para ser um grande sucesso, mas ficou na promessa e não aconteceu. Seu último capítulo não terá surpresas e a trama encerrará sem deixar saudades. Miguel Falabella é um autor talentoso e acertou em "Salsa e Merengue" e "A Lua me Disse", porém, acabou não sabendo desenvolver sua última novela, apesar dos bons personagens que tinha criado. Que venha "Cheias de Charme".
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Está na hora de Aquele Beijo mostrar a que veio
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17 comentários:
Essa novela foi uma decepção, Sérgio. Já considero a mais fraca do Falabella. Se bem que ainda assim está longe de ser um desastre completo, como uma que acabou no fim de março. Só o núcleo do Felizardo foi o grande acerto e a dupla Diogo Vilela e Stella Miranda repetiu o sucesso que tiveram no saudoso Toma Lá Dá Cá. Ainda assim, achei suas duas antecessoras superiores (principalmente TiTiTi 2010).
Aposto que Cheias de Charme será melhor e bem mais animada, mais pra cima, até pela trama musical principal (Chayenne, personagem da Cláudia Abreu, que já me chamou atenção logo nas chamadas).
Vamos ver como vai ser este último capítulo
Mais uma vez concordo com tudo, minha personagem preferida era a Ana Girafa,não era caricato e até tinha uma certa doçura, Luís Salém esteve ótimo nesse papel.
Espero que Cheias de charme seja bem divertida, pelas propragandas parece que vai ser até melhor que a anterior.
PS: Só completando minha opinião, o último capítulo de Aquele Beijo foi totalmente entediante. Nem o casamento da Cláudia e do Vicente emocionou. O encerramento de Negócio da China foi muito melhor (aliás, Negócio da China, como novela em si foi infinitamente superior a Aquele Beijo).
Thallys, obrigado pelo comentário. Tb me decepcionou. Cheguei a ter certeza que Aquele Beijo seria ótima, mas não foi. Stella e Diogo foram ótimos mesmo. Espero que Cheias de Charme agrade e também gostei da Chayenne.
Rafinha, acabou que o último capítulo foi um marasmo só. Deu sono. Abraço e obrigado pelo comentário.
Brenda, obrigado. Também gostei da Ana Girafa e da interpretação do Luis Salém. Também tive boas impressões das chamadas de Cheias de Charme. Beijos
Thallys, o que foi aquele último capítulo? Não tinha mais nada para acontecer. Nem o casamento emocionou, verdade. Eu gostei muito de Negócio da China e o último capítulo foi infinitamente melhor msm. Se pensarmos em A Lua me Disse, aí é que dá uma saudade.
Olá estou te convidando para visitar o meu blog, tenho certeza que irá gostar, beijos.
http://fasesdegarota.blogspot.com.br/
*Achei essa novela muito chata mesmo, nem perdi meu tempo assistindo, tomara que a outra seja melhor, uma novela que esta me agradando é a venida Brasil, tomara que continue com força total.
Sergio o problema é o código que eu coloquei hoje de: continue lendo, só que para mim tanto seu blog quanto o meu estão com as barras nas laterais do lado, fiz o teste com o chrome e Explorer e tudo esta ok, se por ventura quando entrar de novo, e ver o seu e o meu torto me avise que retiro o código, pesquisei na nete e realmente em alguns blogs esta dando erro.
Obrigado, Patrica. É que no meu caso houve esse erro e eu nem mexi em nada. Simplesmente apareceu. Espero que volte ao normal. bjs
Isabely, obrigado pelo comentário. Avenida Brasil está agradando bastante mesmo. Vamos ver como será Cheias de Charme. Parabéns pelo blog. bjs
Pra mim foi o "erro" de toda a obra de Falabella!
Porém, adorei o último capítulo!
Fabio
www.ocabidefala.com
Obrigado pelo comentário, Fabio! Abração!
"Aquele Beijo" foi uma das novelas mais fracas do Miguel Falabella. Só gostei dos desempenhos de Giovanna Antonelli, Ricardo Pereira, Marília Pêra, Herson Capri, Elizângela, Bruna Marquezine, Diogo Villela e Stella Miranda.
Verdade, Elvira. Também gostei dos desempenhos desses atores, assim como da Jaqueline Laurence, Luis Salém, Patricia Bueno, Maria Zilda, Thelma Reston, enfim... Mas a trama foi mt fraca e entendiante. Beijos.
*entediante
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