A reprise do fenômeno de Ivani Ribeiro, exibido originalmente entre 11 de abril e 21 de outubro dfe 1994, está em sua última semana na Globo. "A Viagem" mais uma vez repetiu o imenso sucesso e por muitas vezes foi o assunto mais comentado nas redes sociais, além de ter sido a responsável pela elevação da audiência da Globo, que teve sua grade noturna bastante beneficiada com os bons números. E os motivos para o êxito da aclamada história são muitos, sendo um deles a temática do espiritismo.
A verdade é que o público nunca se cansou de novelas espíritas. Elas sempre foram muito bem-vindas, independente da crença de cada telespectador. Até porque todas as tramas nunca foram 'doutrináveis' e sempre abordaram a questão com sensibilidade. Folhetins do tipo sempre fizeram um enorme sucesso na teledramaturgia e a mais memorável é justamente "A Viagem". A autora criou uma história envolvente e que 'dá um quentinho no coração' do telespectador através da esperança da vida continuar em outro plano. Vale até lembrar que a obra é um remake da produção homônima que a escritora desenvolveu na TV Tupi em 1975. A figura de Alexandre (Guilherme Fontes) virou uma das mais temidas pelo público, que torceu para que Diná (Christiane Torloni) morresse logo para o aguardado reencontro com Otávio (Antônio Fagundes) no céu.
A última trama espírita da Globo foi "Espelho da Vida", exibida em 2019. A história não fez sucesso, mas teve um aumento significativo da audiência na reta final diante da expectativa para a revelação da identidade do assassino de Júlia Castelo (Vitória Strada) e o reencontro da mocinha com Daniel (Rafael Cardoso), a reencarnação do injustiçado Danilo Breton. Um enredo que misturou espiritismo com realismo fantástico através da viagem no tempo da mocinha, que voltava ao passado através de um espelho, na antiga mansão da protagonista.
Uma obra ousada, primorosa e que destacou o talento de Elizabeth Jhin. A autora ficou conhecida pelos seus enredos espíritas e todos tiveram ótima aceitação popular, vide "Escrito nas Estrelas", "Amor Eterno Amor" e "Além do Tempo", folhetim marcado pela histórica passagem de tempo de mais de 150 anos, com todos os personagens reencarnados, após um final trágico dos mocinhos na primeira fase. A escritora não teve seu contrato renovado e já declarou em entrevistas que não pretende voltar a escrever para a televisão, o que é uma lástima.Entre os maiores sucessos espíritas está "Alma Gêmea", que repetiu o êxito no "Vale a Pena Ver de Novo" no ano passado. O fenômeno de Walcyr Carrasco tinha a mescla perfeita de dramalhão clássico com humor pastelão, tendo como pano de fundo o universo espírita e uma premissa de reencarnação envolvendo a mocinha da trama. O trágico assassinato de Luna (Liliana Castro) durante um assalto marca o primeiro capítulo de "Alma Gêmea" e o desespero de Rafael (Du Moscovis) faz a alma da protagonista voltar quase que imediatamente depois do início de sua passagem em uma sequência impactante, com direito a efeitos especiais avançados para a época. A partir de então, nasce Serena (Priscila Fantin) e o envolvente enredo é iniciado de fato, que inclui as maldades de duas vilãs memoráveis: Cristina (Flávia Alessandra) e Débora (Ana Lucia Torre). Um novelão.
Ano retrasado, saiu em vários sites de entretenimento que Amauri Soares, então novo responsável pelas produções nos Estúdios Globo, tinha proibido folhetins espíritas por conta do crescimento da pluralidade religiosa no Brasil. Uma justificativa que nunca teve qualquer sentido, afinal, se há a tal pluralidade nada mais justo do que as novelas abordarem todas as religiões. A verdade, segundo consta nos bastidores, é um temor imbecil de desagradar os telespectadores evangélicos. Algo que também não tem qualquer lógica, uma vez que as obras espíritas nunca sofreram qualquer tipo de rejeição tendo como motivo o espiritismo. Vale até lembrar outras produções de sucesso, escrita por outros autores, como o remake de "O Profeta" e "Alto Astral".
O sucesso da reexibição de "Alma Gêmea" em 2024 e o elevado índice de audiência da reprise de "A Viagem" (que está no ar, incluindo as reprises no Viva, pela sexta vez) não são mero acaso. O público sente falta que a reencarnação e a vida após a morte sejam abordadas na teledramaturgia. Já passou a hora da atual cúpula do canal rever os seus conceitos e encomendar uma nova história com a temática.
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