sexta-feira, 31 de outubro de 2025

"Três Graças" estreia com o pé direito

 Com a missão de manter os bons índices de audiência da reta final desastrosa do remake de "Vale Tudo", a estreia da nova novela das nove apresentou um primeiro capítulo impecável, onde a premissa foi exposta sem atropelos e focando no drama nas três protagonistas. Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva mostraram para o público que estão com uma boa história em mãos e a direção de Luiz Henrique Rios teve todo o capricho que faltou no folhetim anterior. 


A trama, que marca o retorno de Aguinaldo Silva ao horário das nove da TV Globo, começou com Gerluce (Sophie Charlotte) preocupada com a possível gravidez da filha Joélly (Alana Cabral), de apenas 15 anos, assim que o dia amanheceu. Ela desabafou com a melhor amiga Viviane (Gabriela Loran) a angústia de perceber que sua história e a de sua mãe Lígia (Dira Paes), que engravidaram na adolescência, estava se repetindo. As duas também conversaram sobre o estado de saúde da mulher de Misael (Belo), mesmo tomando os remédios da farmácia da Fundação Ferette, onde Viviane trabalha como farmacêutica. Lígia, que também depende dos medicamentos distribuídos gratuitamente na comunidade da Chacrinha para tratar de uma grave doença, acaba percebendo que eles não fazem efeito, e se sente um fardo na vida da família. 

Na intenção de continuar ativa, Lígia preparou o café da manhã, enquanto Gerluce acordou Joélly para levá-la ao posto de saúde e fazer o exame de gravidez. Ao chegarem ao local, as duas se impressionaram com a quantidade de meninas grávidas na fila de espera, sem o apoio dos pais dos bebês ---- situação que Aguinaldo vivenciou e resultou na ideia para a criação da novela. Em pânico, Joélly precisou disfarçar as ligações de Raul (Paulo Mendes), com quem namora escondido, e tentou desistir do exame, mas sua mãe foi firme. O momento chegou, e Gerluce constatou que a filha está grávida. Ela insistiu em saber quem é o pai da criança, mas Joélly se recusou a dizer, já que nunca soube quem é o próprio pai. As duas discutiram, a jovem saiu correndo e vomitou no carro do policial Paulinho (Romulo Estrela), que se interessou imediatamente por Gerluce.
 
Como a vida não da trégua para a mãe de Joélly, ela saiu do posto de saúde diretamente para o trabalho na casa de Arminda (Grazi Massafera), que reclamou de seu atraso. Quando chegou ao casarão onde cuida de Josefa (Arlete Salles), não encontrou a senhora e mais ninguém da família. Procurando por alguém, se deparou com o quarto misterioso, que está sempre fechado, com a porta entreaberta. Ela decidiu entrar, e foi flagrada por Arminda admirando a escultura As Três Graças, o que resultou no primeiro gancho da trama.

Os autores apresentaram o drama das protagonistas, os grandes vilões e a conexão entre todos os personagens principais com habilidade e já ficou claro que se trata de um dramalhão atrativo, cujo exagero está presente em vários situações, inclusive na postura da vilã, propositalmente caricata. E praticamente todos os atores estão bem em cena, ainda que alguns sotaques paulistanos provoquem estranhamento. Uma estreia que causou a melhor das impressões. Porém, todo telespectador está acostumado a primeiros capítulos bem trabalhados. Afinal, se trata da apresentação de um folhetim e uma vistosa embalagem é necessária. Só que a qualidade vista na estreia está até agora mantida nos demais capítulos. Tudo vem sendo desenvolvido harmoniosamente, incluindo a chegada de mais personagens, sem pressa ou cenas criadas sem qualquer preparo. Há um cuidado no que vem sendo escrito e dirigido.     
 
Os elogios ao conjunto da nova história soam até exagerados por se tratar do mínimo que se espera de um bom folhetim. No entanto, diante do desastre do remake de "Vale Tudo", o mínimo passou a ser até um diferencial. É inegável que as falhas grosseiras da obra passada beneficiaram o início de "Três Graças" porque só uma catástrofe conseguiria ser pior do que a trama adaptada por Manuela Dias. Mas a justiça também precisa ser feita em cima do que a nova produção apresentou ao longo de quase duas semanas. Não há defeitos a serem apontados por enquanto e não há nada mais animador para qualquer noveleiro. Há um enredo bem estruturado e com potencial para excelentes catarses futuramente. Até porque a mocinha é apaixonante, a vilã carismática, o vilão extremamente frio, o casal adolescente problemático e irresponsável, e para culminar há uma idosa sem papas na língua com muitos segredos para contar. 

A abertura poética e visualmente bonita, inspirada no mito de três divindades da mitologia grega, que representam beleza, fertilidade e encanto, também merece uma menção especial. Importante elemento na trama de Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva, As Três Graças são retratadas em um ciclo de dança, luz e transformação. Criada por Julia Rocha, Christiano Calvet e Eduarda Aquino, da equipe de Marca & Comunicação da Globo, a abertura da obra é uma experiência sensorial que prepara o público para mergulhar em uma história de força, afeto e renascimento. A narrativa visual é embalada por um clássico samba brasileiro: em um feat inédito, Thiaguinho e Negra Li dão voz à música 'Clareou'.

A narrativa parte de uma pedra rígida de mármore, que é rompida pela potência da natureza. Nas frestas e rachaduras da pedra, florescem cores, luzes e movimentos, revelando a força criadora que insiste e transforma. Essa força vai lapidando a pedra, que toma a forma das Três Graças. Ao longo da abertura, a estátua, inicialmente fria e imóvel, ganha vida, representando o despertar das Graças. Sophie Charlotte, Dira Paes e Alana Cabral, que interpretam respectivamente, Gerluce, Lígia e Joélly na trama, aparecem mostrando a potência do florescimento feminino. A simbologia da estátua que se torna viva reforça a ideia de que, mesmo diante da dureza do mundo, a natureza e a essência feminina encontram caminhos para se manifestar.

E também é preciso aplaudir o desempenho de vários atores que já estão brilhando muito, como Sophie Charlotte, Dira Paes e Alana Cabral, que vêm protagonizando cenas emocionantes e de muita cumplicidade. Grazi Massafera têm tudo para crescer cada vez mais na pele de uma típica vilã destemperada de Aguinaldo, enquanto Arlete Salles não para de roubar a cena na pele de uma personagem coadjuvante que já proporcionou para veterana muito mais cenas importantes do que o seu papel de gêmeas em "Família é Tudo". Outros bons nomes até o momento são Xamã, excelente como o traficante Bagdá; Paulo Mendes (Raul); Luiza Rosa (Kellen); Gabriela Loran (Viviane); e Augusto Madeira (Rivaldo). 

"Três Graças" estreou com o pé direito e até o momento a nova novela das nove só merece aplausos. Aguinaldo Silva está voltando à Globo e ao horário nobre em grande forma e sua parceria com Virgilio Silva e Zé Dassilva vem causando uma ótima impressão. Dá até medo elogiar tanto diante das últimas tramas que foram ao ar, mas resta torcer para que o alto nível se mantenha. Potencial há de sobra. 

Um comentário:

Daniela Silva disse...

🎬 Que bom saber que “Três Graças” começou com o pé direito! A tua análise desperta vontade de ver a produção — adoro quando consegues equilibrar opinião e entusiasmo. Fiquei curiosa para assistir também! 🍿

Com carinho,
Daniela Silva 💗
alma-leveblog.blogspot.com – espero pela tua visita no meu blog 🌷