segunda-feira, 11 de abril de 2016

Direção primorosa, linda fotografia e entrega do elenco marcaram a primeira fase de "Velho Chico"

A primeira fase de "Velho Chico" chegou ao fim no último sábado (09/04), com a rápida continuação do casamento de Tereza (Júlia Dalavia) e Carlos Eduardo (Rafael Vitti). Depois do desfecho dessa cena, foi exibido o desespero de Santo (Renato Góes) e um compacto com várias cenas sendo reprisadas. O capítulo, aliás, foi quase um "Vale a Pena Ver de Novo", onde os flashbacks reinaram. Não havia mais o que mostrar e optaram por uma espécie de retrospectiva. Mas, apesar desse encerramento decepcionante, a primeira etapa da novela foi marcada pela direção primorosa, belíssima fotografia e grandes atuações.


Foram 24 capítulos e três passagens de tempo. A primeira fase foi focada principalmente em duas sagas amorosas, que sofreram diferentes tipos de empecilhos. O romance de Afrânio (Rodrigo Santoro) e Iolanda (Carol Castro) foi abruptamente interrompido por causa da morte do pai do rapaz, o poderoso coronel Jacinto (Tarcísio Meira), fazendo o bom vivant voltar para sua terra (Grotas de São Francisco) e assumir o lugar do homem mais temido da região. Já a história de amor de Tereza e Santo (Renato Góes) foi justamente destruída por Afrânio, pai da garota, que era inimigo mortal dos familiares e amigos do mocinho. Conflitos amorosos dentro da mesma família.

O Rio São Francisco, que sempre foi classificado como o grande pano de fundo do enredo (vide o próprio título do folhetim), não teve muita importância. Serviu apenas como cenário para a primeira transa de Santo e Tereza, em um clipe lindíssimo repleto de belas imagens. Ao que tudo indica, na segunda fase o rio terá sua importância aumentada e servirá como base para muitos conflitos.
A novela, aliás, começou a ser contada no fim dos anos 60 e a época foi uma grande aliada para o figurino dos personagens, especialmente a roupagem usada pela amargurada Encarnação (Selma Egrei), que representa uma espécie de rainha má dos contos de fadas.

O folhetim depois passou a ser contado nos anos 70 e foi até o final dos anos 80. Em meio ao andamento do enredo, personagens foram assassinados, alguns nasceram e outros cresceram. A história ficou voltada somente para o enredo central, com apenas algumas situações paralelas, como a dura vida de Belmiro (Chico Diaz) e Piedade (Cyria Coentro). A cumplicidade vista no amor entre o capitão Rosa (Rodrigo Lombardi) e Eulália (Fabiula Nascimento) também merece citação, assim como a fidelidade canina que o jagunço Clemente (Júlio Machado) tinha com Afrânio.


A direção primorosa de Luiz Fernando Carvalho foi o grande destaque da primeira fase e o diretor não teve receio em mais uma vez apostar no lúdico, fazendo o telespectador mergulhar em uma verdadeira lagoa cristalina de belas imagens. A condução dos atores foi voltada para uma espécie de teatro televisivo, onde foi possível perceber o exagero nas interpretações, principalmente de Selma Egrei, Rodrigo Santoro, Carol Castro e Renato Góes. O tom mais teatral fez jus ao conjunto e todo o elenco brilhou, com raras exceções. As vestimentas, os cenários, as atuações, enfim, tudo se complementou muito bem, tendo um resultado altamente positivo.


E a luxuosa participação de Tarcísio Meira no primeiro capítulo foi um presente para o público. O ator dominou a estreia com louvor e sua interpretação como o impetuoso coronel Jacinto foi visceral. Deu gosto de ver cada cena, principalmente a sequência final, quando seu personagem tem um ataque do coração e morre solitário, sem conseguir se despedir do filho. Foi um ciclo com início, meio e fim em apenas um dia, mas que valeu muito a pena. Um dos maiores atores do país em plena forma e que estará de volta em "A Lei do Amor", próxima novela das nove, de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, cuja estreia está prevista para outubro.


O grande trunfo da primeira fase foi a presença de Rodrigo Santoro, afastado dos folhetins há 13 anos. O protagonista Afrânio foi brilhantemente interpretado pelo ator, que correspondeu às expectativas após tanto tempo longe dos folhetins. Sua entrega foi visível e todas as cenas protagonizadas por ele eram extremamente dramáticas. O personagem, por sinal, foi o único que passou por um processo de envelhecimento, enquanto os demais em nada mudaram (com exceção das crianças que viraram adultos). Rodrigo conseguiu expor todo o conflito interno que aquele homem sentia desde que precisou se separar do grande amor da sua vida para viver uma vida que não era dele.


O ator ainda teve uma química arrebatadora com Carol Castro. O casal teve cenas quentes, com direito a momentos de nudez da atriz, e funcionou junto. Aliás, Carol viveu um de seus grandes momentos na televisão. Iolanda foi defendida com profissionalismo por ela e, assim como o ator, só teve cenas dramáticas. A emoção esteve presente em todas as sequências e Carol fez jus ao papel. Outro nome feminino de destaque foi Fabiula Nascimento, que emocionou o tempo todo com sua batalhadora Eulália. A sequência mais forte foi, sem dúvida, a morte do capitão Rosa, deixando a esposa completamente desesperada. A atriz passou com realismo toda a dor daquela mulher. Que show de atuação. Além delas, é preciso aplaudir Cyria Coentro, um espetáculo de intérprete. Sua sofrida Piedade fez chorar do primeiro ao último capítulo de sua participação.


Chico Diaz se mostrou outra escalação acertada, uma vez que Belmiro era um perfil que transbordava integridade e foi crescendo ao longo da trama. A cena de sua morte foi muito triste e fechou a participação do ator em grande estilo. Júlio Machado também se destacou com o assustador Clemente, cujo olhar fazia até o mais corajoso adversário recuar. Umberto Magnani também brilhou com seu padre Romão, enquanto Bárbara Reis foi um rosto novo que se destacou como a doce Doninha, fiel escudeira de Encarnação e cuidadora de Tereza. Já a pequena Isabella Aguiar emocionou na fase criança de Tereza e Julia Dalavia convenceu com a personagem saindo da adolescência. Renato Góes também merece aplausos pela sua dedicação na pele do batalhador Santo. Ele segurou muito bem o papel que será de Domingos Montagner e teve química com Júlia.


Mas um nome que merece uma menção especial é Selma Egrei. A atriz estava merecendo há tempos uma personagem que fizesse jus ao seu talento em novelas e ganhou a Encarnação. Amargurada, ressentida, triste por dentro e cruel, a matriarca da família Sá Ribeiro foi a melhor surpresa da primeira fase. Ela já havia roubado a cena na estreia, ao lado de Tarcísio Meira, e teve a importância merecida ao longo dos 24 capítulos. Foram muitas sequências ótimas protagonizadas pela atriz ao lado de Rodrigo Santoro, Julia Dalavia e Carol Castro. Selma ainda foi presenteada com a melhor caracterização, uma vez que a personagem tinha uma licença poética, apresentando um figurino que não condizia com a época. Era a representação da poderosa rainha má, quase uma Lady Macbeth, de William Shakespeare. E a personagem seguirá na segunda fase com a mesma atriz, só que com uma caracterização mais envelhecida. Uma ótima notícia para os admiradores do talento da atriz ---- nesse caso, inclusive, até vale a pena ignorar o absurdo da atriz viver a mãe de Antônio Fagundes (que entra no lugar do Santoro).


Outros atores que merecem menção são Laryssa Góes (Luzia), Rafael Vitti (Carlos Eduardo), Leopoldo Pacheco (Dr. Emílio), Batoré e Rodrigo Lombardi. Já Marina Nery, que estreou na televisão na pele da Leonor (esposa de Afrânio que morre no parto), não fez feio, enquanto Pablo Morais não convenceu como Cícero, apresentando sérios problemas de dicção. Ou seja, praticamente todo o elenco da primeira fase merece elogios e a entrega dos atores foi perceptível, destacando o trabalho de preparação do diretor, que costuma reunir todo os intérpretes em um galpão, onde elabora todos os processos de interpretação.


"Velho Chico" agora terá o desafio de fazer sua história andar na segunda fase (após uma passagem de tempo de 28 anos), uma vez que o ritmo vagaroso pôde ser observado ao longo dos 24 capítulos apresentados, mas acabou sendo atenuado pela beleza estética e show do elenco em cenas fortes. A primeira fase da trama de Edmara Barbosa e Bruno Luperi (baseada na obra de Benedito Ruy Barbosa) mereceu os elogios que recebeu e ficou marcada pela direção caprichada de um sonhador Luiz Fernando Carvalho, uma fotografia de encher os olhos e total entrega do elenco. Que venha a segunda.

35 comentários:

Melina disse...

Sérgio, querido, essa novela não me conquistou. Nunca gostei desse estilo do Benedito e sigo não gostando. Trama é sempre a mesma e se arrasta por meses. Vi alguns capítulos dessa primeira fase e a fotografia foi bela mesmo, mas nem achei o elenco tão bom assim. Rodrigo acho ok, a tal Marina Nery achei muito ruim, e o Lombardi foi mais do mesmo. Já Selma, Tarcísio, Fabiula, Cyria e Chico eu estou de pleno acordo. Mas não sei como essa trama vai conseguir se sustentar até outubro. Haja paciência. Um beijo.

Unknown disse...

Texto impecável, concordo com tudo o que você disse. Rodrigo Lombardi também fez muito bonito e merecia uma menção especial. Os cantores Xangai e Maciel Melo também deveriam ter sido mais aproveitados na novela.

Anônimo disse...

Texto preciso como sempre.E duvido que a trama não se arrastará porque conseguiram o feito de deixar a primeira fase chata já na segunda semana.Imagine essa que durará sete meses.Só tendo muita paciência mesmo.

Felisberto T. Nagata disse...

Olá,Sérgio...concordo com a sua análise, pelo menos nessa primeira fase foi cumprida o que foi prometido na apresentação , uma belíssima fotografia , beleza estética muito lúdica e lírica e o longo trabalho de “laboratório” antes do início , que praticamente levou o elenco a se entregar ,com atuações impecáveis... e a direção, primorosa, fez de tudo para evocar o melhor de cada cena. Só sei que é a primeira novela em dezenas de anos que eu acompanho - talvez porque causa do rio São Francisco , que como dito, ainda não teve sua importância,mas,quem sabe... Bela semana,abraços!

chica disse...

Uma bela novela, fotografia lindíssima mesmo e nos conquista dia a dia..Estou gostando bastante! Bom te ler com essa apurada crítica! abraços, linda semana,chica

Unknown disse...

Essa novela é ótima! Eu que estava acostumado com a regra do jogo que era tiro, porrada e bomba toda hora. Custei para me acostumar com Velho Chico mas depois que entrei no ritmo da novela não perco um capítulo. O problema que as pessoas querem tudo rápido e nessa novela não é assim.

Valentina disse...

Essa novela dá pra dormir por 40 minutos que vc não perde nada.Não dá vontade de acompanhar.É chata.Tediosa.Salva a direção caprichada do Luiz.E nada tem a ver ela não ser ágil até porque Sete Vidas também não primava pela rapidez e era linda, envolvente, perfeita.Essa tem uma história que já foi contada mais de 10 vezes por esse autor em suas outras novelas e não sai disso.

Anônimo disse...

PERAÍ! A SELMA EGREI VAI SER MÃE DO FAGUNDES??? E O FAGUNDES ERA O RODRIGO SANTORO???? MAS QUE PORCARIA É ESSA? VIROU EM FAMÍLIA AGORA QUE A NATHALIA DO VALE ERA MÃE DA JÚLIA LEMMERTZ? RIDÍCULO.

Vanessa disse...

Amei a primeira fase e adorei tudo. Portanto, claro que concordo com toda a crítica.Mas a segunda fase será um fiasco. Como o Fagundes pode ser o perfil do Santoro?Não há semelhança alguma.Como a Camila Pitanga, negra, pode ser a Julia Dalavia, branca? E Camila de mocinha chorona de novo?Não aguento.Carol Castro e Cristiane Torloni são as poucas que tem alguma coerência.Selma Egrei é maravilhosa, mas ela continua na fase e mãe do Fagundes?OI???? Domingos Montagner ter a mesma idade da Pitanga? É um show de absurdos. E o Fagundes com essa peruca ridícula?E os figurinos todos coloridos?Pedacinho de Chão - o retorno?Difícil.

Milene Lima disse...

Eu não vi todos os vinte e quatro capítulos, mas os que vi, me encantaram bastante. Parecia estar nunca canção do Luiz Gonzaga. Tomara que essa segunda fase não desperdice esse lindeza de trabalho.

Abraços, Sergio.

Anita disse...

Curiosamente, no dia em que "A Viagem" completa 22 anos, o Antônio Fagundes e a Christiane Torloni voltam a contracenar em "Velho Chico".

Lulu on the sky disse...

Olá, Sérgio!
Sempre as primeiras fases das novelas do Benedito são as melhores e a segunda fase nunca tem o mesmo fôlego já reparou?
big beijos

Unknown disse...

Eu não sabia que ia ter uma segunda fase da novela, eu não estou acompanhando fielmente, mas a novela parece ser muito boa!!!

Beijos, Love is Colorful

Unknown disse...

Oi Sérgio, faz tempo que não comento aqui.
Não assisto Velho Chico por que trama rural não faz meu tipo, mas pelas chamadas e poucas cenas que vejo percebo que é uma produção lindíssima, talvez a mais linda que já vi no horário nobre. Vi alguns pedaços da nova fase ontem e gostei bastante do figurino dos personagens, porém não se parece nenhum pouco que a trama se passa em 2016. Parece que continua sendo de época. Gostei do novo elenco mas detestei o sotaque da Christiane Torloni, mas sua caracterização é linda. Camila Pitanga também está ótima, assim como Antônio Fagundes e especialmente a Selma Egrei. Aliás, pensei que ela ficaria só na primeira fase e achei ótimo ela ter continuado por que sempre foi um dos maiores destaques da novela. E a audiência parece estar indo bem em comparação as antecessoras, então deve estar dando tudo certo.
Abraços

Unknown disse...

Apesar de todos os acertos que você apontou na novela, Velho Chico não me empolgou.

MARILENE disse...

Sérgio, uma abordagem magnífica a sua. Tenho ouvido críticas à novela, mas gostei dessa primeira fase e espero que mantenha o nível. Realmente, o ator que fez o Cícero deixou a desejar, mas foram muito boas as interpretações dos demais. Bjs.

Vera Lúcia disse...


Excelente análise, Sérgio.
Vale, agora, o que eu disse no comentário da postagem anterior, que excluí, com relação à procrastinação que se emprestou aos capítulos iniciais, tanto assim que pulei várias partes da novela. É certo que quando uma trama tem fases diferentes a repetição serve para fixar os personagens na memória dos telespectadores, mas, mesmo assim, entendo que ouve um certo exagero. Também não gostei da interpretação do ator que representou o Cícero (Pablo Morais). Merece destaque a bela fotografia e também a atuação magnífica de Selma Egrei.

Abraço.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Santos disse...

Entendo perfeitamente, Melina. bjssss

Sérgio Santos disse...

Muito obrigado, Johnny!

Sérgio Santos disse...

Já tá se arrastando, anonimo... abçs

Sérgio Santos disse...

Na segunda o rio já começou a ter a importância prometida, Felis. Mas tá meio panfletário demais. Aguardemos. E a primeira fase foi mt bonita mesmo.

Sérgio Santos disse...

Que bom que gostou, Chica. bjs

Sérgio Santos disse...

Entendo, gente boa. =)

Sérgio Santos disse...

Ótima observação, Valentina.

Sérgio Santos disse...

A situação é mesmo absurda, anonimo, mas nesse caso vale relevar pra continuar acompanhando o show da Selma.

Sérgio Santos disse...

Entendo cada ponto, Vanessa. E a segunda tá fraca mesmo até agora. Mas tô gostando da Pitanga. Bjss

Sérgio Santos disse...

Milene, há quanto tempo! Bom vê-la de volta. bjs

Sérgio Santos disse...

Verdade, Anita. Que saudades desse casal e dessa novela, aliás!

Sérgio Santos disse...

Já reparei sim, Lulu. bjs

Sérgio Santos disse...

Não tá perdendo mta coisa não, Bárbara... rs bjs

Sérgio Santos disse...

Faz mesmo, Ed, e sinto falta. E novela é belíssima mesmo e não parece mesmo que está sendo passado nos dias atuais. Parece uma realidade paralela. Mas o enredo é bem enfadonho. abçssss

Sérgio Santos disse...

Elvira, tb não empolgou a mim. E seu comentário me deixou feliz pq fez parecer que eu amo a novela e não amo, ou seja, fui imparcial mesmo. bjsss

Sérgio Santos disse...

Sem dúvida, Marilene. bjs

Sérgio Santos disse...

Ótimo comentário, Vera. E entendo vc ter pulado várias partes pq foi arrastada mesmo. E Selma é genial. bjs