sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Mas tinha que ser o Chaves?

O responsável pelo sorriso de milhares de pessoas se foi na última sexta-feira, dia 28 de novembro. Roberto Gómez  Bolaños faleceu no México, aos 85 anos, vítima de uma parada cardíaca. O criador dos fenômenos "Chaves" e "Chapolin" sofria de insuficiência respiratória, que vinha se agravando desde 2009. Após várias longas internações, o comediante, escritor, ator, compositor, dramaturgo e diretor pôde descansar em paz.


Roberto morreu em casa, em Cancún, para onde se mudou há poucos anos, já que a altitude elevada da Cidade do México agravava seu problema de saúde. Ele deixou 6 filhos e uma legião de fãs. Era casado com Florinda Meza (intérprete da inesquecível Dona Florinda) e, assim como todos os atores do seriado "Chaves", tinha um carinho enorme pelo Brasil. Tanto que, por ironia do destino, seu último tweet em sua conta no Twitter foi para uma fã brasileira dizendo 'Todo mi amor para Brasil.'.

Conhecido como 'Chespirito' (pequeno Shakespeare em espanhol) ---- apelido dado a ele pelo diretor de cinema Agustín P. Delgado -----, Roberto Bolaños criou o atrapalhado herói Chapolin Colorado (El Chapulín Colorado) em 1970, que era apresentando dentro do seu programa (Programa do Chespirito).
O personagem logo fez sucesso e um ano depois ele criou o que viria a ser um fenômeno mundial: o ingênuo menino pobre apelidado de 'Chaves' ----- na verdade era a série 'El Chavo del Ocho', exibida pela primeira vez em 20 de junho de 1971. Os dois perfis eram interpretados pelo próprio criador, que conquistou a América Latina com seu talento.

No dia 24 de agosto de 2014, o "Chaves" completou 30 anos no Brasil. Foi exibido pela primeira vez no SBT em 1984, quando o seriado já não era mais exibido no México ----- ficou no ar entre 1972 e 1980. O Chapolin também veio junto e por anos os dois foram exibidos seguidamente pela emissora do Silvio Santos, angariando excelentes índices de audiência. O humor ingênuo era a principal marca de Roberto, que escrevia um texto engraçado, muitas vezes tocante, e sem nunca apelar para algo mais pesado.

Mas além dos tipos interpretados por ele mesmo ---- que além de Chapolin e Chaves, deu vida também ao inesquecível rabugento Dr. Chapatin, além de tipos nem tão populares como Chompiras e Dom Caveira -----, o gênio Roberto criou personagens que fizeram parte da turma do "Chaves" e viraram uma verdadeira febre, vide Senhor Barriga, Dona Clotilde, Jayminho, Kiko, Chiquinha, Godinez, Professor Girafales, Dona Neves, Seu Madruga, Nhonho e tantos outros, inclusive os que apareciam nos episódios do "Chapolin" ---- como, por exemplo, esquecer o velhinho que amava seus 'aerolitos'?

E na pele do pobre menino que amava um sanduíche de presunto, Roberto eternizou bordões que até hoje são repetidos pelos telespectadores e fãs do seriado. "Ninguém tem paciência comigo", "Pi pi pi pi pi pi", "E zás, e zás e zás!", são apenas alguns deles. Fora os populares "E agora, quem poderá nos defender?", "Não contavam com a minha astúcia!" e "Sigam-me os bons" do medroso Chapolin Colorado, um herói às avessas. Os memoráveis momentos vividos por todos os personagens criados por este gênio eternizaram os perfis que permanecem vivos no coração dos brasileiros. E o sucesso das constantes reprises apresentadas pelo SBT é a prova disso.

Em 2012, vários artistas se reuniram no evento "América celebra Chespirito", em homenagem a Bolaños. Entre os muitos convidados, estavam, claro, sua esposa, Florinda Meza, Edgar Vivar (Seu Barriga) e Rubén Aguirre (Professor Girafales). As ausências de Maria Antonieta de las Nieves (Chiquinha) e Carlos Villagrán (Kiko) se deram por conta dos desentendimentos que ambos tiveram com Roberto em virtude da reivindicação do direito de imagem dos personagens. Foram anos de muitas brigas e disputas judiciais. Mas os dois fizeram questão de deixar a mágoa de lado quando souberam do falecimento do colega.

A comoção pela morte de Roberto não mobilizou só o México. A repercussão foi mundial e a imprensa fez uma intensa cobertura do falecimento e velório do dramaturgo, principalmente a do Brasil. O SBT, como já era de se esperar, dedicou horas da sua programação para abordar o assunto e a Globo fez questão de falar da genialidade do criador do "Chaves", noticiando o óbito do ícone no "Jornal Nacional" e "Jornal da Globo", além de exibir trechos da cerimônia de despedida no "Fantástico".

Roberto Gómez Bolaños se foi e deixou milhares de admiradores de luto. Mas todo o seu legado ficará para sempre na memória de cada um que se divertiu com as trapalhadas do Chapolin e as travessuras do Chaves. O herói que mais atrapalhava que ajudava e o menino que morava no barril jamais serão esquecidos. Sem querer querendo e contando com a astúcia, eles serão lembrados a todo instante.

Agora, o Chavinho foi se encontrar com Seu Madruga (Ramón Valdés), Dona Clotilde (Angelina Fernández), Godinez (Horácio Gómez Bolanõs) e Jaiminho (Raúl Padilla), cujos intérpretes já faleceram. A morte, infelizmente, chega para todo mundo um dia. Porém, um dos famosos bordões ditos, principalmente, por Seu Barriga é apropriado para esta triste perda: "Mas tinha que ser o Chaves?".

48 comentários:

Anônimo disse...

A morte dele deixou o país de luto. Me emocionei com seu texto.

Felipe disse...

Sérgio, esse cara marcou minha infância e a de muita gente. Seu texto sobre ele ficou muito bom! Fará muita falta mas seus personagens nunca serão esquecidos.

Clau disse...

Oi Sérgio,
Cresci assistindo o humor ingênuo
da turma do Chaves.
Até hoje, assisto inúmeras veses o mesmo episódio,
com o mesmo entusiasmo!
Bjs!

Anônimo disse...

Chorei a morte dele como se fosse um integrante da minha família.

William O. disse...

Senti falta de um texto seu falando sobre essa triste perda. Que bom que vc escreveu. Gostei muito como sempre. Chaves eterno.

Jô Turquezza disse...

Por que ele?
Não sabemos responder ......

Parabéns pelo Troféu Xícara de Ouro.
joturquezzamundial
Beijos.

paulo disse...

Talvez meu comentário seja mau interpretado mas é curioso ver as pessoas chorando a morte do ator como se o seriado estivesse sendo gravado ainda e fizesse diferença. Bem, o seriado foi feito na década de 70 e ate hoje suas reprises são sucesso. Imagem desbotada, som ruim, dublagem "tosca", mas tudo isso é o charme de Chaves e Chapolim. Comparando, é como Os Trapalhões que se reprisar seria um sucesso mas o Didi atualmente não tem um pingo de graça. A TV de antigamente era muito melhor com pouca tecnologia do que hoje com imagem em HD e tudo uma MERDA!

Anônimo disse...

Roberto foi um gênio e lamento ele ter partido sem ter feito as pazes com o Vilagran e a Maria Antonieta. Não foi a-toa que sua morte provocou uma grande comoção no Brasil onde sempre foi amado. Salve, Bolanos!

Ana Carolina disse...

As imagens da Florinda no velório são desoladoras. Chaves e Chapolin são eternos e até hoje fazem sucesso. Isso é tão raro, Sérgio. Mas a morte do Bolaños fez até surgir aqueles malas que odeiam tudo e reclamam de tudo. Até de Chaves. Leu aquela crítica da Folha que esculachou o programa? Ela tem direito mas publicar um texto daquele no dia da morte foi nojento. Adorei sua homenagem. Bjs

chica disse...

Triste perda mesmo! Atingiu a todos! abraços,chica

Anônimo disse...

Só assistia Chaves e Chapolin quando era criança. Mas respeito e admiro muito o trabalho do Roberto. É raro hoje em dia humor sem baixaria e palavrões como ocorria nos seriados do Bolaños. Vai fazer falta.

Vera Lúcia disse...


Olá Sérgio,

Belíssima e merecida homenagem.
Com certeza, ele deixou um inesquecível e eteno legado. Há pessoas que não passam por esse mundo em vão, como é o caso de Roberto Gómez Bolaños. Que ele descanse em paz, pois é sofrido conviver com uma insuficiência respiratória.

Ótimo final de semana.

PS: A 'obra' por aqui está dando um pouquinho de dor de cabeça, mas espero que ela passe antes do Natal-rsrs.

Beijo.

Milene Lima disse...

Eu acho que ele deixou bem mais que milhares de fãs, visto a repercussão cheia de pesar que se viu nas redes sociais. Todo mundo era fã do Chaves, todo mundo viu o Chaves em alguma etapa da vida (exceto eu?). Eu não via o programa, mas sabia de tudo porque o povo vivia repetindo as palhaçadas ingenuas dele.
O homem se foi, mas o personagem é eterno, né?
Beijo, Sérgio.

Marco Maciel disse...

Já diria o Chavinho: "Eu prefiro morrer do que perder a vida". Gênio, mestre, uma perda irreparável de um dos grandes homens do Século XX, um dos maiores nomes da história da televisão mundial.

Unknown disse...

Boa tarde blog, achei ótimo a matéria sobre o nosso eterno Chaves (ou El Chavo Del 8 como é conhecido nos países latinos), realmente mais um grande artista acabou de partir. Mas independente dos artistas já não estarem aqui na terra, serão sempre lembrados pelo resto de nossas vidas.
Uma coisa que me deixou muito chateado foram algumas matérias contestando o excesso do foco em torno da morte de Roberto Gómez Bolaños, afinal esse grande artista é considerado o pai da comédia e do humor (não existe nenhum outro programa parecido que tenha conseguido superar o Chaves, pelo menos no México não existe, e olha que esse país é mestre em fazer ótimos programas de humor, afinal, assisti a vários deles).
Independente do seriado ser da década de 70, Roberto Gómez Bolaños merece sim ser bastante homenageado visto que seu trabalho continua bastante atual e é uma referência a todos que trabalhem nessa área. Mesmo Pelé, que já não atua a décadas no futebol, é bastante lembrado e homenageado até hoje, por que o mesmo não pode ocorrer com o Chespirito?
A força do Chaves reina bastante nos países latinos, digo isso porque morei bastante tempo por lá, até comprei o DVD completo do Chaves e Chapolin totalmente espanhol durante minha estadia ali, guardarei como uma ótima recordação.
Enfim, só lamento muito os desentendimento envolvendo alguns atores do Chaves, gostaria muito que tivessem feito as pazes, afinal, eles formaram uma grande e inesquecível família.

Unknown disse...

Sérgio, foi muito triste mesmo a morte do Chespirito, mas a obra dele vai ficar para sempre. Ele foi um gênio que conseguiu conquistar gerações. Ele fez parte da minha infância e era muito bom assisti-lo todos os dias.
Com certeza alguém já citou algum bordão do Chaves ou Chapolin no dia a dia. Enfim vai deixar muita saudade...
bjsssss

Anônimo disse...

PRA SEMPRE CHESPIRITO!!!!!!!!!!!!!!

Vane M. disse...

Olá, Sérgio! Chaves me parece aquele tipo de pesso/personagem que dá a impressão de que nunca se vai. Eu não costumava assistir, mas minha filha gostava tanto que até apelidou uma senhhora rabugenta do meu prédio de "Bruxa do 71", hahaha. Vejo que muitas pessoas sentiram. Um abraço!

Lulu on the sky disse...

Oi Sérgio,
Como não amar o Chaves? O que mais admirava no Bolaños era a capacidade que ele tinha de fazer humor sem usar palavrões, baixaria e conseguia entreter as pessoas de todas as idades.
Gênio imortal.
Ótimo dia pra você.
Big beijos
Lulu on the Sky

Yasmin disse...

O Roberto foi um gênio e criou coisas simples e que agradaram milhões de pessoas. A comoção pela sua morte comprovou o que já era claro. Seu texto presta uma justa homenagem a ele. Parabéns!

Filha do Rei disse...

Anos passa anos e o Chaves nunca foi esquecido, o programa aqui no Brasil há anos está vivo,repetindo várias vzs,mas os fãs não cansam.E assim continuará: o autor morreu,mas o personagem está sempre ressurgindo.
Tenha uma abençoada semana.Bjs

Sérgio Santos disse...

Obrigado, anônimo.

Sérgio Santos disse...

Exatamente, Felipe. Abçs

Sérgio Santos disse...

Eu tb, Clau. bjsss

Sérgio Santos disse...

Foi uma triste perda, anônimo.

Sérgio Santos disse...

Que bom que gostou, William. Não podia deixar passar. abçs

Sérgio Santos disse...

Mt obrigado, Jô. bjs

Sérgio Santos disse...

Paulo, não é pq o Roberto não estava mais atuando que sua morte seria menos dolorosa. As reprises fazem sucesso ainda mesmo e a tosquice faz parte do pacote, que virou uma marca.

Sérgio Santos disse...

Foi uma pena isso, anônimo. Ele se foi e os três não conseguiram se entender. Uma tristeza isso.

Sérgio Santos disse...

Deu pra ver a dor da Florinda mesmo, Ana. Aliás, todas as imagens foram tristes. Sim, li o texto daquela senhora. Ela tem todo o direito de odiar, mas publicar aquilo no dia da morte dele foi de um oportunismo asqueroso. E deu pra ver que ela é daquelas pessoas que se sentem superiores por causa de seus ditos "gostos refinados".

Sérgio Santos disse...

Verdade, Chica. bj

Sérgio Santos disse...

Fará mt falta mesmo, mas sempre será lembrado.

Sérgio Santos disse...

Ele tava sofrendo mt, Vera. Vivia com um tubo de oxigênio do lado o tempo todo. E Roberto deixa um legado marcante e inesquecível.


Obra é uma desgraça! rs bj

Sérgio Santos disse...

É eterno mesmo, Milene! Puxa, vc nunca viu? :( Eu via mt e ainda me pego vendo às vezes. É irresistível. bjssss

Sérgio Santos disse...

Chaves era responsável por uma sucessão de frases ótimas, Marco. E essa é uma delas. E vc tá certo, não é exagero falar isso.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, Reinaldo. Concordo com o seu comentário, também não achei exagerada a cobertura, não. Ele foi um gênio, a comoção era natural. Tb discordei dessas matérias questionando isso. E eu tenho álbum de figurinha do Chaves, bonecos, fitas, enfim, era e sou fã.

Sérgio Santos disse...

Vai deixar mta saudade, Juliana. Mas é verdade, será eterno. Nunca nos esqueceremos de nada. Bjs

Sérgio Santos disse...

Pra sempre!

Sérgio Santos disse...

Sua filha fez isso, Bia? rsrs Bom saber que ela está tendo a infância marcada pelo Chaves tb, assim como foi a minha e de tanta gente. Bjs

Sérgio Santos disse...

Como não amar, Lulu??? É verdade, ele era um talento raro mesmo. bjs

Sérgio Santos disse...

Mt obrigado, Yasmin. Ele merece. bjs

Sérgio Santos disse...

É exatamente isso, Cléu. Bjs e boa semana.

BIA disse...

Belo texto Sérgio! As crianças amam o Chaves e o Chapolin! Triste perda! Boa semana! :)
Bjs

Sérgio Santos disse...

Obrigado, Bia. Bjs e boa semana.

MARILENE disse...

Sergio, por incrível que possa parecer, só o conhecia de nome, pois muitos comentavam sua obra. E me inteirei dela após seu falecimento, lendo as inúmeras menções elogiosas que lhe foram feitas.
Que descanse em paz! Bjs.

Elvira Akchourin do Nascimento disse...

Chaves e Chapolin eram adorados pelo público infantojuvenil e até por alguns adultos. Quando o SBT queria bater a concorrência, bastava exibir um episódio do Chaves para ganhar a audiência,

Sérgio Santos disse...

Jura, Marilene? Fiquei surpreso. Bjssss

Sérgio Santos disse...

É verdade, Elvira.