quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Mesmo ambientada em 1910, "Orgulho e Paixão" consegue abordar temas atuais com habilidade

O popular "merchandising social" pode ser um problema para qualquer trama. O risco de soar gratuito é considerável e o caso da equivocada "Malhação - Vidas Brasileiras" é um bom exemplo. Abordar questões atuais em uma novela de época, então, é ainda mais complicado. Mas, Marcos Berstein vem conseguindo explorar várias situações com maestria em "Orgulho e Paixão".


Elogiar a ótima novela das seis da Globo virou uma constante e o capítulo desta terça (14/08) conseguiu surpreender o público com duas abordagens importantes. A primeira foi a violência contra a mulher, sofrida por Mariana (Chandelly Braz), que se viu sequestrada pelo asqueroso Xavier (Ricardo Tozzi). Após ter se livrado do disfarce de Mário e mostrado para todos os corredores que eles perderam a corrida de moto para uma mulher, a filha de Ofélia (Vera Holtz) quebrou um paradigma em 1910 e provocou a ira do inimigo de Brandão (Malvino Salvador).

Para se vingar, o personagem seguiu ordens de Lady Margareth (Natália do Vale) e prendeu a moça em um cativeiro para cortar os seus cabelos. A cena foi forte e Chandelly protagonizou a sua melhor sequência na trama, emocionando do início ao fim. A atriz expôs o desespero e a dor daquela corajosa mulher que se viu impotente diante da covardia de um homem.
Seu choro foi desolador. Ao final do capítulo, ainda exibiram um aviso sobre a necessidade de denunciar uma agressão ---- mesmo alerta exposto em "O Outro Lado do Paraíso". Porém, não foi o único tema importante exposto de forma competente.

O momento em que Luccino (Juliano Laham) revelou ao irmão Ernesto (Rodrigo Simas) que gostava de homens foi marcado pela delicadeza. O choque inicial do noivo de Ema (Agatha Moreira) logo cedeu espaço para a compreensão, resultando em um sensível diálogo e um bonito abraço. Os atores emocionaram e os olhares complementaram muito bem o texto. Rodrigo sempre esteve bem na  novela e é um dos destaques do elenco, mas Juliano começou muito mal e melhorou sua atuação ao longo dos meses. O autor acertou quando inseriu a homossexualidade no personagem, visto até então apenas como um rapaz tímido. Sua relação com o Capitão Otávio (Pedro Henrique Muller) também merece menção e vem sendo conduzida com sensibilidade.

E a cena em que Ema consolou Mariana, exibida no capítulo desta quarta (15/08), valorizou a sintonia de Agatha Moreira e Chandelly Braz. Ainda teve um texto bem escrito do autor valorizando as mulheres através da frase da noiva de Ernesto: "É hora de fazer o que uma mulher faz de melhor: secar as lágrimas e resolver os problemas, por piores que sejam". Mais um momento delicado da novela. Aliás, o fato de ser ambientada em 1910 pode até deixar alguns contextos ''exagerados'', afinal, na época não existia empoderamento feminino e muito menos compreensão com romance gay. Todavia, é uma licença poética bastante válida e em nada atrapalha o andamento do roteiro, muito pelo contrário. Até porque o dinamismo do folhetim é observado justamente por causa de certos 'avanços'. Haveria um evidente marasmo se Elisabeta (Nathalia Dill) e Darcy (Thiago Lacerda), por exemplo, demorassem uma eternidade para trocar um simples beijo. Ou se Ema e Ernesto adiassem qualquer tipo de carinho mais ''quente" até o casamento. Há, inclusive, um equilíbrio entre os personagens ''moderninhos'' e os "adequados para o século XIX".

"Orgulho e Paixão" consegue surpreender a cada novo acontecimento e ainda vem abordando temas importantes contemporâneos com todo cuidado necessário. A dramática cena envolvendo Mariana e o apoio de Ernesto a Luccino são apenas algumas provas disso.


25 comentários:

Felipe disse...

Por que você escreve só textos bons????

Melina disse...

Sérgio, querido, há quanto tempo. Estou sumida. Eu adoro essa novela e só tenho elogios. Vim aqui especialmente para ler todos os seus textos sobre ela porque estou em falta, mas ainda sigo leitora assídua. E fico espantada como esses temas estão bem explorados. Mariana me fez chorar. Chandelly está ótima e adoro todos os personagens dessa novelinha. As outras eu nem tenho visto porque não me chamam atenção. Um beijo.

Heródoto disse...

Mariana chorando e Ernesto apoiando o irmão foram de emocionar qualquer um.Essa novela merece muitos prêmios!Seu texto foi uma grata surpresa porque não esperava outro tão cedo da novela depois do de Aurieta.

Kellen disse...

Que texto bom. Eu assino embaixo. Não vejo problema em abordar temas atuais em novela de época e acho ótimo que o autor esteja colocando tanto tema importante.Todos muito bem abordados. O romance gay deveria servir de exemplo pra Segundo Sol que virou uma palhaçada com o policial doando sêmen pra lésbica e agora vão se apaixonar.

Malu disse...

Amo que essa novela ganha texto quase todo dia! Novelão é assim mesmo! Concordo plenamente contigo. As cenas foram emocionantes e muito bem escritas e interpretadas, nunca pensei que elogiaria o Laham, mas né, sejamos justos, ele merece. No entanto, o destaque fica pra Rodrigo Simas e Chandelly Braz, arrasaram! E também discordo dos cricríticos que implicam com a "modernidade" da novela, é realmente uma licença poética válida todo esse empoderamento, já que, muitas vezes é o que movimenta a novela.

Anônimo disse...

MELHOR NOVELA NO AR.

Chaconerrilla disse...

Que texto maravilhoso, Zamenzito! Essa novela é incrível. Impossível não se emocionar com a cena de Mariana e de Ernesto e Luccino. Que venham cenas tão lindas quanto nos próximos capítulos. Aliás Ema e Ernesto são muito preciosos. S2

Curt Lennix disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Adoro essa novela. Ela, O Tempo Não Para e Poliana são as que eu assisto. E por falar em Poliana, fico surpreso com o desempenho da Flávia Pavanelli no papel de Brenda. Ela é youtuber e virou atriz do nada. Particularmente, achei que ela daria um show de canastrice. No entanto, mordi a língua. Não é que ela leva jeito para a profissão. Está muito bem no papel dela.

Anônimo disse...

Tô achando a personagem da Larissa Manoela extremamente fraca. Brenda (Flávia Pavanelli) e Raquel (Isabella Moreira) são perfis mais atrativos. Larissa, possuindo status de estrela teen no canal e também já ter vivido a chamativa 'Maria Joaquina',e até mesmo, 'gêmeas' que cobraram muito de si, eu não entendi o porque de terem escolhido justo esse papel para ela.

Anônimo disse...

É interessante a abordagem de temas sociais. Lembro que Boogie Oogie se passava nos anos 70 e a novela mal falou sobre a ditadura e o feminismo.

Unknown disse...

Olá Sérgio!!
Quando a gente pensa que não dá mais para elogiar Orgulho e Paixão, a novela mostra que estamos enganados rs.
Essas duas cenas foram mesmo muito bonitas e cheias de significado, embora eu confesse que no começo achei meio exagerada (dentro da trama) a reação da Mariana, afinal ela estava completamente à mercê de Xavier e Virgílio e eles poderiam ter feito coisa muito pior com ela; só relevei porque entendi que não dava pra mostrar cenas mais pesadas em uma novela das seis e o "cortar os cabelos" acabou adquirndo certo simbolismo nesse sentido.
Já a cena do Ernesto com o Luccino foi muito delicada e emocionante mesmo, o choque seguido pela aceitação e por fim a declaração amor de um irmão para o outro foi algo lindo de se ver, aliás eu tenho gostado muito de todo esse plot da homossexualidade do Luccino e da relação dele com o Otávio, é sutil e ao mesmo tempo não deixa espaço para dúvidas.
Só vou dicordar da parte em que você diz que há um equilíbrio de personagens "modernos" e "de época": dos que eu consigo me lembrar agora, só a Ofélia que talvez esteja mais condizente com os costumes da época; todos os outros apresentam alguma característica, seja no discurso ou na atitude, de personagens mais "comtemporâneos". Apesar disso, esse anacronismo não me incomoda porque acaba virando um mero detalhe em uma história deliciosa de assistir.
No mais, é isso. Abraços!!

Luli Ap. disse...

Olá Sérgio
Seus textos são tão excelentes e ótimos que vc deveria escrever um livro alguma coisa como "escrevivendo"!
Daí eu quero Bienal, selfie e autógrafo!
Parabéns.
Aaaaahhhh pena que só assisto capítulos avulsos da novela, queria tanto acompanhar, mas esse horário está terrível pra mim :/
Que emocionante deve ter sido, necessário a inserção, mas com sensibilidade.
Bjs Luli

Sérgio Santos disse...

Fico honrado em ler isso, Felipe.

Sérgio Santos disse...

Melina, tu sumiu mesmo. Sinto sua falta aqui. Bom te ver de volta.

Sérgio Santos disse...

Que bom, Heródoto.

Sérgio Santos disse...

Exatamente, Kellen.

Sérgio Santos disse...

Juro que tinha planejado outro texto, Malu. Mas veio essa sequência tão boa e não resisti. Novelão mesmo. Tb não me incomodo nem um pouco com a modernidade, pelo contrário.

Sérgio Santos disse...

Concordo, anonimo.

Sérgio Santos disse...

São três novelas mt gostosas, anonimo, e merecem o sucesso.

Sérgio Santos disse...

Acho que ela só entrou pelo sucesso que a Larissa faz, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Ema e Ernesto são mt shippáveis, chaconerrilla.

Sérgio Santos disse...

Essa Boogie Oogie foi um horror, anonimo. Mereceu ser o maior fracasso d faixa.

Sérgio Santos disse...

Pois é, Germana. Eu escrevi sobre Aurieta e logo depois veio esse cenão. Não podia ignorar. Novela boa demais. E nem tinha como uma cena mais pesada pq já classificaram a novela como impropria para menores de 12 anos...E acho que além de Ofélia, Jane, Barão, Cecília, Tiburcio, Fani, enfim, também são adequados para a época. Bjsss

Sérgio Santos disse...

Pobre de mim, Luli...rsrsrs Muito obrigado pelo carinho, fico honrado. Bjão!!!!!!!!