terça-feira, 15 de maio de 2018

"Segundo Sol" tem estreia movimentada e embalada por nostálgica trilha sonora

"Tudo pode ser transformado. Tudo que se perdeu pode existir de novo. De outro jeito. Reinventado. Reconstruído de outra forma. Só depende de você. Só você pode dar uma nova chance para a sua vida". A premissa de "Segundo Sol", nova novela das nove, que estreou nesta segunda-feira (14/05), é bastante interessante. Mas não apenas porque pode render uma boa história e, sim, porque acaba servindo para o próprio autor. João Emanuel Carneiro foi o responsável pelo fenômeno "Avenida Brasil" (2012) e fracassou com "A Regra do Jogo" (2015), seu último trabalho na Globo. Ou seja, essa nova empreitada não deixa de ser uma nova chance para ele mostrar o quão é talentoso.


A última novela do escritor foi um tropeço em sua brilhante carreira e seu novo enredo tem tudo para conquistar o telespectador. João aposta agora no folhetim mais rasgado, deixando maiores complexidades de lado, com o claro objetivo de reconquistar o público. E sua estratégia se mostra bem correta, ainda mais substituindo o fenômeno "O Outro Lado do Paraíso", de Walcyr Carrasco, que arrebatou a audiência com um melodrama rasgado, repleto de clichês. Sai de cena o Jalapão e o lindo cenário de Tocantins, cedendo lugar para as belezas da Bahia. Ambientada em Salvador e na fictícia Boiporã, a trama traz duas fases separadas por 18 anos. A primeira se passa entre 1999, 2000 e 2001.

A vingança de Clara Tavares (Bianca Bin) é substituída pela saga de Beto Falcão (Emílio Dantas), cantor que estourou com o sucesso "Axé Pelô", em 1994, mas enfrenta a decadência no final dos anos 90, se dando conta da diminuição de seu cachê e precisando lidar com dívidas, contraídas pelo seu irmão, o 171 Remy (Vladimir Brichta).
O primeiro capítulo já exibiu o principal mote desse enredo: a queda do avião em que Beto deveria estar, após ter topado uma pequena participação em um show de Aracaju. O protagonista perdeu o voo e a apresentação, mas escapou da morte. A questão é que todos pensam que ele estava no acidente e seu falecimento vira uma comoção nacional. O cantor virou um mito. E agora?

A namorada do rapaz --- a interesseira Karola (Deborah Secco) --- e seu irmão logo descobrem que Beto não morreu e o convencem a manter a mentira. O objetivo, claro, é ganhar muito dinheiro com isso. Iludido e cheio de dívidas, o protagonista acaba aceitando. Karola tem uma mentora: a ardilosa Laureta (Adriana Esteves), que funciona como o 'cérebro' da dupla. Beto fez um show para poucas pessoas em um trio elétrico pobríssimo e a decadência de sua carreira era evidente. Depois da sorte de não ter embarcado no avião que caiu, aceitou o plano dos picaretas e se mudou para a fictícia Boiporã, conhecendo Luzia (Giovanna Antonelli), uma marisqueira humilde por quem se apaixona.

Embora ainda seja cedo, já é preciso elogiar Emílio Dantas, que adotou um sotaque preciso para o seu carismático Beto. O mesmo vale para Vladimir Brichta, ótimo na pele do calhorda Remy, e Deborah Secco, muito bem vivendo a interesseira Karola. Giovanna Antonelli é outro nome que promete se destacar, assim como Arlete Salles (Naná) e José de Abreu (Nonô), intérpretes dos pais de Beto e Remy. Apesar da rápida aparição, Adriana Esteves mostrou que sua ardilosa Laureta pode roubar a cena. Outro ponto positivo foi a trilha sonora, repleta de clássicos de axé dos anos 90, provocando uma inevitável nostalgia em quem assistia. Algumas são versões originais e outras regravações, como "Me Abraça", cantada por Anavitória. Aliás, o capítulo começou apresentando shows reais da época, com direito a Carlinhos Brown, Chiclete com Banana, Daniela Mercury, entre tantos.

O autor focou apenas no núcleo principal e em poucos personagens, evitando uma maior dispersão nesse início, o que é um acerto. Também não quis guardar história e, para isso, não se preocupou em correr demais com a relação dos mocinhos. Isso porque Beto e Luiza se conheceram em Boiporã, se apaixonaram, transaram e logo depois já planejaram casamento. Para culminar, ela ainda descobriu que está grávida. A retrospectiva de casais principais que se amaram subitamente no primeiro capítulo não é boa, vide o fracasso de Inácio (Bruno Cabrerizo) e Maria Vitória (Vitória Strada), em "Tempo de Amar", e Eric (Mateus Solano) e Luiza (Camila Queiroz), em "Pega Pega". A sorte é que Giovanna e Emílio têm química. Resta torcer para que a relação seja bem conduzida ao longo da novela.

O primeiro gancho, inclusive, representou a ruína do casal. Karola chegou a Boiporã, alertada por Remy, e inventou que está grávida de Beto, para a decepção de Luzia ---- ela, futuramente, vai roubar a criança da mocinha, repetindo a situação de Livia (Grazi Massafera) e Clara (Bianca Bin), em "O Outro Lado do Paraíso", ou, claro, Nazaré (Renata Sorrah) e Maria do Carmo (Susana Vieira), em "Senhora do Destino". Esse choque da mocinha, por sinal, resultou em um efeito de congelamento, típico das últimas novelas de João ("Avenida Brasil" e "A Regra do Jogo") e também das dirigidas por Dennis Carvalho e Maria de Médicis. Um início cheio de acontecimentos para conquistar o telespectador e manter a altíssima audiência do enredo de Walcyr Carrasco.

"Segundo Sol" teve uma estreia movimentada, repleta de nostálgicas músicas baianas, e tem boas chances de agradar o público, lembrando a primeira novela de João Emanuel Carneiro: "Da Cor do Pecado" (2004), um dos maiores fenômenos do horário das sete. O autor prometeu um enredo mais leve, após seu problemático roteiro de 2015, e ao menos no primeiro capítulo cumpriu sua palavra. Tomara que essa ótima impressão se mantenha ao longo dos próximos meses porque potencial há de sobra.

32 comentários:

Joana Limaverde disse...

Odiei o casal protagonista. Antonelli com 50 anos fazendo mocinha inocente. Não cola mais. O casal já quis casar na primeira olhada e ela ainda engravidou. Karola parece a Darlene cruzada com a Iris e o Brichta tá vivendo aquele personagem dele em Tapas e Beijos.

Anônimo disse...

Eu to maluco ou essa novela tem a mesma história de O Outro Lado do Paraíso em ritmo de axé? A mocinha é arruinada pelas vilãs e volta rica pra se vingar e reconquistar os filhos tendo um roubado pela Karola??? Ainda tem um bordel! Depois o Walcyr é o plagiador.

Italo disse...

Ninguém vai reclamar do clichê do golpe da barriga e da falsa morte não??A anterior era criticada pelos clichês e essa ninguém vai falar nada? É, Sérgio, to achando que tu tem razão mesmo quando fala em perseguição...

chica disse...

Não fiquei tentada a assistir. Vamos ver se a vontade chega,rs...abraços, chica

Debora disse...

Olá Sérgio tudo bem???


Ainda não assisti ao 1º capítulo, mas depois de ler seu post estou com muita vontade!!!



Beijinhos;
Débora.
https://derbymotta.blogspot.pt/

Adriana Helena disse...

Oi Sérgio, como vai amigo?
Sabe, ainda estou sob os efeitos do Outro Lado do Paraíso e ontem, vendo o primeiro capítulo, me encantei com as imagens e a trilha sonora... Me lembrou o Jalapão....rsrs
Ahh, bateu uma nostalgia maravilhosa!!!
Eu gostei, creio que vai ser sucesso sim!! Vamos aguardar né?
Maravilhoso seu texto, como sempre amigo!!
Beijos e uma semana liiinda!! :)))))

Felisberto T. Nagata disse...

sim, uma nova chance ao próprio autor ,pelo pouco que assisti, foi realmente um grande acerto >focar apenas no núcleo principal e em poucos personagens e escancarar bastante a história e dos 'protas' ; grande elenco e que mantenha o 'pique' e os shows de axé da época; Sérgio, abraços e bela semana!

Lulu on the sky disse...

Amando essa novela.
big beijos

Smareis disse...

Boa noite Sérgio!
Ainda não assisti, mais pelo que ouço essa novela vai bombar.
Uma boa semana!
Beijos!

Outsiders disse...

Segundo Sol será uma história de amor tradicional com uma roupagem moderna, regada a ótimas canções. Mais que isso, a trama acertou na escalação de atores.
Motivos:
- Emílio Dantas, completamente diferente de seu Rubinho, de A Força do Querer, mostra que está pronto para encarar um protagonista.
- Giovanna Antonelli segue sendo uma mocinha eficiente,
- Deborah Secco mostrou maturidade para encarnar sua primeira grande vilã em horário nobre.
- Adriana Esteves mostrou, numa única cena, que sua Lauretta nada tem a ver com a Carminha, de Avenida Brasil. Uma personagem que deve render.

Anônimo disse...

Porque nessa os clichês são bem construídos, ao contrário da anterior que era cheia de furos.

Anônimo disse...

A novela tem “inspiração” clara no fenômeno Roque Santeiro. O anti-herói que todos julgam morto mas está vivo e a decisão de se manter a farsa afim de se tirar vantagens financeiras. Não tenho dúvidas de que lá pro meio da novela o Rubinho vai querer acabar com a mentira.

izabel disse...

Segundo Sol é uma novela de qualidades, que tem tudo para manter a boa fase de audiência do horário. Sem apelar para os absurdos sem nexos em sua trama como costuma fazer Walcyr Carrasco.

O maior desafio de Segundo Sol será a falta de representatividade. O motivo: faltam atores negros em cena numa história passada na Bahia.
Eis um problema antigo das emissoras do país em geral... porém isso ganhará energia nesta produção feita em Salvador.
O lado positivo: discussão foi levantada e espera-se que, a partir de agora, atores negros realmente ganhem mais espaço nas emissoras do Brasil.
Já passou da hora de isso acontecer.

Luli Ap. disse...

Olá Sérgio
Ainda não assisti acredita? E já vai completar uma semana! Não deu pra ver nem na Globo Play :/
Depois de ler seu texto pensei mesmo que tem uma pegada de A cor do pecado, inclusive a Gio Antonelli estava na lá.
Não sei porque mas não senti aquela coisa de bater o "zóio" e "garrar" de amores para assistir.
Pelas chamadas me pareceu uma coisa meio requentada, Carminha (da Dri Esteves), Britcha e Débora Secco com papéis similares a outras obras.
Em compensação amooooooo o Emílio Dantas e ele siiiim parece estar bem diferente do Rubinho <3
Gosto da Gio Antonelli tudo o que ela usa ou veste vira fashion fora da telinha :)
E aaahhhhhh claro 1999 é o ano mais fofooooooooo de todos hihihi
bjs Luli
Café com Leitura na Rede

Unknown disse...

As novelas que se passavam na Bahia antigamente também não tinham atores negros e ninguém reclamava, sabe por que? O talento do elenco era tão grande que ninguém nem ligava pra isso. E não tinha esse mimimi de hoje. Eu não lembro de ter nenhum negro em Tieta por exemplo. Bem, quanto a novelinha em questão é mais uma chatice que não tenho a menor paciência de ver nenhum capitulo inteiro sequer, que dirá meses e meses. Pra quem tem saco, boa sorte!

Eduardo disse...

A trama principal já está toda furada. O Beto perdeu o avião e ele voltou por onde? Pelo mato? Ninguém no aeroporto o viu? No ônibus ninguém viu? Na rua ninguém o viu também? O avião mal caiu, Beto tirou um cochilo e já acordou morto? Nem desaparecido, já estava morto. Os médicos estão isolados na ilha também? O boom da fama dele foi no país inteiro, menos naquela ilha. Os dreads estão escondendo tudo, pelo jeito. Vai ter passagem de quase 20 anos e ninguém vai reconhecer o cara. Nenhum turista, nada.
Por falar em passagem de tempo, em algumas novelas reclamaram da caracterização e da escolha do elenco. Nessa não.
Tento entender a insistência na separação dos protagonistas. Pode ser comum em novela, mas nesse caso seria a solução para o plano continuar dando certo. Bem melhor ele escondido com a Luzia do que separado podendo voltar e contar tudo. Devo ter perdido alguma coisa, alguma fala. De qualquer jeito, segurar o cara em uma ilha por 20 anos é surreal.
E a Luzia empurrando o ex bêbado. Ela empurrou e ele "caminhou" até a ponta. Sem contar que ele ficou bêbado bem rápido. E acho que teve um erro na cena: a Luzia estava de frente para o Beto, na cena vista de cima ela estava sentada atrás dele. Fora o efeito que não foi lá grandes coisas, esse seria mais um erro dos diretores.
A falta de atores negros na trama é considerada um mimimi, se fosse com Walcyr seria desserviço, né?
A trama de Luzia e Karola está lembrando a de Beth, Clara e Lívia. Já teve golpe da barriga e falsa morte. Mas JEC pode utilizar clichê que vão falar que é inovação ou que são bem construídos. Walcyr, não. É clichê mesmo. Já até li uma pessoa dizendo que pelo menos Karola vai ser punida, como se Lívia fosse a primeira "vilã" a sair impune. Entre aspas porque ela nem chegou a ser vilã.
Acho que não esqueci de nada.

O legal dessa novela vai ser isso. Ver os críticos mais quietos, vendo falhas pontuais. Mas não vou ficar fazendo a linha hater. Vou continuar assistindo porque está legal. Se passar a não gostar, paro. Ao contrário desse povo, não fico vendo novela pra procurar defeitos no trabalho de um autor que não gosto e batendo palma para um outro que comete erros parecidos.

Sérgio Santos disse...

Respeito sua opinião, Joana.

Sérgio Santos disse...

Tem muitas semelhanças, sim, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Né, Italo...

Sérgio Santos disse...

Aguardemos, Chica... rs

Sérgio Santos disse...

Que bom, Débora.

Sérgio Santos disse...

Muito obrigado pelo carinho de sempre, Adriana!!

Sérgio Santos disse...

Exato, Felis. abçss

Sérgio Santos disse...

Tb, Lulu.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Smareis!

Sérgio Santos disse...

Ok, Day.

Sérgio Santos disse...

Nessa também háa vários furos, anonimo, perdão.

Sérgio Santos disse...

Espero que seja antes disso, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Ja tem muitas coisas sem nexo, Izabel, mas a novela está ótima , assim como a anterior.

Sérgio Santos disse...

Depois vc me conta o que achou, Luli. bjssssssss

Sérgio Santos disse...

Ok, Luiz.

Sérgio Santos disse...

Que excelente comentário, Eduardo. Assino embaixo.