terça-feira, 20 de dezembro de 2016

"Sete Vidas", "Além do Tempo" e "Êta Mundo Bom!" formaram uma trinca de ouro no horário das seis

A faixa das seis da Globo apresentou uma boa sequência de novelas, começando no início de março de 2015 e chegando ao fim em agosto deste ano. Uma novela impecável foi substituída à altura e a substituta cedeu lugar à outra tão boa quanto. Ou seja, três folhetins da melhor qualidade e que presentearam o público com histórias repletas de atrativos. As produções são "Sete Vidas", "Além do Tempo" e "Êta Mundo Bom!", escritas por Lícia Manzo, Elizabeth Jhin e Walcyr Carrasco, respectivamente.


As novelas não apresentam semelhança alguma no quesito história, entretanto, as similaridades se dão justamente através de pontos fundamentais de um bom folhetim: elenco bem escalado, trilha sonora primorosa, personagens construídos com competência, dramas envolventes, conflitos convidativos e bom ritmo. As três tramas enriqueceram o horário das seis, cada um a seu modo. Para completar o conjunto harmonioso, todas representaram um crescimento de audiência na faixa, expondo o interesse do telespectador.

"Sete Vidas" elevou em dois pontos a média do horário, obtendo 19,4 no salgo geral, revertendo uma queda que parecia inevitável. Lícia Manzo conseguiu emocionar o público mais uma vez, após já ter atingido o objetivo com sua primeira novela, exibida em 2011: a inesquecível "A Vida da Gente".
A autora escreveu um envolvente enredo sobre sete irmãos frutos de uma doação de sêmen e ainda construiu de forma magnífica toda a complexidade do problemático Miguel (saudoso Domingos Montagner), um sujeito solitário e profundamente abalado por uma tragédia familiar. Não foi difícil o telespectador ser arrebatado por esse enredo dramático tão bem desenvolvido.

A trama ainda apresentou uma das cenas mais lindas, entrando para a história da teledramaturgia, quando todos os irmãos se reúnem em um parque de diversões com o intuito da vivência tardia de uma infância perdida, deixando os problemas de lado. Além do citado Domingos, Isabelle Drummond, Jayme Matarazzo, Maria Eduarda de Carvalho, Débora Bloch, Regina Duarte, Malu Galli, Ghilherme Lobo, Michel Noher, Gisele Fróes, Letícia Colin, Cláudia Mello, Maria Flor e Vanessa Gerbelli, Fábio Herford, Walderez de Barros e Cyria Coentro foram outros grandes destaques de um time em plena sintonia.

A cena final de "Sete Vidas", com Miguel, Lígia e todos os seus filhos reunidos em seu barco, foi belíssima, encerrando a trajetória da novela de forma impecável. Ou seja, a missão de "Além do Tempo", sua substituta, era muito complicada. Manter o nível e a audiência era uma tarefa desafiadora para Elizabeth Jhin, ainda mais depois da sua fraca "Amor Eterno Amor" (2012). Porém, a autora conseguiu honrar a qualidade da história recém-terminada e apresentou um folhetim clássico, onde a maior ousadia estava na passagem de tempo de mais de 100 anos, com todos os personagens reencarnados.


"Além do Tempo" foi uma novela bem mais longa que a anterior (161 capítulos contra 104 da obra de Lícia) e Elizabeth soube entrelaçar as duas fases com maestria. A primeira, ambientada no século XIX, primou pelo capricho, visto nos cenários e figurinos exuberantes da época, destacando principalmente a poderosa Condessa Vitória Castellini (brilhante Irene Ravache). O sucesso da primeira fase foi tanto que ela foi estendida, causando um certo temor pelo início da segunda, ambientada nos dias atuais. O romance proibido de Lívia e Felipe destacou a química de Alinne Moraes e Rafael Cardoso, além de ter representado um dos maiores clássicos folhetinescos.

O momento da mudança de fase foi um dos mais impactantes da novela e todas as situações dramáticas envolvendo Lívia, Felipe, Pedro (Emílio Dantas) e Melissa (Paolla Oliveira) à beira de um penhasco ficaram na memória do público. A primeira troca de olhares entre Lívia e Felipe em uma estação de metrô, mais de 100 anos depois de morrerem juntos e abraçados, foi repleta de delicadeza, arrepiando o telespectador. A segunda fase chegou a apresentar uma leve 'barriga', mas nada que prejudicasse o conjunto da trama. Além dos atores citados, Ana Beatriz Nogueira, Louise Cardoso, Júlia Lemmertz, Rômulo Estrela, Zécarlos Machado, Juca de Oliveira, Nívea Maria, Mel Maia, Inês Peixoto e Luis Melo foram outros grandes destaques da produção. E a novela ainda terminou com uma média geral de 20 pontos, praticamente empatada com "Sete Vidas", mas mantendo a elevação, ainda que discreta, da faixa.


As duas novelas eram bem mais voltadas para o drama e a estreia de "Êta Mundo Bom!" serviu para quebrar um pouco a sequência de deliciosos dramalhões, cedendo lugar para o humor pueril e a comédia pastelão de Walcyr Carrasco, que retornou ao horário das seis após 11 anos dedicado a outras faixas. E o autor não demorou para mostrar a razão de ser considerado o 'rei das seis'. Após os fenômenos "O Cravo e a Rosa", "Chocolate com Pimenta" e "Alma Gêmea", ele novamente emplacou um imenso sucesso e logo no primeiro capítulo, atingindo índices que o horário não obtinha desde 2010. O seu folhetim reuniu absolutamente tudo o que já foi apresentado em suas novelas anteriores da faixa ---- guerra de comida, quedas em chiqueiro, caipiras em uma fazenda distante e forte apelo cômico em meio a dramas bem costurados ----, funcionando mais uma vez.

Porém, apesar de ter tido bem mais comicidade que as duas anteriores, o sucesso das seis também reservou boas doses de dramalhão, despertando a atenção do público. Toda a saga do ingênuo Candinho (Sérgio Guizé em seu melhor momento) e o de sua mãe Anastácia (Eliane Giardini) foi muito bem construída pelo autor, assim como a tocante história de amor de Gerusa (Giovanna Grigio) e Osório (Arthur Aguiar), a vilania de Sandra (Flávia Alessandra) e o romance de Celso (Rainer Cadete) e Maria (Bianca Bin), entre outras situações bem desenvolvidas. Marco Nanini, Ana Lucia Torre, Flávio Migliaccio, Camila Queiroz, Elizabeth Savalla, Ary Fontoura, Suely Franco e Rosi Campos foram outros ótimos destaques do folhetim, que alcançou números impressionantes (acima dos 30 pontos com frequência), ocupando o posto de maior audiência da Globo. Elevou a média geral em sete pontos. Pena que a atual, "Sol Nascente", tenha derrubado o nível do horário, apresentando um enredo insosso, perfis rasos e quebrando essa sequência tão vitoriosa.


"Sete Vidas", "Além do Tempo" e "Êta Mundo Bom" formaram uma trinca de ouro da faixa das seis. Exibidas entre março de 2015 e agoto de 2016, as novelas são exemplos bem-sucedidos de histórias repletas de acertos, onde há um 'casamento' perfeito entre autor, diretor e elenco, proporcionando para o grande público uma galeria de personagens, romances, dramas e conflitos envolventes. Lícia Manzo, Elizabeth Jhin e Walcyr Carrasco conseguiram engrandecer os fins de tarde com folhetins clássicos, alcançando um feito bastante raro em qualquer faixa: exibir três tramas ótimas em sequência. O telespectador agradece.

32 comentários:

Décio Lucas Pereira Rodrigues disse...

Ótimo texto. Realmente foi uma trinca de ouro. Saudades dessas ótimas novelas.

Anônimo disse...

E agora veio esse horror chamado Sol Nascente pra arruinar tudo. Nunca vi novela tão ruim!

Iara Alencar disse...

Tres novelas que fariam sucesso absoluto no horario nobre.
Pena que ninguem percebe que o publico deseja uma Historia bem contada, bem ambientada, bem feita.

Anônimo disse...

Adorei esse texto que acabou sendo uma pré-retrospectiva. Vai ter né??? as suas são as melhores.

Fernanda disse...

Que grata surpresa esse texto! Adorei ler!

JF disse...

Foram três novelas maravilhosas mesmo.

Sobre essa "Sol Nascente": olha, fazia muito tempo que eu não via nesse horário uma novela tão ruim! "Boogie Oogie", "Jóia Rara", "Flor do Caribe" e "Amor Eterno Amor", novelas que esse blog criticou tanto, chegam a ser obras-primas perto dessa desgraça que está no ar.

Unknown disse...

Sol Nascente é realmente mto ruim,parece aquelas historinhas infantis onde o mal sempre ganha ate chegar ao final,pq eles são desmascarados e os mocinhos ficam juntos e felizes para sempre

Anônimo disse...

Uma Correção:
A VIda da Gente foi exibida entre 26 de setembro de 2011 a 02 de março de 2012 e não 2010 como diz o texto.

Anônimo disse...

E aí veio essa Sol Nascente pra jogar toda essa qualidade no lixo!

Marcia Pimentel disse...

Olá,
serão três novelas que ficarão na memória do público. Eu adorei as três novelas.
Abrçs

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Unknown disse...

Realmente, Sérgio, as novelas das seis foram as melhores do ano, como tem acontecido frequentemente. Das três preferi Sete Vidas.

Anônimo disse...

Foram ótimas novelas. Ótimos dramas e uma boa comédia.

O que eu me pergunto é, porque o horário das nove não tem novela de época? Nem de humor? Nem fantasiosa?
É por isso que vem fracasso depois de fracasso, porque não há um respiro. São sempre as mesmas tramas violentas e realistas, nada de uma Cheias de Charme ou uma Totalmente Demais.

No horario das seis e sete há esse alívio, com tramas sempre diferentes.

Chaconerrilla disse...

Zamenzito, que texto maravilhoso! Foram três ótimas novelas das seis. Espero que a próxima seja melhor que Sol nascente... Das três a que mais me encantou foi "Além do Tempo", o que não quer dizer que as outras duas não roubaram minha atenção. Miguel foi um protagonista incrível e complexo que da sua maneira cativou todo mundo, assim como Candinho que com sua ingenuidade e doçura conquistou todo mundo, né não?

Lulu on the sky disse...

Fico com Sete Vidas que foi uma novela com uma sensibilidade linda.
big beijos

Vane M. disse...

Olá, Sérgio, como vai?
Já comentei aqui da minha paixão por Além do tempo, rsrsrs, mas concordo, os autores tem se esmerado nas produções desse horário! A tv aberta está precisando mesmo de maior qualidade e originalidade em suas produções, pois a meu ver as novelas da Globo tem qualidade imbatível.
Aproveito para desejar um Feliz Natal, com muita paz, esperança e amor em sua vida! Abraços, tudo de bom!

Sérgio Santos disse...

Saudades, Decio!

Sérgio Santos disse...

Exato, anonimo....

Sérgio Santos disse...

Boa observação, Iara.

Sérgio Santos disse...

Terá sim, anonimo. Serão seis. =)

Sérgio Santos disse...

Fico feliz, Fernanda.

Sérgio Santos disse...

JF, mantenho as críticas a todas essas, mas agora enfio Sol Nascente nesse balaio. Mt ruim.

Sérgio Santos disse...

É péssima, Unknown.

Sérgio Santos disse...

Corrigido, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Pois é, anonimo...

Sérgio Santos disse...

Ficarão mesmo, Márcia.

Sérgio Santos disse...

Eu também, Elvira!

Anônimo disse...

Mas francamente, só consigo sentir saudades de Sete Vidas e Além Do Tempo, tramas infinitamente superiores a Êta Mundo Bom, que nada mais foi do que uma colagem das novelas passadas de Walcyr Carrasco. E ainda por cima adiantam a novela do Walcyr já para o ano que vem, não me conformo com isso.

Sérgio Santos disse...

Anônimo, a Globo ficou traumatizada com novela de época depois do gigantesco fracasso de Esperança. E novela de época não dá pra fazer tanto merchan, o que na faixa nobre rende mais...

Sérgio Santos disse...

Com certeza, porlapazyporlavida lc!!!

Sérgio Santos disse...

Sete Vidas foi maravilhosa demais, Lulu.

Sérgio Santos disse...

Bia, bom te ver aqui e lembro sim do seu amor por Além do Tempo. Nosso amor, né. Novela linda demais. Feliz Natal e ótimo ano novo pra vc tb!

Sérgio Santos disse...

Entendo, anonimo, mas o Walcyr só voltou pra faixa das seis pra fazer isso mesmo: repetir tudo o que deu certo nas suas novelas da faixa. E conseguiu. Adiantaram ele no horário nobre por causa dos vários sucessos seguidos e em todas as faixas.