sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Que saudades de Yara Cortes

 A Globo vem reprisando "História de Amor", sucesso de Manoel Carlos, exibido na faixa das seis em 1995, e "A Viagem", fenômeno de Ivani Ribeiro, exibido na faixa das sete em 1994. E as duas novelas repletas de qualidades têm Yara Cortes brilhando do início ao fim. A atriz era uma figura frequente nos folhetins e sempre engrandecia das produções com seu carisma e talento. 


A veterana emendou "A Viagem" com "História de Amor" e foram as últimas novelas que contaram com seu talento. A atriz ainda participou de três episódios de "Você Decide", entre 1997 e  1998, mas não retornou aos folhetins e nem à televisão. Ela faleceu em 2002, aos 81 anos, vítima de insuficiência respiratória, e viveu seus últimos momentos cercadas por seus passarinhos em seu apartamento, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

As tramas atualmente reprisadas marcaram a despedida da intérprete das telinhas com duas personagens que fizeram jus ao seu talento. Não por acaso, viraram as mais emblemáticas de sua carreira, tão longeva e com mais de 20 novelas.

Ambas eram coadjuvantes, mas tinham muito destaque e importância para o desenvolvimento das histórias. Também eram perfis muito diferentes, o que possibilitou para Yara demonstrar a sua tão conhecida versatilidade. Viraram figuras muito queridas pelo público e até hoje lembradas com carinho. O fato da Globo reexibir os folhetins ao mesmo tempo foi uma feliz coincidência, ainda que semana que vem isso acabe ---- "História de Amor" chegará ao fim. 

Dona Olga Moretti Miranda era uma senhora sábia, elegante e responsável por um humor ferino deliciosamente desenhado pelo texto irretocável de Manoel Carlos em "História de Amor". Suas cenas eram sóbrias e sempre enriquecedoras. Já Dona Maroca era vovó uma machista, rabugenta e ao mesmo tempo engraçada. Sua preferência pela filha Diná (Christiane Torloni), em detrimento de Estela (Lucinha Lins) e Raul (Miguel Falabella), era escancarada, ao mesmo tempo que a personagem também demonstrava total compreensão para as atitudes do genro Theo (Maurício Mattar), que vivia uma relação tóxica com a protagonista. É aquele típico papel que provoca raiva no público, mas também diverte em determinados momentos e ainda emociona. Vale lembrar que a veterana protagoniza uma das sequências mais aclamadas e lindas do remake de Ivani Ribeiro no último capítulo, quando Maroca morre e se encontra com Diná e Otávio (Antônio Fagundes) no 'céu'. 

Yara Cortes teve outros trabalhos marcantes em seu currículo, como a Dona Xepa, protagonista da novela homônima da novela de 1977; a Madame Clô em "Marron Glacê" (1979); Delegada Chica em "O Bem Amado" (1980-1984); Júlia Spina em "Ti Ti Ti" (1985); Filomena em "Felicidade" (1991), entre tantos mais. A atriz faz muita falta, ainda mais atualmente, onde o etarismo domina grande parte da teledramaturgia. Muito bom poder rever dois de seus trabalhos tão marcantes nas tardes da Globo. Que saudades dela. 

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