A atual novela das sete da Globo, escrita por Rosane Svartman e dirigida por Allan Fiterman, sempre teve como sua maior qualidade o elenco escalado. São muitos ótimos nomes, entre gratas revelações, jovens talentos e uma veterana valorizada como merece. Já as duas melhores surpresas de "Dona de Mim" são duas crianças: Elis Cabral, de 7 anos, e Lorenzo Reis, de 9 anos.
Os dois pequenos surgem como duas verdadeiras revelações. É raro encontrar atuações infantis tão sólidas, sensíveis e plenamente conscientes do espaço dramático que ocupam. E é exatamente isso que torna a presença dos dois uma das grandes surpresas da obra.
Elis Cabral demonstra uma maturidade cênica impressionante. Sua personagem, longe de ser apenas “a criança fofa”, possui nuances emocionais que a jovem atriz abraça com delicadeza e firmeza. Elis domina o olhar, o tempo da fala, o silêncio, e isso faz suas cenas ganharem uma autenticidade que muitas vezes falta até mesmo a atores experientes.
Ela transmite verdade sem esforço aparente, com uma espontaneidade que emociona e com uma compreensão profunda das situações dramáticas ao redor.Lorenzo Reis, por sua vez, chama atenção pelo carisma e pelo tempo de humor. Ele sabe exatamente quando ser leve, quando ser intenso e, principalmente, quando deixar que a emoção fale mais alto. Ao mesmo tempo, Lorenzo evita qualquer artificialidade comum em atuações infantis: tudo nele parece natural, honesto, orgânico. Ele compreende o que a cena pede e entrega com uma segurança surpreendente para alguém tão jovem.
O mais lindo de ver é como Elis e Lorenzo se completam em cena. Há entre eles uma energia viva, uma química genuína, como se fossem duas crianças que entenderam perfeitamente que estão dentro de uma história importante e decidiram honrá-la com toda a sensibilidade que possuem. Suas interações trazem leveza quando necessário, mas também carregam emoção nos momentos mais densos. Eles dão vida a personagens que poderiam ser apenas coadjuvantes, mas que, graças ao talento deles, se tornam essenciais para a força afetiva da novela das sete.
O mais surpreendente é que, mesmo tão jovens, eles compreendem a dramaturgia de "Dona de Mim" com uma sensibilidade rara. Não estão apenas “repetindo falas”, mas vivendo cada gesto, cada reação, cada emoção. Eles percebem o peso das cenas, entendem o que os personagens representam na história e respondem a isso.
A sintonia entre Elis e Clara Moneke é um dos trunfos da história, mas a menina encanta ao lado de qualquer colega de cena. Vale ressaltar sua parceria com Suely Franco. Sofia não sabe o que é Alzheimer, mas entende que a avó esquece das coisas e precisa ser 'cuidada' por ela em determinados momentos. É bonito ver uma menina de 7 anos contracenando com uma senhora de 85. Elis, com sua presença silenciosa e expressiva, parece captar nuances emocionais que muitas vezes escapam até a adultos: ela observa, reage, sente. Há nela um domínio intuitivo da câmera e do próprio corpo que faz com que suas cenas tenham uma verdade. Já Lorenzo formou uma dupla sensacional com Giovanna Lancellotti. Dedé e Kami protagonizaram muitos momentos engraçados na trama e os atores ficaram ainda melhores quando viraram um trio com L7nnon, assim que Ryan saiu da cadeia e passou a frequentar a vida do filho até reatar com a ex.
Para não cometer nenhuma injustiça, é preciso fazer uma menção especial ao Theo Matos, que entrou na novela há menos de um mês do final e já mostrou a que veio na pele do pequeno Igor, menino cúmplice dos trambiques de Ellen (Camila Pitanga) e Hudson (Emilio Dantas). Pena que sua entrada tenha demorado tanto porque o ator já mostrou talento de sobra em sua estreia em "Mar do Sertão" e depois em "Fuzuê". Formaria um ótimo trio com as revelações mirins da trama.
A presença de Elis Cabral e Lorenzo Reis é uma grata surpresa, um refresco e, ao mesmo tempo, uma promessa de "Donna de Mim". Os dois mostram não apenas potencial, mas verdade. Se já brilham tanto agora, é impossível não imaginar o quanto ainda têm a oferecer no futuro.
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