quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Fernanda Torres e Alexandre Nero formaram uma dupla divertida em "Filhos da Pátria"

Infelizmente, "Filhos da Pátria" foi um fracasso de audiência. E muito por culpa da própria Globo, que resolveu apostar na fraca e desinteressante "Cidade Proibida" para ir ao ar após a novela das nove. A série não teve um bom retorno de audiência, derrubando a média em mais de 15 pontos (chegou a mais de 20 na época de "A Força do Querer"). Ou seja, a série de Bruno Mazzeo (co-criada com Alexandre Machado) acabou herdando baixos números e indo ao ar tarde para um formato de humor. Porém, a produção foi repleta de qualidades e uma delas foi a dupla formada por Fernanda Torres e Alexandre Nero.


Foi a primeira vez que os atores trabalharam juntos e o resultado não poderia ter sido melhor. Mazzeo criou ótimos perfis para os dois, que aproveitaram as possibilidades em todas as cenas. A trama abordou com um delicioso humor crítico o 'nascimento' do famoso jeitinho brasileiro, logo após a Independência do Brasil. E para isso usou a família de classe média da época, liderada por Geraldo Bulhosa (Nero), um funcionário público medroso, e Maria Teresa (Fernanda), sua deslumbrada esposa que sempre sonhou em ser rica, invejando a irmã refinada desde sempre. Eles ainda são pais do folgado Geraldinho (Johnny Massaro) e da empoderada Catarina (Lara Tremouroux).

Desde o primeiro episódio fica claro o ótimo entrosamento da dupla, que protagoniza uma sucessão de momentos hilários. O interessante do humor do casal é a diferença evidente de comportamento, pois Geraldo sempre foi um sujeito conformado com sua vidinha medíocre, enquanto a esposa nunca aceitou a condição deles.
Tanto que o personagem começou a praticar pequenas fraudes na repartição, cedendo aos planos de Pacheco (Matheus Nachtegaele), somente para se tornar um sujeito admirado pela família. Entretanto, com o tempo, ele acaba ficando tão deslumbrado quanto Teresa, rendendo outras situações divertidas ao lado da mulher.

Fernanda Torres sempre foi uma comediante nata e seu icônico trabalho em "Os Normais" (2001/2003) é apenas uma das muitas provas disso. Até hoje a Vani é lembrada pelos saudosistas, assim como a Fátima, de "Tapas & Beijos" (2011/2015), por exemplo. É verdade que a atriz acaba se repetindo em alguns momentos, lembrando trejeitos de suas personagens anteriores. Porém, não é um problema. Ela é uma intérprete naturalmente engraçada e acaba conseguindo se destacar em qualquer contexto, mesmo que os perfis se pareçam. No caso de Maria Teresa, Fernanda merece um justo reconhecimento por aproveitar o deslumbramento daquela mulher para provocar o riso até em momentos que não deveriam ser engraçados. O jeito como fala, empostando a voz quando quer parecer fina para a sociedade, ou na hora que dá ordens aos escravos, é sensacional. Difícil segurar o riso ---- vale uma menção especial ao episódio em que Teresa descobriu o orgasmo enquanto cavalgava (de rolar de rir).

Já Alexandre Nero envereda para o humor pela primeira vez, embora tenha vivido tipos que acabaram tendo um quê de comicidade nas novelas, como o vilão Gilmar ("Escrito nas Estrelas" - 2010) e o intolerante Baltazar ("Fina Estampa" - 2011). O ator adotou uma expressão quase que sofrida para Bulhosa, mostrando uma espécie de temor contínuo, como se o personagem fosse uma criança com medo de ter sua travessura descoberta a qualquer momento. Ele foi certeiro e não dá para imaginar esse homem que enveredou pelo caminho da corrupção com uma atitude diferente. É justamente isso, aliás, que deixa o perfil cômico e apresentando até um ar inocente. Os sustos que Bulhosa leva com as irresponsabilidades da esposa, que até carruagem comprou em um leilão, resultam em outros instantes impagáveis.

"Filhos da Pátria" foi uma série de humor inteligente e não mereceu o fracasso. Entre os muitos acertos da produção, há essa dupla genial formada por Fernanda Torres e Alexandre Nero. Os atores fizeram jus aos ótimos personagens, provocando risos em cada situação vivida por Geraldo Bulhosa e Maria Teresa. Um casal bastante peculiar.

13 comentários:

OX disse...

O horario ferrou mesmo a série. Eu msm deixei de ver por ser muito tarde, mas gostei do pouco que vi.

Anônimo disse...

Fernanda esteve bem demais e me divertir muito com ela. O Nero eu achei mais do mesmo.

Cézar disse...

Sou fã deles e concordo que fizeram uma parceria boa, mas a série foi cansando pra mim.

chica disse...

Gosto dos dois ,mas não assisti. Bom ler aqui! abraços, tudo de bom, lindo fds! chica

Debora disse...

Olá Sérgio tudo bem???


Assisti alguns capítulos apenas, mas gostei do que vi! Uma pena ter fracassado...



Beijinhos;
Débora.
https://derbymotta.blogspot.pt/

Luli Ap. disse...

Olá Sérgio
Assisti poucos episódios, gostei do que vi, e siiiiim acho que o horário foi ingrato.
A dupla foi divertida, mais ainda, o quarteto foi engraçado é bacanudo.
Os filhos do casal mandaram super bem!
Talvez essa pegada escrachada num momento político-social-econômico-intelectual delicado tenha sido um dos fatores da não aceitação do público.
Era como assistir um noticiário de corrupção hehehe
Bjs Luli
https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

Sérgio Santos disse...

Pois é, OX...

Sérgio Santos disse...

Entendo, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Ok, Cézar!

Sérgio Santos disse...

Eu adorei, Chica.

Sérgio Santos disse...

Pena msm, Debora.

Sérgio Santos disse...

Boa menção aos filhos, Luli. ótimos tb.

Unknown disse...

Um dos melhores trabalhos recentes da TV, Filhos da Pátria vai revelar um passado assustadoramente atual.

A gente fala muito do Brasil em que queria viver. Mas esquece que ele é construído todo dia, com cada ação ou omissão não exatamente e apenas dos governantes ou de quem detém alguém poder. Mas, por nós mesmos.

Somos nós que estávamos com Bulhosa no Paço Imperial, nos locupletando a todos. E também com os arroubos científicos de um Imperador Nerd que queria ser professor, ou de seu pai matador de zumbis e de casamentos.

Enfim, se quem tramou a queda da Monarquia, Enganou Napoleão, testou o telefone pela primeira vez, reinventou o futebol, a bossa nova e o funk der certo ou não. Não é questão de culpa. Ou da oportunidade que faz o ladrão.

Talvez olhar para esses pequenos pedaços de cultura de almanaque nos ajude a despertar para uma verdade, talvez a única:

A gente está errando as mesmas coisas desde 1808.

Faltou errar diferente.