terça-feira, 18 de abril de 2017

"Os Dias Eram Assim" tem estreia despretensiosa e promissora

"O que a história separou só o amor pode unir de novo". A nova novela das onze, agora chamada de "supersérie", representa bem a frase dita no teaser da produção: um amor entre dois jovens sendo atingido o tempo todo por um doloroso contexto histórico. "Os Dias Eram Assim" estreou nesta segunda-feira (17/04) com um capítulo despretensioso e que retratou muito bem (em apenas 40 minutos) tudo o que o enredo irá abordar ao longo dos próximos meses. Um romance clássico norteia o roteiro, cujo foco é a Ditadura Militar e todos os processos enfrentados pelo Brasil nas décadas de 70, 80 e 90. Ficção e a realidade que muitos viveram sendo mesclados.


Prevista inicialmente para ser um folhetim das seis, a produção foi transferida para o horário das onze e acabou beneficiada, pois a faixa permite uma exploração bem maior em torno das torturas, crimes e momentos mais fortes envolvendo o regime militar. Angela Chaves e Alessandra Poggi estreiam a primeira novela delas como autoras principais, após anos trabalhando como colaboradoras. A Globo vem investindo cada vez mais em escritores novos e a atitude é mais do que válida. A exibição do primeiro capítulo (disponível uma semana antes pelo aplicativo Globo Play) mostrou um enredo bem estruturado e dramas bastante convidativos.

A trama começou exibindo imagens reais de manifestações a favor da constituição, dos militares revistando pessoas nas ruas e capas de jornal a respeito do "AI-5" (o Ato Institucional mais duro do governo militar), do anúncio dos Gorilas de um golpe contra Jango, entre outras matérias. E toda essa compilação era embalada pela marcante música "Deus Lhe Pague", cantada pela saudosa Elis Regina.
Após esse breve clipe, a história de fato começou e em clima de final de Copa do Mundo, no Rio de Janeiro de 1970 (quando o Brasil venceu a Itália por 4 a 1). Em meio a protestos e ao povo comemorando, o público foi sendo apresentado aos personagens principais de forma tranquila, sem maiores atropelos. E já deu para perceber com clareza o mote do enredo.

Foi uma estreia promissora, presenteando o telespectador com o capricho dos cenários e carros da época (até o clássico Fusca da polícia foi reproduzido com perfeição), além de bons conflitos envolvendo tanto o mocinho quanto a mocinha. Aliás, o acerto na escalação dos talentosos Renato Góes e Sophie Charlotte já é um fato. Os dois estão seguros vivendo o médico Renato e a libertária estudante de Letras Alice, esbanjando química desde a primeira troca de olhares até o primeiro beijo quente em meio a enfrentamentos entre políciais e estudantes. A licença poética para expor o nascimento do intenso amor do casal, por sinal, foi muito bem-vinda, refletindo com criatividade o grande significado dessa novela, que é contar um romance ficcional dentro de um contexto real.

Logo nesse início, foi possível ver a luta de Alice contra o conservadorismo da família e do noivo, o mauricinho Vitor (Daniel de Oliveira). Ela choca a todos quando aparece na sala de casa com uma roupa decotada e curta, gritando pelo Brasil. O pai, o poderoso Arnaldo (Antônio Calloni), apoia o regime militar  (financiando um grupamento especial contra opositores) e se indignou ao ver a filha 'daquele jeito' diante dos seus convidados (incluindo vários generais), culpando a esposa, Kiki (Natália do Vale), pela 'má educação' da menina. Alice acaba enfrentando a mãe e ainda tenta transar com Vitor, se despindo diante dele, mas acaba rejeitada porque o noivo considera seu comportamento vulgar. A sequência foi uma das melhores da estreia, delineando bem os perfis, sendo necessário citar ainda a interesseira Cora (Susana Vieira), mãe de Vitor, que estava presente na reunião, e a doce Nanda (Letícia Braga), irmã da mocinha.

Ao mesmo tempo, também foi atrativo ver a apresentação da trama do mocinho, expondo a família do rapaz e a sua rotina como médico. A mãe (Vera - Cássia Kiss) é dedicada aos filhos e a irmã (Maria - Carla Salle) uma jovem engajada.  O irmão dele, o estudante Gustavo (Gabriel Leone), já se envolve em uma grave confusão com a polícia por causa do amigo Túlio (Caio Blat), que joga uma bomba caseira na entrada da construtora de Arnaldo e acaba baleado e preso em flagrante, sendo torturado e morto tempo depois. Como estava ao lado do idealista, o garoto vira alvo e passa a ser perseguido pelo empresário, que, por coincidência, passa a odiar Renato em virtude de uma confusão no hospital ---- o médico fez o parto de Monique (Letícia Spiller), esposa de Toni (Marcos Palmeira), que é irmão do poderoso, e não aceita a imposição do pai de Alice em transferir a cunhada para um hospital particular.

O elenco é um dos acertos da produção e o excelente desempenho de todos logo no primeiro capítulo comprova isso. Antônio Calloni vivendo um vilão enérgico tem tudo para ser um dos grandes destaques, assim como Cássia Kiss na pele de uma mãe amorosa. Renato Góes e Sophie Charlotte, como já mencionado, esbanjam sintonia e prometem bons momentos juntos. Susana Vieira e Natália do Vale são outras que também se sobressaíram nesse começo e vale elogiar ainda Letícia Spiller, Marcos Palmeira, Daniel de Oliveira e Marco Ricca, vivendo um delegado cúmplice de Arnaldo. Outro ponto que merece elogio é a primorosa abertura, que exibe imagens de jornais e ainda tem "Aos Nossos Filhos" como tema ---- bela canção de Ivan Lins e eterizada por Elis Regina. Aliás, a música é cantada lindamente pelos protagonistas Sophie Charlotte, Maria Casadevall, Gabriel Leone, Renato Góes e Daniel de Oliveira. O diretor Carlos Araújo fez a ousada proposta e os atores aceitaram. Valeu a pena.

A trilha da produção é outro êxito e tanto, pois reúne vários clássicos das décadas de 70 e 80, como "A Lua Girou" (Milton Nascimento), "Sociedade Alternativa" (Raul Seixas), "Divino Maravilhoso" (Gal Costa), "Não Sei Dançar" (Marina Lima), "Fala" (Secos & Molhados), "Joana Francesa" (Chico Buarque), "20 E Poucos Anos"( Fábio Jr.), "Amor" (Secos & Molhados), "Ando Meio Desligado" (Mutantes), "Flores Astrais" (Secos & Molhados"), "Linguagem do Alunte" (Novos Baianos), "Sangue Latino" (Ney Matogrosso), entre outros.

"Os Dias Eram Assim" teve um bom começo e as autoras Alessandra Poggi e Angela Chaves têm uma boa história em mãos. O tema da Ditadura (cuja abordagem mais lembrada até hoje foi a da minissérie "Anos Rebeldes") sempre rende bons dramas e os conflitos elaborados por elas aparentam um bom potencial. Resta aguardar e torcer para que a qualidade se mantenha.

28 comentários:

Juan A. disse...

Texto ótimo. Essa novela, promete!! Pra mim, é novela das 23 hrs também, não tem essa baboseira de "supersérie" não kkkk. Abração Sérgio

Daniela disse...

Adorei a estreia. Já tinha visto no Globo Play,mas quis ver de novo que nem vc!Adorei tudo, principalmente o elenco.

Anônimo disse...

Concordo com tudinho!!!Sophie maravilhosa!

Zyon disse...

Também gostei do que vi. Que siga assim!

chica disse...

Acho que será muito boa! abração, lindo dia! chica

Debora disse...

Bom dia Sérgio. Tudo bem???


Não consegui assistir ontem... =/ vou tentar ver pelo globo.com


Beijinhos;
Débora.
http://derbymotta.blogspot.com.br/

Adriana Helena disse...

Sérgio, sem comentários!! Eu amei a estreia!!
E lendo seus escritos fiquei ainda mais encantada, pois foi exatamente o que senti ao ver o capítulo na noite passada!
Adorei os protagonistas! Dois atores que se destacaram no Velho Chico estão nessa produção que promete ser um arraso!
Ah, sem falar na interpretação de Sophie que está incrível! Linda, segura e delicada ao mesmo tempo!!
O casal da série tem química, com toda a certeza!!

Enfim, adorei e farei o máximo para acompanhar!!
Um grande beijo amigo e uma semana linda!!

Vera Lúcia disse...


Olá Sérgio,

Não assisti ontem, mas marido se interessou em ver a "supersérie". Não sei se vou acompanhá-la regularmente. Li suas considerações, muito bem colocadas, e acredito que o desenrolar será bem interessante.

Feliz semana!

Abraço.

Victor disse...

Adoei a estreia e endosso a crítica. Sophie é a melhor atriz da sua geração. Amo.

Juan A. disse...

Sérgio vendo o segundo capitulo vi o personagem do Felipe Simas criança, mas como será que farão quando a historia avançar no tempo. Pois o Felipe Simas, tem a mesma idade do Gabriel Leone que faz o Gustavo, e quase a mesma idade da Carla Sale que faz a Maria. Acho que deve soar inverossímil mais pra frente, pois esses três atores citados são contemporâneos e mesmo com a caracterização vai ser difícil os dois parecem mais velhos que o Felipe Simas . Vamos aguardar, no mais estou gostando bastante da novela. Vc sabe quando a novela avança no tempo ? Abração

Unknown disse...

A História oficial de 1964

Olavo de Carvalho - O Globo, 19 de janeiro de 1999

Se houve na história da América Latina um episódio sui generis, foi a Revolução de Março (ou, se quiserem, o golpe de abril) de 1964. Numa década em que guerrilhas e atentados espoucavam por toda parte, sequestros e bombas eram parte do cotidiano e a ascensão do comunismo parecia irresistível, o maior esquema revolucionário já montado pela esquerda neste continente foi desmantelado da noite para o dia e sem qualquer derramamento de sangue.

O fato é tanto mais inusitado quando se considera que os comunistas estavam fortemente encravados na administração federal, que o presidente da República apoiava ostensivamente a rebelião esquerdista no Exército e que em janeiro daquele ano Luís Carlos Prestes, após relatar à alta liderança soviética o estado de coisas no Brasil, voltara de Moscou com autorização para desencadear – por fim! – a guerra civil no campo. Mais ainda, a extrema direita civil, chefiada pelos governadores Adhemar de Barros, de São Paulo, e Carlos Lacerda, da Guanabara, tinha montado um imenso esquema paramilitar mais ou menos clandestino, que totalizava não menos de 30 mil homens armados de helicópteros, bazucas e metralhadoras e dispostos a opor à ousadia comunista uma reação violenta. Tudo estava, enfim, preparado para um formidável banho de sangue.

Na noite de 31 de março para 1o. de abril, uma mobilização militar meio improvisada bloqueou as ruas, pôs a liderança esquerdista para correr e instaurou um novo regime num país de dimensões continentais – sem que houvesse, na gigantesca operação, mais que duas vítimas: um estudante baleado na perna acidentalmente por um colega e o líder comunista Gregório Bezerra, severamente maltratado por um grupo de soldados no Recife. As lideranças esquerdistas, que até a véspera se gabavam de seu respaldo militar, fugiram em debandada para dentro das embaixadas, enquanto a extrema-direita civil, que acreditava ter chegado sua vez de mandar no país, foi cuidadosamente imobilizada pelo governo militar e acabou por desaparecer do cenário político.

Qualquer pessoa no pleno uso da razão percebe que houve aí um fenômeno estranhíssimo, que requer investigação. No entanto, a bibliografia sobre o período, sendo de natureza predominantemente revanchista e incriminatória, acaba por dissolver a originalidade do episódio numa sopa reducionista onde tudo se resume aos lugares-comuns da "violência" e da "repressão", incumbidos de caracterizar magicamente uma etapa da história onde o sangue e a maldade apareceram bem menos do que seria normal esperar naquelas circunstâncias.

Os trezentos esquerdistas mortos após o endurecimento repressivo com que os militares responderam à reação terrorista da esquerda, em 1968, representam uma taxa de violência bem modesta para um país que ultrapassava a centena de milhões de habitantes, principalmente quando comparada aos 17 mil dissidentes assassinados pelo regime cubano numa população quinze vezes menor. Com mais nitidez ainda, na nossa escala demográfica, os dois mil prisioneiros políticos que chegaram a habitar os nossos cárceres foram rigorosamente um nada, em comparação com os cem mil que abarrotavam as cadeias daquela ilhota do Caribe. E é ridículo supor que, na época, a alternativa ao golpe militar fosse a normalidade democrática. Essa alternativa simplesmente não existia: a revolução destinada a implantar aqui um regime de tipo fidelista com o apoio do governo soviético e da Conferência Tricontinental de Havana já ia bem adiantada. Longe de se caracterizar pela crueldade repressiva, a resposta militar brasileira, seja em comparação com os demais golpes de direita na América Latina seja com a repressão cubana, se destacou pela brandura de sua conduta e por sua habilidade de contornar com o mínimo de violência uma das situações mais explosivas já verificadas na história deste continente.

Unknown disse...

No entanto, a historiografia oficial – repetida ad nauseam pelos livros didáticos, pela TV e pelos jornais – consagrou uma visão invertida e caricatural dos acontecimentos, enfatizando até à demência os feitos singulares de violência e omitindo sistematicamente os números comparativos que mostrariam – sem abrandar, é claro, a sua feiúra moral – a sua perfeita inocuidade histórica.

Por uma coincidência das mais irônicas, foi a própria brandura do governo militar que permitiu a entronização da mentira esquerdista como história oficial. Inutilizada para qualquer ação armada, a esquerda se refugiou nas universidades, nos jornais e no movimento editorial, instalando aí sua principal trincheira. O governo, influenciado pela teoria golberiniana da "panela de pressão", que afirmava a necessidade de uma válvula de escape para o ressentimento esquerdista, jamais fez o mínimo esforço para desafiar a hegemonia da esquerda nos meios intelectuais, considerados militarmente inofensivos numa época em que o governo ainda não tomara conhecimento da estratégia gramsciana e não imaginava ações esquerdistas senão de natureza inssurrecional, leninista. Deixados à vontade no seu feudo intelectual, os derrotados de 1964 obtiveram assim uma vingança literária, monopolizando a indústria das interpretações do fato consumado. E, quando a ditadura se desfez por mero cansaço, a esquerda, intoxicada de Gramsci, já tinha tomado consciência das vantagens políticas da hegemonia cultural, e apegou-se com redobrada sanha ao seu monopólio do passado histórico. É por isso que a literatura sobre o regime militar, em vez de se tornar mais serena e objetiva com a passagem dos anos, tanto mais assume o tom de polêmica e denúncia quanto mais os fatos se tornam distantes e os personagens desaparecem nas brumas do tempo.

Mais irônico ainda é que o ódio não se atenue nem mesmo hoje em dia, quando a esquerda, levada pelas mudanças do cenário mundial, já vem se transformando rapidamente naquilo mesmo que os militares brasileiros desejavam que ela fosse: uma esquerda socialdemocrática parlamentar, à européia, desprovida de ambições revolucionárias de estilo cubano. O discurso da esquerda atual coincide, em gênero, número e grau, com o tipo de oposição que, na época, era não somente consentido como incentivado pelos militares, que viam na militância socialdemocrática uma alternativa saudável para a violência revolucionária.

Durante toda a história da esquerda mundial, os comunistas votaram a seus concorrentes, os socialdemocratas, um ódio muito mais profundo do que aos liberais e capitalistas. Mas o tempo deu ao "renegado Kautsky" a vitória sobre a truculência leninista. E, se os nossos militares tudo fizeram justamente para apressar essa vitória, por que continuar a considerá-los fantasmas de um passado tenebroso, em vez de reconhecer neles os precursores de um tempo que é melhor para todos, inclusive para as esquerdas?

Para completar, muita gente na própria esquerda já admitiu não apenas o caráter maligno e suicidário da reação guerrilheira, mas a contribuição positiva do regime militar à consolidação de uma economia voltada predominantemente para o mercado interno – uma condição básica da soberania nacional. Tendo em vista o preço modesto que esta nação pagou, em vidas humanas, para a eliminação daquele mal e a conquista deste bem, não estaria na hora de repensar a Revolução de 1964 e remover a pesada crosta de slogans pejorativos que ainda encobre a sua realidade histórica?

Gustavo Nogueira disse...

Tbm gostei do primeiro capítulo, a novela é mt promissora.Ótimas atuações de Antônio Calonni, Suzana Vieira, Natália do Vale, Daniel de Oliveira, Sophie Charlotte, Renato Góes.O segundo capítulo eu não vi por causa do Masterchef, sou viciado rs.

Sérgio Santos disse...

Abração, Juan!

Sérgio Santos disse...

Eu tb, Daniela!

Sérgio Santos disse...

Sophie maravilhosa mesmo.

Sérgio Santos disse...

Por enquanto tá seguindo, Zyon...

Sérgio Santos disse...

Tb acho, Chica. bjs

Sérgio Santos disse...

Tenta ver, Debora. bjs

Sérgio Santos disse...

Tive as mesmas impressões que vc, Adriana. Bjão!!!!

Sérgio Santos disse...

Mt obrigado, Vera. bjjj

Sérgio Santos disse...

Valeu, Victor. Amo a Sophie tb!

Sérgio Santos disse...

Vamos ver quando e como farão isso, Juan.Não sei quando será a passagem de tempo, não. abçsss

Sérgio Santos disse...

Aliás, Juan,acho que será lá pra depois do capítulo 20 quando o personagem do Calloni morrer.

Sérgio Santos disse...

Obrigado pelo comentário, Oath.

Sérgio Santos disse...

Tb adoro o Masterchef, ,Gustavo. abçs

izabel disse...

Os Dias Eram Assim apenas usa a ditadura para chamar a atenção em um momento tão tristemente surreal e trágico quanto o que vivemos hoje. Veremos cenas de tortura, certamente. De um lado, para demonstrar a crueldade do período, o que de fato precisa ser revelado. De outro, em um contexto que serve para dar gás e fustigar o público. Pano de fundo ditatorial e produção não escondem falhas de um produto que não se assume o que é: uma novela.

Magnífica 70 é uma série de televisão brasileira criada por Cláudio Torres, Renato Fagundes e Leandro Assis e dirigida por Torres e Carolina Jabor, baseado em um roteiro escrito por Toni Marques. Retrata o universo dos filmes da Boca do Lixo, além das suas relações com os órgãos de censura da ditadura militar na década de 1970 no Brasil, e é exibida pela HBO Brasil desde 24 de maio de 2015.

Mas nenhuma das histórias aqui citadas chega perto de Pecado Mortal. Exibida em 2013 pela Record, a única trama de Carlos Lombardi na emissora (depois de anos na Globo) se passava no mesmo período de todas as outras acima faladas. Não, não havia a ditadura romantizada. Havia o jogo do bicho, outro elemento crucial na formação de um país que não é para principiantes, em meio aos desmandos de covardes sádicos — tanto quanto os bicheiros, é claro.

No contexto do regime militar, Pecado Mortal pouco abordou as clássicas cenas do exército invadindo as ruas, as manifestações populares, a mídia simpatizante. A ditadura estava nos detalhes: a polícia corrupta, as torturas nas cadeias, a relação cínica dos bicheiros com a segurança pública. Uma novela — sim, uma novela — que fugiu completamente à regra da produção nacional, que apresentou o último trabalho de Betty Lago na TV, que mostrou a cena do filho matando o próprio pai para que este não sofresse.

Perto das tramas de Pecado Mortal e Magnífica 70, Os Dias Eram Assim é uma principiante.

Sérgio Santos disse...

Interessante seu comentário, Izabel. bjs