quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ao fragmentar "Gonzaga - de pai pra filho", Globo repete o erro cometido em "Xingu"

Estreou nessa terça-feira (15/01), a versão televisiva do filme "Gonzaga - de pai pra filho". Com roteiro de Patrícia Andrade, colaboração de George Moura e dirigida por Breno Silveira, a produção fala da história do Rei do Baião, que por sua vez é contada através de gravações feitas por Gonzaguinha. O filme fez sucesso e alcançou mais de 2,5 milhões de telespectadores. Entretanto, ao optar novamente pela transformação de um filme em microssérie, a Globo acaba cometendo os mesmos erros de "Xingu".


Apesar de ter feito bem mais sucesso no cinema do que o filme dirigido por Cao Hamburguer, "Gonzaga - de pai pra filho" não é superior na qualidade. Afinal, há tanto capricho quanto na produção exibida e adaptada pela Globo no fim do ano passado. Elenco composto por grandes atores, direção e fotografia impecáveis, enfim, não há nada que mereça críticas. Mas da mesma forma que apresenta os mesmos acertos, a trama do Rei do Baião, assim como a história dos irmãos Villas Bôas, não é apropriada para ser dividida em quatro capítulos.

A produção, apesar de grandiosa, não prima pela agilidade e nem há grandes reviravoltas ou cenas impactantes, o que acaba dispersando o público. Até porque é exibida depois das 23h. Além desse fato, o filme foi exibido nos cinemas há pouquíssimo tempo. Como será que se sentiram as pessoas que pagaram ingresso para
assistir a algo que está sendo exibido na tevê aberta tão cedo? E apesar de mais uma vez prometerem exibir cenas inéditas, o público da produção original raramente vê algo diferente. Ou seja, as cenas ou são muito rápidas ou inexistentes mesmo.

Ignorando a opção pela divisão em capítulos, a trama de um dos maiores símbolos da MPB é merecedora de todos os elogios e sem dúvida merecia ser contada. Nada melhor do que produzir e exibir um filme em comemoração ao centenário do cantor. E os atores escolhidos são excelentes. João Miguel mais uma vez faz um trabalho fantástico e seu Miguelzinho em nada lembra Só Love (de "O Canto da Sereia") e Cláudio ("Xingu"). Além desse ator, há Julio Andrade chegando a assustar na perfeição de sua caracterização e também na sua interpretação de Gonzaguinha. Domingos Montagner, Land Vieira, Cecília Dassi, Cláudio Jaborandy, Nanda Costa, Cyria Coentro, Roberta Gualda e Silvia Buarque também se destacam. Já Nivaldo Expedito e Adelio Lima brilham na pele de Luiz Gonzaga. É um time de respeito, sem dúvida.

Embora todos os longas que já foram adaptados para a televisão tenham tido qualidades de sobra, é de se lamentar que a Globo tenha optado em dividir filmes que não têm estrutura e nem fôlego para isso, ao invés de produzir microsséries inéditas. Após fragmentar longas como "Chico Xavier", "O Bem Amado", "Xingu" e "Gonzaga - de pai pra filho", a emissora só acertou ao dividir a história de Odorico Paraguaçu, uma vez que era a única produção com estrutura de uma novela. Os três demais não apresentaram condições microssérie e teria sido muito mais produtivo ver a emissora apresentar obras inéditas. Fica pra próxima.

31 comentários:

eder ribeiro disse...

Oi Sérgio, bom dia.
Eu tenho um gde apreço pelo rei do baião, pois a sua trilha sonora permeou a minha vida. Infelizmente não deu para eu assistir o filme no cinema. A globo, como sempre faz, desreispeita o telespectadores, tanto na divisão da obra qto ao horário. Infelizmente obras com valor artistico, a globo as apresenta em horário inassistível para quem trabalha. É isso. Abçs.

Lulu on the sky disse...

Oi Sérgio. Ainda não vi esse filme e eu acho tão esquisito picotar filmes, quando você tá se acostumando entram comerciais ou até mesmo acaba o episódio do dia.
Big Beijos

Lucas disse...

Não gosto dessa ideia da Globo de fragmentar filmes... É coisa de quem tem preguiça de pensar em algo diferente!
Lucas - www.cascudeando.zip.net

Felisberto T. Nagata disse...

Olá!Bom dia!
Sérgio
É...não foi muito bom. O horário avançado e a falta de tramas paralelas fez o público dispersar. Também não gostei da fragmentação.
Obrigado!
Bela quarta feira!
Abraços

Elvira Akchourin do Nascimento disse...

Boa crítica, Sérgio. Não assisti ao filme. No primeiro capítulo, gostei da atuação de Júlio Andrade, perfeito no papel de Gonzaguinha, no tipo físico e no jeito introvertido. Domingos Montagner fez mais um bom personagem. Mais uma vez, foi ótimo rever Zezé Motta. Achei a estreia mediana, porque faltou emoção. Espero que os demais capítulos sejam melhores.

Patricia P. Galis disse...

É tarde mesmo, mas consegui ver e gostei como disse tirando o fato de dividir em 4 capítulos a produção é muito boa.

Uma Interessante Vida disse...

Concordo, Sérgio, é muito tarde e eu fui uma das que foi ao cinema para ver... aff! a Globo poderia deixar para fazer isso, pelo menos, em junho... bem, é só opinião.

Obrigada pela explicação dos bichinhos lá no blog, pena que o vídeo que eu fiz, neste final de semana, estará do mesmo jeito, pois eu já postei no Youtube... rs Sem contar que há um erro de Português nele... rs rs rs

beijos e linda noite.

Marcos Mariano disse...

Oi Sergião, estou de volta, depois de problemas com a minha net. Ainda bem que tive o prazer de ir ao cinema assisti a essa magnifica obra, pois só a história e a possibilidade de conhecer toda uma cultura através de um homem que conquistou o Brasil, já fez tudo valer apena. Sempre ouvi falar de Gonzaga, e ouvia muito suas musicas nas festas Juninas e Julinas, mas nem fazia ideia da grandeza desse artista, gostei bastante.
Também fiquei surpreso pela globo exibir o filme em tão pouco tempo de saído das telonas e principalmente por corta o filme, mas como sempre a Globo deve ter seus interesses por traz disso.

Abraços

Thallys Bruno Almeida disse...

Ótimo texto, Sérgio.

O filme em si é excelente, pela história do inventor do autêntico forró, que até hoje muitos artistas se dedicam a preservar mesmo com o domínio do forró-eletrônico que domina hoje em dia, especialmente aqui no NE, o grande centro desse forró. Aliás, mais um grande trabalho de Patrícia Andrade e George Moura, os roteiristas do Canto da Sereia. O universo sertanejo e a presença de Domingos Montagner e João Miguel lembra o universo de Cordel Encantado, onde os dois viveram cangaceiros. Júlio Andrade impressiona pela composição de Gonzaguinha. Nanda Costa se mostra mais à vontade no universo-cinema, com a Odaléia.

Mas a adaptação para série, como definido acima pelo Lucas, é um sinal de preguiça. Porque a estrutura do filme e da história em si não permite sequências lá muito ágeis (como acontecia na série da sem. passada). Fica cansativo pra assistir assim e ainda dividido depois das 23h. Já que não se compensa mais produzir séries de 50/60 caps nessa época, poderia-se pra investir em mais uma série inédita de 8 caps, como ano passado com Dercy e Brado.

Grande abç!

Milene Lima disse...

Ontem eu não pude ver a primeira parte, vou tentar ver hoje. Mas também acho estranho isso de fragmentar filmes. Porém,como trata da história desse homem que por si só já é a própria história, vou prestigiar.

Amo Luiz Gonzaga. Amo pelo meu pai, pela minha região, por mim, por tudo.

Beijo, Sérgio.

Unknown disse...

Uaau, Sergio, até eu me surpreendi (aliás não é do tipo de filme q eu costumo assistir, principalmente por causa do mimimi de ser nacional) .... Tô tão por fora do q passa no cinema q eu nem tinha sequer 'sabido' q tinham feito um filme do Gonzaga '-' Mas enfim ... É mt bonito o estilo de filmagem dele, a fotografia mostrando um Nordeste laranja de tão quente e um verdadeiro drama da vida do coitado ... Achei bonito tbm a sonografia do filme, porém reparei mesmo nos cortes (mesmo durante o filme parece q falta umas partes q fariam liga da próxima cena)... Apesar de a vida ser uma tragédia só, onde só a carreira fazia sentido, foi legal a forma como colocaram q ele era miserável quanto a vida e às pessoas a sua volta ... (Aliás como nunca deixo uma ponta solta, mas mudando de assunto: Putz, alguma surpresa quanto a eliminada do BBB? Não né? Super armado ....) Ótimo 'resto' de semana =) Supeerbeijo.!

Thallys Bruno Almeida disse...

Uma pequena correção, Sérgio: o intérprete do Gonzagão adulto não se chama Adelio Expedito, e sim Nivaldo Expedito. Abçs!

Rafael Barbosa dos Santos disse...

Nunca consigo ver esses filmes picotados. Do chico Xavier e O bem amado, baixei e assisti na integra depois, de uma vez só, sei lá, não tenho paciência, e não acho bacana essa adaptação, mesmo quando o filme é bom!

Abraços

Vanessa Barbosa disse...

Particularmente eu gostei muito do filme, claro que não tenho esse aprofundamento crítico que você tem, tenho preguiça de ficar analisando, rsrs. Sem falar que dá vontade de dançar em todas as músicas hehe deve ser porque adoro forró.
Um beijo enorme e tenha uma sexta-feira iluminada.

Sérgio Santos disse...

Oi Eder! Bem, se não viu o filme vale a pena dar uma conferida na série, apesar do horário tardio. Abração.

Sérgio Santos disse...

Oi Lulu. É estranho mesmo, verdade. Bjs

Sérgio Santos disse...

Oi Lucas. Também vejo nisso uma ideia preguiçosa. Abraços.

Sérgio Santos disse...

Oi Felisberto. Obrigado pelo comentário. Abraços.

Sérgio Santos disse...

Oi Elvira. O filme é uma grande produção e os atores estão muito bem. Julio Andrade é incrível. Mas acho uma pena transformar em série, ao invés de nos mostrar algum inédito. bjs

Sérgio Santos disse...

Oi Patrícia. Realmente a produção em si é ótima. Beijos.

Sérgio Santos disse...

Oi Barbie. É um prazer ajudar. E qual o problema? Erramos muitas vezes.

Pois é, eu sabia que vc tinha ido ver o filme e imagino a sua frustração ao vê-lo na tv aberta em menos de 6 meses... Bjão!

Sérgio Santos disse...

Oi Marcos. O filme em si é muito bom e mereceu o sucesso. Gonzaga merece ter sua história contada! Virar microssérie é que foi o equívoco. Abraços.

Sérgio Santos disse...

Oi Thallys. Sim, concordo plenamente com o seu comentário. A obra merece elogios, mas foi preguiça da Globo dividir pra virar série. Não é nada atraente.

Patricia Andrade e George Moura mais uma vez mostram o quão são talentosos. Abração. ps: já corrigi!

Sérgio Santos disse...

Oi Milene. Vale a pena ver mesmo, apesar do formato ser estranho e cansativo. Beijão!

Sérgio Santos disse...

Oi Ellen. Olha, acho que há muitos bons filmes nacionais. Não tenho preconceito quanto a isso. E, sim dá pra ver na série quando são feitos os cortes.

Uma pena a Aline ter sido eliminada. Mas não vejo armação, não, vejo burrice de quem vota mesmo. Ela renderia muito, mas a maioria não gosta de barraqueiros. Bjão

Sérgio Santos disse...

Oi Rafael. Não te tiro a razão. E pra quem viu a produção no cinema, a vontade de ver picotada é zero. Abração.

Sérgio Santos disse...

Oi Vanessa. O filme é bom mesmo. Mas eu não tenho aprofundamento crítico, não. rsrs Beijos e pra vc tb!

Vane M. disse...

É verdade, Sérgio. Eu havia me empolgado bastante quando vi o filme no Fantástico, mas não gostei tanto em formato de minissérie. Talvez seja porque veio depois do estrondo do Canto da Sereia. Um abraço!

tutankamon disse...

Gostei... talvez seja,porque ainda não assisti o filme!!!
Mesmo sendo uma nano-microssérie muito fragmentada e confusa
Me chamou muito a atenção a riqueza de detalhes na interpretação do autor, traços fortes de (fenotípicos)muita semelhança física e comportamental- de Gonzaguinha
Serjão
abraços fortes

Sérgio Santos disse...

Oi Bia. Pois é, se fizermos uma comparação entre as duas produções é até covardia... Mas essa ideia da Globo em transformar filme em microssérie me parece pura preguiça de criar algo inédito. Beijos!

Sérgio Santos disse...

Tutankamon, sem dúvida foi uma boa opção pra quem não viu o filme. E a atuação do elenco é fantástica, a começar pelo Júlio Andrade. Abração!!!