sábado, 24 de março de 2012

Desfecho de Fina Estampa debocha do público

Quem viu o último capítulo de "Fina Estampa" conseguiu se surpreender negativamente. Não que desse para esperar um término plausível em uma novela que abusou de situações totalmente absurdas e delirantes, porém, um mínimo de coerência se fazia necessária. E isso em qualquer obra de ficção, desde que a mesma não se utilize de 'licenças poéticas', como um mundo fantasioso, vampiros, ou algo do tipo.



O capítulo começou apresentando o sequestro de Griselda (Lilia Cabral). Ali haveria a 'revelação' do porquê de tanto ódio que Tereza Cristina (Christiane Torloni) sente por ela. O motivo? Vício. Ou seja, Aguinaldo, que tanto criticou seus colegas novelistas a respeito das maldades gratuitas dos últimos vilões da teledramaturgia, acabou criando uma vilã que justamente agiu de uma forma gratuita. O final dessa cena foi triste de se ver. Antenor e Patrícia salvaram a protagonista em uma sequência que deu sono. Caio Castro e Adriana Birolli apenas comprovaram o quanto atuaram mal durante a novela.

O assassinato de Ferdinand foi uma cópia
explícita de "Senhora do Destino". Na obra de 2004, Nazaré Tedesco joga um ventilador ligado dentro de uma banheira para matar um taxista que a estava chantageando. Tereza Cristina jogou um secador de cabelos. Essa foi a diferença. Pra culminar, a atuação de Carlos Machado nem merece ser comentada.

Outra cena que casou um constrangimento gigantesco foi a fuga da vilã no barco de Pereirinha (José Mayer). Sem dúvida, uma das piores cenas da teledramaturgia. Durante longos minutos, vimos a dupla enfrentar uma intensa tempestade tendo um diálogo tão deprimente que nem vale apena ser descrito nesse espaço. No fim da sequência, há a impressão que ambos morreram.

O desfecho a respeito da guarda da filha de Esther não deve ter durado nem dois minutos. A única trama série da novela foi tratada com desleixo. Monique Alfradique, Ana Rosa e Julia Lemmertz foram muito bem, mesmo nessa participação final curtíssima.

A luta de Wallace Mu (Dudu Azevedo) foi mostrada em partes e ocupou um tempo desnecessário. Ele ganhou e todos ficaram felizes. E Leandro (Rodrigo Simas) foi um personagem que era um vigarista, virou garoto de programa, para terminar como um lutador. Magro daquele jeito foi difícil de engolir. E a atuação do ator também não ajudou. O papel teve nuances, mas a expressão facial dele não mudou nunca.

Crô (Marcelo Serrado) não revelou a identidade do seu namorado e citou como exemplo a trama de "Tieta" (1989), onde o público ficou sem saber o que Perpétua (Joana Fomm) guardava em sua caixa secreta. Na verdade, Aguinaldo fez o telespectador de idiota. Nem ele sabia quem era o amante do mordomo. Inventou esse segredo para segurar a audiência. No fundo foi até bom não ter mostrado a cara do rapaz. Já bastou a decepção do segredo de Tereza Cristina, que de assustador não tinha nada.

A cena do mordomo herdando parte da fortuna da vilã foi bacana, assim como a cena em que ele e Baltazar voltam a se implicar. O diálogo do flashback, onde Tereza Cristina o convida para fugir com ela, rendeu uma boa dobradinha da Torloni com o Marcelo. Boas atuações.

A formatura de Antenor serviu para que Griselda declamasse um discurso policamente correto. Lilia Cabral foi ótima, mas foi estranhíssimo assistir somente aos amigos e conhecidos do médico presentes na festa. Os colegas dele não têm parentes? Apesar dos pesares, essa cena é que deveria ter encerrado a novela. Mas ainda faltava mais uma sequência de vergonha alheia.

A última cena foi patética. Griselda se depara com Tereza Cristina dentro de um carro importado, sendo guiado por um motorista, e com os cabelos pintados de preto. A vilã solta uma gargalhada e Pereirão vai atrás do carro segurando uma chave de grifo da mão. Logo após aparece a palavra 'fim'. Parecia que o autor estava rindo da cara da crítica e do público.

"Fina Estampa" se encerra obtendo 47 pontos de média no último capítulo, índice inferior à Passione, que teve 52 e o mesmo que "Insensato Coração", no entanto, foi um grande sucesso. Apesar da forma constrangedora que os finais dos personagens foram tratados, a novela acabou sendo coerente com ela mesma: foi um deboche do início ao fim.

20 comentários:

Thallys Bruno disse...

Análise perfeita, Sérgio. Nada mais a acrescentar. O último capítulo foi o verdadeiro retrato do que a novela inteira foi: um constrangimento.

Sérgio Santos disse...

Thallys, obrigado. Foi muito constrangedor ver aquele festival de absurdos e situações grotescas. Conseguiu surpreender: foi pior do que já se imaginava. Abraço!

Nívea Marco disse...

Ótimo texto!
A novela estava tão chata, que eu nem estava assistindo mais. Esse último capitulo eu assiti e só conseguia pensar: como consegue ser ruim.
Aguardando e muito por Avenida Brasil!!!

Dualys F.Souza disse...

Muito bom!

Nem novela mexicana tem um roteiro tão absurdo quanto Fina Estampa. Confesso que no início a novela me animava (pelo menos na primeira semana), depois disso vieram tantas situações absurdas que foi difícil de se engolir. É claro que é uma ficção, mas como você disse em um post anterior, ter um pingo de coerência se faz necessário. A impressão que eu tive é que todo este tempo o autor andou tirando sarro de nossa cara... O que salvou a novela mesmo foi o Crô, Baltazar e recentemente a empregada da Tereza Cristina, no qual esqueci o nome.rsrsrs
Ahhh, e outra coisa que me irritava era o excesso de "Closes" e nenhum movimento de câmera em diversas cenas. A direção, sendo também a de imagem deixaram a desejar. Enfim, a novela realmente não deixará saudades e estou a espera de Avenida Brasil.

Sérgio Santos disse...

Nívea, obrigado pelo comentário. A quantidade de críticas que essa novela teve foi diretamente proporcional à audiência. Já vai tarde! beijos.

Sérgio Santos disse...

Dualys, obrigado. O nome da atriz que fez a empregada é Katia Moraes. Ela foi ótima mesmo, assim como a dupla Crô e Baltazar. Os absurdos de Fina Estampa foram um escárnio. Um deboche. Ainda bem que acabou. Abraço.

Maria Lúcia Marangon disse...

Análise perfeita, Sérgio. O final foi decepcionante e, por isso mesmo, coerente com toda a novela.
Beijos!

Josy disse...

Ótima análise Sérgio. No começo eu gostava da novela, achei que tinha potencial, era divertida pelo menos, depois virou a novela de um assunto só: Tereza Cristina. O autor se perdeu totalmente na trama, criou personagens sem vida própria, cada um com apenas o que fazia, Antenor estudante, quase médico, entrou e saiu de cena sem nada a acrescentar. Nenhum personagem teve mudança de rumo, de vida coerente, nem mesmo o Rafael, que mudou da água para o vinho de repente, pela paixão e pronto.A novela fez apologia, na minha opinião, à psicopatia, à maldade pela maldade e à injustiça, além de praticamente ensinar como matar pessoas de forma rápida e sem despertar muitas suspeitas.Final ridículo, trama ridícula, autor ridículo que ficava postando dicas idiotas no twitter. Decepcionante. E de uma total falta de respeito com o telespectador. O que se salvou na novela foram as atuações de Baltazar e Crô apenas.Da minha parte, quando houver novela que o autor seja o tal Aguinaldo Silva, não assisto mais.

Sérgio Santos disse...

Maria Lucia, obrigado. Sempre gosto de te ver por aqui. Ainda bem que a novela já acabou! beijos.

Sérgio Santos disse...

Jô, obrigado. Fina Estampa só me enganou nas chamadas antes de estrear. Logo após o primeiro capítulo, me decepcionei e vi a bobagem que era. Mas ela foi piorando com o tempo. Beijos.

Adriana Helena disse...

Boa tarde Sérgio...tudo bem?
Eu também odiei o final da novela, que coisa mais triste ver aquela cena do "Pereirinha e Teresa Cristina" no barco: com certeza o autor e o diretor estavam fazendo piada conosco..rsrs

Bem, voltei ao seu site para informar que se precisar de ajuda quanto ao feed tenho artigos ótimos que posso te recomendar. Envie um e-mail para mim que passarei todos os endereços necessários!
Abraços e ótima tarde!

Sérgio Santos disse...

Adriana, obrigado. O final da novela recebeu uma avalanche de críticas e todas merecidíssimas. Não fará falta alguma. Já foi tarde. Obrigado pela ajuda. Beijos.

Élida disse...

Antes mesmo dessa novela começar já imaginei que não ia sair coisa boa dela. Há muito tempo não assisto novelas. Desde Bang Bang considero as novelas uma perda de tempo. Algumas ainda salvam, mas a maioria não inova, é sempre a mesma coisa. A Globo precisa trocar seus autores.

Mary Miranda disse...

Eta novela ridícula, Sérgio!

Eu já não ía muito com a cara dessa novela, e quando vi uma VILÃ na capa da trilha sonora da mesma, aí tive certeza de que não se podia levá-la a sério...
O final foi um deboche, um acinte à inteligência do telespectador!
Novelas escritas por Aguinaldo Silva ou com Christiane Torloni no elenco (há quem diga que o autor estragou o folhetim por conta de "pitis" da atriz, que queria os holofotes todos voltados para seu personagem), não assisto mais porque é dose sermos tratados feito otários!...

Um forte abraço!
Gostei do artigo!!!!

Mary:)

Sérgio Santos disse...

Élida, obrigado pelo comentário! Beijo.

Sérgio Santos disse...

Mary, obrigado pelo comentário. Não tenho nada contra vilã nas capas dos cds, mas a verdade é que essa novela foi um total equívoco. Já foi tarde. Chega! rs Beijos!

Gisele VasFi disse...

Com certeza, foi o final mais decepcionante que já assisti. A última cena é de chorar de raiva por perder tempo em frente à tv.
Teu texto está perfeito e completo.
Bjs.

Sérgio Santos disse...

Gisavash, obrigado!Foi impressionante a avalanche de críticas que essa novela teve. E sempre muito justas, diga-se. Beijos

BLOGZOOM disse...

Sergio, esta novela debochou da nossa cara o tempo todo. Nunca vi nada pior. Esta ganhou de todas.

Bjs

Sérgio Santos disse...

Sissym, concordo plenamente. Bjsss