A atual novela das seis, baseada na obra original de Cassiano Gabus Mendes, escrita em 1982, segue com baixos índices de audiência. E dificilmente o cenário irá mudar. A Globo cometeu um erro crasso colocando o remake de uma novela que foi exibida às sete e tem todas as características do horário em plena faixa das 18h e agora tem que enfrentar as consequências. Mas a releitura de Alessandro Marson e Thereza Falcão vem se mostrando uma obra agradável e agora uma nova fase acaba de ser iniciada.
A produção original não teve nem um terço dos acontecimentos da atual. Era muito mais lenta e Helena, vivida na época por Aracy Balabanian, passava longe de ser uma vilã, de fato. Os grandes conflitos do enredo só foram resolvidos no último capítulo, o que impediu a exibição dos desdobramentos das situações. A identidade real da Patinha, a revelação do mistério da morte de Bruno e a verdade sobre a troca dos bebês só foram expostos no último dia, o que deixou tudo raso.
No remake, os autores tiveram a preocupação de aproveitar bem os 'plots'. Tanto que Taís (Kesia) já revelou a Lara (Deborah Secco) que era a amante de Átila (Sergio Guizé) na semana passada e agora a farsa sobre a troca dos bebês foi revelada no gancho do capítulo exibido nesta quinta-feira (18) e desmembrado hoje, dia do centésimo capítulo. Vale lembrar que na versão original Ísis (Rayssa Bratillieri) era filha de Helena (Isabel Teixeira) e, não irmã, como é na nova versão.
A motivação de Sérgio (Mário Lago) foi querer um neto para assumir os negócios da família e não uma mulher. Alvo crível porque não existia ultrassom. Hoje em dia não seria mais cabível em um roteiro. Então houve a adaptação claramente copiada de "Por Amor", sucesso de Manoel Carlos de 1997. O bebê de Helena morreu no parto e por conta de complicações a personagem não poderia mais engravidar. Então, Sérgio (Marcos Caruso) pagou Miriam (Paula Cohen) para realizar a troca.O drama envolvendo a família de Helena sempre foi o maior trunfo da releitura. Tanto que os demais enredos até hoje não despertam tanta atenção, com exceção do romance de Lara e Mário (Lázaro Ramos). Portanto, era previsível que a revelação de toda farsa resultaria em uma catarse bastante aguardada, o que de fato aconteceu. O capítulo desta sexta-feira rendeu um conjunto de boas cenas, o que valorizou todos os atores do núcleo. O desespero de Giovani diante da verdade sobre sua origem foi demonstrado por um competente Filipe Bragança, que segurou bem o drama do personagem. E a chegada do rapaz ao apartamento da mãe, levando Miriam pelo braço e obrigando a enfermeira a contar tudo, proporcionou a melhor sequência do enredo até o momento.
A situação foi composta quase que por uma orquestra sinfônica de sentimentos. A cinismo de Miriam, a tristeza de Sérgio, o grito de Helena, o desespero de Jonas, a dor de Giovani e o choque de Ísis. Tudo formou um conjunto de boas atuações que teria ainda mais impacto se a cena tivesse sido exibida sem cortes. Infelizmente, hoje em dia a direção de teledramaturgia criou um novo estilo que dilui os momentos de maior intensidade porque insere cenas de núcleos paralelos durante uma determinada catarse para manter a atenção do público durante o capítulo inteiro. Muitas vezes não é necessário. Mas, apesar das interrupções inoportunas, o momento honrou a importância daquela revelação.
Isabel Teixeira é o maior destaque da novela e não foi diferente durante a aguardada cena. O berro de Helena diante da confirmação de seu pai sobre o crime cometido fez jus ao coração dilacerado de uma mãe. E que acerto o crescimento de Marcos Caruso na trama, diante de um etarismo cada vez maior na teledramaturgia. É a primeira vez que o veterano vive um vilão, ainda que seu personagem tenha traços de humanidade. O olhar do ator demonstrou o sofrimento que o todo poderoso empresário estava sentindo diante da ruína de seu castelo de areia. Também é preciso elogiar Rayssa Bratillieri e Filipe Bragança, que vêm formando uma boa dupla desde o começo da história. Além de Paula Cohen, que mudou o inicial tom histriônico de Miriam ao longo dos meses, e Mateus Solano.
"Elas por Elas" a partir de agora inicia uma fase inédita. Os autores declararam no podcast do "Novelíssimas" que até o capítulo 100 o enredo era sobre a causa e de agora até o final será sobre consequência. Por tudo o que foi visto no capítulo desta sexta, o que está por vir parece promissor.
14 comentários:
Que cenas!!!
Sérgio, que banho de interpretação foi esse constatado horas atrás? Apesar dos percalços enfrentados, o reboot de "Elas Por Elas" é, na minha humilde opinião, a melhor novela atual em exibição, e chega de forma gloriosa ao centésimo capítulo, com uma sucessão de catarses inseridas nos momentos oportunos, ponto em que alguns autores da nova safra têm falhado. A partir de agora, a novela inédita prometida por Thereza Falcão e Alessandro Marson chega com força e tem de tudo para complementar de forma digna todo o conteúdo da fase anterior.
Guilherme
Essa novela é tão maravilhosa e tão deixada de lado pelas pessoas… uma pena. Parece novela das 7 porque nos acostumamos a isso, mas a partir de quando se criou essa cultura da novela das 18h que não precisa de atenção quando já tivemos Anjo Mau e A Viagem no horário? Anjo Mau se tivesse um segundo remake, seria às 21h, inclusive. É uma certa “preguiça” tanto da emissora quanto de parte do público. Esse capítulo 100 foi um dos melhores dos últimos tempos, e é bom ver atores jovens que claramente vão fazer seu nome. E mesmo com essa baita guinada na história, ainda tem muita coisa para desenrolar. É minha favorita da grade atual, não tem jeito.
Sérgio, espero que esteja tudo bem contigo.
Acompanhei a novela e cada dia mais anciosa esperando o próximo capítulo, até que chegou a ultima semana, mas o último capítulo foi uma decepção total, a morte de Antônio La Selva, e a Irene se deu bem! Não gistei!
Boa semana!
Beijinhos, paz e luz.
Corrigindo: "Não gostei!"
Acharia ótimo uma crítica sua geral sobre todos os núcleos da trama. Tem muitas tramas fracas e falhas em alguns desenvolvimentos. Mas ainda assim é uma novela boa e as mudanças no remake são mais do que válidas. Maravilhoso ver que existem alterações e beneficiando a trama central que é a mais atrativa e bem estruturada. Se todos os remakes tivessem alterações que valorizassem a qualidade das obras seria ótimo.
Esse texto é sobre Elas por Elas. Tem o texto final de Terra e Paixão para falar sobre a outra novela.
Muito boas.
Concordo com voce, Guilherme.
Gostei do seu comentário, anonimo.
Fatyma, que saudades. bjssss
Vc me deu uma ideia, anonimo. Mas ainda nao sei se farei ou deixo tudo pro final.
faz sérgio, vou adorar!!!
eu amo o elenco da Helena, com certeza tem as melhores cenas. eu gosto muito do núcleo da Adriana também - que conflita bem com o núcleo da Helena.
Gosto da Carol, mas anda se perdendo nos conflitos amorosos - fora que a personagem da Wanda é um saco!! Meu sonho Carol e Natália terminarem juntas.
Infelizmente o núcleo da René não convence - não faz sentido o arco de redenção da Marcia, o término com o delegado e agora essa recaída pelo Vagner. Acorda mulher!!!
Gosto da Lara tb, é um núcleo bem desenvolvido e a Yeda é uma das personagens mais carismáticas no ar.
Thaís tenho um pouco de preguiça, sempre mto perdida, sempre confusa com alguma coisa…
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