Entre os anos 1980 e 2000, se tornar uma paquita e estar ao lado da Xuxa era o sonho de quase toda menina no Brasil, se estendendo para as Américas. Mais que sucesso nos programas de televisão, elas ganharam destaque no cinema e na música, sendo uma das primeiras girl bands do país. Após a grande repercussão de "Xuxa - o documentário", disponibilizado ano passado, o Globoplay resolveu produzir o "Pra Sempre Paquitas", que estreou no dia 16 de setembro e desde então virou o produto mais consumido da plataforma de streaming.
O documentário mergulha na vida e na carreira das eternas companheiras de palco da Rainha dos Baixinhos, resgatando histórias de amizade e união, as paixões, os sonhos, as experiências, os bastidores das gravações, as decepções, desentendimentos, os traumas e os diferentes pontos de vista. Tudo começou no Clube da Criança, na TV Manchete, com Andrea Veiga e Heloísa Morgado. O grupo cresceu na TV Globo, na geração "Xou da Xuxa", no programa de mesmo nome, e em 1986, a entrada de Ana Paula Guimarães, Andréa Faria, Andrea Veiga e Luise Wischermann marcou oficialmente o início das Paquitas. O primeiro episódio foca na primeira formação e envolve o telespectador, que se motiva a seguir acompanhando a saga. No ano seguinte, em 1987, o grupo teve novidades em sua composição. Já em 1989, o lançamento de um LP icônico, com o hit de grande sucesso ‘Fada Madrinha’, consagrou as paquitas também como grupo musical, quebrando recordes de venda de discos e viajando o Brasil com shows.
Nessa época, também já faziam parte Roberta Cipriani, Ana Paula Almeida, Priscilla Couto, Tatiana Maranhão e as recém-chegadas Leticia Spiller e Catia Paganote. Enquanto umas integrantes saiam para outros projetos, outras eram selecionadas. Em 1990, somaram-se ao grupo Juliana Baroni, Bianca Rinaldi e Flávia Fernandes.
Em 1995, porém, a saída em massa do então grupo original, trouxe à tela do ‘Xuxa Park’ uma nova geração toda formada por paquitas estreantes, a conhecida "New Generation". Composta por Andrezza Cruz, Bárbara Borges, Caren Lima, Diane Dantas, Gisele Delaia, Graziella Schmitt e Vanessa Melo, essa formação ganhou popularidade com o boom do ‘Planeta Xuxa’. Ao atingirem a maioridade, em 1999, as meninas foram substituídas por uma nova composição, o grupo "Geração 2000". Daiane Amêndola, Gabriella Ferreira, Joana Mineiro, Lana Rhodes, Letícia Barros, Monique Alfradique, Stephanie Lourenço e Thalita Ribeiro vivenciaram os últimos anos de ‘Xuxa Park’, permanecendo ao lado da rainha dos baixinhos até 2002, quando o ‘Planeta Xuxa’ saiu do ar.
Idealizada pelas ex-paquitas Ana Paula Guimarães e Tatiana Maranhão, a série traça um paralelo com os tempos atuais e promove a reflexão sobre como a sociedade moderna evoluiu junto às gerações de 1980 e 2000. Questões de gênero, pressão estética, representatividade, competitividade, infância, assédio, trabalho e tantos outros temas são abordados sem pudor ao longo do Original.
A obra reúne depoimentos de 27 do total de 29 Paquitas que foram coroadas como assistentes de palco de Xuxa ao longo de sua icônica trajetória na TV. Ana Paula Almeida, Ana Paula Guimarães, Andréa Faria, Andrea Veiga, Andrezza Cruz, Bárbara Borges, Bianca Rinaldi, Caren Lima, Catia Paganote, Daiane Amêndola, Flávia Fernandes, Gabriella Ferreira, Gisele Delaia, Graziella Schmitt, Heloísa Morgado, Joana Mineiro, Juliana Baroni, Lana Rhodes, Letícia Barros, Leticia Spiller, Luise Wischermann, Monique Alfradique, Priscilla Couto, Roberta Cipriani, Stephanie Lourenço, Tatiana Maranhão e Thalita Ribeiro. Além das brasileiras, o doc traz entrevistas com as Paquitas chilenas, argentinas, uruguaia e peruana, além de trechos inéditos da entrevista com a paquita americana, extraídos de ‘Xuxa, o documentário’. Ainda participam da produção figuras do universo que as envolviam: desde as mais conhecidas e parceiras de palco, como Adriana Bombom e as Irmãs Metralha, Mariana e Roberta Richard, mães de algumas integrantes, passando por pessoas que trabalhavam nos bastidores dos programas, jornalistas, psicólogos e fãs. Nomes como Serginho Groisman, Fafy Siqueira e Ticiane Pinheiro.
Parte de cenários recriados, miniaturas exclusivas, roupas feitas especialmente para uma apresentação e uma música inédita estão entre os diferenciais do documentário. Alguns detalhes cenográficos ganham destaque, como elementos marcantes do ‘Xou da Xuxa’, entre eles a nave branca, cedida pela Xuxa, e o ‘Sol’, que veio mais tecnológico com painel de LED para poder mexer olhos, dar sorrisos e mostrar vídeos da época.
Piso colorido feito arco-íris, túnel com a mistura de cheiros do Teatro Fênix, reativando as lembranças em todos os sentidos, e cenários com globos espelhados também transportam as protagonistas para aquele universo mágico. Além da ambientação para as diferentes gerações de Paquitas, pequenos camarins foram produzidos para cada uma das entrevistadas como um resgate de suas individualidades.
A música ainda marcou presença no último episódio quando representantes de quatro gerações - Andrea Veiga, Tatiana Maranhão, Andrezza Cruz e Lana Rhodes – se reuniram em um estúdio no Rio de Janeiro e soltaram a voz para gravar a canção “Pra Sempre Paquitas”, criada pelo cantor e compositor Junno Andrade, como um presente e homenagem dele e de Xuxa Meneghel para o grupo. Ana Paula Almeida, Ana Paula Guimarães Gabriella Ferreira, Joana Mineiro, e Thalita Ribeiro se juntaram a elas no coro.
Relembrando as antigas turnês dos seus shows, parte do grupo saiu do Jardim Botânico, bairro do Rio de Janeiro onde ficava o antigo Teatro Fênix (palco do ‘Xou da Xuxa’), a bordo de um ônibus personalizado, que seguiu rumo aos estúdios da Globo em São Paulo para a gravação do especial Altas Horas, exibido no dia 07/09. Os bastidores da viagem, a preparação para a apresentação e momentos inéditos do programa foram captados exclusivamente para a série documental.
Ao contrário de "Xuxa - o documentário", que se mostra maçante e com muitas informações relevantes deixadas de lado, além de chapa branca, uma vez que coloca Xuxa como uma coitada e eterna vítima de tudo o que acontece ao seu redor, a série das paquitas é rica em detalhes e consegue envolver o telespectador com facilidade. Os cinco episódios estão em ordem cronológica e contam muitas situações desconhecidas do grande público, principalmente a respeito da relação entre as veteranas e as novatas, mas também incluindo vários momentos de assédio moral pot conta de Marlene Matos, que não aceitou participar do documentário. Porém, a ausência da diretora não prejudicou a produção e o curioso é que sua presença na série sobre a Xuxa foi a única coisa relevante e sem ela o produto ficaria ainda pior. O risco ocorrer o mesmo com a saga das paquitas existiu, mas não aconteceu porque há uma riqueza grande na pesquisa e muitos depoimentos relevantes. Ainda há até um mistério envolvendo a paquita que traiu o grupo e contou para Marlene sobre a produção do livro que culminou na demissão de todas as dançarinas. Mas quem entende de linguagem corporal consegue desvendar o enigma, o que dá até um tempero ao documentário. Outra qualidade é a coragem de grande parte das paquitas em também culpar a Xuxa por tudo o que elas passaram nas mãos da Marlene. Embora Xuxa sempre se coloque como vítima e faça um 'mea culpa' bem sutil, não teve como fugir dos questionamentos desta vez. Porque, sim, a apresentadora foi cúmplice da diretora e também omissa ao longo dos anos.
"Pra Sempre Paquitas" tem roteiro de Paulo Mario Martins, produção de Anelise Franco, direção de Ivo Filho, direção artística de Ana Paula Guimarães e direção de gênero de Mariano Boni. O sucesso é merecido e vale a pena acompanhar. Não precisa ter sido um fã para se entreter e também se chocar com o documentário, que traz uma nostalgia deliciosa, mas foca na maioria do tempo em um amontoado de situações inadmissíveis hoje em dia.
6 comentários:
Sérgio, endosso todas as suas considerações sobre o recém-lançado documentário das Paquitas, que de fato se mostra mais interessante do que o de Xuxa Meneghel disponibilizado no ano anterior, principalmente no tocante à riqueza de detalhes sobre as trajetórias das Paquitas de várias gerações.
Guilherme
Era um conto de fadas cheio de podridão. Exemplos:
- Omissão de Xuxa sobre Marlene Mattos
- Ex-paquita excluída da pré-estreia do documentário
- Pouco tempo de tela para as últimas duas gerações de paquitas
Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/tela-plana/3-polemicas-causadas-pelo-doc-pra-sempre-paquitas-do-globoplay
Verdade.
Documentário excelente, muito bem produzido, trazendo muitas informações chocantes que nunca poderiamos imaginar. Marlene se fosse nos tempos de hoje não teria vez não.. oh mulher cruel!
Interessante ver como as coisas funcionavam. Entendo absolutamente os problemas, os traumas são reais, Marlene realmente exagerou em diversas ocasiões sem necessidade, principalmente em se tratando de crianças/adolescentes. Mas, em alguns momentos, eu tive a sensação que pra elas era mais fácil culpar a já esperada animosidade da Marlene do que reconhecer a própria passividade e reagir. Tanto da parte das paquitas, mas principalmente da Xuxa e algumas irresponsabilidades dela como adulta no meio daquilo tudo.
Dei cinco estrelas porque o documentário é excelente! Muito bem produzido, bem cuidado. Revelações (sobre abusos, etc..) que nunca imaginei, apesar de saber que a Marlene sempre foi grossa e autoritária, mas não imaginava esses detalhes sórdidos…
Nunca sonhei ser paquita, mas acompanhei tudo e confesso que por vezes assistindo ao doc, me bateu certa ansiedade, precisava dar uma parada e respirar, chorei muitas vezes. Todas elas sofreram, muitos abusos, todas elas tem a mesma opinião sobre o terror que viviam, não é possivel que alguém em sã consciência ainda defenda a Marlene. Torço pra que todas elas, sem exceção continuem felizes em suas profissões, com sua famïlias, elas são verdadeiras sobreviventes! E a Xuxa? É uma grande sonsa na minha opinião, tomei ranço!
A única que coisa que não gostei do DOC foi a vilanização exclusiva da Marlene e Xuxa saiu como a inocente que não sabia /via nada! Ela faz uma mea culpa no DOC mas mesmo assim culpabilizando a Marlene por sua falta de atitude! Ora, ela era uma mulher adulta! Foi egoísta e omissa sim! Eram crianças e adolescentes! Muito triste ver esse lado da história!
Concordo, Xuxa foi cúmplice e omissa.
Muito obrigado, Guilherme.
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