Cid Moreira: um dos maiores ícones do jornalismo brasileiro

 Nesta quinta-feira, dia 3, o Brasil perdeu uma das figuras mais emblemáticas da história do jornalismo. Cid Moreira faleceu, aos 97 anos, completados no último domingo (29/09). Ele estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, desde o dia 4 de setembro, quando deu entrada com uma insuficiência renal crônica (antes vinha tratando de uma pneumonia em casa). O quadro piorou e Cid morreu de falência múltipla dos órgãos. 

O jornalista iniciou a carreira na rádio em 1944, depois de ser descoberto por um amigo que o incentivou a fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Nos anos seguintes, entre 1944 e 1949, narrou comerciais até se mudar para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade. Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Foi lá que começou a ter suas primeiras experiências na televisão até 1956, apresentando comerciais ao vivo na TV Rio. Sua estreia como locutor de noticiários aconteceu em 1963, no "Jornal da Vanguarda", da TV Rio, o que marcou seu início de carreira no jornalismo televisivo. Nos anos seguintes, trabalhou nesse mesmo programa em várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental. 

Em 1969, Cid voltou à Globo para substituir Luis Jatobá no "Jornal da Globo", que ia ao ar às 19h45. No mesmo ano, foi escalado para a equipe do então recém-lançado "Jornal Nacional", o primeiro telejornal transmitido em rede no Brasil. A estreia ocorreu em setembro de 1969, e Cid dividiu a bancada com Hilton Gomes.

Dois anos depois, iniciou uma longeva parceria com Sérgio Chapelin e durante 26 anos Cid foi o principal rosto do "JN". Sua voz se tornou inconfundível, assim como o seu tradicional "boa-noite". Em 1996, o veterano saiu da bancada e passou a fazer a leitura dos editoriais ---- William Bonner e Lillian Witte Fibe assumiram a apresentação. 

Paralelamente, Cid também participou do "Fantástico" desde a sua estreia, em 1973, revezando com outros apresentadores. Mas foi em 1999 que se tornou uma espécie de 'ídolo pop' por conta da narração do quadro de Mr. M, um personagem mascarado que desvendava todos os famosos truques praticados por ilusionistas e mágicos ao redor do mundo. 

A partir da década de 1990, Cid começou a se dedicar a gravações de salmos bíblicos e em 2011 gravou a Bíblia na íntegra, projeto que se tornou um sucesso de vendar. Em 2010, foi lançada a biografia "Boa Noite - Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil", escrita por sua esposa, Fátima Sampaio. Durante a Copa do Mundo daquele ano, o jornalista virou meme --- quando essa expressão ainda nem existia ---- por causa da vinheta "Jabulaaaani" que gravou para o "Fantástico" e todos os demais programas esportivos da Globo. 

Em 24 de abril de 2015, Cid apresentou um bloco do "Jornal Nacional" junto com Sérgio Chapelin em uma bonita homenagem feita pela Globo aos dois jornalistas na semana em que a emissora completou 50 anos de existência. Foi sua última aparição na tevê. O veterano, segundo o site "Memória Globo", apresentou o "JN" por 7.500 vezes durante quase 27 anos de bancada. Apesar de aposentado, o jornalista tinha contrato vitalício com a Globo e seguia trabalhando fazendo locuções e também vídeos para suas redes sociais. Seu último vídeo foi um depoimento para o ex-diretor Boni, exibido no "Sem Censura", programa da TVE, no dia 3 de setembro. Ele lamentou sua ausência no lançamento do livro de seu grande amigo e alegou limitações da idade. 

Cid Moreira leva com ele uma grande parte da história do jornalismo e da televisão brasileira, mas seu legado jamais será esquecido e sua voz inconfundível estará sempre na memória do público.