"BBB 24" virou um jogo de 'expulsa ou não expulsa'

 O clima está fervendo no "BBB 24". Não só dentro da casa, como fora também. Nas redes sociais há um clima de passionalidade das torcidas, onde praticamente inexiste qualquer diálogo e proliferam os ataques. Não é uma novidade da atual edição. Todo ano o comportamento se repete, principalmente perto da reta final. Acaba sendo um sinal do bom engajamento que o reality ainda tem, mesmo há 22 anos no ar (o primeiro ano, em 2002, foram duas temporadas exibidas). 

E, ao contrário das duas edições anteriores (os fracassados "BBB 22" e "BBB 23"), o elenco atual tem garra pelo jogo e não foge de conflito, o que propicia mais embates e consequentemente mais rivalidades à flor da pele. Já foram tantos barracos que fica até difícil enumerar. Ou seja, a temporada está do jeito que o fã de reality gosta. No entanto, o comportamento dos telespectadores nas redes sociais, com raras exceções, vem causando a sensação de querer vencer no 'tapetão', termo comum no meio do futebol, quando um time entra na justiça para contestar o resultado de alguma partida. E isso tem sido feito através dos pedidos de expulsão de participantes. 

Tudo tem sido motivo para protestos indignados no X, antigo Twitter, ou Facebook e Instagram, enfim, qualquer rede social. A primeira reclamação se deu por conta da primeira briga feia entre Davi e Bin Laden, quando o favorito disse para Lucas "Calma aí, Calabreso".

Um encostou o rosto no outro durante um embate. Uns exigiram a expulsão de Davi, outros de Bin e uma terceira parte de ambos. Nada aconteceu. Mas tudo piorou quando Wanessa Camargo foi expulsa após ter dado um tapa leve no pé de Davi, que estava dormindo. Ele se sentiu agredido e foi até o confessionário exigir a desclassificação da rival. Conseguiu. Ali a produção abriu um precedente, mas não tinha o que fazer diante da reclamação de Davi. 

A partir daquela situação os ânimos ficaram mais aflorados, tanto dentro quanto fora da casa. E o barraco protagonizado por Leidy, Davi e Alane deixou claro como será o clima da casa até a final em abril. Leidy instigou Davi a encostar nela o tempo todo para poder ir ao confessionário exigir a expulsão do inimigo e caso acontecesse a expulsão não teria como ser negada. Mas não aconteceu e Leidy foi até o quarto, pegou as roupas de Davi e jogou tudo na piscina ----- lembrando a cena memorável envolvendo os rivais de Tina que jogaram suas roupas na piscina no "BBB 2". Por causa daquele ato de Leidy, mais protestos tomaram conta das redes exigindo a expulsão da participante. Expulsão por jogar roupa em piscina? E o pior foi o esporro que Tadeu Schmidt deu na jogadora e em Davi, que tentou revidar jogando um balde de água em cima da cama dela, mas acabou impedido pela produção. Não tinha que ter se metido. Aquilo não feriu o código penal e muito menos a integridade física de alguém. Deixasse o público julgar no paredão. Tanto que a bronca não acalmou quem pedia a eliminação de Leidy e ainda revoltou quem achou a exigência um absurdo. 

Mas ainda era apenas no começo diante do que estava por vir. Sabrina Sato participou do quadro de Marcos Veras e ficou na casa para interagir com os participantes. Beatriz, assim que a viu, surtou, foi para cima dela e a derrubou no chão. Alane e Isabelle também acompanharam a amiga no total destempero. Resultado? Protestos nas redes sociais exigindo a expulsão de Bia alegando que foi quebrada a regra de não encostar no artista. Porém, a tal regra é somente para cantor ou cantora que vai se apresentar nas festas. A partir do momento que o famoso entra na casa está 'invadindo' o espaço deles, então é óbvio que toques e interações mais próximas serão inevitáveis. O que Bia fez foi desrespeitoso? Sim. Foi mal educada? Foi. Foi sem noção? Foi. Faltou senso do ridículo? Faltou. Era para ter sido expulsa? Claro que não. 

E o caos provocado no Sincerão desta segunda-feira, dia 25, causou um terremoto na internet, a ponto de textões e mais textões serem feitos exigindo expulsão de Davi e Bin Laden porque um deu uma cabeçada no outro, exatamente como aconteceu na outra briga deles. Sobrou até para o Lucas, que levou uma queda tentando apartar a discussão que quase foi às vias de fato. Ele ainda levou uma cotovelada sem querer do aliado em outro momento. Mas não só eles tiveram a desclassificação exigida. Teve uma outra grande parte que também pediu a saída de Fernanda porque ela deu uma cotovelada em Davi para impedir que ele partisse para cima de Bin. Porém, se os dois não foram expulsos na primeira vez que se tocaram, não seriam na segunda. E qual a razão de tirar Fernanda por ter empurrado Davi com o cotovelo para impedir algo pior? Até porque em 24 edições de programa já ficou bem evidente que a grande maioria das expulsões se dá por conta da reclamação de um agredido. 

Vale fazer um retrospecto de algumas expulsões do reality. A mais lembrada foi a de Ana Paula Renault, a favorita absoluta do "BBB 16". Ela era o grande nome e ninguém tinha a mínima força para tirar o prêmio das suas mãos. Só que durante uma festa, bêbada, a participante deu um tapa de leve na cara de seu maior rival. Renan foi até o confessionário reclamar da agressão e ela foi expulsa. Se ele não tivesse reclamado, haveria a expulsão? A dúvida fica, mas outras expulsões corroboram a tese que não seria, ainda mais diante do favoritismo. Maria foi expulsa no "BBB 22" depois que deu uma pancada na cabeça de Natália com um balde durante o Jogo da Discórdia. Assim que recebeu a baldada em pleno programa ao vivo, Nat fez questão de perguntar se valia receber uma baldada. Aquilo já foi uma reclamação imediata e que marcou a eliminação de Maria. No "BBB 10", Lia e Anamara eram rivais e durante uma festa, enquanto 'brincavam' rolando na pista de dança, Lia machucou Maroca no olho. Boninho no dia seguinte pediu para Anamara ir ao confessionário e perguntou se ela tinha se sentido agredida. Maroca disse que não e Lia não foi eliminada, mas seria se Maroca confirmasse. E no "BBB 14" Marcelo e Cássio quase saíram na mão depois que Cássio afirmou que Marcelo tinha assediado Ângela. A briga foi tão feia que Marcelo quebrou um vidro que voou na boca de Clara e a machucou. Cássio ainda quebrou o vidro do boxe do banheiro acidentalmente e feriu a mão. Nada aconteceu.

Os casos de expulsão que não exigiram confirmação do agredido se configuraram como crimes ou algo explícito, vide a desclassificação de Marcos Harter no "BBB 17", que apertou o braço de Emily durante uma discussão e era agressivo com a 'ficante' várias vezes. Ou então a expulsão de MC Guimê e Cara de Sapato no "BBB 23" por importunação sexual. E a expulsão de Hariany no "BBB 19" nem cabia contestação ou questionamento. A péssima campeã Paula foi fortemente empurrada pela amiga durante uma discussão e podia ter batido com a cabeça na quina da cabeceira. Muitos podem alegar que as regras contratuais foram alteradas ao longo dos anos e é verdade. Mas no quesito agressão não houve mudança, pelo menos na prática. Basta analisar deixando qualquer torcida de lado. Porém, é evidente que Boninho está longe de ser inocente e que usa as regras da forma como acha melhor para a repercussão e audiência do formato, além do lucro. O fato de todos os participantes não terem feito o Raio-X no dia seguinte ao da briga foi algo proposital, assim como o botão de desistência não ter ficado verde em qualquer momento. O reality está longe de ter uma reputação ilibada e todo mundo tem consciência disso. Só que é importante analisar o conjunto. 

O "BBB 24" está com uma boa audiência e repercussão, após duas edições seguidas onde o desinteresse predominou. Tanto que nesta terça-feira (26/03) houve o recorde de Ibope da temporada em São Paulo com 25 pontos de média e 49% de participação, enquanto no Rio chegou a 31 pontos com 56% de participação. E merece porque o elenco tem feito jus ao programa e vários na casa são carismáticos. Pena que da metade para o final o reality tenha virado, ao menos aqui fora, um jogo de expulsa ou não expulsa.