Nesta quinta-feira, dia 6, foi ao ar a grande virada da atual novela das nove da Globo. "Terra e Paixão" marca a volta de Walcyr Carrasco ao horário, após o fenômeno "A Dona do Pedaço", de 2019, e o autor sempre foi considerado o coringa da emissora. Responsável por uma legião de sucessos em todas as faixas, o escritor mostrou mais uma vez que não entra em batalhas para perder. Foram dois meses de preparação para que uma avalanche de catarses acontecesse com a temperatura necessária para a empolgação do público.
A novela estreou no dia 8 de maio e só acaba em janeiro de 2024. Um enredo que precisa ser desmembrado por cerca de 220 capítulos. Um desafio para qualquer autor, ainda que Walcyr tenha experiência em folhetins longos (vários tiveram 'esticamentos' por conta do sucesso). Não por acaso, fica perceptível que houve uma preocupação na elaboração de vários 'plots' que ainda virão pela frente, como a volta de Agatha, mãe de Caio (Cauã Reymond) e grande paixão de Antônio (Tony Ramos). A personagem estava morta até semana passada, mas o caixão estava vazio e quando isso acontece na teledramaturgia a resposta é imediata: a defunta vai voltar triunfante.
Porém, agora o enredo está voltado para a morte de Daniel (Jhonny Massaro), que provoca uma virada de chave na personalidade de Irene (Gloria Pires). A vilã contida e fria passa a ser agressiva destemperada diante da perda da única pessoa que realmente amava e depositava seu futuro de riqueza eterna. O termo 'coringar', algo comum nas redes sociais, cabe perfeitamente no caso. E tudo foi acontecendo com a explosão simultânea de várias bombas que Walcyr foi preparando ao longo dos dois primeiros meses de novela.
É um recurso dramatúrgico infalível e que tem feito muita falta em diversos folhetins recentes, com exceção da primorosa "Vai na Fé". Dá para citar os casos de "Mar do Sertão", "Cara e Coragem", "Travessia" e a atual "Amor Perfeito", por exemplo, onde as catarses foram logo apresentadas com menos de um mês de enredo no ar, o que tirou todo o impacto das narrativas e ainda prejudicou os demais meses que ficaram simplesmente sem história para contar.Agora, com "Terra e Paixão", o autor mostra o que deve ser feito para promover a emoção do público diante de acontecimentos aguardados. Toda a sequência em que Caio expôs o passado de Irene para se vingar de Daniel representou o puro suco de Walcyr Carrasco. Tudo começou porque Caio descobriu que Daniel era a pessoa que se relacionava com Aline (Barbara Reis) em segredo. Kelvin (Diego Martins) viu os dois se beijando e passou a fofoca para Ademir (Charles Fricks), que detalhou ao sobrinho. A raiva fez o personagem abrir a caixa que Cândida (Susana Vieira) lhe deixou antes de morrer e assim descobrir todos os escândalos da família La Selva.
Caio revelou a todos que Irene era prostituta e a foto utilizada foi de Sarita, garota de programa interpretada por Gloria Pires na novela "Mico Preto", de 1990. Uma ótima sacada do diretor Luis Henrique Rios. A vilã que adora bancar a moralista e defensora da família ter um passado assim é um clássico novelesco, mas ainda era só o começo das revelações. Também foi exposto o caso que Irene teve com Ademir, o que resultou em Daniel, que era filho do tio e não de Antonio. A obsessão pela palavra 'sucessão' girava em torno de um bastardo. A cena destacou o talento já conhecido de Tony Ramos e Gloria, valorizados como merecem na trama, e de Jhonny Massaro, que aproveitou muito bem seus últimos momentos na história e demonstrou o desespero de Daniel diante daquela enxurrada de informações que recebeu em poucos minutos. Vale destacar também Cauã Reymond, Inez Viana (Angelina) e Debora Ozório (Petra).
Já a sequência do acidente de Daniel merece vários elogios por ter fugido da artificialidade de muitos acidentes em folhetins recentes, onde os recursos tecnológicos mais atrapalham do que ajudam, deixando um resultado sem impacto. Vale destacar ainda o descontrole de Petra, que se fingiu de médica para obter seus antidepressivos, o que gerou uma overdose que quase a matou. Debora Ozório mais uma vez brilhou. E a última cena de Daniel, se despedindo da mãe no hospital, emocionou graças ao talento de Jhonny e ao show de Gloria Pires em completo estado de graça. Porém, o filho de Irene ter acordado para falar brevemente com a mãe abusou da licença poética, ainda mais com a inércia dos médicos que nem se preocuparam em reanimá-lo. Um ponto fora da curva diante de um capítulo tão bom, incluindo o gancho, com a vilã chamando Caio de 'assassino'. A morte do personagem ainda provoca um ataque direto de Irene, que promove um incêndio na plantação de Aline para atingir Caio, provocando uma nova desgraça na vida da protagonista. O caos generalizado. Uma nova fase, de fato, começou.
"Terra e Paixão" ainda tem uma longa jornada pela frente, mas Walcyr Carrasco deixou claro que tem muitas cartas na manga para movimentar sua história e seguir prendendo a atenção do telespectador, assim como costuma fazer em toda obra sua. A audiência só tem aumentado para a felicidade da Globo. Que venham os próximos acontecimentos.
15 comentários:
Crítica perfeita e o capítulo chegou a 30 pontos, algo que Travessia nao viu nem no último capítulo. Walcyr sabe mesmo.
Como sempre uma excelente revisão.
Abraços
Concordo com tudo. Walcyr sabe fazer.
Hum...parece bom, vou ver se assisto!
Bom fim de semana!
Ane/De Outro Mundo :) 😘
Eu adoro reviravoltas, mudanças ou acontecimentos radicais, que mudam tudo, rsrs. Vou assisitir aos próximos capítulos!
Beijo e bom fim de semana
Atualmente são poucos os autores de folhetins preocupados em desenvolver as tramas sem apressar acontecimentos relevantes para as viradas e norteadores da narrativa. Felizmente temos Rosane Svartman e Walcyr Carrasco para usar o tempo a favor deles mesmos e mostrar que ainda há algo a ser explorado nas obras, com tantas viradas bem inseridas após uma boa construção dos personagens e seus conflitos.
Guilherme
Olá, tudo bem? Meu ranço com o Caio aumentou. Diretamente envolvido na morte do irmão. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Sabe, Andressa.
Bjs, Maria.
É isso, Heitor.
Vale a pena, Ane.
Eu tb, Marly!
Assino embaixo, Guilherme.
Abçs, Fabio.
Ansioso para ver todas essas catarses.
Boa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
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