Virada em "Vai na Fé" destaca talento dos atores e potência do enredo

 Há várias razões para explicar o sucesso de "Vai na Fé" e muitas delas já foram expostas aqui. A trama de Rosane Svartman, dirigida por Paulo Silvestrini, conquistou o público através de conflitos críveis e muito bem construídos, somados a personagens repletos de camadas e bem interpretados. O capítulo desta sexta-feira (09/06) marcou uma das mais aguardadas viradas da novela, o que ressaltou a potência do enredo e o talento dos atores. 

Após longos meses, Clara (Regiane Alves) descobriu o caso que Theo (Emílio Dantas) teve com Kate (Clara Moneke) graças ao flagra que deu no marido encurralando a atual namorada do filho em seu quarto, durante um breve intervalo do jantar que estavam realizando com a família. O flagrante resultou em uma sucessão de cenas de intensa carga dramática. Foram vários momentos que impactaram o público e já configuram como alguns dos mais marcantes da atual novela das sete. 

Ao contrário do que se previa, Clara não caiu na conversa de Theo e enfrentou o marido pela primeira vez. A personagem não escondeu o horror com o fato do esposo estar com a namorada do filho. O vilão mais uma vez tentou menosprezar a mulher insinuando um delírio, prontamente rebatido aos berros e com um grito final que estava engasgado em sua garganta há muitos anos.

A mãe de Rafa (Caio Manhente) ainda segurou o braço do marido e o impediu de deitar na cama do casal, o expulsando de casa. A reação deixou o empresário assustado e Regiane Alves deu um banho em cena, assim como Emílio Dantas, o que não é uma surpresa. A dupla está brilhante desde o início da produção. 

No entanto, Clara pouco tempo depois passou a se questionar e duvidou sobre a índole de Kate. A personagem sempre foi elitista e seu racismo estrutural ficou visível nos momentos que confrontou Sol (Sheron Menezzes) sobre o passado da mocinha com o vilão. Novamente seu preconceito foi exposto diante da ex-futura nora. O desabafo aconteceu com Helena (Priscila Sztejman), que logo retrucou e afirmou o quanto ela estava sendo controlada pelo marido. Mas na verdade a desconfiança foi uma soma da manipulação emocional de Theo com aquele prejulgamento que Clara sempre demonstrou. Outra ótima cena de Regiane que tem em mãos um papel nada maniqueísta. 

Já o encerramento do capítulo apresentou uma catarse e tanto. Clara foi confrontar Kate, que se desestabilizou por completo e vomitou tudo o que estava escondendo há meses sobre o seu passado com Theo. A temperatura da cena foi aumentando aos poucos e explodiu com a chegada de Bruna que defendeu a filha como uma leoa e, em um acesso de fúria, acabou expondo o estupro sofrido por Sol há vinte anos. O ar de soberba de Clara logo se transformou em incredulidade. É preciso aplaudir o desempenho de Clara Moneke, que demonstrou com entrega o desespero de sua personagem diante das acusações e xingamentos da agora ex-sogra. Regiane Alves novamente deu um show, enquanto Carla Cristina Cardoso protagonizou de forma visceral a sua primeira sequência de maior intensidade dramática na trama. Foram quase três minutos de tirar o fôlego. 

"Vai na Fé" vem se mostrando um folhetim de excelência e as catarses de impacto têm sido um dos maiores êxitos de Rosane Svartman e equipe. As cenas protagonizadas por Regiane Alves, Clara Moneke, Emílio Dantas e Carla Cristina Cardoso foram dignas da virada de um novelão.