A Globo promoveu nesta segunda e terça (14 e 15) duas coletivas online sobre o remake de "Pantanal", nova novela das nove da emissora, tratada como uma superprodução. Participaram do primeiro encontro o diretor artístico Rogério Gomes, o autor Bruno Luperi, a figurinista Marie Salles e os atores Renato Góes (José Leôncio), Bruna Linzmeyer (Madeleine), Letícia Salles (Filó), Selma Egrei (Mariana), Leopoldo Pacheco (Leopoldo), Malu Rodrigues (Irma) e Gabriel Stauffer (Gustavo). Já o segundo contou com a presença da produtora de arte Mirica Viana e com os intérpretes Irandhir Santos (Joventino), Juliana Paes (Maria Marruá), Almir Sater (Eugênio), Fábio Neppo (Tião), Chico Teixeira (Quim), Enrique Diaz (Gil) e Osmar Prado (Velho do Rio). Fui um dos convidados e conto sobre tudo o que foi conversado.
"Quanto eu e minha equipe fomos fazer a novela a primeira coisa que fizemos foi assistir ao folhetim original. Fizemos uma ligação entre os personagens e as cores que habitavam o Pantanal. José Leôncio na primeira fase usa azuis, os jeans. Quando chegar no Marcos Palmeira ele passa a usar camisas que secam no sol. Os chapéus foram muito envelhecidos. A Juma vem da mãe dela, a Maria Marruá, e como a personagem vira onça eu quis fazer as cores da onça. A Filó eu quis fazer as cores dos Ipês. O Velho do Rio (Osmar Prado) eu quis fazer um envelhecimento parecendo terra. Eu fiz muita pesquisa. Isso é só um resuminho do que foi feito", contou Marie.
O autor Bruno Luperi falou sobre o desafio que adaptar uma produção da década de 1990 em 2022: "O tempo de 30 anos que passaram foi fundamental para as mudanças em "Pantanal". Na época a rádio no Pantanal era a grande revolução tecnológica. Agora está tudo diferente. Agora José Leôncio progride economicamente longe do Pantanal. Ele quer ocupar um espaço na vida do Joventino. A dualidade dele de ser um peão e manter a individualidade do pai é muito orgânica.
A ideia é que a dramaturgia proposta pelo meu avô há 30 anos seja contada no nosso tempo. É a mesma história, mas com a luz do nosso tempo. Situações que ficaram datadas não existem mais, mas a essência da trama continua a mesma. Porque é uma obra prima da teledramaturgia. Na época foi uma obra aberta e a recepção do público foi maravilhosa. Agora pudemos refazê-la como se fosse uma obra fechada. Levei um susto porque a Globo e meu avô só aceitariam refazer a história se eu fizesse. As negociações sobre o direito foram feitas em 2020. E conversei muito com meu avô sobre isso. Ele está lúcido aos 91 anos. E sempre teve como característica escrever sozinho. Se entrega pro texto de uma forma visceral. Foi um divisor de águas para a carreira dele. O fez voltar para a Globo como autor de horário nobre. Ele me deu total confiança. Temos uma distância regulamentar no processo para eu poder fazer o que é preciso agora. Mas ele me deu a bênção. Tive o privilégio de parar dois anos para me dedicar a isso. Faço uma terapia com o texto dele. Hoje os bisnetos vão ver a novela que o bisavô escreveu há 30 anos".O diretor Rogério Gomes comentou sobre o processo de escalação: "Os personagens do Benedito são muito característicos e escalamos por adequação. A escalação foi feita por eu e Bruno. Como é uma obra forte, não tem como fugir disso. E é muito difícil não deixar o Pantanal sobressair porque ele é o grande protagonista. É um lugar imbatível. Se você estiver bem, vai ficar melhor. Se estiver mal, vai ficar pior. E uma lugar que exige e você. Fizemos tudo com muito respeito e colhemos muitos frutos. Quando eu soube que iria fazer me tremi inteiro. Há 30 anos eu fazia uma novela na Globo e a gente lutava muito para enfrentar o barulho que a concorrente fez na época da Manchete", admitiu o diretor.
Malu Rodrigues falou um pouco sobre o trabalho com Bruna Linzmeyer. As duas vivem irmãs na primeira fase: "Uma coisa que aconteceu comigo e com a Bruna é que não gravamos nada antes de ir pro Pantanal. E me apaixonei por ela, uma parceiraça de cena. Fomos muito felizes no núcleo todo. Estou muito feliz, encontrei amigos de verdade e grandes parceiros de cena. Foi quase um Big Brother Brasil nosso lá". Bruna complementou: "Ao mesmo tempo que elas se amam muito, tem também inveja, raiva, ressentimento. Lembro da nossa preparação com Andreia Cavalcante onde tinha sempre aquela raiva por estar perto. Pudemos construir essa raiva, esse ressentimento e essa paixão que uma tem pela outra. Foi um processo muito bonito e como disse a Malu acho que nossa alegria dos bastidores também estará bem presente".
O ator Leopoldo Pacheco comentou um pouco sobre seu papel: "Quanto eu pego os personagens para fazer procuro nunca fazer juízo de valor. O Antero ama a família, mas tem a questão do vício. Isso o torna muito humano. Quando a nossa família se juntou foi um processo incrível. Tenho muito orgulho desse trabalho". Letícia Salles falou sobre sua estreia na Globo: "Estou vivendo o maior desafio da minha vida ao lado de pessoas inspiradoras que só assistia na tevê. Fico até arrepiada. Processo incrível. Mergulhei fundo na Filó. Estar no Pantanal foi único. Estou muito feliz e ansiosa. Espero que todo mundo se apaixone pela Filó como eu me apaixonei".
Selma Egrei falou sobre Mariana em sua volta à Globo, após seu brilhante trabalho em "Velho Chico", também de Bruno Luperi: "Minha personagem é a matriarca. Forte e dominadora. Ela é mais viva e presenta nesta família do que o próprio marido, o Antero. Ela é amoral, o que tiver que fazer pra família ela faz. É decidida, firme e amarga na primeira fase. Na segunda est´´a mais vivida. Perdeu a filha e o marido. Fica mais branda e menos dominadora. O que prevalece na segunda fase é a herança que o neto tem para receber. Fico o tempo inteiro buscando e me relacionando com a personagem. Me surpreendendo". declarou a veterana.
Gabriel Stauffer divide o papel de Caco Ciocler e comentou sobre a troca com o colega: "Não é que a gente é semelhante mesmo? Nunca tinha parado para observar isso. O personagem é um cara que vai atrapalhar o romance do Jose Leôncio com a Madeleine, mas nos preocupamos em não colocá-lo como vilão. É uma honra poder fazer o Caco mais jovem. Sempre acompanhei a carreira dela. E o engraçado é que esqueci de avisar ao Caco que eu sou canhoto. Ele é destro. Então não sei como ele foi fazer isso nas cenas que precisa assinar alguma coisa. Vamos ver", confessou o ator aos risos.
Renato Góes comentou sobre a importância da produção em sua vida: "As duas vezes que a novela passou me marcaram. Na Manchete e depois a reprise no SBT. Claro que assisti ao trabalho do Paulo Gorgulho (o José Leôncio da trama original) porque não sou besta . E foi um trabalho muito marcante. Espero que vocês gostem da nova versão que é mais uma homenagem ao Benedito. É um baita de um desafio, mas muito gostoso. Quando recebi o convite me tremi todo. É uma responsabilidade muito grande. Meus amigos me ajudaram na preparação me abrigando na casa deles antes de começar as gravações lá no Pantanal. Meu objetivo era perder aquele primeiro encanto gigantesco, mas foi difícil porque cada lugar é estonteante. Foi uma preparação prazerosa. A pressão ficou no início pela expectativa, mas depois que começou ficou muito bom", finalizou o protagonista.
A produtora de arte Mirica Viana contou um pouco sobre seu nada simples trabalho: "O trabalho da direção de arte é longo, extenso e difícil de fazer, mas muito satisfatório. Nós damos vida ao que o autor escreve e nem sempre o que ele escreve é fácil de dar vida. Nosso objetivo foi tentar trazer o Pantanal para dentro dos estúdios usando todo o material que nós temos para dar oportunidade aos atores para aproveitarem bem os personagens. Observar as pessoas, a culinária, enfim, tudo isso faz parte do nosso trabalho".
Juliana Paes falou sobre a imagem de Maria Marruá no remake: "O processo de caracterização é feito por etapas. O personagem acontece mesmo depois que você coloca a roupa e vê a maquiagem pronta. Como seria o rosto a uma mulher que nunca se protegeu do sol, como seria a pele? Como fazer algo que ficasse natural? Tentamos deixar tudo com sutileza, incluindo a forma como se veste. Aí você se olha no espelho e o personagem vem. A novela 'Pantanal' está muito guardada na minha memória afetiva. Lembro do meu pai vendo a novela e meu pai nem via novela, só começou a assistir quando eu comecei a fazer, mas essa ele via. É uma produção que tem muita emoção. Quando o Rogério Gomes me convidou eu só perguntei: ' gente começa quando?'. Uma personagem que foi tão bem defendida pela Cássia Kiss. Só juntou a fome com a vontade de comer", revelou a atriz.
Enrique Diaz comentou sobre a emoção de estar no remake, após sua breve presença na obra de 1990: "A minha participação na primeira versão foi bem curtinha. E agora estar 30 anos depois vivendo o pai do personagem faz a gente constatar a passagem do tempo, né. Constatando também que os problemas são os mesmos no país. É um homem comum do Brasil no campo padecendo da violência, não só da natureza, mas massacrado pelo sistema. Como ator a gente se imagina no lugar do personagem, o seu lugar no mundo. Gil e Maria têm uma representação muito forte no corte que eles representam no Brasil. E trabalhar com a Juliana foi uma parceria muito gostosa e frutiva. Uma deusa. O resultado disso é algo muito legal, ficou muito sensível. Sou muito grato pela generosidade da Ju", agradeceu o ator.
Almir Sater falou da alegria de participar da segunda fase na pele de Eugênio: "Foi um prazer muito grande. Recebi vários colegas na minha casa. É um personagem que foi surgindo aos poucos, mas muito importante. Pude conviver com quase todos os personagens. Fábio Neppo comentou sobre a preparação para viver Tião: "Tivemos aula de prosódia e nunca tinha montado a cavalo. Tivemos também alguns ensaios com Andreia Cavalcante. Foi bom demais", see empolgou o ator. "Eu já tinha ido ao Pantanal algumas vezes e foi marcante. Algumas coisas vieram à tona e foi muito bonito. As aulas de montaria foram ótimas, mas lidar lá na hora com os bois é diferente. Foi bonito o processo todo", complementou Chico Teixeira, intérprete do Quim.
Osmar Prado falou do desafio de viver um dos perfis mais marcantes da trama: "A minha surpresa para viver o Velho do Rio foi uma surpresa grande porque Antônio Fagundes tinha sido escalado anteriormente. E por causa da pandemia eu não tinha cortado o pouco que tenho de cabelo e minha barba. Então eu já estava com meio caminho andado no aspecto exterior quando o Rogério Gomes me convidou. Aí faltou eu fazer o trabalho interior. Não vi muita coisa do que o Cláudio Marzo fez. Farei o meu Velho do Rio. Ele é independente. Busquei dentro de mim da minha formação como ator. Não é fácil representar esse personagem. É um tipo que não tem nada de meu. Nós vivemos em uma sociedade em que precisamos ser tudo e ele não tem nada. Tem o seu amor, sua empatia, sua leveza e também a justiça. Pude interpretar uma simplicidade que eu nem tenho como seer errante que sou, mas pude representar através da arte. A defesa do meio ambiente em meio a uma sociedade tão enferma e contaminada pela ganância", respondeu o veterano.
Irandhir Santos falou sobre seu processo de composição: "Eu recebi o convite para fazer o Joventino e fiquei muito feliz. Mas fiquei mais feliz em saber que o Osmar Prado faria o Velho do Rio, um ator que admiro tanto. E precisei construir a persona no mesmo patamar de entregar da construção do Osmar. Vejo o meu Joventino como o homem a um passo da entidade. O ser que se torna o guardião da natureza. Fui construindo como se meu papel fosse a pedra fundamental para a criação da família que será contada a história. Queria que ele fosse uma espécie de concha com tudo o que aprendi na primeira fase para derramar nas mãos do Osmar. O meu Joventino se firmou quando encontrei com o Osmar e a gente conversou para entender até que ponto eu cavalgaria e saltaria do cavalo para entregar ao meu colega", finalizou o grande ator.
A duas primeiras coletivas demonstraram o clima de superprodução do remake de "Pantanal" e como a equipe está emocionada com o projeto. Estreia dia 28.
5 comentários:
deve ter sido bacana. e o gatinho da selma egrei. ansiosa por essa novela. beijos, pedrita
Confesso que não costumo ver novelas.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Promete ser uma boa novela, mas nao de sucesso. É lenta!
Eu estou bem ansiosa pelo remake porque vi a novela original de 90, as comparações serão inevitáveis.
big beijos
www.luluonthesky.com
As palavras ditas nesta coletiva pelos profissionais envolvidos na realização dos trabalhos da novela evidenciam o "Pantanal" de sensações que começará a ser testemunhado daqui a 6 dias.
Guilherme
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