E a atual reprise do "Vale a Pena Ver de Novo" prova que a parceria dessa dupla sempre funcionou. A atriz ganhou a ambiciosa Sandra, a grande vilã do fenômeno das seis. A personagem tinha algumas semelhanças evidentes com Cristina, como os cabelos e o estilo elegante de se vestir. O objetivo do autor foi esse mesmo, pois a novela que marcou seu retorno ao horário que o consagrou teve todos os elementos já usados por ele nos seus outros folhetins das 18h. Entretanto, houve também diferenças claras entre os perfis. A víbora de "Alma Gêmea" era impulsiva e ficava vulnerável sem a mãe do lado planejando seus próximos passos, além do completo descontrole emocional ter sido sua maior característica.
Sandra era uma mulher fria e calculista. Mais contida, se comparada com a sua semelhante, e idealizadora de tudo o que fazia. Não precisava de uma mãe para lhe dar ordens. Tinha o poder da manipulação e só estava preocupada com o dinheiro, ao contrário de Cristina, que tinha uma obsessão pelo mocinho. Flávia Alessandra brilhou desde a estreia, conseguindo explorar com talento as similaridades e as diferenças que uniam e separavam sua segunda grande vilã da primeira.
A personagem, inicialmente, mais planejava do que agia e sua verdadeira face só era observada diante do amante Ernesto (Eriberto Leão) e do irmão Celso (Rainer Cadete). A interesseira só tirou a máscara de vez quando deu o golpe em Anastácia (Eliane Giardini), sua tia.
E foi a partir do êxito do plano tramado contra a sua tia que Sandra começou a ter ainda mais destaque na novela, valorizando o talento da intérprete. Inicialmente, Flávia adotou um tom mais moderado, deixando sua vilã com um ar sonso e representando uma certa passividade. Já quando Sandra se tornou milionária, expulsando todos da mansão, a atriz passou a adotar uma postura altiva, lembrando as bruxas dos contos de fadas, onde a expressão de malvada se sobressaía o tempo todo. Aliás, sua melhor cena foi o momento em que a sobrinha recalcada se revelou para tia, expondo tudo o que sempre tentou esconder, incluindo boas doses de deboche.
A vilã foi um dos muitos perfis bem construídos de "Êta Mundo Bom!" e o desempenho de Flávia mereceu o reconhecimento. Suas cenas com Eliane Giardini, Rainer Cadete, Eriberto Leão e Flávio Tolezani eram sempre bem defendidas pela atriz, sendo necessário ainda ressaltar os ótimos embates protagonizados por Sandra e Maria (Bianca Bin). A atriz precisava de um papel como esse, após duas figurações de luxo em sequência. Seu talento não foi valorizado em "Salve Jorge" (2012) e "Além do Horizonte" (2013), onde interpretou personagens esquecíveis e sem importância. Coincidentemente, as duas novelas representaram a interrupção de sua parceria com Walcyr.
Além da já citada Cristina, seu melhor papel, o autor deu para Flávia excelentes perfis em "Caras & Bocas" (2009) e "Morde & Assopra" (2011), os dois folhetins anteriores aos mencionados. Em um a atriz interpretou a mocinha Dafne, se destacando ao lado de Isabelle Drummond (que vivia sua filha Bianca), e no outro a atriz interpretou a Naomi humana e a Naomi robô. Neste caso, aliás, foi um pedido da própria intérprete, aceito pelo escritor. O desafio de viver um androide era bem complicado, até porque a chance de cair no ridículo era alta. Mas Flávia conseguiu defender as duas personagens com competência, virando um dos destaques da trama das sete. A situação era uma espécie 'rivalidade entre gêmeas', um clássico folhetinesco, embora com uma situação bem incomum. O sucesso foi tanto que até hoje a sequência da robô se revelando durante um julgamento é lembrada e virou meme.
Após dois anos de hiato, Flávia voltou aos folhetins na fracassada e problemática "O Sétimo Guardião", de Aguinaldo Silva, em 2018. Novamente não deu sorte longe de Walcyr. RRita era uma personagem avulsa e sem enredo. Tanto que acabou desligada da trama quando novas mudanças para reerguer a audiência (sem êxito) foram iniciadas. Em 2020, ao menos, parecia que a intérprete tinha recebido um bom papel em "Salve-se Quem Puder". Flávia estava muito bem como Helena, mãe da mocinha Luna (Juliana Paiva), na trama de Daniel Ortiz e tinha, até então, um bom destaque. Mas veio a pandemia e as gravações foram interrompidas. Resta saber como será o desenvolvimento da personagem quando o folhetim retornar em 2021.
Mas a verdade é que nenhum outro autor sabe valorizar mais Flávia Alessandra do que Walcyr Carrasco. "Êta Mundo Bom!" marcou o retorno da parceria da atriz com autor e amigo pessoal, que honrou seu talento mais uma vez. Sandra foi uma vilã que fez jus ao posto na história das seis e a intérprete voltou aos bons tempos. É um prazer rever seu desempenho nas tardes da Globo.
25 comentários:
É um fato incontestável!
E nem acho que ela tava tão valorizada assim em Salve-se quem puder...
Flávia Alessandra é uma das atrizes mais amadas da TV, pois além de ser linda e carismática, tem muito talento.
Acontece que o seu VERDADEIRO AUGE foi no ano de 2007 que vai ficar na lembrança de Flávia Alessandra quanto do público (mulheres e homens). A atriz fez sucesso - que abriu de forma COLOSSAL para a dramaturgia - quando viveu o furacão Alzira* que conseguiu aguçar a imaginação tanto das mulheres quanto dos homens.
Deu tamanha repercussão que Flávia começou a se destacar em outras producões da dramaturgia.
* Alzira foi personagem da novela "Duas Caras" do autor Aguinaldo Silva. A interprete fez uma mulher deslumbrante, casada, que finge trabalhar como enfermeira, quando na verdade, dá expediente como dançarina em uma casa de show e Striptease.
A interprete faz cada personagem um ser complexo, completo e, naturalmente, destacado.
Contra fatos não há argumentos, Sérgio. Flávia Alessandra até conseguiu bons papéis de alguns autores na Rede Globo, mas foi a parceria com Walcyr Carrasco que lhe rendeu as personagens mais marcantes da carreira.
Guilherme
E ainda tem essa crítica parcial nojenta que fala mal do Walcyr em tudo.
Acho uma atriz mediana mas cresce quando trabalha com esse autor.
Olá, tudo bem? Respeito a trajetória da Flavia Alessandra, mas não sou fã, digamos assim, da atriz. Não é das minhas preferidas... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Realmente um vilão de antologia. Sorte para a atriz porque vamos falar a verdade, a última década foi decepcionante se falamos de vilões. Carminha mal conseguia carregar o termo que Laura, Nazaré, Bia e Flora carregaram na década anterior (pelo menos às 21h), Em parte, suspeito que os autores não querem mais escrevê-lo e agora são mais fãs de anti-heróis. Influência de tantas séries de gringo. E apesar de amar TD+ a novela vem zombando o vilão tradicional, toda vez que um personagem surge com um plano vem um comentário do tipo "você é o vilão de novela mexicana" e para melhor ou para pior vieram as Carolinas, Bibi, Angels e Alex, mais complexos e antagônicos que vilões de fato. Sandra foi uma espécie de exceção, mas sinto uma imensa saudade de mais vilões que posso amar odiar. Bem, você verá que sou da velha escola.
Concordo contigo em partes, mas a Carminha foi uma grande vilã, não foi minha preferida, mas conseguiu entrar pra história da teledramaturgia como uma grande vilã inesquecível, essa história de vilão malvado o tempo inteiro também enche o saco,a mesma coisa é a mocinha, antigamente, a maioria eram mocinhas perfeitas, santas e sem identificação com público, hoje os autores procuram escrever protagonistas mais realistas,novela tem que ser diverficadas, algumas maniqueístas outras complexas, esse é o caminho, para as novelas "sobreviverem"!!!!!!!!!!!
Flávia Alessandra é uma atriz talentosa, mas os papéis dela no geral são bem apagados e sem sal.Os únicos papéis dela que foram marcantes e que eu gostei foram as vilãs Cristina de Alma Gêmea e a Sandra de Eta Mundo Bom e ela como a robô Naomi em Morde e Assopra, a composição dela nesse papel estava perfeito!E realmente o Walcyr Carrasco é o autor que mais a valoriza.O papel dela em Duas Caras foi polêmico, mas eu pessoalmente não vi nada demais nesse papel dela!E o Aguinaldo Silva é outro autor que tenta valorizar ela como o Walcyr, mas não consegue!
Vou ser justo com o Aguinaldo Silva, o papel dela em Duas Caras na minha opinião e gosto pessoal não foi nada demais apesar de ser muito polêmico, mas perto de outros papéis fracos que ela fez(a figurante em Salve Jorge, aquele papel fraco em Além do Horizonte) foi um bom papel e o melhor papel que ela conseguiu fora da parceria com o Walcyr Carrasco!
Acho que eu me expressei mal, não discordo com você que Carminha foi o grande vilão, para mim a melhor da década o eu que quis falar foi que praticamente carrego o título nas costas, sozinha comparado a década anterior, as novelas das 21h prometem muito e não deram nada em relação a seus vilões. Walcyr e a Flavia fizeram um milagre, uma vilã de receita
e se os autores modernos procuram o "realismo" isso e coisa velha foi casi uma invenção brasileira nas novelas com "Beto Rockefeller" e asi tivemos coisas como Anjo Mau o Pecado Capital. a década anterior tanto Jade, Do Carmo, Helenas, e a Donatela a ultima altiva e de salto alto que muita gente acredito que era a real vilã da novela, eram perfis realista e suas novelas não falto vilões com motivações humanas. Mais eu já falei sou da velha guardiã, eu não tenho escolha,kkkk, se eu quero um realismo melhor assisto um documental, uma narrativa com escapatória e o que eu procuro, concordo que precisamos mais diversidade, mais a vida já e tão difícil não? que a novela sempre foi meu ultimo porto.
Né, anonimo...
Abraços, Luiz.
Tem isso, anonimo....
Esse personagem se destacou pelo corpo da atriz, anonimo, não pelo papel que nao tinha relevância.
Exato, Guilherme.
Pois é, anonimo.
Cresce mesmo, Heitor.
Ok, Fabio. abçs
Adorei seu comentário, anonimo.
Tem esse outro fator tb, anonimo.
Perfeito, Welton!
Gostei do velha guardiã, anonimo. kkkk
E ela seria a grande vilã de Amor a Vida mas foi fazer aquele papel de figurante em Salve Jorge e o Walcyr transformou a vilã em vilão ( Félix ) Ainda espero ver uma novela das 21:00 do Walcyr com a Flávia de vilã.
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