sexta-feira, 22 de junho de 2018

Irretocável na pele de Julieta, Gabriela Duarte emociona em "Orgulho e Paixão"

Antes de "Orgulho e Paixão", a última novela que havia contado com a presença de Gabriela Duarte do início ao fim era "Passione", ótima trama de Silvio de Abreu, exibida em 2010, onde a atriz viveu a perua Jéssica, seu primeiro perfil cômico da carreira. Ela se destacou, ganhando na época merecidos elogios. Depois desse trabalho, a intérprete fez apenas participações ao longo de dez anos, vide o primeiro capítulo de "Amor à Vida" (2013) e a primeira fase de "A Lei do Amor" (2016). Agora, felizmente, o público tem sido presenteado com o seu talento desde o começo do agradável folhetim das seis da Globo.


É uma volta às novelas em grande estilo. Isso porque a atriz ganhou o perfil mais complexo da história de Marcos Berstein, dirigida por Fred Mayrink e baseada em vários romances de sucesso da escritora inglesa Jane Austen. Julieta Bittencourt é uma poderosa viúva que ficou conhecida na região como a Rainha do Café, em virtude do império que construiu graças ao seu empenho feroz nos negócios. Sua postura fria e arrogante é sempre intimidadora, deixando todos ao seu redor retraídos e submetidos aos seus desmandos. Porém, não é uma vilã e nem uma pessoa com caráter desvirtuado. Pelo contrário, é íntegra e tem um passado sofrido.

Ainda que só agora o público tenha descoberto o estupro sofrido pela personagem, o autor já havia deixado sublinhado algumas vezes o quanto a firme mulher era maltratada pelo esposo. Logo no início da novela, cenas da personagem cuspindo no túmulo do marido foram exibidas, assim como confissões com um padre, onde confessava não ter conseguido se livrar do ódio pelo falecido.
Outra questão que promove sua raiva é o questionamento a respeito de sua competência como empresária, afinal, muitos só a enxergam como uma viúva que ficou milionária com a morte do cônjuge. Seu temperamento agressivo é sua maior defesa e a principal vítima disso é seu filho, Camilo (Maurício Destri), que rompeu relações com a mãe após várias brigas em torno do romance do rapaz com a humilde Jane (Pâmela Tomé).

Julieta ainda tem uma fiel escudeira, a interesseira Susana (Alessandra Negrini), a quem humilha o tempo todo. Essa parceira, todavia, só pensa em si mesma e se aliou a Xavier (Ricardo Tozzi), poderoso fazendeiro do Vale do Café que se tornou maior inimigo da empresária. A Rainha do Café, todavia, tem uma fraqueza: o amor que sente por Aurélio (Marcelo Faria), filho do Barão Afrânio (Ary Fontoura), que perdeu sua fazenda para a poderosa mulher após anos endividado. Ou seja, é uma personagem muito bem construída pelo autor e com uma grande carga dramática. Qualquer atriz ganharia interpretando um tipo assim e que bom que Gabriela foi a escolhida para o desafio.

A atriz está irrepreensível no papel, que parece escrito especialmente para ela. Vários conflitos cercam Julieta e a ricaça é a protagonista de seu núcleo, protagonizando sempre cenas intensas e que exigem todo um trabalho corporal da intérprete. A personagem raramente sorri e sua expressão séria é quase uma "companheira" inseparável. Tudo piorou ainda mais após o seu rompimento com o filho, perdendo a única pessoa que depositava seu afeto, mesmo de um jeito questionável. Gabriela convence em todos os momentos e seu amadurecimento cênico se evidencia a cada aparição na trama. É um prazer vê-la dominando um perfil desafiador para qualquer profissional. Transmite com precisão tanto o lado fragilizado da Rainha do Café nos instantes de solidão, quanto a sua postura fria diante dos demais.

Recentemente, a atriz tem sido ainda mais exigida e vem dominando os capítulos. A cena em que Julieta viu Camilo apanhando durante uma luta clandestina foi dilacerante e iniciou o processo de "redenção" de ricaça. Se sentindo culpada por tudo o que fez ao filho, a personagem acabou procurando Elisabeta (Nathalia Dill) para desabafar e, através dessas conversas, a Rainha do Café confessou que o garoto era fruto do estupro de seu marido. Uma sequência difícil e dolorosa que proporcionou um show de Gabriela. A química da atriz com Marcelo Faria também merece menção, assim como a boa sintonia com colegas como Alessandra Negrini, Maurício Destri, Joaquim Lopes, Nathalia Dill e Pâmela Tomé.

Gabriela Duarte herdou o talento da mãe, a querida Regina Duarte, e esse fato já era perceptível em "Por Amor" (1997), onde repetiram o parentesco na ficção. A atriz não mereceu as críticas na época e bastou ver a reprise do sucesso de Manoel Carlos no Viva para constatar isso. Ela se entregou vivendo a mimada Maria Eduarda, protagonizando cenas dificílimas, ainda mais para uma intérprete com poucas novelas no currículo na época. Nada como o tempo para mostrar como esses críticos estavam enganados. Julieta Bittencourt veio para destacar novamente o talento da intérprete, que é um dos grandes trunfos de "Orgulho e Paixão".

29 comentários:

Anônimo disse...

Um texto que com toda justiça aplaude o talento dessa mulher. Te amo, Zamenza!

Clara disse...

QUE TEXTO! CONCORDO COM CADA PARÁGRAFO!

Odilon disse...

Atriz espetacular que ao contrário da mãe figurante em Tempo de Amar está sendo bem valorizada em Orgulho e Paixão.

Unknown disse...

Merecido reconhecimento a Gabriela, cada dia mais fã dela, e grata por poder acompanhar e se emocionar com o talento e entrega da Gabidu.

Dean Winchester disse...

Concordo totalmente com o texto.Gabriela Duarte está ótima como Julieta, é uma grande personagem dramática com muitas camadas.E a química com o Marcelo Faria é ótima, o casal Aurieta é bem bonito.Na verdade, eu nunca entendi as críticas em relação a ela na novela Por Amor, achei que ela foi muito bem como Maria Eduarda(que nem foi uma filha da Helena tão chata como as outras) e ainda fez ótimas parcerias com a mãe Regina Duarte(puxou o talento dela), Viviane Pasmanter, Suzana Vieira e Fábio Assunção.E em Passione ela estava ótima com uma personagem cômica, apesar do núcleo dela ter sido bem chato.

Lívia disse...

Concordo com o texto completamente, Sérgio, inclusive, sempre adorei Gabriela Duarte, e estou adorando os aplausos a Julieta em Orgulho e Paixão. Ela sempre foi ótima, em Passione, quando esbanjou talento pro humor como a Jéssica, em Sete Pecados, quando assumiu o protagonismo da novela, já que a Priscila Fantin era dúbia e a Giovanna Antonelli tinha um papel fraco, em Esperança, quando surpreendeu com uma nova caracterização, e principalmente em Por Amor, onde segurou cenas realmente muito difíceis e emocionou como a Eduarda, a melhor filha de Helena do Manoel Carlos disparado. Seus barracos com o Fábio Assunção, com a Vivianne Pasmanter eram excelentes e as cenas maternais com a Regina Duarte eram deliciosas e lindas. Gabriela é maravilhosa.

Diná Fernandes de Oliveira Souza Souza2 disse...

Aplausos para ela, uma atriz que esbanja talento,expressividade corporal e no olhar , merece tal reconhecimento!
Grata por sua amaável visita amigo Sérgio!
Votos de um feliz findi com aquele merecido descanso!
Abração tora costela!

Yasmin disse...

O que mais gostei no texto foi dizer que eram injustas as críticas na época de Por Amor. Pena que naquela época ainda nao tinha internet com blogs como o seu pra podermos ler.

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Eu adoro a Gabriela Duarte. Admiro muito a atriz. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

Luli Ap. disse...

Olá Sérgio
Onde eu assino esse texto perfeito?
Simplesmente amei cada palavra.
Sou fã da atriz e concordo plenamente que ela foi injustamente criticada como Maria Eduarda, personagem que interpretou com muita dedicação e garra
Não vou nem falar da personagem Julieta porque está mesmo, peço licença poética para usar sua palavra: irretocável.
Aplausos para Gabriela Duarte talentosa e sensível.
Parabéns pela interpretação pela arte.
Bjs Luli
https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

Lulu on the sky disse...

Não acompanho a novela, mas a cada trabalho ela evolui como atriz.
big beijos

Malu disse...

É tão bom ver a Gabidu valorizada assim! Fico muito feliz que a trama da Julieta não se resuma em ser apenas a mãe do Camilo, a personagem e complexa e tem profundidade, e Gabriela está dando um show! Logo ela, tão criticada injustamente em Por Amor. A cada reprise do clássico do Maneco essa rejeição à Eduarda vai caindo, e agora calhou da reprise terminar no Viva e pouco tempo depois ela voltar a brilhar num papel excelente. Um bom momento pra ser fã dela ❤️

Sérgio Santos disse...

Obrigado, Anonimo.

Sérgio Santos disse...

Fico feliz, Clara.

Sérgio Santos disse...

Exatamente, Odilon.

Sérgio Santos disse...

Ela é sensacional, Unknown.

Sérgio Santos disse...

As críticas a ela em Por Amor foram muito injustas, Dean.

Sérgio Santos disse...

Que ótimo comentário, Livia, e que boas lembranças as suas sobre os últimos trabalhos dela.

Sérgio Santos disse...

Eu que agradeço, Diná!

Sérgio Santos disse...

Pena mesmo, Yasmin... rsrs

Sérgio Santos disse...

Eu tb, Fabio!

Sérgio Santos disse...

Muito obrigado, Luli. Gabriela está simplesmente fantástica nesse papel.

Sérgio Santos disse...

Sim, Lulu.

Sérgio Santos disse...

Exatamente, Malu. Ela tem enredo e conflitos próprios. E com a reprise de Por Amor tb me surpreendi percebendo que ela não era chata e, sim, o Marcelo um imbecil.

Debora disse...

Olá Sergio tudo bem???


Ótimo post!!! A Gabriela Duarte merecia um papel assim, ela é ótima!!!



Beijinhos;
Débora.
https://derbymotta.blogspot.com/

Vitória Veiga disse...

Ela ta maravilhosa mesmo! E a química com Marcelo Faria tá espetacular! Em meios a tantos casais "teens" vejo "Aurieta" dominando as redes sociais e com Vários fãs! Isso é Lindo e gratificante!

Sérgio Santos disse...

Merecia mesmo, Debora. Obrigado.

Sérgio Santos disse...

Maravilhosa, Vitorinha.

Vanessa disse...

Sérgio, meu querido.

Um pouco atrasada no comentário, mas nunca é tarde para enaltecer a Gabriela!!

Lembro bem o quanto teve que carregar críticas duras a sua atuação em "Por Amor". Talvez, porque ainda não tivesse o respeito do público como acontece hoje. Ou talvez porque rivalizasse com uma das vilãs mais carismáticas e emblemáticas da história das nossas novelas. Se não estiver enganada, a Maria Eduarda foi a primeira personagem da história a ganhar sites de haters. Tinha um que você atirava para matar a personagem. Era tudo tão novo na época que o tal site ficou tão famoso quanto o tapa que a Maria Eduarda deu na Laura. rs. Aliás, que novelão! E que bom que temos o Viva e o Youtube para irmos contra a maré das críticas.

Outro trabalho que eu adorei da Gabriela foi em "Passione", em que desempenhou um tipo completamente diferente. Mesmo em um papel pequeno, pôde confirmar o quanto era talentosa e versátil.

Eram essas duas memórias cênicas que eu tinha da Gabriela até ela começar a aparecer em "Orgulho". Confesso: as tramas de Elisabeta e Ema, por serem as mais emblemáticas de Jane Austen, foram as que me fizeram me interessar por "Orgulho". Mas, aos poucos, foi a história da Julieta que me ganhou. E não só porque se trata de um personagem complexo, cheio de camadas e bastante rico, mas principalmente pelo bonito trabalho da Gabriela. Impossível não se envolver com seus dramas do passado, medos do presente, se emocionar com cada briga com Camilo, torcer por sua felicidade ao lado de Aurélio... A humanização da Julieta é um dos grandes trunfos desta novela tão saborosa.

E fico muito feliz que aquela Gabriela tão criticada em "Por Amor" esteja tendo o devido reconhecimento. Espero que venham outros grandes papéis, outras boas histórias para a Gabriela contar. Me apaixonei tanto pelo seu trabalho que, depois de "Orgulho", a coloco de olhos fechados na minha lista de 10 atrizes favoritas. Rs..

Acho que era isso, Sérgio.
Beijão!