Ao contrário do que se esperava, o time não ficou frágil em virtude das dificuldades. Pelo contrário, se mostrou bem mais forte que o fraco elenco de "Os Dez Mandamentos", por exemplo. Foram vários os atores que se destacaram desde a estreia, entre eles a grande Zezé Motta. Intérprete da Tia Joaquina, a atriz engrandece qualquer produção e esteve irretocável na pele da escrava mais sábia e experiente da história. Fiel conselheira da mocinha Juliana (Gabriela Moreyra), a personagem foi a responsável pela narração do primeiro capítulo, sendo a representante da luta dos negros.
Apesar da curta participação, Antônio Petrin é outro que merece menção, pois seu Coronel Custódio foi brilhantemente defendido por ele. O fazendeiro era um homem íntegro e tratava seus escravos com respeito. Seu trágico desfecho, assassinado pela própria filha, encerrou o ciclo em grande estilo. Aliás, a assassina foi a arrogante Maria Isabel, vivida pela ótima Thais Fersoza.
A atriz se saiu muito bem vivendo a grande vilã da história e conseguiu demonstrar a frieza e o poder de manipulação da sua personagem, que representava o oposto da irmã, Teresa, interpretada pela também talentosa Roberta Gualda.
Teresa, por sinal, tinha todas as características que tornavam um papel irritante: era extremamente ingênua, submissa e sofredora. Porém, a competência de Roberta ajudou a fazer da triste mulher um perfil que despertou compaixão, principalmente depois que Teresa se casou com o Comendador Almeida, sujeito desprezível que só estava interessado na fortuna de sua família. A atriz imprimiu um tom crível para a personagem, evitando deixá-la idiotizada, por mais que todo o contexto levasse a essa impressão. O marido dela, inclusive, foi o grande vilão da trama. Vivido pelo ótimo Fernando Pavão, o temido homem humilhava os escravos e fazia de tudo para ter mais poder.
O ator vinha de um elogiado trabalho em "Pecado Mortal" (2013), onde interpretou o protagonista Carlão, e se destacou cada vez mais em "Escrava Mãe". Era um vilão de verdade sendo defendido por um profissional de talento. E Almeida era filho da melhor personagem da novela: a impagável Urraca. Deslumbrada e afetada, a perua se achava mais do que realmente era e Jussara Freire viveu grande momento. A intérprete provou que roubaria a cena assim que apareceu e fez exatamente isso ao longo dos capítulos. A vilã cômica era um tipo cativante que caiu nas mãos de uma atriz perfeita para o papel.
Jussara protagonizou cenas hilárias com Graça de Andrade, intérprete da mucama Gonzalina, que era sempre chamada aos berros, e inseriu uma gargalhada estridente perfeitamente compatível com o temperamento da personagem. Ela divertiu, por exemplo, quando a perua conseguiu no início da trama um título de Baronesa, se decepcionando logo depois ao descobrir que o nome seria 'Baronesa de Barangalha'. Urraca ainda tinha uma rivalidade com a cafetina Rosalinda Pavão, proporcionando ótimas cenas com Luiza Tomé, outra que esteve muito bem na novela. A atriz também deu show no instante em que Urraca bebeu um vinho batizado por engano, dando um vexame no baile de máscaras ---- o objetivo era dopar a até então Condessa Catarina (Adriana Lessa, mais um bom nome do elenco), que havia acabado de chegar à cidade (meses depois, por sinal, a personagem voltou a ser uma escrava em uma boa reviravolta do enredo).
Já Luiz Guilherme viveu o perfil mais complexo do folhetim. O Coronel Quintiliano aparentava ser um dos vilões da história nos primeiros dias, afinal, tratava os escravos com imensa frieza e crueldade, além de ter apresentado sérias dificuldades no relacionamento com os filhos Guilherme (Roger Gobeth) e Filipa (Milena Toscano). Aos poucos, porém, a sua personalidade foi sendo exposta para o público, incluindo o seu maior trauma: a traição de sua mulher que teve um caso com um escravo de sua fazenda. O até então intimidador personagem virou um ser dúbio e sofrido. O telespectador acompanhou a sua melhor relação com seus herdeiros e ainda foi revelado o seu amor por Beatrice (Bete Coelho), mãe de Teresa e Maria Isabel, viúva de Custódio. É preciso, por sinal, aplaudir o trabalho de Bete Coelho, que estava no tom perfeito interpretando uma mulher de poucas palavras e muito ferida por dentro.
Além dos já mencionados, vale elogiar a talentosa Lidi Lisboa na pele da ambiciosa Esméria (antes escrava e depois uma rica sinhá); Milena Toscano vivendo Filipa (mulher à frente do seu tempo); Karen Marinho interpretando a doce Belezinha; Jayme Periard dando vida ao inescrupuloso feitor Osório; Cássio Scapin como Tozé; Léo Rosa como Átila; Henrique Pagnoncelli como Dr. Pacheco; Manuela Duarte como a burra Dália; Cezar Pezzuoli como Nestor; Débora Gomez como Violeta; o carismático Sidney Santiago vivendo o ingênuo Sapião, entre outros. E Gabriela Moreyra e Pedro Carvalho estiveram corretos dando vida ao casal de mocinhos, mostrando sintonia em cena.
"Escrava Mãe" foi uma ótima novela e manteve a qualidade até o final. A última semana apresentou bons momentos e cenas emocionantes, sendo necessário destacar o nascimento de Isaura, a filha de Juliana, que se transformaria na icônica "Escrava Isaura", protagonista da aclamada novela de mesmo nome (a emissora, por sinal, começa a exibir a reprise do remake no lugar da produção que chegou ao fim). O elenco foi um dos pontos fortes do folhetim, que fechou seu ciclo de forma digna, e os atores se destacaram merecidamente, presenteando o público com convincentes atuações.
17 comentários:
Jussara Freire foi a melhor!!!!
Pensei que não fosse fazer um texto final sobre Escrava Mãe. Adorei!
O elenco foi muito bem o que é estranho em se tratando da Record. Basta recordar o constrangimento de Os Dez Mandamentos e as cenas cheias de canastras em A Terra Prometida. Nessa tivemos um time de primeira, destacando Luiz Guilherme, Fernando Pavão, Jussara Freire, Bete Coelho e Milena Toscano.
Queria ter visto mais dessa novela. Deveria ter ido ao ar no lugar dessa A Terra Prometida que parece igual a tudo o que já foi exibido de trama bíblica...
Thaís Fersoza proprietária da Record, é uma das melhores atrizes daquele cast.
A novela foi realmente boa e o elenco ajudou bastante nisso.
Thaís Fersoza brilhou e foi o grande no me de "Escrava Mãe".
Jussara Freire, Adriana Lessa, Luiz Guilherme, Zezé Motta e Fernando Pavão também foram ótimos nomes.
Lidi Lisboa surpreendeu como Esmeria, mas sinto que teria sido melhor como a Protagonista. Juliana Moreira foi muito fraca, porém não comprometeu, uma inversão de papéis das atrizes seria bom.
Parabéns pelo texto!
Ótima análise, parabéns!!
Assisti a novela do início ao fim, achei muito bem escrita apesar dos ''problemas de continuidade'' em relação a obra que a inspirou.
Na minha opinião o grande destaque do elenco foi Lidi Lisboa, que protagonizou algumas das cenas mais emocionantes da novela (não caberia ela ser a Juliana, pois a Esméria exigia mais talento e ela soube honrar)
discordo apenas em relação a Leo Rosa... não vejo muito talento nele, não mostra versatilidade como a maioria dos colegas do elenco
:) (é só o eu tenho a dizer).
Concordo, anonimo.
Que bom que gostou, Pedro.
É verdade, Samara!
Ela é ótima mesmo, anonimo.
Mt obrigado, anonimo. E concordo com seu comentário.
Obrigado, Clary. E eu tb não gosto do Leo Rosa atuando, mas nessa novela achei ele bem.
Ok, Murilo. =)
Novela ótima,destaque pro Fernando pavão adoro ele fazendo papel de herói, mas como vilão ele arrasou,jussara Freire e thais ferzosa também foram ótimas e a roberta gualda idem...
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