Orlando Drummond cumpriu sua missão e jamais será esquecido

 Nesta terça-feira, dia 27, faleceu Orlando Drummond, aos 101 anos. O ator, dublador e humorista morreu em casa, no bairro de Vila Isabel, Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla dos órgãos, após ter passado quase dois meses internado por conta de uma infecção urinária. É mais uma triste perda no meio artístico, mas o eterno Seu Peru cumpriu sua missão com louvor. 

Orlando deixa um legado respeitável. Embora seja uma figura amada e conhecida por todos, muito em virtude do aluno icônico da "Escolinha do Professor Raimundo", o humorista foi um dos dubladores mais requisitados do país e deixou sua emblemática voz em vários personagens de sucesso. Scobby Doo, Alf (o ETeimoso), Popeye, Gargamel ("Os Smurfs") e o Vingador, de "Caverna do Dragão", foram alguns deles. Ele começou na rádio e foi a partir da experiência que aprendeu a moldar sua voz.

O ator entrou até para o Guinnes Book, o livro dos recordes, por ter dublado o cachorro medroso do desenho por 35 anos. Orlando estava casado (com Dona Glória, de 86 anos) há quase 70 anos e deixou dois filhos, cinco netos ---- três também dubladores ---- e dois bisnetos.

Foi um dos primeiros vacinados contra a covid-19, no Palácio da Cidade, no Rio, e tomou a segunda dose em fevereiro. Sempre bem disposto e solícito com os fãs que o reverenciavam. 

Em 2020, teve a sua biografia lançada, escrita pelo jornalista Victor Galiardo, onde teve sua vitoriosa trajetória contada de forma competente. Com o título de "Orlando Drummond, Versão Brasileira", o livro conta muitas curiosidades sobre o processo de criação do artista, como o surgimento inusitado da voz de Scobby Doo: repetindo um latido que tinha imitado para espantar um ladrão, 19 anos antes. Também falou como surgiu o convite para viver o Seu Peru: "O Chico Anysio falou para Cininha de Paula: 'Chama o Drummond que ele resolve'. Resolveu tanto que virou uma das figuras mais queridas do humorístico e com direito a uma legião de bordões ("Te dou o maior apoio", "Peru com mel, de Vila Isabel", entre tantos mais). 

A última aparição do artista na televisão foi há dois anos, em uma linda homenagem no remake da "Escolinha", comandado por Bruno Mazzeo, que deu viva ao Professor Raimundo, eternizado pelo seu pai. Marcos Caruso, intérprete da nova versão do Seu Peru, não sabia da presença de Drummond quando chegou e a emoção tomou conta de todos os presentes. Um lindo e inesquecível momento. Já no cinema a última cena de Orlando foi no filme "De Perto Ela Não é Normal", quando contracenou por apenas 50 segundos com Suzana Pires, em uma bonitinha cena onde interpretou um simpático pescador, mas com os bordões do Seu Peru. 

Orlando Drummond era e sempre será uma das figuras mais amadas do público. Sua partida provoca uma inevitável tristeza, mas com um sentimento de dever cumprido. Foram 101 anos muito bem vividos e alegrando o público com seu talento e sua inconfundível voz. Jamais será esquecido. Siga em paz.