Nicette foi a Dona Lola do remake exibido na TV Tupi, em 1977. A grande atriz fazia par com o saudoso Gianfrancesco Guarnieri, intérprete do rígido Júlio. Já Irene Ravache é a Lola mais lembrada pelo grande público. A intérprete deu um show na adaptação produzida pelo SBT em 1994, ao lado de Othon Bastos (Júlio), e comoveu o telespectador em um dos poucos folhetins da emissora de Silvio Santos que realmente fez um grande sucesso. Nada mais justo do que homenageá-las na atual versão da Globo, onde a Lola da vez é vivida pela maravilhosa Glória Pires.
Vale lembrar que as duas veteranas sempre estiveram nos planos da autora e do diretor Carlos Araújo, mas infelizmente não puderam ficar no elenco fixo. Nicette tinha acabado de participar de "Órfãos da Terra", novela anterior e problemática, enquanto Irene precisou se afastar, após o término de "Espelho da Vida", para cuidar de um problema no quadril.
Felizmente, houve uma conciliação de agendas na reta final para a luxuosa presença das atrizes. E, como nada é por acaso, ambas tiveram uma ligação direta com a protagonista, o que implicou em uma memória afetiva imediata do público. Até mesmo os que não assistiram as versões anteriores.
A história é tão emblemática que o desfecho sempre foi lembrado e comentado. Afinal, são raras as novelas sem final feliz e "Éramos Seis" sempre se encaixou no time das exceções. O título é um doloroso "spoiler". Lola, após a perda do marido e do filho mais velho, a fuga de Alfredo (Nicolas Prattes), o casamento por interesse de Julinho (André Luiz Frambach) e a relação extraconjugal de Isabel (Giullia Buscacio), vai parar em um asilo e termina sua vida triste, solitária e tentando ser útil ajudando outros idosos abandonados. A única pessoa que sempre vai visitá-la é a melhor amiga Genu (Kelzy Ecard). Esse é o fim do livro e de todos os remakes. Até agora.
A quinta adaptação presenteou o público com um final feliz de Lola e Afonso (Cássio Gabus Mendes). O casamento deles fecha o enredo. É justamente por causa da ousada alteração que a participação das atrizes ficou ainda mais importante. Nicette vive a doce Madre Joana, uma das freiras responsáveis pelo pensionato (a simpática senhora não gosta de chamar de asilo), e o primeiro encontro da personagem com Lola esbanjou sensibilidade. A matriarca, antes de se mudar para a casa de Isabel, pouco depois de ter sido enxotada por Julinho e Soraia (Rayssa Bratillieri), se encantou com o lugar e as duas tiveram um breve bate-papo. A cena foi simples, mas cheia de significado.
Já Irene interpreta a solitária Teresa, moradora do asilo que puxa conversa com Lola. A autora teve a criatividade de colocar um trecho do texto de Lola no romance original, e que foi dito pela Lola de Irene em 1994, na boca da nova personagem, como se uma Lola estivesse desabafando com a outra. É como se a Lola de 1994 estivesse triste e a de 2020, com um final menos pior e mais reconfortante, a consolasse. Irene e Glória protagonizaram um momento que já ficou marcado na história da teledramaturgia. Que momento sublime.
"Éramos Seis" está chegando ao fim, o que é uma pena. Mas essa última semana vem presenteando o telespectador com momentos ainda mais tocantes e bem escritos. Nada melhor do que acompanhar a conclusão de uma linda e melancólica novela com belas cenas e presenças enriquecedoras, como é o caso de Nicette Bruno e Irene Ravache. Sorte da Glória Pires. E do público.
18 comentários:
EU CHOREI TANTO!!!!!!!
As participações de Nicette Bruno e Irene Ravache nesta derradeira semana de "Éramos Seis" vieram para coroar os vários acertos de Ângela Chaves na condução do remake da obra. E não só Lola (Glória Pires), mas também Alfredo (Nicolas Prattes) terá um final feliz nesta versão.
Guilherme
Eu to amando essa surpresa!!!!
As duas são espetaculares e teu post foi Lin d o! ABRAÇO, CHICA
O texto da Lola de 1994 ser dito novamente pela Irene agora foi perfeito.
Eu adorei, achei tão interessante o encontro delas.
A Lola de 1994, triste, dizendo que se sentia solitária ("o importante é que os filhos seja felizes, mesmo que fiquemos sozinhas").
A Lola de 2020, mais otimista, tentando ver as coisas pelo lado positivo ("mas nós não estamos sozinhas. Não estamos aqui, as duas? E ainda por cima sendo úteis").
Que interessante, como uma mesma personagem por ter interpretações diferentes. Achei bem original o que a autora fez nesse remake.
Foi uma tática de mestre da autora.
Eu estou amando Irene Ravache e Nicette Bruno serem homenageadas no remake que atrizes maravilhosas, hoje vi uma cena de irene com o grande Othom Bastos que foi o Júlio da versão do SBT e me emocionei. Finalmente Glória Pires ganhou um papel a sua altura.
A cena das 3 Lolas realmente foi muito bonita e emocionante, graças ao talento das 3 atrizes, à direção e ao texto.
Outro momento bem tocante foi o "reencontro" do Júlio e da Lola da versão de 1994. Uma ótima sacada da autora.
A novela em si foi muito feliz, e as participações de Irene Ravache e Nicette Bruno nessa reta final foram a cereja do bolo.
Idem, anonimo.
Concordo, Guilherme.
Tb amei, anonimo.
Mt obrigado, Chica.
Foi mesmo, anonimo.
Achei perfeito, Rosei!!!
Foi, anonimo.
Endosso, anonimo.
O momento com o Othon foi lindo tb, Juliander.
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