Morte de Elias destaca a boa direção de "Bom Sucesso"

A atual novela das sete da Globo é um sucesso e colhe muitos elogios merecidamente. Rosane Svartman e Paulo Halm estão inspirados e criaram uma ótima história. Mas "Bom Sucesso" tem outra qualidade que merece ser citada: a direção de Luiz Henrique Rios e sua equipe. Esse trabalho, embora seja observado desde a estreia, ficou ainda mais evidente com todas as sequências envolvendo a fuga de Elias (Marcelo Faria).

A entrada do vilão movimentou a novela e promoveu uma tensa virada na vida de Paloma (Grazi Massafera), afetando todo o núcleo central. O acidente sofrido por Gabriela (Giovanna Coimbra), enquanto salvava a vida de Alberto (Antônio Fagundes), implicou em uma transfusão de sangue, mas o tipo sanguíneo da menina era muito raro e somente o pai (dado como morto) era compatível. Graças ao fato todos descobriram, através de padre Paulo (Guti Fraga), que Elias estava vivo.

A cena do acidente mencionado já expôs com mais nitidez o preciso trabalho da direção, principalmente durante a queda do refletor que quase atingiu o dono da Prado Monteiro. Pareceu mesmo que o objeto estava quase caindo na cabeça do personagem.
O tipo de sequência é complicado porque exige atenção diante de tantos figurantes utilizados (era um desfile de moda). Mas ainda estavam por vir muitos outros momentos merecedores de elogios.

O capítulo exibido em plena quarta-feira de Natal causou a impressão de reta final e algum desavisado poderia até achar que era o penúltimo ou último. A adrenalina provocada pela transação do dinheiro cobrado por Elias foi bem exposta em virtude dos bons ângulos, trilha apropriada e embate entre vilões. Isso porque o ex de Paloma quase foi traído pelo cúmplice (Tadeu - Marcello Melo) e acabou salvo pela companheira, que atropelou o rapaz na hora da fuga. Até Marcos (Rômulo Estrela) teve boa participação quando acionou o alarme do carro.

A tensão, porém, aumentou à medida que as cenas avançaram. A fuga cinematográfica do casal de canalhas teve uma direção irretocável e não ficou devendo aos filmes do gênero. Esse detalhe merece menção porque nem sempre perseguições de novela soam críveis ou provocam boas catarses. Mais uma observação necessária foi Rosemary (Kizi Vaz) ter dirigido o carro. Normalmente, colocam o homem na direção até pelo machismo que se naturaliza e às vezes nem é percebido em cenas como essa. E a vilã se mostrou uma motorista hábil ---- trabalho primoroso da equipe de dublês porque Rosane Svartman, a autora, me contou que a atriz não sabe dirigir.

E o desfecho concluiu a trama de Elias de forma apoteótica. Após ter batido com o carro, Rosemary ficou presa no carro e seu comparsa tentou fugir. Revoltada com a traição, a vilã conseguiu sair do veículo e matou o 171  na frente dos policiais. A imagem do dinheiro voando pelo chão ainda lembrou o clássico "Pecado Capital" (novela de Janete Clair, exibida em 1975). Em um sensível contraponto, foi exibida a emocionante cena da transfusão de sangue, com Gabriela e Paloma emocionadas. Giovanna Coimbra e Grazi Massafera brilharam --- vale elogiar ainda Marcelo Faria e Kizi Vaz.

"Bom Sucesso" segue muito boa e a direção de Luiz Henrique Rios está em perfeita sintonia com o texto de Rosane Svartman e Paulo Halm. Fruto de uma longeva parceria, já vista em "Malhação Intensa" (2012), "Malhação Sonhos" (2014) e "Totalmente Demais" (2016).