sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Interpretando a personagem mais dramática de "Justiça", Adriana Esteves tem atuação irretocável

"Justiça" é uma produção recheada de histórias fortes e isso ficou perceptível nas primeiras chamadas, se confirmando na semana de estreia. São muitos temas pesados, cujos desdobramentos provocam várias reflexões em quem assiste. E um dos dramas mais dilacerantes da minissérie, escrita por Manuela Dias e dirigida por José Luiz Villamarim, é o de Fátima. A sofrida mulher enfrenta uma sucessão de desgraças e Adriana Esteves vive um grande momento, protagonizando uma cena mais difícil que a outra.


A personagem é a mais pobre da trama e a mais íntegra também. Logo no primeiro episódio, o público viu a empregada doméstica trabalhando na casa de luxo de Elisa (Débora Bloch) e se preocupando com a greve na empresa de ônibus onde o marido trabalhava. No segundo capítulo, ela saiu da condição de figurante e virou protagonista. Foi a partir de então que o telespectador pôde acompanhar o verdadeiro calvário daquela mulher trabalhadora.

Apesar da vida humilde, Fátima vivia uma vida feliz com seu marido, Waldir (Ângelo Antônio), e os filhos Mayara (Letícia Braga) e Jesus (Bernardo Berruezo). Porém, a família passa a viver um inferno com a chegada dos novos vizinho, o policial Douglas (Enrique Diaz) e a periguete Kellen (Leandra Leal).
O casal traz um cachorro agressivo e o bicho arruína a festa de aniversário de Mayara assim que desce do caminhão de mudança. Para culminar, o animal passa a matar as galinhas que Waldir criava, provocando uma imensa indignação no motorista de ônibus.

Como resultado da soma de estresse, o esposo de Fátima acaba se envolvendo em uma briga de bar, levando uma facada, que é presenciada pela mulher e os filhos. Ele acaba internado e ela se vê sozinha com as crianças. Até que, em plena madrugada, o cachorro ataca Jesus e a personagem, em um ato de desespero e raiva, mata o animal com três tiros. Para se vingar, Douglas e Kellen plantam drogas na casa de Fátima, que é presa em flagrante, ficando sete anos na cadeia. Quando sai da penitenciária --- cumprindo toda a sua pena --- está viúva, não tem ideia de onde estão os filhos e recomeça a vida sozinha, em sua antiga casa, tomada pelo mato e caindo aos pedaços.

Toda essa saga da personagem foi defendida com extremo brilhantismo por uma entregue Adriana Esteves, que dominou o papel assim que surgiu em cena. Ela imprimiu toda a carga dramática necessária para o perfil da mulher que vê a sua vida transformada em um verdadeiro inferno sem fim. O olhar sofrido de Fátima e sua constante expressão de cansaço expõem o trabalho minucioso da atriz, que vive o seu momento mais denso na carreira. Afinal, a ex-empregada doméstica, que agora trabalha vendendo sua comida nas ruas, é a protagonista mais pesada dramaticamente que a intérprete já viveu.

E o segundo episódio da trama de Fátima conseguiu ser ainda mais dilacerante que o primeiro. Isso porque, enquanto tentava reerguer sua vida comprando material para vender quentinhas, a mulher foi roubada pelo próprio filho. Jesus (Tobias Carrieres) havia virado um trombadinha, fazendo parte de uma gangue de menores drogados. Ela entra em choque ao reconhecer Jesus, ficando ainda mais desnorteada do que já estava. O momento foi impactante, além de muito cruel. Praticamente um soco de realidade dado na boca do telespectador.

A atriz ainda protagonizou uma das melhores cenas do ano ao lado do talento Tobias Carrieres, que já pode ser considerado uma revelação mirim. Foi de chorar do primeiro ao último minuto a sequência em que o menino voltou para casa, devolveu o dinheiro para a mãe e ainda disse que não lembrava dela. O garoto chegou a afirmar que sonhava com a mãe de cabelo comprido, como se fosse uma santa, concluindo com um pedido para Fátima deixar o cabelo crescer. O instante que ele canta um trecho da clássica música de "Cláudinho e Buchecha" ("Quero te encontrar, quero te amar, você pra mim é tudo... minha terra, meu céu, meu mar") fechou aquela cena de uma forma arrebatadora. Adriana e Tobias emocionaram muito.

Outro momento que merece menção foi o reencontro de Fátima e Mayara, que agora usa Suzy como nome de guerra e trabalha como prostituta para Kellen ---- tudo para se vingar do que a periguete fez com sua família. A alegria daquela mãe vendo como a filha tinha crescido e estava linda foi de balançar qualquer um. Júlia Dalavia, que vive a menina adulta, também merece elogios, fazendo uma ótima dobradinha com a veterana. Aliás, é um prazer ver Adriana valorizada como merece e com um bom papel depois do fiasco de "Babilônia". Após o fenômeno Carminha, de "Avenida Brasil", ela estava merecendo voltar à teledramaturgia em grande estilo, uma vez que sua personagem na minissérie em "Felizes para sempre?" não chegou a ter um destaque maior.

Adriana Esteves é uma atriz que se entrega aos papéis e a sua atuação em "Justiça" está digna de prêmios. Com um primoroso e desafiador papel em mãos, a intérprete vem emocionando o público com o drama de uma mulher que pode ser encontrada em cada esquina. Fátima parece ter sido escrita sob medida para o talento dessa profissional que não se cansa de brilhar em cena.

32 comentários:

Cássia disse...

Ela está DIVINA!!!!!!!

Unknown disse...

Texto maravilhoso. Parabéns!

Anônimo disse...

Onde eu assino? Teu texto ficou melhor que o da Kogut. rs

Unknown disse...

Nada a acrescentar...

Endosso cada linha desse post. Aplausos a essa excelente série. E a grande Adriana Esteves.

Beijos Sérgio...

Anônimo disse...

Adriana Esteves é mais que excelente, e arriscou em dizer que esse é o seu melhor papel na carreira. Ela realmente se entregou por completa nessa personagem, e emocionou desde que apareceu em cena.

Em Babilônia ela foi bem e dava vontade até de torcer por Inês na trama, mesmo a personagem sendo vilã. Claro que a novela foi um fiasco e que devemos esquecer sua trajetória nessa trama.

Adriana estava precisando de um papel excelente como Fátima e vem arrebentando na Minissérie.

Destaco na Minissérie as atuações excelentes de Débora Bloch, Jessica Ellen, Luiza Arraes, Antonio Calloni, Drica Moraes e Vladimir Britcha. E as rápidas participações de Marjorie Estiano e Teca.

Anônimo disse...

*E arrisco

chica disse...

Falaste tudo e muito bem!abraços, lindo fds!Tudo de bom! chica

cantinhovirtualdarita disse...

Olá Serginho querido um texto divino
pena que não estou assistindo mas só
de ler aqui e ver os bons artistas atuando
já da pra saber o que é bom ,
Abraços com carinho!

└──●► *Rita!!

Anônimo disse...

Muito maravilhosa essa mulher. Amo!

Pâmela disse...

Oi Sérgio
Queria aproveitar esse seu texto maravilhoso (e merecido) para a magistral Adriana Esteves para citar as parcerias que ela teve ao longo da carreira com o não menos genial Cássio Gabus Mendes, os dois são amigos há anos. Espero trazer informações para o seu blog e complementar (ainda mais) o texto.

O primeiro trabalho que os dois fizeram juntos chama - se "Meu Bem, meu Mal". Novela de Cassiano Gabus Mendes (podendo ser revista atualmente no viva - já adianto que vale a pena) O personagem dele se chamava Eduardo (Doca era o apelido original). Ele era contratado por uma vingança para dar em cima de uma menina rica (Vitória - Lisandra Souto) e nessas de frequentar a mansão dos Venturini ele acaba conhecendo Patrícia (personagem da Adriana em sua segunda novela). Se Apaixona por ela, os dois até tem um namoro mas ela só quer saber de Ricardo (Zé Mayer)
Eles estiveram juntos também na minissérie "Decadência" onde o personagem do Cássio é um padre que adota um menino que anos mais tarde viria se apaixonar pela personagem da Adriana e em A Indomada, de Aguinaldo Silva, em 97. Ele era Sérgio Murilo e nessa novela, Adriana fez duas personagens: Eulália (na primeira fase) e a filha desta, Lúcia Helena (na segunda fase).
Adriana atuou em um episódio do seriado "Mulher" a onde Cássio vivia o Afraninho.
Outro mesmo seriado que os dois fizeram foi "As Cariocas" em episódios diferentes. Adriana foi a "Vingativa do Meier" e o Cássio foi "Roberto" no episódio "A Suicida da Lapa", infelizmente um dos mais fraquinhos.

Pâmela disse...

CONTINUO...
Valeu para ver ele e a Deborah Secco contracenarem juntos mais uma vez. (ela, por sinal, é outra parceira dele.)
Depois disso veio Babilônia que felizmente eles tiveram a chance de voltar a contracenar. (olha algo bom dessa novela rs) e agora Justiça. Estão em situações diferentes mas como as histórias vivem se cruzando posso dizer que a Fátima trabalhou na casa de Elisa que é mulher de Heitor (Cássio) rs
No cinema eles tiveram um encontro muito legal também. Que foi no filme "Trair e Coçar é só Começar", adaptação da famosa peça de Marcos Caruso, muito bom o filme, por sinal. Ela eraM Olímpia, a empregada que só fazia fofoca e ele o seu patrão, Eduardo.

Escrevi demais pra variar rs
aproveitando: outros parceiros constantes da Adriana: Fábio Assunção, Miguel Falabella, Marcos Pasquim e o Vladimir Brichta.

Mais uma vez muito obrigada pelo espaço.

Gabriel disse...

Ta maravilhosa mesmo, para mim a história dela é a melhor. Inclusive contando com os coadjuvantes,o policial Douglas,a Mayara e a Kellen tanto q para mim as duas roubaram a cena no capitulo de sexta.
As cenas da Fátima são carregadas sempre de mt drama e a Adrina entrega isso mt bem, mesmo nas cenas mais simples com na que saboreia uma empadinha ela arrasa para mim os prêmios do ano vão todos para ela,inclusive um emmy de melhor atriz quem sabe

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Amo essa atriz e ela não merecia mesmo ter feito aquela Babilixo.Sorte que agora ganhou um bom papel.

Anônimo disse...

O choro dela é o melhor que tem. Interpreta a rica e esnobe divinamente, aí pega uma pobre toda lascada e a faz com maestria. Fico paralisado vendo a atuação dela.

Ramon Siqueira disse...

Ah a Fátima é cativante e te emociona de uma maneira absurda. Adriana é uma rainha magistral mesmo, já está marcada essa atuação na carreira dela. Ela já tem força para ser a protagonista do ano no ramo das séries ao lado da Patrícia e Marjorie (Ligações Perigosas). E a Fátima é um fenômeno de repercussão, nos dois episódios dela, ela esteve nos trending tópics do Twitter. Amo demais!!!

Lulu on the sky disse...

Oi Sérgio,
Nem me fala. Fiquei com um nó na garganta na cena que a Fátima reencontra a filha Mayara que agora virou a prostituta Suzy, amante do Antenor.
Big Beijos
blog Lulu on the sky

Sérgio Santos disse...

Está sim, Cássia.

Sérgio Santos disse...

Mt obrigado, Unknown.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Fico feliz que tenha gostado, F Silva. bjs

Sérgio Santos disse...

Anonimo, excelente comentário. Eu concordo com absolutamente tudo. Só nao acho que é o seu melhor papel pq tem a Carminha. Abçs.

Sérgio Santos disse...

Valeu, Chica. bjs

Sérgio Santos disse...

Vc ia adorar, Rita. bjsss

Sérgio Santos disse...

Idem, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Eu que agradeço, Pâmela. Vc é uma enciclopédia, praticamente. Adoro essas suas complementações tão ricas. E eu os vi em Trair e Coçar, adorei. Já Meu Mem Me Mal é uma novela bem ruim, na minha concepção. Vale Tudo foi um clássico e a repetição da parceria deles em Babilônia foi o que me animava naquela novela. Mas a trama se mostrou um desastre... E mt bons os seus comentários. Adorei pra variar e escreva o quanto quiser.

Sérgio Santos disse...

Tb acho a melhor história, Gabriel. É a mais dramática. E com grandes participações msm. Abçs

Sérgio Santos disse...

Agora sim ela está com um papel que faz jus ao seu talento, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Ela é incrível mesmo, anonimo.

Sérgio Santos disse...

É verdade, Ramon. Assino embaixo!

Sérgio Santos disse...

Não tem como não ficar com esse nó na gargante, né, Lulu??? bjs